Se um estrangeiro perguntasse a você como é a qualidade de vida da população brasileira, qual seria sua resposta? O território do Brasil é bastante extenso, por isso o que você vê em seus lugares de vivência talvez não sirva como referência para todo o país. Como podemos, então, saber quais são os aspectos de nossa sociedade que precisam de atenção? Uma das formas de responder a essas questões é utilizar os indicadores sociais, variáveis que informam quantitativamente aspectos relacionados às condições de vida de uma população e seu desenvolvimento socioeconômico. Alguns desses indicadores são: expectativa de vida, taxa de natalidade, de mortalidade (no geral e, especificamente, infantil) e de alfabetismo. Há também os indicadores econômicos, como o de renda per capita. Alguns desses conceitos você já conhece, outros são novos, e é preciso entendê-los para avaliar melhor a qualidade de vida da sociedade brasileira.
Indicadores do Brasil
A taxa de mortalidade infantil expressa o número de mortes de crianças com até 1 ano de idade em determinado ano e local. É um indicador que reflete, de maneira geral, as condições de desenvolvimento socioeconômico, o acesso aos recursos disponíveis para a saúde materna e a qualidade de recursos para a população infantil. Em 2021, a taxa de mortalidade infantil no Brasil era de 14,8‰ (lê-se 14,8 por mil). Isso significa que, a cada mil crianças que nasceram naquele ano, mais de 14 morreram antes de completar 1 ano. O que tem se verificado nos últimos anos é uma redução das taxas de mortalidade infantil no país, pois no ano 2000 essa taxa era de 30‰. A queda no número de mortes de crianças explica-se, entre outros fatores, pelo aumento da renda da população, o acesso dos pais à informação e a melhoria da saúde básica. Apesar disso, se compararmos esse valor com o de outros países, ele ainda é alto. A vacinação é importante para o controle da mortalidade infantil. Todos têm direito à imunização gratuita. Infelizmente, a má distribuição de recursos faz com que, muitas vezes, faltem vacinas em alguns postos de saúde, e, ainda, as campanhas de vacinação não alcançam toda a população.
A renda per capita refere-se ao valor da renda nacional por habitante. Ela indica quanto cada pessoa do país teria de renda se o valor total da produção nacional fosse distribuído igualmente entre todos os habitantes. É um valor médio, por isso não pode ser analisado isoladamente. Essa renda costuma ser usada para medir o desenvolvimento econômico dos países. Quanto mais alta, melhor é o padrão de vida da população. O valor dessa renda depende do Produto Nacional Bruto (PNB) de um país, que equivale à soma de toda a produção, interna e externa. O Produto Interno Bruto (PIB) é apenas a soma da produção interna. Ambos, PNB e PIB, são utilizados para medir o desenvolvimento econômico de um país ou região e servem de base de cálculo para a renda per capita. Outro indicador importante que contribui para a avaliação das condições de vida das pessoas é a qualidade de saneamento básico oferecido à população. Esse indicador refere-se à infraestrutura de água tratada e canalizada, rede de coleta e tratamento de esgoto, coleta de lixo etc. Embora esses serviços sejam essenciais para a saúde da população, ainda são precários ou completamente ausentes em vários lugares do Brasil, embora sejam direitos básicos de todos brasileiros. A oferta de água e a coleta de esgoto são serviços obrigatórios que o governo deve proporcionar à toda população. Para avaliar a dimensão educação, calcula-se o percentual de pessoas com mais de 15 anos capazes de ler e escrever um bilhete simples, considerando-os adultos alfabetizados. O calendário do Ministério da Educação indica que se a criança não se atrasar ou for retida na escola, ela completará esse ciclo aos 14 anos de idade; por isso, a medição do analfabetismo ocorre a partir dos 15 anos.
Desigualdades no Brasil
Apesar dos grandes avanços sociais e econômicos do Brasil nas últimas décadas, e de estar classificado entre os principais países em desenvolvimento do mundo, a quantidade de pessoas pobres no país permanece alta: cerca de 13,7 milhões de brasileiros vivem com menos de 2 dólares ao dia, segundo dados de 2019. Isso ocorre porque o país está entre os primeiros com maior desigualdade de renda. A desigualdade significa que a maior parte da renda nacional está concentrada em uma pequena parcela da população, enquanto a maioria divide a menor parte. Independentemente do indicador da sociedade avaliado (educação, saúde ou nível de renda), a desigualdade constitui uma ameaça considerável ao desenvolvimento humano, sobretudo porque reflete a má distribuição de oportunidades entre todos.
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
A qualidade de vida nos países pode ser medida de várias formas. A Organização das Nações Unidas (ONU) adota o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede o bem-estar da população em três dimensões: educação, qualidade de vida e índices econômicos do país. Esse índice foi criado pela ONU na década de 1990 com o objetivo de medir a qualidade de vida dos países, considerando aspectos sociais da população. Contudo, como se faz esse cálculo? Qual é o critério utilizado para saber se a qualidade de vida em um país é boa ou ruim? Observe a seguir como são mensurados os três indicadores que constituem o IDH: saúde, educação e renda.
• Vida longa e saudável: é medida pela expectativa de vida.
• Acesso ao conhecimento: é a média de anos de educação de adultos e a expectativa de anos de escolaridade para crianças.
• Padrão de vida: é medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita.
• Como base de classificação são atribuídos valores de 0 a 1: quanto mais próximo a 1, melhores as condições socioeconômicas do país. O total de países avaliados é dividido em quatro grandes grupos, classificados em:
• desenvolvimento humano muito elevado – IDH superior ou igual a 0,800;
• desenvolvimento humano elevado – IDH entre 0,799 e 0,700;
• desenvolvimento humano médio – IDH entre 0,699 e 0,550;
• desenvolvimento humano baixo – IDH inferior a 0,550.
Em 2019, o IDH do Brasil era de 0,765, o que o inclui no grupo “desenvolvimento humano elevado”. Embora ainda estejamos distantes das nações desenvolvidas, essa melhora ocorreu, sobretudo, devido aos avanços no setor educacional e ao aumento da expectativa de vida. No entanto, há limitações em classificar os países pelo IDH. Ao reduzi-los a dados numéricos e rankings, não são evidenciadas as desigualdades internas de cada país. No caso do Brasil, sabemos que há regiões com melhores condições de vida do que outras. Há municípios que apresentam baixo IDH e outros com IDH que pode ser comparado ao de muitos países desenvolvidos. Mesmo nos países com uma melhor colocação, existem desigualdades, pois uma parcela da população vive em más condições.