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EXPANSÃO ULTRAMARINA EUROPEIA

Nos séculos XV e XVI, os europeus fizeram perigosas viagens de longa distância em embarcações pequenas e sem muita segurança. Foram as chamadas Grandes Navegações. Os navegantes lidavam com barcos superlotados, pouco espaço para armazenar barris de água, alimentos que estragavam com facilidade, doenças, fome, ventos contrários, naufrágios, entre outras dificuldades.
Além dos perigos reais, eles conviviam com os imaginários. Acreditavam, por exemplo, que no Oceano Atlântico – chamado de “Mar Tenebroso” – havia criaturas terríveis, capazes de destruir as embarcações, e que os navios pegavam fogo ao se aproximarem da Linha do Equador.

O comércio oriental de especiarias

A partir do século XIII, mercadores que atuavam em cidades da península Itálica, como Veneza e Gênova, dominaram o comércio no mar Mediterrâneo e no mar Negro, de forma a monopolizar os negócios com o Oriente.
Tais mercadores compravam dos comerciantes árabes produtos trazidos de regiões mais distantes, conhecidas como Índias – que abrangiam os territórios dos atuais Sri Lanka, Índia, Malásia e China –, e os revendiam na Europa. Entre esses produtos estavam a seda, as pérolas, o marfim e as especiarias. Tanto árabes como genoveses e venezianos obtinham grandes lucros nessas transações.
A popularidade cada vez maior das especiarias e dos produtos orientais de luxo entre as cortes e a nobreza europeias aumentou a necessidade de ouro e prata para o pagamento dessas mercadorias. Além disso, despertou o interesse de mercadores de outras nações, os quais compravam esses itens diretamente na Ásia, ou seja, sem o intermédio dos comerciantes da península Itálica. Assim, podiam adquirir os produtos a preços menores e obter uma negociação mais vantajosa. Para isso, teriam de encontrar caminhos alternativos ao do mar Mediterrâneo.
Essa procura por novos caminhos influenciou o surgimento das Grandes Navegações, cujo resultado foi a expansão das relações comerciais por diversas regiões do mundo, como África, América e Ásia. Por esse motivo, também chamamos esse movimento de Expansão Marítima e Comercial Europeia.

O COMÉRCIO E AS COLÔNIAS DO MEDITERRÂNEO

Venezianos e genoveses haviam criado uma grande rede de colônias e entrepostos para comercializar seus produtos em todo o mar Mediterrâneo e também no mar Negro, como pode ser observado no mapa desta página. Em muitos lugares, a estrutura desses entrepostos era pequena, limitando-se a um bairro ou a alguns galpões em cidades pertencentes a outros reinos. Em outras localidades, no entanto, colônias completas foram estabelecidas: cidades foram fundadas, ou até mesmo ocupadas, e fortalezas foram construídas e munidas com tropas militares.
Os mercadores da península Itálica negociavam com comerciantes árabes em entrepostos situados ao redor do mar Negro, nas ilhas do mar Egeu (hoje parte da Grécia) e na costa do Levante (região dos atuais Líbano, Israel e Egito). Dali, levavam os produtos a pontos comerciais localizados em países da Europa, como Portugal, de onde parte das mercadorias seguia para o norte do continente.
A tomada de Constantinopla pelos otomanos em 1453, fato que pôs fim ao Império Bizantino (a porção oriental do antigo Império Romano), afetou os negócios dos mercadores genoveses e venezianos, que eram aliados dos bizantinos. No final do século XV, quase todas as colônias de Gênova e Veneza no leste do Mediterrâneo e no mar Negro haviam sido conquistadas por otomanos. Com isso, as frotas, as tropas e os lucros dos mercadores da península Itálica foram diminuindo.
Os monarcas e os mercadores da península Ibérica viram nesse enfraquecimento comercial uma oportunidade de participar do lucrativo comércio com o Oriente.
Nessa época, Portugal e Espanha já haviam começado a explorar o litoral africano.
Como a rota pelo mar Mediterrâneo se tornara desvantajosa após a conquista de Constantinopla, as frotas a serviço de monarcas portugueses e espanhóis planejavam contornar a África para chegar às Índias. Não por acaso, muitas dessas frotas foram comandadas por genoveses e venezianos, que conheciam o litoral africano.

