sexta-feira, 19 de julho de 2024

RELEVO E SOLO

Entre os aspectos que diferenciam uma paisagem da outra estão as formas da superfície terrestre. Muitas vezes nem percebemos essas formas, que estão sob campos agrícolas, indústrias, estradas, calçadas, moradias, entre outras construções humanas.

RELEVO

As diversas formas da superfície terrestre constituem um dos aspectos que diferenciam as paisagens entre si. O conjunto de formas existentes na superfície terrestre recebe o nome de relevo.

Altitude e altura

Ao estudar o relevo terrestre, é importante considerar as diferenças entre altitude e altura.
A altitude é a medida vertical do nível zero (nível do mar) até o ponto mais alto do que se pretende medir.
A altura também é uma medida vertical, obtida a partir da base da forma de relevo, ou de outro elemento qualquer, até sua extremidade.

Efeitos da altitude

Em jogos da Libertadores da América, campeonato de futebol entre clubes de países da América do Sul, que acontecem em La Paz (Bolívia), Quito (Equador) e Bogotá (Colômbia), os jogadores de futebol que não estão adaptados sentem o efeito da altitude elevada.
Os times utilizam diversas maneiras para tentar combater, ou pelo menos diminuir, os efeitos da altitude, como chegar ao lugar com bastante antecedência ao dia do jogo e disponibilizar tubos de gás oxigênio para os jogadores.
O efeito da altitude elevada sobre o organismo de pessoas que não estão adaptadas a essa condição é chamado hipobaropatia, conhecido como mal de altitude ou mal da montanha. Os sintomas mais comuns são dor de cabeça, cansaço, náusea, falta de ar, perda de apetite, entre outros.
Dependendo da altitude e das condições de saúde e preparo das pessoas, os sintomas podem ser mais graves. Quanto maior a altitude, maiores os riscos, principalmente se a pessoa não fizer uma aclimatação, ou seja, uma adaptação.
O mal da montanha está relacionado com a menor quantidade de gás oxigênio inalado pelas pessoas, já que nas altitudes elevadas esse elemento tem menor densidade.
Em razão da força da gravidade, a concentração de moléculas de ar é maior nas baixas altitudes. Assim, há mais oxigênio disponível. Nas altitudes elevadas, há  menor concentração de moléculas de ar. Portanto, há menos oxigênio disponível.

Mapa hipsométrico

Os mapas que representam as altitudes do relevo são chamados mapas hipsométricos.
O verde costuma ser utilizado para representar as áreas de altitudes mais baixas, seguido do amarelo, laranja e marrom ou vermelho, por exemplo.
A escolha das cores deve obedecer a uma sequência gradativa, que passe uma ideia de ordem crescente das altitudes. Em geral, altitudes mais baixas são representadas por cores mais claras ou de tons mais fracos, e altitudes maiores, por cores mais escuras ou tons mais fortes.

Formas do relevo terrestre

A partir de agora veremos como as principais formas do relevo terrestre se formaram e continuam passando por ações transformadoras em sua modelagem.
Há grande variação de altitude na superfície da Terra, como pode ser observado no mapa a seguir. Há também diferentes modelagens, que podem ser agrupadas em quatro grandes unidades: montanhas, planaltos, planícies e depressões. Leia a seguir as principais características de cada uma.

Montanhas

As montanhas são as formas do relevo de maior elevação da superfície terrestre. Sua formação é de natureza tectônica ou vulcânica. No primeiro caso, o choque entre duas ou mais placas tectônicas provoca o dobramento da crosta terrestre (cadeias montanhosas). As maiores cadeias de montanhas existentes na Terra formaram-se entre 65 e 23 milhões de anos atrás. São formas jovens ou modernas considerando o tempo geológico da Terra (pertencem ao Período Terciário).
O Himalaia (Ásia), os Andes (América do Sul), os Alpes (Europa), as Montanhas Rochosas (América do Norte) e o Atlas (África) são exemplos de cadeias de montanhas modernas.
Um conjunto de montanhas forma uma cordilheira. A maior cordilheira do mundo é a do Himalaia, onde está o Monte Everest.

