segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Crescimento urbano e problemas sociais

O crescimento de muitas cidades ocorreu de forma acelerada. Em alguns casos, essa expansão gerou a conexão entre duas ou mais cidades, não existindo áreas de campo entre elas. A essa conexão de elementos urbanos entre municípios vizinhos dá-se o nome de conurbação

Com a expansão das cidades e a conurbação de vários centros urbanos, foram criadas pela administração pública as regiões metropolitanas, como a de Goiânia – o mapa desta página mostra sua configuração no ano de 2022. Essa forma de organização foi estruturada para melhor integrar os municípios vizinhos, que apresentam intenso fluxo de pessoas entre eles. Na década de 1950, Nova York e Tóquio se tornaram as primeiras megacidades, termo utilizado pela ONU para definir metrópoles, cidades com grande dinamismo econômico-financeiro e que exercem influência em outras regiões, que atingem ou superam 10 milhões de habitantes. Em 2021, já eram 36 megacidades, porém, a maioria delas situada em países em desenvolvimento.

O número total de habitantes em uma cidade exerce influência direta em sua dinâmica e em sua complexidade. São Paulo, a metrópole brasileira com a maior população (cerca de 11 milhões de habitantes em 2021), pode ser usada como exemplo. O principal centro econômico do país se apresenta como um espaço propício para muitas oportunidades de trabalho e, consequentemente, renda para seus habitantes. Indústrias, lojas, bancos, órgãos públicos e a área da construção civil são alguns exemplos de locais que oferecem atividades remuneradas e atraem pessoas que buscam o sustento pessoal e de suas famílias. Porém, no caso de São Paulo, assim como em muitas cidades, a oferta de emprego foi menor que o número de pessoas em busca de uma ocupação remunerada.

A falta de empregos, os baixos salários e a concentração de terras e renda nas mãos de poucas pessoas geraram fortes desigualdades sociais. Trabalhadores passaram a exercer atividades informais, ou seja, sem vínculo trabalhista, e não contribuem para a Previdência Social – o que prejudica a arrecadação de impostos pelo governo e também deixa o trabalhador desprotegido em caso de problemas de saúde, por exemplo. Com remunerações mensais baixas, ou mesmo sem renda, muitas famílias se viram obrigadas a se estabelecerem em áreas inapropriadas ou, em alguns casos, em terrenos ilegais. As desigualdades sociais são facilmente observadas em metrópoles como São Paulo (SP), mas também em outras grandes metrópoles com características tardias de industrialização, a exemplo de Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Recife (PE). As desigualdades sociais geram condições distintas de oportunidades profissionais aos cidadãos. Quando crianças e adolescentes não têm acesso a uma educação de qualidade durante o período escolar, há um comprometimento ao longo de sua carreira profissional, dificultando a disputa por vagas de empregos que exigem maiores qualificações. A exposição à violência e ao crime organizado, a fome e a falta de infraestrutura adequada também são exemplos de problemas sociais presentes em todo o território brasileiro. 

O crescimento das cidades

Desde a formação das primeiras cidades até a Revolução Industrial, no século XVIII, o campo exerceu papel econômico mais importante que o das cidades, mesmo em grandes civilizações. Na Antiguidade, apenas Roma e Alexandria reuniam grandes populações. Nas demais, apesar de haver circulação de pessoas e consumo de mercadorias, a maioria da população residia no campo. Em 1800, apenas dez cidades superavam 100 mil habitantes, enquanto 90% dos indivíduos (o que representava cerca de 87 milhões de pessoas) se estabeleciam no campo. Com o desenvolvimento das máquinas e o surgimento das fábricas, a relação entre campo e cidade foi completamente modificada. Um conjunto de fatores passou a atrair os trabalhadores para as cidades, incluindo a grande oferta de empregos gerada pelas fábricas e outras oportunidades que surgiram em decorrência da modernização das cidades. No início, a expansão das cidades ocorreu no oeste da Europa e nos Estados Unidos. Na sequência, no Leste Europeu e no Japão. O Brasil ampliou suas cidades apenas após a Segunda Guerra Mundial. A industrialização tardia no Brasil provocou um crescimento urbano desordenado e sem o devido planejamento. Entre os anos de 1950 e 1990, as cidades brasileiras triplicaram o número de habitantes. Com o aumento populacional das cidades, a demanda por alimentos ficou cada vez maior. Assim, o campo precisou se modernizar e desenvolver novas técnicas para ampliar a produtividade agropecuária. A mecanização do campo foi a alternativa encontrada pelos grandes proprietários de terras para atender às necessidades do mercado. Esse processo reduziu ainda mais a oferta de empregos, tornando o campo um espaço repulsivo para muitos trabalhadores. O deslocamento definitivo e em massa dessa população do campo para a cidade é chamado de êxodo rural.