UM OCEANO DE TEMORES

Embora uma parcela dos mercadores e dos monarcas da península Ibérica tivesse interesse em explorar lugares distantes em busca de riquezas, a viagem pelo oceano Atlântico era dificultada por temores e perigos.
Entre os séculos XIII e XV, as técnicas e os instrumentos de navegação usados pelos europeus foram aprimorados, por influência do contato com invenções chinesas trazidas por comerciantes genoveses, venezianos e árabes. No entanto, as embarcações ainda eram frágeis diante de tempestades, tormentas e demais obstáculos à navegação. Além disso, os navios a vela dependiam dos ventos para alcançar boa velocidade, o que tornava as viagens longas e os trajetos imprevisíveis.
A ocorrência de atrasos nas viagens aumentava os riscos de fome, desidratação e disseminação de epidemias entre a tripulação. Eram comuns doenças transmissíveis por vias aéreas, como a coqueluche, e causadas por parasitas, como o tifo. Havia também males causados pela falta de nutrientes. Nessas viagens, as tripulações alimentavam-se de forma precária, comendo carne e peixe secos e salgados, grãos, passas e biscoitos, pois os alimentos frescos se estragavam em pouco tempo e a água se contaminava com facilidade, tornando-se impróprios ao consumo.
Por falta de vitamina C, muitos desenvolviam escorbuto, doença que provoca sangramento, feridas e queda da imunidade. Pessoas infectadas com doenças mais temidas, como a peste bubônica, eram atiradas ao mar.
Além dos riscos relacionados à saúde e à segurança dos tripulantes, havia os temores relacionados ao mar desconhecido. De acordo com o imaginário europeu do período, o oceano Atlântico era povoado por seres fabulosos e monstros marinhos que devoravam tripulantes, além de apresentar abismos que tragavam embarcações e muitos outros perigos.

A FASCINAÇÃO POR OUTRAS TERRAS

Enquanto algumas histórias e lendas causavam temor em relação a terras distantes e inexploradas, outras, relacionadas à abundância de ouro e prata nesses locais, provocavam fascinação entre os europeus.
Uma das narrativas que mais despertou a curiosidade e a cobiça dos povos da Europa foi o relato do comerciante veneziano Marco Polo (1254-1324) a respeito da viagem que realizou até a China, pela Rota da Seda, publicado em seu Livro das maravilhas.
Além das narrativas de viagens reais, como a de Marco Polo e demais exploradores de sua época, os relatos de lugares místicos também faziam parte do imaginário europeu, como o país da Cocanha e a ilha de Atlântida. A crença na existência dessas localidades era tão forte que, em alguns casos, motivou doações de reis a navegadores que desejassem procurá-las, mesmo sem qualquer prova de que elas de fato existissem.
Além de servir de entretenimento, essas narrativas atiçavam planos de exploração e conquista alimentados por muitos comerciantes e navegadores europeus, entre os quais o genovês Cristóvão Colombo.

VISÕES DO PARAÍSO

Durante os tempos medievais, também se espalhou pela Europa a ideia de que haveria um paraíso terrestre em um local muito distante. De acordo com a visão cristã da época, esse paraíso consistiria em um lugar intocado pelo pecado original e no qual predominariam a pureza e a liberdade.
Posteriormente, com o avanço das navegações pela costa africana e a chegada às regiões tropicais do continente americano, navegadores e cronistas europeus viam nas exuberantes florestas encontradas, repletas de animais desconhecidos, um cenário próximo da ideia medieval do paraíso terrestre.

O AVANÇO DOS SABERES NÁUTICOS

A construção de navios destinados à navegação em alto-mar era algo recente em Portugal. Até o início do século XV, eram barcaças rústicas e pesadas destinadas à pesca, próprias para navegar no Mediterrâneo, não para navegações oceânicas.
Incentivados pelo governo português, estudiosos – cartógrafos, astrônomos, navegadores, entre outros especialistas – recuperaram informações náuticas de outros povos, principalmente dos fenícios, gregos, árabes e egípcios.
Essa iniciativa possibilitou o aperfeiçoamento dos instrumentos náuticos, a elaboração de cartas de navegação mais precisas e a construção de novos modelos de embarcações.