Planaltos

Os planaltos são terrenos mais elevados do que os de seu entorno, porém com altitudes mais baixas que as das cadeias de montanhas. Planaltos são superfícies bastante desgastadas pelas águas de rios e de chuva, pelo vento, entre outros fatores. Com o desgaste, os sedimentos se depositam nas áreas próximas mais baixas, que podem ser planícies ou depressões. Os planaltos podem ser constituídos por: chapadas (formas com quedas acentuadas, lembrando um degrau, e topo plano) e serras (formas de relevo com desníveis acentuados).
Por se tratar de uma formação de relevo mais antiga, ao longo do tempo geológico sofreu grande exposição ao intemperismo. Isso permitiu que os sedimentos erodidos fossem transportados para outras localidades, constituindo o solo e as camadas sedimentares.
Segundo o geógrafo Aziz Ab’Saber, o relevo do Brasil é majoritariamente planáltico, ocupando 75% de sua extensão.

Planícies

São terrenos relativamente planos, geralmente formados pela deposição de sedimentos. Esses materiais  depositados originam-se de processos erosivos em áreas do entorno cujas formas de relevo são mais elevadas (planaltos e montanhas). Também podem ocorrer nas proximidades de rios e mares, os quais atuaram no processo de deposição de sedimentos.
Essas áreas são muito utilizadas para criação de animais, cultivo de cereais e ocupação humana.

Depressão

Consiste em uma parte do relevo existente que se estabelece abaixo das áreas que estão em seu entorno. Quando está abaixo do nível dos oceanos, denomina-se depressão absoluta. Quando se posiciona acima do nível do mar, é chamada de depressão relativa.
As depressões podem apresentar formas e origens diversas. São comuns as leves inclinações em que atuam processos erosivos de desgaste do terreno, geralmente pela ação da água e do vento.

Agentes formadores do relevo

As diferentes formas existentes na crosta terrestre são resultado da ação dos agentes internos e dos agentes externos do relevo.
Os agentes que realizam esse processo são os formadores do relevo, que podem ser classificados como endógenos (também chamados de internos ou morfoestruturais) ou exógenos (externos ou morfoesculturais).

Agentes internos do relevo

Agentes internos do relevo são fenômenos naturais que têm origem no interior da Terra, como o movimento das placas tectônicas (tectonismo), os terremotos e as atividades vulcânicas. As placas tectônicas são imensos blocos da crosta terrestre, constituídos por partes continentais e oceânicas, que “flutuam” sobre o manto em diferentes direções.
O movimento das placas tectônicas revela que a superfície terrestre é fragmentada. Essa dinâmica é descrita pela teoria da tectônica de placas, que explica os movimentos que as placas realizam sobre o manto e a origem de diferentes formas do relevo terrestre, como montanhas, vales e depressões.
A dinâmica interna do núcleo e do manto faz com que o magma sofra pressão, movimentando as placas tectônicas e dando origem aos terremotos e ao vulcanismo.
Esses processos relacionados à dinâmica do interior da Terra agem de dentro para fora e moldam as formas de relevo.
Em 1912, o cientista alemão Alfred Wegener (1880-1930) afirmou que os continentes se movimentam sobre o manto terrestre. O cientista percebeu que a porção oriental da América do Sul se “encaixava” na porção ocidental da África e que a América do Norte poderia ser “encaixada” na Europa. Verificou também que alguns fósseis de animais e vegetais que viveram em épocas remotas encontravam-se tanto na América quanto na África.
A partir da década de 1950, estudos e pesquisas realizados no fundo dos oceanos comprovaram a existência das placas tectônicas.
As formas de relevo resultantes de atividades vulcânicas estão, em geral, relacionadas ao extravasamento do material magmático (lava e cinza). Com a solidificação da lava, os terrenos que sofreram esse acúmulo são elevados com rochas ígneas. Com o passar do tempo – que, dependendo do volume de material expelido, pode durar milhares de anos –, os vulcões são formados, podendo atingir grandes altitudes.
A maior ocorrência de atividades vulcânicas e de abalos sísmicos está em uma área conhecida como Círculo de Fogo do Pacífico. Com mais de 40 mil quilômetros de extensão, essa faixa, em formato de arco, concentra cerca de 50% das atividades vulcânicas e 90% dos terremotos e maremotos de todo o planeta.
Já as forças tectônicas, ocasionadas pela movimentação das placas tectônicas, provocam a deformação da crosta terrestre (orogênese). Como resultado, a crosta pode se curvar ou mesmo se fraturar. Esse fenômeno é o responsável pela formação das grandes cordilheiras de montanhas
atuais (dobramentos modernos).