As funções do campo e da cidade

Nomadismo e sedentarismo 

Vista aérea de área de cultivo de milho e silos de armazenamento, com cidade ao fundo, em Sertanópolis (PR), 2020. Caçar animais e coletar frutos e sementes foram práticas humanas de sobrevivência durante cerca de 90% da história do Homo sapiens. Essas atividades, apesar de proporcionarem um diferente estilo de convivência em grupo, apresentavam uma relação direta com a natureza. A vida desses grupos humanos dependia das condições naturais dos locais em que viviam, já que não havia conhecimento aprofundado sobre os fenômenos da natureza. Somente por volta de 10000 a.C., alguns grupos humanos começaram a domesticar animais e cultivar plantas. A partir de então, o modo de vida começou a mudar, com alguns grupos humanos deixando de ser nômades para viver de modo sedentário. O domínio de técnicas de cultivo de plantas foi um importante marco na história da humanidade, conhecido como Revolução Agrícola. Com base nele, surgiram os primeiros vilarejos e, posteriormente, as cidades. 

Cidades na Antiguidade 

Com o sedentarismo promovido pela agricultura (com o cultivo de cereais, sobretudo trigo e cevada), as comunidades passaram a se organizar em um estilo de vida que proporcionava o crescimento populacional em escala maior. A domesticação de animais trouxe a condição de explorar, além da carne, o couro e a lã. Como vimos, a fixação de grupos humanos à terra fez surgir os vilarejos e as cidades, com seus próprios modelos de organização social e relação com os demais aglomerados populacionais vizinhos. As primeiras cidades de que se tem registro surgiram na Mesopotâmia (atual Iraque, na Ásia), entre os rios Tigre e Eufrates, região de terras excelentes para a agricultura, chamada de Crescente Fértil. Ur, talvez a cidade mais famosa dessa região, tornou-se conhecida pelos imponentes monumentos edificados. Já a Babilônia, surgida após a queda de Ur, por volta de 2300 a.C., tornou-se a maior cidade do mundo antigo no século VII a.C. Com a formação das cidades e a crescente necessidade de desenvolvimento de técnicas mais eficientes para a agricultura e a pecuária (agropecuária), foram criadas condições ainda mais eficazes para a produção. As cidades passaram a desenvolver equipamentos de infraestrutura mais modernos, com o objetivo de atender ao crescente volume populacional e às necessidades ainda maiores desses grupos humanos. 

Campo e cidade 

Esse limite físico era comum em determinadas civilizações na Antiguidade. Na atualidade, como é possível definir onde termina o campo e onde começa a cidade, já que não existem muralhas dividindo esses espaços? Sabemos que tanto o campo como a cidade são espaços que apresentam paisagens modificadas pela ação humana. Apesar da presença de uma cobertura, em muitos casos, verde, nas regiões em que existem atividades agropecuárias a vegetação original já foi substituída por práticas que levam ao cultivo de vegetais e à criação de animais. Visualizar o campo, para muitos, pode passar a falsa sensação de que o espaço natural está preservado.

Rural e urbano 

 Em um sentido mais amplo, além das atividades exercidas por moradores em idade produtiva no campo e na cidade, surgem os conceitos rural e urbano. Neles está inserido, além do espaço físico, o estilo de vida das pessoas que vivem nessas localidades.