AS EXPEDIÇÕES MARÍTIMAS E OS NOVOS INSTRUMENTOS DE NAVEGAÇÃO

Em razão do domínio árabe e do intenso contato com navegadores que traziam produtos do Oriente, os portugueses, no século XV, adotaram instrumentos de navegação inventados pelos árabes e pelos chineses. Bússolas, astrolábios e embarcações foram sendo aperfeiçoados.
Nessa época, os portugueses criaram navios mais ágeis em manobras e que aproveitavam melhor o impulso dos ventos: primeiro, as caravelas, embarcações leves e rasas, apropriadas para viagens de exploração; depois, as naus, maiores e mais adequadas para o transporte de cargas.
Com instrumentos mais precisos e embarcações mais ágeis, foi possível aprimorar também os mapas. Assim, durante as expedições, os tripulantes responsáveis pela cartografia podiam indicar mais elementos nos portulanos – representações náuticas que detalhavam as distâncias e as características dos acidentes geográficos da costa, além de trazer recomendações de navegação.
Tanto as viagens feitas em naus quanto as realizadas em caravelas eram bastante insalubres e precárias, e muitos dos tripulantes eram vítimas de doenças ou naufrágios. De acordo com dados da época, 40% da tripulação morria durante o trajeto.
Com frequência, o estoque de alimentos era atacado por ratos e baratas. Os alojamentos eram pouco arejados, com pequenas passagens de luz, e apresentavam forte mau cheiro. A falta de segurança era bastante comum nessas expedições. Além de serem expostos ao risco de contrair doenças, os navegadores viajavam em navios cuja manutenção era precária (muitas embarcações tinham cascos apodrecidos e velas desgastadas, por exemplo). Havia, ainda, a possibilidade de ataques de piratas, que comprometiam o sucesso das expedições.

Novas embarcações e instrumentos

Uma das novidades do período foi a caravela, embarcação mais leve e apropriada para navegar tanto nos oceanos quanto em rios e enseadas. As caravelas eram impulsionadas
por velas triangulares, dispensavam os remos e atingiam velocidade. Começaram a ser usadas pelos portugueses por volta de 1440 e, em pouco tempo, sua fama se espalhou para outros países europeus.
As naus, por sua vez, eram maiores que as caravelas, tinham três ou quatro andares, podiam transportar mais pessoas e mais cargas. Nas viagens de ida, levavam mercadorias para serem trocadas por outras, além de provisões e armas, incluindo canhões. Na volta, traziam mercadorias valorizadas na Europa – como pimenta e gengibre.
Além disso, foram desenvolvidos e aperfeiçoados vários instrumentos náuticos. Antes desses recursos, os marinheiros navegavam somente durante o dia, orientando-se pelos acidentes geográficos da costa, como enseadas, rios, montanhas etc. Com os novos instrumentos, os marinheiros tinham condições de se localizar em alto-mar e até mesmo durante a noite. Bastava usar os instrumentos para calcular a posição do Sol ou das estrelas.
Na imagem que estamos analisando, estão representados dois instrumentos: a balestilha e o astrolábio. Os primeiros registros portugueses do uso da balestilha são de 1519; e do astrolábio são de 1500, durante a viagem de Cabral. Outro instrumento essencial para os navegadores da época foi a bússola, inventada pelos chineses mais de mil anos antes das Grandes Navegações.

A TRIPULAÇÃO DAS NAUS E CARAVELAS

O número de tripulantes variava conforme o tamanho e o objetivo da viagem, mas, em média, as caravelas levavam 50 pessoas e as naus, 100. Entre essas pessoas havia representantes do rei, nobres em busca de aventura ou de riqueza, estudiosos relacionados ao mundo náutico – cosmógrafos, cartógrafos e outros – e marinheiros encarregados das funções mais pesadas e perigosas.
Quem liderava as expedições era o capitão-mor, mas havia outros cargos, como o de mestre, contramestre e piloto. Nessas viagens, também havia um escrivão, representante direto do rei, encarregado de fazer os relatos da viagem e registrar, em um livro de contabilidade, as despesas e as mercadorias obtidas nela. Um dos primeiros documentos escritos em português sobre a chegada dos europeus à região que hoje corresponde ao Brasil foi redigido pelo escrivão Pero Vaz de Caminha (1450-1500).
Na época das Grandes Navegações, as relações entre a Igreja Católica e alguns reinos europeus, como os da Espanha e os de Portugal, eram muito próximas. Por isso, as viagens transoceânicas promovidas por esses governos também levavam representantes da Igreja, encarregados de dar assistência espiritual aos viajantes e, principalmente, converter ao catolicismo os povos das regiões conquistadas.

