O sistema interno da tectônica de placas influencia em dois processos importantes, que interferem na modelagem do relevo da superfície terrestre. São eles: epirogênese (epeirós = continente; gênese = origem) e orogênese (orós = montanha; gênese = origem). Os dois estão ligados, mesmo que sejam diferentes. O primeiro refere-se à formação de plataformas continentais, e o segundo é associado aos processos de dobramentos e falhamentos.
A dinâmica externa, denominada de forças exógenas, é o conjunto de diferentes fenômenos naturais que ocorre na superfície terrestre. É composta por agentes variados, que modelam aquilo que se formou pela dinâmica interna.
Para compreender a modelagem do relevo, é preciso entender que os elementos da natureza (incidência da luz solar, atmosfera, clima, vegetação, solo e hidrografia, por exemplo) estão em conexão, transformando-se a todo o tempo, ocasionando diferentes condições ambientais, que interferem de maneira distinta no relevo.
O intemperismo e a erosão são processos exógenos que ocorrem por meio da ação das águas, do vento, da radiação solar e dos seres vivos. Esses processos causam o desgaste das rochas e o transporte de sedimentos das áreas mais altas para as mais baixas dos terrenos onde esses sedimentos são depositados, modelando lentamente o relevo.
O INTEMPERISMO, A EROSÃO E A SEDIMENTAÇÃO
O intemperismo é o processo inicial da transformação do relevo, porque provoca alterações físicas, químicas e biológicas nas rochas que compõem a superfície terrestre.
Essa transformação do relevo forma sedimentos, que, por sua vez, podem ser compostos de fragmentos rochosos, de solo e de matéria orgânica.
A erosão é o processo responsável pelo transporte desses sedimentos dos locais mais altos para os locais mais baixos do terreno.
Já a sedimentação é a deposição dos sedimentos nos locais mais baixos do terreno, como nas planícies e depressões – formas de relevo que você estudará mais adiante.
Você já sabe que intemperismo é o conjunto de alterações físicas, químicas e biológicas que provoca a fragmentação e a desintegração das rochas e atua na modelagem do relevo.
No entanto, é importante destacar que o intemperismo varia conforme as características do clima, da topografia, do material que compõe as rochas, entre outras.
Os processos intempéricos – variação de temperatura, ação do vento, do gelo e das águas pluviais e fluviais, o crescimento de raízes de plantas e a abertura de fraturas nas rochas – dão origem à variedade de solos que recobre a superfície terrestre.
O intemperismo pode ser físico, biológico ou químico. O físico é caracterizado pela fragmentação (quebra) das rochas por processos físicos, relacionados à morfologia, à resistência, ao tipo de mineral etc. Esses processos são influenciados pelas sucessivas mudanças de temperatura (durante o dia e a noite, e durante as estações do ano), que causam mudanças de tamanho (contração e dilatação) das estruturas rochosas. Além disso, as estruturas podem sofrer mudanças em razão do pisoteio do solo por animais de grande porte e do desgaste causado pelas chuvas, por exemplo.
Por meio desses processos, pequenas rachaduras são abertas nas rochas, possibilitando o aumento da infiltração de água. Após sua infiltração, a água pode, por exemplo, congelar e, dessa forma, expandir e contribuir com o intemperismo físico. A penetração de sedimentos e de sementes, que também causam intemperismo físico, pode ampliar essas aberturas. Além disso, o intemperismo físico ocorre simultaneamente aos intemperismos químico e biológico, como estudaremos a seguir.
Os seres vivos, como plantas e animais, incluindo o ser humano, também podem atuar na decomposição das rochas, caracterizando o intemperismo biológico. As plantas que crescem nas fissuras das rochas, por exemplo, provocam a fragmentação dessas rochas, causada pelo crescimento das raízes e dos troncos das plantas.
Os organismos e microrganismos vegetais (liquens, espécies gramíneas e arbustivas etc.) e animais (formigas, baratas, aranhas etc.) exercem um importante papel de modificação das estruturas minerais por causa da interação com essas estruturas, necessária para se desenvolverem e se reproduzirem.
Por exemplo: as rochas que armazenam água da chuva em rachaduras criam condições para que plantas se instalem nessas fissuras e adquiram nutrientes e sais minerais a partir de suas raízes.
O intemperismo químico ocorre quando os minerais das rochas sofrem alteração.