Vimos até o momento que tanto o campo como a cidade assumem funções gerais próprias. Enquanto no campo as atividades ligadas à agropecuária são mais presentes, na cidade, a formação de áreas residenciais, a instalação industrial e a prestação de serviços e comércio são visualmente mais perceptíveis. Porém essa é uma regra que não se aplica a todas as realidades. Apesar de muitos ainda verem o meio rural como atrasado e com pouca tecnologia e o meio urbano promissor e modernizado, essa percepção é falha. Profundas transformações ocorreram nos meios rural e urbano nas últimas décadas. Com o avanço das tecnologias de comunicação, além do estreitamento das redes de transporte, a conexão entre esses espaços ficou ainda mais forte. Enquanto, de um lado, os moradores do campo passaram a absorver hábitos urbanos, como o modo de se vestir, as gírias ao falar e o consumo de produtos comuns em grandes centros, muitos moradores das cidades passaram a cultivar hábitos rurais considerados mais saudáveis, utilizando produtos não industrializados e produzindo hortaliças nos próprios jardins e varandas. Um exemplo dessa maior relação entre campo e cidade está no setor industrial, que, até meados do século XX, se instalava exclusivamente em cidades. Porém, aos poucos, passou a se apropriar também de terras historicamente utilizadas para o cultivo de plantas ou a criação de animais. Esse processo provoca modificações na paisagem e no estilo de vida dos habitantes locais.


Biodiversidade terrestre

Os ecossistemas consistem na relação dos agentes bióticos e abióticos no meio em que vivem. Sua dinâmica é complexa, pois depende de vários fatores ambientais que estão em constante mudança, como a ocorrência de chuvas, o crescimento das plantas, a alimentação dos animais selvagens, o desenvolvimento do solo, etc. Quando pensamos em vários ecossistemas interligados e definidos por uma formação vegetal dominante, estamos reconhecendo um bioma. Dos vários biomas existentes, podemos destacar a Amazônia e a Caatinga. Cada um deles possui conjuntos de ecossistemas próprios, com características comuns, que interagem dentro das condições específicas de cada ambiente. Dentro de cada área, ecossistema ou mesmo bioma, é possível calcular a respectiva biomassa, ou seja, toda a matéria viva dessa área, tanto animal quanto vegetal. Assim, quanto maior for a concentração animal e, em especial, vegetal, maior será a biomassa. Os biomas de florestas equatoriais e tropicais concentram as maiores biomassas do planeta. Tão importante quanto a biomassa para o equilíbrio do sistema terrestre é a biodiversidade, que se apresenta diretamente relacionada à diversificação das espécies em um ecossistema ou em um bioma.

Redução da biodiversidade

Diferentemente do que muitos imaginam, todos os ecossistemas e biomas possuem biodiversidade, até os mais inóspitos. Os desertos, por exemplo, mesmo apresentando condições climáticas extremas, abrigam animais e vegetais adaptados a este ambiente. Estima-se que na Terra existam entre 10 e 50 milhões de espécies animais e vegetais. Especialistas afirmam que o Brasil é o país com maior biodiversidade do planeta, com aproximadamente 20% de todas as espécies conhecidas. E ainda há muitas plantas com potencial terapêutico no território brasileiro, as quais são utilizadas por povos originários e comunidades tradicionais e também na indústria cosmética e farmacêutica. Porém, apesar de todos os benefícios ofertados pela biodiversidade terrestre, ainda há um enorme avanço na degradação dos biomas. Assim, muitas atividades humanas têm impactado diretamente a biodiversidade. Nas últimas décadas, animais e vegetais extinguiram-se em um ritmo somente menor do que o do período de extinção em massa dos dinossauros. A exploração abusiva de recursos vegetais e animais, o crescimento desordenado de algumas cidades, a poluição do ar, da água e dos solos – especialmente pela expansão da agricultura e da pecuária – são apenas alguns fatores que degradam a paisagem natural e destroem os ecossistemas. Estima-se que a perda definitiva de espécies vegetais e animais seja entre 1 000 e 30 000 por ano. Especialistas apontam que, se este ritmo for mantido, em um século teremos a extinção de mais da metade da biodiversidade na Terra.
Para reduzir o impacto nos ambientes naturais é necessária uma mudança de hábitos de parte da sociedade moderna, uma vez que o desperdício e o elevado consumo de produtos supérfluos intensificam a degradação ambiental. Como exemplo, podemos citar o avanço do garimpo ilegal, elevando a pressão sobre as florestas diante da extração de ouro, diamantes e outros minerais.