Os trabalhadores braçais

Grande parte dos viajantes era de trabalhadores pobres e analfabetos, com problemas de saúde e subnutrição; alguns eram prisioneiros levados à força para cumprir suas sentenças criminais, ou sob a promessa de se verem livres de suas condenações após um período nessas embarcações, e se dividiam em três grupos:
• O primeiro era formado pelos marinheiros (carpinteiros, despenseiros, cozinheiros,
entre outros) com experiência anterior de viagens marítimas.
• O segundo grupo era o dos grumetes – marinheiros de primeira viagem.
• O terceiro era o dos pajens – menores que deviam servir os oficiais, arrumar a mesa, limpar as cabines etc.
Além desses, havia os militares encarregados da defesa da embarcação e de promover guerras de conquista nas novas regiões.
Os oficiais tinham direito a aposentos especiais, mas o restante da tripulação dormia espalhada pela embarcação, sem nenhum conforto ou privacidade. As necessidades fisiológicas eram feitas sobre pequenos assentos pendurados nas bordas da embarcação ou em banheiros improvisados, o que piorava as condições de higiene do navio.

O dia a dia no mar

No dia a dia, a alimentação dos marinheiros era bastante precária, composta de bolachas de farinha; peixes, quando havia; e vinho. A falta de alimentos ricos em vitamina C (laranja e limão, sobretudo) ocasionava muitos casos de escorbuto – doença que provoca inchaço nas gengivas e queda dos dentes. Diarreias, vômitos, doenças pulmonares, cólera, infecção por gangrena e até mesmo doenças mentais eram algumas das moléstias que acometiam a tripulação desses navios.
Por causa das péssimas condições a bordo das embarcações, os motins e revoltas eram comuns, e essas manifestações eram punidas com extrema violência. Outro problema eram os naufrágios, nos quais morriam muitos marinheiros. As cartas de navegação ainda eram imprecisas e não indicavam todos os acidentes geográficos. Assim, era frequente que navios afundassem por colidirem com recifes ou bancos de areia.

Portugal, o pioneiro na expansão

Portugal foi o pioneiro na Expansão Marítima e Comercial, isto é, aquele que deu início às descobertas de novas rotas comerciais. Que fatores impulsionaram os portugueses?
Fator político. Portugal foi o primeiro país europeu a ter uma monarquia centralizada, como vimos anteriormente. Em consequência da centralização, Portugal não passava mais por guerras internas. Como o rei português tinha poder sobre todo o reino, pôde implementar suas políticas sem enfrentar tantos problemas, e uma delas foi apoiar o comércio marítimo a longas distâncias, pois sabia que poderia gerar muito lucro.
Fator econômico. As rotas de especiarias controladas pelos italianos tinham uma escala em Portugal (para reabastecimento e comércio) e continuavam em direção ao Mar do Norte. Os portugueses queriam ampliar sua participação nesse comércio e decidiram encontrar um novo caminho marítimo para o Oriente a fim de terem acesso direto ao comércio de especiarias.
Experiência e conhecimentos em navegação. Os portugueses eram navegadores experientes. Praticavam pesca em alto-mar (de bacalhau, baleia e sardinha) e buscavam desenvolver técnicas de navegação, aperfeiçoar embarcações e confeccionar mapas, além de ter acesso a equipamentos desenvolvidos em outras partes do mundo, como a bússola e o astrolábio.
Fator religioso. Os portugueses queriam expandir a fé cristã e combater os muçulmanos, na época considerados infiéis.
Nesse contexto, em 1415, D. João I iniciou a expansão portuguesa com uma expedição que tomou a cidade de Ceuta, um entreposto comercial e militar muçulmano, localizado no norte da África.
No século XV, os monarcas portugueses entendiam que a expansão comercial era a melhor forma de garantir riquezas e prestígio para o reino. Por isso, selaram uma aliança com a burguesia não apenas para estimular o comércio, mas também para expandir os territórios sob sua influência ou controle. Os portugueses tinham ampla experiência com navegação costeira, pois a pesca era uma importante atividade no reino.
Foi assim que, em 1415, influenciado por interesses econômicos, dom João I decidiu organizar uma grande expedição para conquistar a cidade de Ceuta, no norte da África. Essa cidade era um importante centro comercial de artigos de luxo – como o ouro, a prata e as especiarias – controlado pelos mercadores árabes. A tomada de Ceuta também tinha motivações religiosas: os portugueses queriam propagar o modo de vida cristão e combater o islamismo, que era praticado naquela cidade. Em agosto de 1415, Ceuta foi conquistada pelos portugueses. Assim, iniciou-se a primeira fase da expansão marítima de Portugal.
Após a conquista de Ceuta, os portugueses continuaram a expansão pelo oceano Atlântico. Em 1419, eles ocuparam as ilhas da Madeira; em 1443, chegaram à ilha de Arguim; e, quatro anos depois, em 1447, criaram seu primeiro entreposto comercial, mais conhecido como feitoria.
Em seguida, os portugueses passaram a navegar para o sul, contornando o litoral africano e chegando a arquipélagos mais afastados no oceano Atlântico. Conforme entravam em contato com os povos que habitavam a costa, os expedicionários fundavam feitorias.
Nesses postos comerciais, negociavam, estocavam e taxavam produtos; além disso, reabasteciam as embarcações de mantimentos. Na Costa da Mina ou Costa do Ouro (atual Gana), os portugueses trocavam armas de fogo, pólvora e vinho por ouro em pó, marfim e outros produtos trazidos do interior do continente africano. Foi também nessa região da África Ocidental que os europeus começaram a traficar africanos escravizados. Nas primeiras décadas, os escravizados eram vendidos na Europa ou encaminhados para os arquipélagos Cabo Verde e Açores e a ilha atlântica Madeira. Os portugueses haviam colonizado essas regiões e começaram a plantar cana para a produção e a venda de açúcar, um item raro e cobiçado na Europa.
Embora o comércio de produtos africanos e o tráfico de escravizados trouxessem lucros para Portugal, o objetivo maior desse reino com as navegações pela África ainda era encontrar uma passagem marítima para o Oriente. Após várias tentativas dos navegadores, Bartolomeu Dias contornou, em 1488, o cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África, e chegou ao oceano Índico. Os portugueses sabiam que tinham descoberto o caminho por onde chegariam às lucrativas especiarias.

