A litosfera é a camada rochosa que recobre a Terra. Também chamada crosta terrestre, ela corresponde à esfera que separa as camadas do interior do planeta das esferas superficiais: a hidrosfera e a atmosfera.
Até hoje, o ponto mais profundo da crosta terrestre já atingido por máquinas perfuratrizes está aproximadamente 12 km abaixo da superfície. Isso mostra que, com a tecnologia disponível atualmente, atingimos um ponto ainda muito superficial dessa camada rochosa, visto que o raio da Terra tem cerca de 6 370 km.
A dinâmica da litosfera
Algumas áreas do planeta são mais propícias a atividades vulcânicas, abalos sísmicos e até tsunamis do que outras. O Japão, por exemplo, é um país localizado em áreas onde ocorrem grandes eventos naturais como esses. Em outubro de 2021, o vulcão do monte Aso, situado em Kyushu, entrou em erupção e lançou suas cinzas a uma altitude de 3,5 quilômetros. Dez anos antes, o leste do país havia sido devastado por um forte terremoto e a chegada de um tsunami – com ondas de até 16,7 metros de altura. Em decorrência dos fenômenos naturais, a usina nuclear de Fukushima teve sua estrutura afetada, o que provocou o superaquecimento do sistema de refrigeração e levou à explosão e ao vazamento do material radioativo. Estima-se que cerca de 20 mil pessoas morreram em decorrência desses eventos.
Mas o que esses eventos têm em comum? Atividades vulcânicas, abalos sísmicos e tsunamis estão diretamente ligados à dinâmica litosférica da Terra, que envolve a movimentação de placas tectônicas.
Para compreender o funcionamento de movimentação das placas tectônicas, pense no planeta como um grande quebra-cabeças. Perceba que os contornos dos continentes apresentam encaixes. Partindo desse princípio, o cientista alemão Alfred Wegener (1880-1930) apresentou a teoria da deriva continental no ano de 1912. De acordo com essa teoria, os continentes se movimentariam de forma lenta e contínua, tendo, no passado, formado um único continente, denominado Pangeia (do latim pan, que significa “toda”, e gea, “terra”). Acompanhe como teria sido a movimentação dos continentes até a formação da configuração atual.
Tectônica de placas
Na época de Wegener, acreditava-se que todo o interior do planeta era rígido e rochoso. Por não conseguir explicar a força que moveria os grandes blocos continentais, a teoria não foi aceita pela maior parte dos cientistas de sua geração.
Na década de 1940, o debate sobre a movimentação dos continentes foi retomado. Com uma nova tecnologia de mapeamento do relevo submarino, foi possível identificar uma complexa formação montanhosa na crosta oceânica do oceano Atlântico. Essas formações foram denominadas dorsais, ou cadeias meso-oceânicas. Décadas depois, ficou comprovado que as dorsais são as áreas responsáveis pela expansão do assoalho oceânico (fundo oceânico), por onde o magma atinge a superfície e se solidifica.
Com isso, comprovou-se que a superfície do planeta Terra não é formada por um único bloco litosférico, mas sim por vários, as chamadas placas tectônicas, como já vimos
As placas tectônicas movem-se lentamente sobre a astenosfera (entre 3 e 10 centímetros por ano), conduzidas pelas células de convecção (imagem a seguir), que atuam de formas ascendente e descendente no manto terrestre. As placas podem estar se afastando umas das outras (movimento divergente) ou se aproximando (movimento convergente).
Quando duas ou mais placas realizam um movimento paralelo de atrito, há o movimento conservativo. O entendimento completo dessa dinâmica faz parte da Teoria da Tectônica de Placas.
Estrutura interna da Terra
Atualmente, o modelo cientificamente mais aceito da estrutura interna da Terra é o que apresenta o planeta dividido em três partes: a crosta terrestre (litosfera), o manto e o núcleo. Essas partes se diferenciam quanto à profundidade, à temperatura em seu interior e à composição química.
Rochas litosféricas
A litosfera é a mais rígida das esferas terrestres, composta basicamente de rochas. As rochas são aglomerados sólidos que reúnem um ou vários tipos de minerais. Também podem ter origem orgânica, como é o caso das rochas provenientes da solidificação de plantas e da fossilização de animais.
Na crosta terrestre há grande variedade de tipos de rocha. Os geólogos classificam as rochas de acordo com sua origem e o processo de formação. Assim, temos três grupos principais de rochas: as ígneas ou magmáticas, as sedimentares e as metamórficas.
Rochas ígneas ou magmáticas: são formadas pela solidificação do magma no interior da própria crosta. Há também o magma que chega até a superfície terrestre, por meio das erupções vulcânicas, e forma as rochas. Alguns exemplos de rochas magmáticas são o basalto, o granito e o quartzo.
Rochas sedimentares: são formadas de sedimentos (pequenas partes) que se separam de outras rochas e minerais ou de matéria orgânica (restos de animais e plantas). Os sedimentos e a matéria orgânica são transportados pelos ventos, pelas águas das chuvas e do mar para as partes mais baixas do relevo, constituindo depósitos que, ao longo de milhares de anos, formam camadas rochosas. Exemplos de rochas sedimentares são os arenitos, o calcário e a argila.
Rochas metamórficas: são formadas por meio da transformação de rochas sedimentares ou magmáticas. Ao serem expostas à forte pressão ou a altas temperaturas, essas rochas passam pelo processo de metamorfismo, que modifica a composição de seus minerais e suas características químicas e as transforma em rochas metamórficas. Exemplos de rochas metamórficas são o mármore, o xisto e a ardósia.
Rochas contam a história da Terra
Calcula-se que a Terra tenha se formado há cerca de 4,6 bilhões de anos. Entre as técnicas utilizadas pelos cientistas para calcular esse tempo de existência do planeta está o estudo das camadas rochosas, também chamado de estudo estratigráfico.
Em geral, as rochas formam camadas com composição diferente umas das outras. Cada camada pode revelar características dos ambientes terrestres que existiram há milhões ou, até mesmo, bilhões de anos. Em alguns casos, elas podem ser encontradas dispostas umas sobre as outras, como camadas de um bolo. Em geral, as que estão mais abaixo são as mais antigas; já as do topo correspondem às mais recentes.
A composição de algumas camadas rochosas mostra, por exemplo, que houve épocas em que os oceanos encobriam boa parte do planeta. Por isso, existem camadas de rochas com sedimentos de fundo marinho e com fósseis de animais e plantas característicos desse tipo de ambiente.
Houve ainda épocas em que as florestas de pinheiros e os pântanos encobriam grandes extensões da superfície do planeta. Por isso, existem camadas de rocha formadas pela decomposição dessas plantas, que hoje servem de recurso para a geração de energia, como é o caso do carvão.
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