Hotspots de biodiversidade

Todo bioma possui grande importância para o funcionamento do sistema terrestre. Isso proporciona recursos e condições fundamentais para a manutenção da vida humana e de outros animais, como o fornecimento de água pura e a regulação climática. Muitos biomas mundiais se apresentam ameaçados pela ação humana e demandam maior atenção. Como forma de identificar e melhor proteger essas áreas, foi criado em 1988, pelo ecologista britânico Norman Myers (1934-2019), o termo hotspot. Atualmente são identificados no planeta 36 hotspots de biodiversidade. Para serem qualificados dessa forma, esses ambientes necessitam ter, pelo menos, 1 500 espécies endêmicas de vegetais e apresentar perda igual a ou maior que 70% da vegetação original. Somando todos os hotspots de biodiversidade, eles representam apenas 2,3% de toda a superfície da Terra. Porém, abrigam mais da metade de todas as espécies endêmicas e somam 42% do total de vertebrados do planeta. Ao todo, os hotspots perderam aproximadamente 86% de sua vegetação nativa.

Vegetação nativa

O bioma é um conjunto de ecossistemas e sua classificação é realizada conforme a vegetação predominante, que tem relação direta com o tipo climático. Com a interferência humana ao longo dos séculos nas paisagens naturais, a vegetação original passou por diversas alterações, sendo completamente extinta em algumas partes do planeta. Este é um dos fatores que fazem com que certos mapas de vegetação, ou mesmo de biomas, apresentem variações, pois o principal elemento de identificação de um bioma, que é a vegetação, foi ou continua sendo modificado. Além disso, as fronteiras entre as coberturas vegetais não são perfeitamente definidas. Há faixas que apresentam composição de ambas as vegetações, conhecidas como zonas de transição.

Microclimas urbanos

Desde 2007, a maior parte da população global ocupa as cidades. Dos 7,8 bilhões de habitantes do planeta, em 2022, 56,2% viviam em áreas urbanas. Este quantitativo populacional atrelado ao modelo urbano de grande parte das cidades mundiais gera uma tendência ao microclima. A emissão de gases poluentes, a impermeabilização de parte do solo, a retirada da vegetação, a canalização de rios e os aterros de áreas alagadas são alguns exemplos de ações humanas nesses espaços de maior adensamento populacional. As populações que ocupam os espaços urbanos podem conviver com dois fenômenos típicos:  

- Ilhas de calor: ocorrem em grandes centros urbanos onde há intensa modificação do uso do solo, com a presença de elementos artificiais (estradas, edifícios, etc.). A retenção de calor é maior nesses espaços, pois se configuram como áreas isoladas do entorno, com temperaturas mais elevadas.

- Inversão térmica: fenômeno natural, mais comum nos meses de inverno, que tem consequências específicas para o meio urbano. A inversão térmica consiste na presença do ar mais denso (frio) nas camadas próximo à superfície, enquanto o ar menos denso (quente) fica acima, impedindo a ascensão do ar, o que gera uma concentração de gases poluentes nestas áreas. Como consequência, muitas pessoas desenvolvem doenças respiratórias e irritação nos olhos.

Tratados climáticos internacionais

Por quase toda a história humana, o planeta teve a capacidade de absorver e corrigir alguns desequilíbrios ambientais. Porém, a partir da Revolução Industrial, a emissão antrópica de gases na atmosfera vem ultrapassando os limites de assimilação natural do sistema terrestre. Por essa razão, ações em escala global vêm sendo promovidas com o propósito de reduzir a aceleração do aquecimento do planeta, melhorar a qualidade de vida dos seres humanos e manter a biodiversidade na Terra. Em 1979, em Genebra, na Suíça, ocorreu a Conferência Mundial do Clima (WCC-1, na sigla em inglês), a primeira reunião internacional para se debater o clima global. Porém, apenas em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro (RJ), surgiu a constituição de um grupo de nações com o objetivo de debater periodicamente temas relacionados às mudanças climáticas. O primeiro grande acordo que surgiu pelo resultado desses debates foi o Protocolo de Kyoto, em 1997. Assinado por 178 países, ele entrou em vigor em 2005 e definiu metas de redução de emissões de gases de efeito estufa das nações mais industrializadas do planeta. O protocolo de Kyoto expirou em 2012, sendo firmado um novo acordo global em 2015 (Acordo de Paris), durante a 21a reunião da Conferência das Partes (COP 21). Nesse encontro, 196 países assinaram o acordo se comprometendo a realizar ações que impedissem que a elevação da temperatura média do planeta ultrapasse 1,5 °C até 2100.