A ROTA DO CABO

Em 1498, três embarcações sob o comando do português Vasco da Gama contornaram o cabo da Boa Esperança. Com informações obtidas de mercadores árabes em Melinde (no atual Quênia), navegaram até a cidade de Calicute, na Índia. Estava aberta a chamada Rota do Cabo.
Apesar do grande número de perdas humanas – estima-se que mais da metade da tripulação inicial tenha falecido durante a viagem –, Vasco da Gama foi saudado ao chegar de volta a Lisboa. Ele trazia muitas informações sobre o Oriente, além de grande quantidade de pimenta-do-reino, cuja venda gerou um lucro altíssimo para a Coroa. O uso da Rota do Cabo finalmente permitiu aos portugueses levar para a Europa as especiarias e os produtos de luxo do Oriente sem intermediários.
Em 1500, entusiasmado com os ganhos gerados pela viagem,
o rei português enviou à Índia uma grande frota, com 13 embarcações, comandada por Pedro Álvares Cabral. A frota de Cabral desviou-se do caminho planejado e chegou ao território que hoje corresponde ao sul do estado da Bahia, no Brasil.
Embora a terra alcançada fosse ocupada havia muito tempo pelos povos nativos desse continente, os navegadores tomaram posse do território em nome do rei de Portugal, registraram o fato e seguiram para a Índia, chegando a Calicute. Essa grande esquadra também levou muitas especiarias para Portugal, confirmando o sucesso da Rota do Cabo. A partir de então, além de enviar novas expedições mercantis ao Oriente, que atingiram lucros de até 6 000% por viagem, Portugal começou a organizar missões de reconhecimento da margem oeste do Atlântico.
Portugal, no entanto, não chegou a dominar a região. Ao longo do caminho marítimo para o Oriente, estabeleceram feitorias, que eram entrepostos comerciais que contavam com proteção militar. Nelas, as mercadorias eram armazenadas e depois levadas para a Europa. Portugal tornava-se assim o centro de um império gigantesco: o Império Ultramarino Português.