A água é o principal agente desse tipo de intemperismo. Ao interagir com diferentes elementos presentes na atmosfera e nas rochas, a água interage com os minerais, que, por meio de reações químicas, podem transformar-se em minerais diferentes.
Os sedimentos, fragmentos de rochas e de solo resultantes dos diferentes tipos de intemperismo, são transportados das partes mais elevadas para as mais baixas do terreno.
Esse transporte pode ser feito por meio de água corrente, pelo vento ou pelo deslocamento de blocos de gelo – as geleiras.
O intemperismo, a erosão e a sedimentação não ocorrem isoladamente. Ao mesmo tempo que as águas dissolvem os minerais, elas transportam essas substâncias e os fragmentos
de rocha e de solo para outros locais. Quanto maior a velocidade das águas, mais sedimentos são carregados. Quando a velocidade diminui, os sedimentos são depositados.
No caso das geleiras, compostas de água em estado sólido, elas carregam consigo, durante o degelo, grandes massas de solo e de rocha. Por isso, são importantes agentes erosivos.
A ação dos rios
A água dos rios também contribui para a formação do relevo. Quanto mais inclinado o leito de um rio, maior sua capacidade de erosão, contribuindo, também, para maior capacidade de intemperismo. Por outro lado, quanto menos inclinado o leito, menor sua capacidade de erosão, favorecendo o processo de sedimentação. Quando o curso-d’água não tem força para transportar os sedimentos, eles se acumulam e ocorre o assoreamento.
Analise a imagem a seguir, que mostra o processo de assoreamento no curso de um rio.
Além de depositar sedimentos no interior dos continentes, os rios também lançam sedimentos nas áreas costeiras, nos mares e nos oceanos. As imagens a seguir representam essas duas situações: deposição de sedimentos dentro dos continentes – no caso, no próprio leito do rio – e nas regiões
litorâneas.
O material proveniente das áreas mais altas se deposita em vales e planícies, onde pode permanecer por longos períodos.
Eventualmente, porém, esses depósitos sofrem erosão e são novamente transportados em direção à foz de um rio.
A ação humana
A ação humana, por meio do trabalho, também altera bastante o relevo. Essas alterações podem ocorrer de maneira intencional e direta, como a ocupação do solo para construir aldeias, cidades e plantações, ou mesmo como impacto ambiental, isto é, acelerando ou provocando fenômenos que já acontecem na natureza. Os deslizamentos, por exemplo, são ocasionados pela ocupação humana em encostas de morros, áreas que são suscetíveis aos processos erosivos, principalmente os relacionados às chuvas. Já os túneis são construídos para transpor uma formação de relevo montanhosa.
Principais feições do relevo terrestre
Existem muitas formas de classificar o relevo, e cada uma delas leva em consideração critérios diferentes, como a idade das formações rochosas, seus processos de formação, a altitude e a aparência.
Estrutura da superfície terrestre
A estrutura geológica da superfície terrestre geralmente é dividida em:
• crátons – terrenos antigos e muito desgastados que datam dos éons Arqueozoico e Proterozoico, ou seja, a idade dessas estruturas é da ordem de bilhões de anos.
• bacias sedimentares – formadas por rochas de origem sedimentar, chegam a ultrapassar 5 km de espessura. Datam do éon Fanerozoico, ou seja, sua idade, em geral, não ultrapassa 600 milhões de anos.
• cinturões orogênicos – são os terrenos mais elevados e mais recentes: compõem as cordilheiras e datam da Era Cenozoica. Existem também os cinturões orogênicos antigos, que estão mais desgastados pela erosão e datam do fim da Era Mesozoica.
As formas de relevo
As formas de relevo são dinâmicas, ou seja, sofrem alterações constantemente, causadas pelos processos endógenos e exógenos, que atuam há milhões de anos.
As formas de relevo têm origem na ação das forças endógenas, como a atividade tectônica, e nas forças exógenas, como as variações e intempéries climáticas. Além disso, as diferentes formas de relevo não ocorrem de maneira aleatória: são resultado da interação dos processos endógenos e exógenos.
O relevo terrestre apresenta quatro formas predominantes: as cadeias de montanhas, os planaltos, as planícies e as depressões.