As principais florestas do mundo

Em cada bioma terrestre, destaca-se na paisagem um tipo de formação vegetal principal, que está adaptado às condições do clima e ao solo, entre outros fatores. Existem também biomas nos oceanos, rios e lagos. Para começar o estudo sobre as formações vegetais, é importante reconhecer que elas podem ser classificadas em dois grandes grupos de acordo com o porte da vegetação predominante na paisagem: as formações florestais, que são aquelas em que predominam árvores de grande porte, como as Florestas Tropicais, as Subtropicais, as Temperadas e as Boreais, e que serão tratadas neste capítulo, e as formações não florestais, que são aquelas em que predominam arbustos e/ou vegetação rasteira, como Savanas, Estepes e Pradarias.

A distribuição da vegetação pelo planeta 

As grandes formações vegetais originais do planeta podem ser observadas no mapa a seguir. Ele apresenta como deveria ser a distribuição da vegetação natural no período geológico atual sem as alterações causadas pela ocupação dos seres humanos. Procurar entender o que determina essa distribuição é importante para compreender a relação entre os elementos naturais que nela exercem maior influência (clima, relevo e solo).
A vegetação reflete as características naturais, principalmente as climáticas, do local onde se desenvolve e, ao mesmo tempo, interage com elas. Por exemplo, nas regiões mais quentes e úmidas do planeta encontram-se as florestas tropicais, e em regiões onde há longos períodos sem chuva desenvolve-se uma vegetação adaptada à escassez de água (vegetação de deserto). Assim, podemos afirmar que o clima é determinante no tipo de vegetação que se desenvolve em uma região.

As florestas no mundo

Vegetações arbóreas 

Entende-se por vegetação arbórea as áreas formadas, normalmente, por árvores de grande porte. Esta classificação engloba as florestas Tropical, Equatorial, Temperada, Subtropical e Boreal.
Floresta Tropical
As florestas tropicais desenvolvem-se em regiões de clima quente e úmido, localizadas na zona intertropical do planeta (climas tropical e equatorial). O calor e a umidade favorecem o desenvolvimento de grande biodiversidade, uma vez que todas as formas de vida dependem da presença de água, que é abundante nesse bioma. São compostas de vegetação de porte variado, destacando-se as grandes árvores, que formam uma cobertura fechada. Essas florestas permanecem verdes o ano inteiro, são classificadas como perenifólias (vegetação perene, que nunca perde totalmente as folhas) e, por estarem adaptadas à grande disponibilidade de água, muitas de suas espécies vegetais são latifoliadas (folhas largas para favorecer a transpiração). Nessas florestas, por causa da grande umidade e das temperaturas elevadas, troncos, galhos, folhas e animais mortos que se acumulam no chão sofrem rápida decomposição, tornando a camada superior do solo muito rica em matéria orgânica.

Floresta Boreal (Taiga)

As florestas boreais desenvolvem-se em regiões onde predomina o clima frio, especialmente no norte da América do Norte, da Europa e da Ásia. Essa formação vegetal é esparsa, com características de bosque, e dominada por algumas espécies como os pinheiros e outras árvores que produzem pinha na forma de cone. Por isso, essas árvores são chamadas de coníferas (do latim coniferae, que significa ‘cone’). A menor densidade de vegetação e de variação no número de espécies das florestas boreais em comparação com as tropicais ocorre porque, durante o inverno, essas florestas ficam com o solo coberto por neve, o que dificulta o crescimento de vegetação de pequeno e médio portes.