A expansão espanhola

A expansão marítima da Espanha teve início em 1492, depois de finalizada a centralização política. Na expectativa de encontrar um caminho para o Oriente, os reis espanhóis organizaram uma expedição, comandada por Cristóvão Colombo.
Diante do enfraquecimento das cidades da península Itálica e
das tentativas dos portugueses de chegar às Índias contornando a África, os reis católicos da Espanha financiaram navegadores que se dispusessem a buscar novas rotas para o comércio de especiarias e outros produtos. Um desses navegadores foi o genovês Cristóvão Colombo (1451-1506), que afirmava ser possível chegar às Índias navegando pelo oceano Atlântico sempre na direção oeste.
Diferentemente do que planejava, em 1492, ele não chegou ao Oriente, e sim ao continente mais tarde denominado América, onde encontrou habitantes diferentes daqueles que conhecia na Europa, a quem denominou índios, por acreditar que havia chegado às Índias. 
Colombo realizou mais três viagens às novas terras, que ele acreditava serem as Índias, por isso chamou de “índios” os diferentes povos daquela região. Nessa época os europeus chamavam de “Índias” todas as regiões localizadas no extremo Oriente, como Japão, China, Indonésia, Molucas e a própria Índia. 
Somente em 1501 reconheceu-se que aquele território correspondia a um continente entre Europa e Ásia. Foi o geógrafo florentino Américo Vespúcio quem provou que as terras visitadas por Colombo não eram as Índias. Em sua homenagem, essas terras receberam o nome de América.
Como a Coroa espanhola seguia empenhada em encontrar uma rota até as Índias pelo Ocidente, outras expedições foram organizadas. Em 1513, Vasco Nunes Balboa chegou ao Oceano Pacífico. Seis anos depois, em 1519, Fernão de Magalhães, navegante português a serviço da Coroa Espanhola, partiu em uma viagem de volta ao mundo. Completada em 1522, por Juan Sebastián Elcano, esta expedição foi importante, pois a conquista do Oceano Pacífico permitiu que os espanhóis atingissem o Oriente sem ter de contornar o continente africano. Assim, uma nova rota comercial foi aberta.

EXPLORANDO OUTROS OCEANOS

As expedições portuguesas e espanholas proporcionaram a descoberta de novas áreas para a extração de metais preciosos e de novos produtos, bem como a ampliação do comércio. Além disso, incentivaram outras monarquias europeias, como as da França e da Inglaterra, a investir na exploração de territórios além-mar.
Apesar da motivação inicial de encontrar novos caminhos para o Oriente, as viagens marítimas possibilitaram um maior conhecimento e a exploração de regiões em outros oceanos.
Com o estabelecimento da Rota do Cabo, as navegações pelo oceano Índico tiveram especial importância para o comércio entre Índia e Portugal, além de permitir a formação de colônias no Sudeste Asiático.
O oceano Pacífico, por sua vez, se destacou mais para os europeus a partir da viagem de Fernão de Magalhães, em 1520, financiada pela monarquia espanhola. No século XVI, os espanhóis estabeleceram importantes pontos comerciais no Pacífico, como o das Ilhas Filipinas.
Na segunda metade do século XVI, os ingleses também voltaram a atenção ao Pacífico. Como vimos, uma das principais formas pelas quais a Inglaterra atuou no contexto das expedições marítimas do período foi o financiamento de piratas e corsários.
Assim, a monarquia inglesa poderia interceptar e tomar para si metais preciosos e demais produtos obtidos pelas monarquias rivais. Entre 1577 e 1580, frotas inglesas lideradas por Francis Drake atravessaram o estreito de Magalhães – passagem navegável entre os oceanos Atlântico e Pacífico, nomeada em homenagem a Fernão de Magalhães – e atacaram as possessões espanholas no oeste do continente americano.
Os portugueses e espanhóis chegaram à China e ao Japão no decorrer do século XVI e, da mesma forma que no Atlântico, estabeleceram relações comerciais nesses lugares. Entre 1515 e 1560, por exemplo, Portugal obteve grande poder com o estabelecimento de feitorias e comércio (madeira, seda, especiarias), além de uma diocese, com o objetivo de expandir o cristianismo pela região.
Essa lógica foi semelhante à implementada nas regiões atlânticas para a expansão do comércio e da fé cristã. No entanto, os contatos dos portugueses nessas regiões não duraram como os domínios na América. No Japão, eles foram acusados de expandirem o cristianismo entre os japoneses com o objetivo de querer colonizar o Japão, situação que deveria ser combatida, segundo os governantes japoneses. Em 1639, os portugueses foram expulsos do Japão.

Portugal e Espanha dividem o mundo

As conquistas espanholas acirraram a rivalidade com os portugueses. Nesse contexto, foram feitas várias negociações diplomáticas entre ambos os governos.
Em 1493, através da Bula Inter Coetera, acordo intermediado pelo papa Alexandre VI, a Espanha garantiu a posse da América, e Portugal assegurou o domínio sobre a costa africana e a rota oriental, que contornava a África.