Cadeias de montanhas
As cadeias de montanhas são as partes do relevo que apresentam maioresaltitudes. Constituem grandes elevações da crosta terrestre, cujo relevo é acidentado,com encostas íngremes e vales profundos. São exemplos de cadeias demontanhas a cordilheira dos Andes (América do Sul), os Alpes (Europa), as montanhas Rochosas (América do Norte) e o Himalaia (Ásia).
Planaltos
Os planaltos são caracterizados por formações também elevadas e irregulares, que sofrem intensos processos erosivos. Os planaltos podem apresentar diferentes formas,como morros, serras ou elevações de topo plano (chapadas). Uma característica importante do planalto é o fato de ter passado por um intenso processo de erosão. As bordas dos planaltos podem ser escarpadas (paredão abrupto) ou apresentar rampas suaves.
No Brasil, por exemplo, os planaltos são muito antigos, formados no período geológico Pré-Cambriano. Por esse motivo, essa forma de relevo sofre há milhões de anos com a
ação de processos exógenos, como o intemperismo, a erosão e a sedimentação, causados pelo clima, pela hidrografia e pelos seres vivos.
Depressões
As depressões são terras mais baixas em relação às formas de relevo que as circundam. Elas apresentam uma leve inclinação e são também caracterizadas por um processo de erosão, que é um aspecto determinante na sua formação.
Os materiais retirados das áreas de depressão são transportados pelas águas das chuvas, de córregos e de rios e levados para as planícies ou para os mares.
São classificadas como depressões relativas – as com altitudes mais baixas em relação ao entorno, porém acima do nível do mar – e depressões absolutas – as que estão abaixo do nível do mar.
Planícies
As planícies são superfícies planas, basicamente formadas por rochas sedimentares, pois nessas áreas predomina o processo de deposição de materiais (sedimentos). Portanto, elas se localizam em áreas mais rebaixadas.
O relevo submarino
Assim como a superfície dos continentes apresenta áreas mais altas ou mais baixas, também na parte da crosta terrestre coberta pelas águas marinhas são encontradas cadeias de montanhas, depressões (fossas) e outras formas de relevo.
A primeira porção do relevo submarino — a plataforma continental — tem grande importância econômica porque proporciona boas condições ao desenvolvimento da atividade pesqueira. Além disso, em alguns países, entre eles o Brasil, a maior parte aproveitada do petróleo é retirada da plataforma continental.
A partir de 200 metros de profundidade, aproximadamente, até quase 4 mil metros, encontra-se o talude continental; depois dele, vem a parte mais profunda do relevo submarino. O aspecto dessa última parte do relevo submarino é bastante irregular, graças à presença de bacias oceânicas, fossas abissais e extensas cadeias ou cordilheiras submarinas.
As ilhas são irregularidades do relevo oceânico, que se elevam acima do nível das águas (terras emersas).
Elas podem ser classificadas em:
• costeiras: quando se localizam próximo aos continentes. Às vezes, essas ilhas estão separadas dos continentes por canais pouco profundos. Alguns exemplos desse tipo de ilha são as Britânicas, na Europa; Sri Lanka, na Ásia; Madagascar, na África; e as ilhas de Marajó e Florianópolis, no Brasil.
• oceânicas: quando se situam mais distante da costa litorânea. Os arquipélagos de Fernando de Noronha, do Havaí, do Taiti e de Samoa são exemplos de ilhas oceânicas. Há também ilhas em trechos de águas continentais, como
a ilha do Bananal, no Rio Araguaia.
A formação dos solos
Os processos de intemperismo, erosão e sedimentação que ocorrem e moldam as formas de relevo também atuam na formação dos solos. Os solos originam-se da decomposição dos minerais que formam as rochas. Com o tempo, esses materiais são carregados pela erosão e formam camadas de solo mais espessas em áreas de acúmulo de sedimentos (como as planícies) e menos espessas em áreas mais inclinadas (como as montanhas ou encostas de planaltos).
Existem diversos tipos de solos, com diferentes cores, texturas, características e composição. Isso se deve à influência de fatores como o tipo de rocha onde o solo se desenvolve, o clima, o relevo e o nível de maturidade de cada solo.
Os solos apresentam diferentes estágios de formação, podendo ser: jovens, intermediários e maduros. Há, também, a rocha exposta, que ainda não tem solo. Esses estágios são definidos pela profundidade e pelo desenvolvimento de cada solo.