Florestas Subtropical e Temperada

As florestas subtropicais e temperadas desenvolvem-se predominantemente em regiões de latitudes médias (entre os trópicos e os círculos polares), na América do Norte, na Europa Central e no sul e sudeste da Ásia. No outono e no inverno, quando as temperaturas são baixas e quase não chove, as árvores e demais plantas perdem suas folhas. Já na primavera e no verão, quando as temperaturas são mais elevadas e o índice de chuvas aumenta, essas folhas voltam a brotar. Por isso são chamadas de caducifólias (do latim caducus, ‘que caem’) ou decíduas (do latim deciduus, ‘queda’). Nessa classificação encontram-se vários tipos de florestas, associados a diferentes tipos climáticos de latitudes médias. Por exemplo, no Brasil, as florestas subtropicais estão concentradas na região serrana dos estados do sul do país, onde predominam as araucárias, que são árvores com características bem diferentes das que se encontram nas florestas temperadas do hemisfério norte.

Vegetações arbustivas 

O grupo arbustivo é composto de uma vegetação menos densa do que a das florestas. Suas plantas são de médio e pequeno porte, espaçadas umas das outras e com a presença de espécies rasteiras. Fazem parte deste grupo as Savanas e a Vegetação Mediterrânea. 

As Savanas

A Savana é um bioma que se desenvolve na zona intertropical do planeta, em regiões onde predomina o clima tropical, com verão quente e chuvoso e inverno com temperaturas amenas e baixo índice de chuvas. Ela é formada por espécies rasteiras e arbustivas, além de pequenas árvores. 
As Savanas podem ser encontradas em todos os continentes que sofrem influência climática intertropical, onde há verões quentes e baixos índices de chuvas ao longo do ano. 
A paisagem mais conhecida das Savanas, em especial pela grande influência cinematográfica, é a africana, onde grandes animais habitam esses espaços. Por lá se encontram zebras, girafas, elefantes, falcões e leões, entre outros. Porém, assim como acontece com as florestas temperadas, há variações de Savanas espalhadas pelos continentes. 
No Brasil, essa formação tem características diferentes das Savanas dos outros continentes e recebe os nomes de Cerrado e Caatinga. Onde se apresentam com enorme biodiversidade. 
Durante a primavera e o verão, geralmente época de ocorrência de chuvas frequentes, nascem folhas e flores, tornando a vegetação esverdeada. No período seco, sem chuvas, de outono e inverno, as folhas caem (o que dificulta a transpiração durante essas estações), a vegetação rasteira seca e os solos, os galhos de árvores e os arbustos ficam expostos, alterando a cor da paisagem.
Em várias regiões do planeta, muitas áreas estão sendo desmatadas, principalmente para a expansão da agropecuária, realizada muitas vezes sem considerar as características locais de solo e clima. Nas Savanas africanas, por exemplo, além das atividades econômicas, o aumento da densidade populacional nas últimas décadas é um fator de desmatamento. Como já estudamos, quando a vegetação é retirada, a erosão provocada pelas chuvas intensifica-se e transporta a camada superficial do solo. Com isso, a camada inferior, que é naturalmente compactada, fica exposta ao sol. O resultado é um solo ressecado e endurecido, que não tem condições de ser utilizado para o cultivo ou a criação de gado. Nas regiões onde predominam os climas árido ou semiárido, ou submetidas a períodos sem chuvas, as atividades humanas vêm intensificando a degradação do solo, processo chamado de desertificação, que compromete sua capacidade produtiva.

A Vegetação Mediterrânea

A Vegetação Mediterrânea se desenvolve no sul da Europa e no norte da África, junto às áreas banhadas pelo mar Mediterrâneo. Ocorre também no sul do continente africano e no oeste dos Estados Unidos, onde é chamada de Chaparral. Ela é composta de espécies rasteiras e arbustivas, adaptadas aos verões quentes e secos e aos invernos com temperaturas amenas e chuvas moderadas (clima mediterrâneo). Essa vegetação foi bastante devastada, principalmente no entorno do mar Mediterrâneo, para a ocupação urbana e o desenvolvimento da agropecuária, em especial com o cultivo de oliveiras, videiras, pessegueiros e amendoeiras.