Os portugueses reiniciaram as negociações e, em 1494, assinaram o Tratado de Tordesilhas, que estabeleceu uma linha imaginária a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. Com esse tratado, Portugal garantiu a posse de quase todo o Atlântico Sul, o que facilitava a defesa da rota oriental e parte da América.

INGLATERRA E FRANÇA NA DISPUTA COLONIAL

Embora não dispusessem de uma frota tão poderosa quanto a portuguesa e a espanhola na virada do século XV para o XVI, França e Inglaterra também tinham interesse em lucrar com a exploração e o comércio de produtos de outros continentes.
Ambos os países haviam saído recentemente de disputas pelo trono e, à medida que as monarquias se consolidavam e ganhavam mais poder, cresciam as condições de seguir os passos de Portugal e da Espanha, ignorando a divisão das terras do continente americano estabelecida por esses países em 1494, no Tratado de Tordesilhas. As notícias de descoberta de prata no território que hoje corresponde ao Peru e à Bolívia e também de ouro na região do atual México aumentaram ainda mais o desejo das monarquias francesa e inglesa de entrar na corrida colonial.
Em 1497, menos de um ano antes da chegada de Vasco da Gama a Calicute, o navegador veneziano Giovanni Caboto comandou uma frota inglesa com destino às Índias. Tal como Colombo, ele tentou encontrar uma rota seguindo para o oeste, mas navegando pelo norte do oceano Atlântico. Assim, Caboto chegou ao litoral do atual Canadá, provavelmente à ilha de Terra Nova. Os ingleses financiaram outras expedições de reconhecimento em seguida, mas só iniciaram a colonização desse território no final do século XVI e o comércio regular com as Índias Orientais em 1600.
Nesse meio-tempo, os navios ingleses, cada vez mais numerosos, atuaram principalmente no saque de embarcações espanholas.
Os franceses, por sua vez, chegaram ao continente americano em 1534. Em busca de uma rota para as Índias, a expedição liderada por Jacques Cartier chegou ao rio São Lourenço, no atual Canadá. Em sua terceira viagem, em 1541, Cartier fundou uma colônia onde atualmente fica a província canadense de Quebec.
No entanto, essa colônia não resistiu por muito tempo por causa do clima muito frio e dos ataques de povos indígenas que viviam no local. Apenas no século seguinte os franceses colonizariam com sucesso regiões nos atuais Canadá e Estados Unidos.
Ainda no século XV, piratas franceses promoveram diversos ataques às embarcações portuguesas e espanholas. No litoral
da América do Sul, na área onde atualmente fica o Brasil, saquearam cargas de pau-brasil e tentaram fundar colônias na baía de Guanabara (atual estado do Rio de Janeiro), entre 1555 e 1567, e na ilha em que hoje se localiza São Luís, capital do Maranhão, entre 1612 e 1615. Nas duas tentativas, foram derrotados pelos portugueses.

AS COMPANHIAS DE COMÉRCIO

O interesse dos europeus por especiarias e produtos do Oriente e da América preocupava os pioneiros no comércio marítimo. A exploração desse comércio era uma empreitada cara e, caso houvesse concorrência e aumento da procura, os preços de compra subiriam e os de venda cairiam, reduzindo o lucro nos negócios.
Por isso, os mercadores passaram a se associar em companhias de comércio para dividir os investimentos nos novos negócios. Eles reuniam recursos financeiros, construíam, compravam ou alugavam embarcações e contratavam pessoas para realizar as viagens e negociar as mercadorias. A principal característica dessas companhias era o monopólio comercial concedido pelo Estado, isto é, o direito exclusivo de comercializar determinados produtos ou de atuar em regiões específicas. A ideia dos governantes era garantir os lucros dos comerciantes, incentivando-os a ampliar os investimentos.
As companhias de comércio negociavam nas colônias produtos europeus tradicionais, como pescados, tecidos e vinho, e voltavam com mercadorias que eram raras e caras na Europa, como o cacau, o café, o chá e o tabaco.
Essas empresas também recebiam autorização do Estado para instalar povoamentos e fortificações nas regiões colonizadas e desenvolver o cultivo de produtos valorizados na Europa.
Algumas delas tinham poderes especiais, como fazer acordos diplomáticos com governantes e chefes locais, cunhar moedas e guerrear contra potências concorrentes e povos nativos que se opusessem à colonização.