Vegetações herbáceas ou campestres 

Encontrado em todos os continentes habitados do planeta, o grupo Herbáceo ou Campestre possui como característica principal a composição rasteira de sua vegetação, com grande ocorrência de gramínea e adaptada ao clima úmido. Na América do Norte ela é conhecida como Pradaria e, na América do Sul, como Pampa ou Campanha. Quando se localiza em ambientes mais secos, como na Mongólia, é chamada de Estepe

Estepe e Pradaria

Estepe e Pradaria são formações de vegetação herbácea (do latim herbaceus, ‘verde, da cor de erva’) e rasteira, principalmente gramíneas, e desenvolvem-se predominantemente em relevos planos. As estepes localizam-se em regiões de clima semiárido, onde os índices de chuva são baixos. Podem ser consideradas uma zona de transição entre a Savana e o Deserto e, portanto, apresentam características dessas duas formações. As maiores extensões de estepes localizam-se na Europa, na Ásia, na África e na Oceania (Austrália).
As maiores extensões de pradarias do mundo localizam-se em regiões de clima temperado: na região central dos Estados Unidos, no leste da Europa e na América do Sul (distribuem-se entre a Argentina, o Uruguai e o Brasil). No Brasil, estendem-se pelo estado do Rio Grande do Sul, onde é conhecida como Pampa. O relevo predominantemente plano e os solos profundos e férteis tornam essas regiões muito propícias à agricultura mecanizada e à criação de gado. Com o crescimento dessas atividades, hoje restam poucas áreas de pradaria preservada.

Vegetação de Altitude

Como vimos anteriormente, à medida que a altitude aumenta, diminui a temperatura média anual. Essa relação entre clima e relevo também influencia a distribuição das formações vegetais.
Nas regiões montanhosas, os solos vão ficando mais rasos, o que propicia o desenvolvimento de Campos de altitude, com predomínio de vegetação mais rasteira. Embora as regiões montanhosas sejam menos ocupadas pelos seres humanos, em alguns casos elas são utilizadas para a criação de animais e o cultivo. Para impedir a erosão dos solos e o deslizamento das encostas são feitos terraços. Essa prática é realizada há milênios pela população nativa dos Andes, das montanhas da América Central e do Himalaia, do sul da Ásia e do Japão.

Vegetação de Deserto

Existem áreas no planeta de ocorrência do clima desértico, onde geralmente chove pouco ao longo do ano (menos de 250 milímetros). Nas proximidades dos trópicos de Câncer e de Capricórnio, o clima desértico se caracteriza pelo contraste de temperatura durante o dia e à noite, podendo variar de 50 oC no período de insolação intensa (dia) a temperaturas próximas de 0 oC ou negativas à noite. Como vimos no capítulo 10, essas áreas são sujeitas à aridez por se localizarem em zonas de alta pressão, onde o ar seco dificulta a ocorrência de chuvas. Nessas regiões, em função da limitação imposta pela escassez de chuva, desenvolvem-se plantas adaptadas à falta de água (chamadas de xerófilas). Além da baixa umidade relativa do ar e do alto índice de evaporação (causado pela radiação solar intensa durante o dia), a escassez de água nos desertos também ocorre porque os solos são predominantemente arenosos. Nesses casos, a água das chuvas que não evapora se infiltra rapidamente nas camadas mais profundas, deixando secas as camadas mais superiores, onde estão instaladas as raízes. São solos com pouca matéria orgânica, portanto, pouco férteis. O solo arenoso propicia grande reflexão e menor absorção da radiação solar, contribuindo para a queda de temperatura durante a noite.
Predomina a vegetação rasteira, com a presença de arbustos isolados e cactáceas. Muitas plantas desenvolvem espinhos no lugar de folhas, para diminuir a perda de água pela transpiração, e armazenam grande quantidade de água em seu caule. Suas raízes podem ser rasteiras, funcionando como um guarda-chuva invertido para reter a água das chuvas antes que ela se infiltre no solo, ou finas e profundas, para captar água no subsolo, já que o lençol freático, quando existe, fica distante da superfície. Nas margens dos rios e nas áreas em que o lençol freático se aproxima da superfície, há maior abundância de vegetação. Os maiores desertos quentes são o do Saara, no norte da África, que é o maior do mundo; o Grande Deserto de Areia, na Austrália; o Kalahari, que vai do Sul de Angola ao norte da África do Sul; o da Arábia, na Arábia Saudita; e o do Atacama, no Chile.
Há também desertos frios, localizados em altas latitudes. Neles o inverno é muito frio, mesmo durante o dia. É o caso dos desertos da Patagônia, na Argentina; do Colorado, nos Estados Unidos; e de Gobi, na Mongólia e na China. Cada um deles tem características próprias de vegetação. Por exemplo, em grande parte da Patagônia o solo congela durante o inverno e no verão renasce uma vegetação rasteira com pequenos arbustos; e no de Gobi o solo é arenoso com vegetação rasteira. Alguns pesquisadores consideram que as regiões polares são desertos com água congelada, como é o caso da Antártica e da Groenlândia.