OS DESDOBRAMENTOS DA EXPANSÃO ULTRAMARINA

A expansão marítima e comercial é um marco na história da humanidade. Ela permitiu o contato entre povos de diferentes continentes e estabeleceu um intenso intercâmbio de mercadorias, conhecimentos tecnológicos, hábitos e costumes de diversas culturas.
Para os europeus, a circulação de pessoas e produtos, até então restrita ao Mediterrâneo, deslocou-se para o Atlântico, e o sistema comercial da Europa integrou-se à África, à Ásia e à América. Além disso, possibilitou a formação de grandes impérios coloniais, resultado do processo de colonização, isto é, de ocupação, exploração e dominação de um ou mais Estados sobre outras regiões do mundo.
Espanhóis e portugueses estabeleceram domínios coloniais em regiões da América, do oceano Índico (como em Goa, hoje território indiano), do oceano Pacífico (como na região da Indonésia), e do mar da China (em Macau, hoje território chinês).
No século XVI, Inglaterra, França e Holanda também entraram na disputa por territórios e pelo controle do comércio marítimo. As principais colônias da Inglaterra situavam-se na América do Norte.
Os holandeses invadiram algumas colônias portuguesas no Oriente e ocuparam, durante 24 anos, parte do atual Nordeste brasileiro.
Os franceses colonizaram parte do atual Canadá, fundaram uma colônia no norte da América do Sul (a Guiana Francesa) e instalaram-se também nas Antilhas. Em 1555, tentaram estabelecer-se na região da baía de Guanabara, no atual estado do Rio de Janeiro, mas foram expulsos pelos portugueses.

As expansões inglesas, francesas e holandesas

Ingleses, franceses e holandeses também queriam participar das rotas comerciais alternativas inauguradas na Expansão Marítima. Chegar ao Oriente era um dos grandes objetivos, para isso buscaram diferentes caminhos. A Inglaterra e a França iniciaram suas navegações após Portugal e Espanha. O objetivo desses países era atingir o Oriente por uma passagem a noroeste da América.
O navegador Francis Drake foi o primeiro inglês a completar a viagem de circum-navegação do mundo, em 1580. Os ingleses tentaram fundar a primeira colônia inglesa na América do Norte (Carolina do Norte), em 1585, mas não obtiveram êxito. Já os franceses tomaram posse, em 1534, de regiões dos atuais Canadá e Estados Unidos e, em 1608, fundaram a cidade de Quebec, dando início à colonização do Canadá.
A Holanda foi o país que iniciou mais tarde suas navegações,
somente no final do século XVI. Mesmo assim, em apenas algumas décadas, os holandeses conquistaram territórios nos diferentes continentes. Ilhas Molucas, Java e Ceilão na Ásia; a região do Cabo, na África; Nova Amsterdã (atual Nova York), na América do Norte; Antilhas, na América Central; e o nordeste do Brasil, na América do Sul, por cerca de trinta anos.

A resistência ao domínio europeu no Oriente

A expansão colonial europeia teve grande impacto em muitos povos que viviam nos territórios conquistados. Para eles, as conquistas ultramarinas significaram violência, escravidão e intolerância. Uma vez integradas ao comércio global, as regiões colonizadas não podiam se desenvolver livremente, pois eram direcionadas a produzir somente o que interessava às metrópoles e sob condições impostas por elas.
Diante das guerras de conquista e das relações de exploração colonial, focos de resistência se insurgiram contra a presença europeia em regiões do Oriente. Na China, por exemplo, os portugueses tentaram se impor militarmente, conquistando entrepostos comerciais em 1521. Porém, forças chinesas destruíram embarcações portuguesas e se apropriaram de tecnologias militares, como canhões e armas de fogo.
Nas décadas seguintes, soldados portugueses fizeram novas investidas em território chinês e foram novamente derrotados. O governo chinês então proibiu a entrada de europeus em seus territórios e determinou a execução de muitos soldados capturados.
Foi apenas no final da década de 1550 que Portugal conseguiu negociar pacificamente a criação de um entreposto comercial em Macau, território no extremo sul da China.
O entreposto instalado em Macau cumpriu papel importante na organização do comércio português com o Japão durante o século XVI. No início do século XVII, contudo, ocorreu uma forte reação japonesa. O envio de missionários católicos para o Japão desagradou setores das elites locais, que iniciaram uma perseguição aos religiosos e promoveram a expulsão dos portugueses de seus portos.
Na metade do século XVII, apenas o porto da cidade japonesa de Nagasaki permitia a presença de comerciantes holandeses. O Japão permaneceu quase totalmente fechado ao Ocidente até o século XIX.









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