Tundra

A Tundra se desenvolve em regiões do hemisfério norte, sob a influência do clima polar, entre a Floresta Boreal (Taiga) e o gelo das calotas polares, onde as médias de temperatura se mantêm próximas de 0 ºC. Ela também se desenvolve no alto das grandes cadeias montanhosas. O solo dessas regiões fica coberto por gelo durante aproximadamente sete meses do ano, o que impede o desenvolvimento de vegetação. No verão, quando as temperaturas chegam a 10 ºC, o gelo derrete e possibilita o desenvolvimento de uma vegetação rasteira pouco diversificada, composta de gramíneas e outros pequenos vegetais.
Embora a ocupação humana e as atividades econômicas desenvolvidas nas áreas onde se encontra esse tipo de vegetação sejam muito esparsas, há exploração de petróleo e de alguns minérios, como o níquel, com a infraestrutura necessária para a produção e o transporte desses produtos, provocando poluição e desmatamento. Outro problema ecológico dessas regiões é a caça clandestina, que coloca alguns animais em risco de extinção.

As florestas e as atividades humanas

Grande parte das áreas originalmente recobertas por vegetação natural foi modificada pela ação humana. No processo de construção e reconstrução do espaço geográfico, os seres humanos modificaram as paisagens ao longo da história para atender às suas necessidades. Assim, extensas áreas de florestas (e também de outros tipos de vegetação) foram derrubadas para a expansão das cidades e o desenvolvimento das atividades econômicas, entre elas a agropecuária.
Em uma Floresta Tropical, a maioria das plantas tem muitas folhas, quase sempre largas (por isso chamadas de latifoliadas), que favorecem a transpiração, processo em que os vegetais retiram umidade do solo pelas raízes e a eliminam pelas folhas, aumentando a umidade atmosférica. Quando uma grande área recoberta por floresta é desmatada, o solo fica desprotegido e vulnerável à ação das águas das chuvas e do escoamento superficial, que carregam nutrientes, causando seu empobrecimento, além de a umidade do ar diminuir, reduzindo também as chuvas. Ocorre ainda a elevação das temperaturas, pois os raios solares passam a atingir diretamente a superfície do solo, que irradia mais calor.
Além disso, quando uma floresta é desmatada, as espécies vegetais e animais perdem seu habitat ou não conseguem sobreviver nos pequenos trechos que restam, podendo ser extintas se forem espécies que só existam naquela área geográfica. Dessa forma, o desmatamento compromete a preservação da biodiversidade local e global. Muitas espécies animais e vegetais são recursos naturais por serem utilizadas no consumo da população e como matérias-primas na produção de bens e na fabricação de medicamentos, tendo grande importância econômica. Acredita-se que existam entre 10 milhões e 100 milhões de espécies animais e vegetais no mundo, mas somente cerca de 2 milhões já foram estudadas e catalogadas pelos cientistas. É possível que algumas espécies desapareçam antes mesmo de se tornarem conhecidas.
Além da agropecuária, outras atividades econômicas vêm desmatando as florestas, provocando sérios impactos ambientais e sociais. Um exemplo é o corte de árvores para a exploração de madeira destinada à produção de móveis e papel e ao uso na construção civil. Atualmente parte dessa madeira é cultivada em projetos de silvicultura e, assim como no manejo florestal, é considerada madeira certificada. No entanto, ainda existem muitos casos de extração irregular, com retirada de madeira de áreas de floresta nativa, o que compromete o equilíbrio ambiental. O desmatamento provoca também problemas sociais, porque os povos tradicionais das florestas, como os indígenas e os seringueiros, que praticam, entre outras atividades, o extrativismo em pequena escala, dependem de sua preservação para manter seu modo de vida.


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