Placas tectônicas

As placas tectônicas se movimentam de forma lenta e constante e podem, por exemplo, chocar-se ou afastar-se umas das outras.

Terremotos

A ocorrência de terremotos, ou abalos sísmicos, deve-se aos movimentos das placas tectônicas ou à acomodação de rochas no interior da Terra. Esse fenômeno natural, dependendo da intensidade, pode levantar terrenos ou provocar seu afundamento parcial.
Os terremotos também podem ocorrer no fundo dos oceanos e provocar o deslocamento de grande quantidade de água, formando os maremotos. Alguns cientistas utilizam os termos maremoto e tsunâmi como sinônimos, diferenciados apenas pela origem das palavras (latim e japonês, respectivamente). Outros estudiosos consideram tsunâmi o fenômeno caracterizado pelas ondas gigantescas formadas a partir dos maremotos.

Vulcões

Os vulcões ocorrem em áreas de choque ou separação de placas tectônicas e são crateras ou aberturas (fissuras) por onde o magma do interior do planeta é expelido, atingindo a superfície. Após a erupção vulcânica, o magma expelido passa a ser chamado de lava. A lava se solidifica e dá origem às rochas magmáticas, sendo o próprio vulcão resultado do acúmulo de lava solidificada. Outras formas de relevo, como ilhas e planaltos vulcânicos, podem ter a mesma origem.

Agentes externos do relevo

Os agentes externos do relevo atuam no desgaste e na modelagem das formas da superfície terrestre. São fenômenos naturais – como chuvas, rios e ventos – e ações humanas. O processo consiste em três etapas: intemperismo, erosão e sedimentação.
A ação dos elementos da natureza desgasta as rochas. Esse processo recebe o nome de intemperismo. Ao serem desgastadas, as rochas soltam partículas. Esse material é removido, transportado e depositado nas áreas mais baixas do relevo. O conjunto desses processos recebe o nome de erosão. A erosão é um processo natural que pode ser acelerado pelas ações humanas, como retirada da vegetação, práticas agrícolas, criação de gado etc.
A seguir, são representados exemplos de como alguns elementos naturais atuam moldando o relevo.
As geleiras são importantes modificadores do relevo. Quando se soltam e deslizam das partes mais altas para as mais baixas do relevo, desgastam as rochas. A ação do movimento das geleiras provoca, por exemplo, a formação de vales profundos, como os fiordes.
O vento modela as formas do relevo desgastando as rochas. Ele também transporta partículas e movimenta a areia, criando dunas nos desertos e em regiões litorâneas.
A força das águas de mares e oceanos contribui para a transformação das formas de relevo do litoral. As ondas podem fragmentar as rochas, transformando-as em areia e contribuindo para a formação de praias e planícies.
As águas dos rios escavam um leito, formando vales. Nas partes mais baixas do relevo, os materiais vão se acumulando, formando planícies e deltas. A água atua como agente erosivo, principalmente, pela ação dos rios (fluvial), dos mares (marinha), da chuva (pluvial) e da neve (glacial).

O relevo submarino

Por muito tempo, os seres humanos imaginaram que o relevo submarino era semelhante a uma banheira gigante: as bordas representavam as margens dos continentes e a parte coberta por água tinha profundidades relativamente parecidas, com um ponto central mais profundo. Atualmente, porém, sabemos
que, assim como as terras emersas, o relevo submarino também apresenta irregularidades.
Essa descoberta foi possível por meio do mapeamento do fundo oceânico, que é uma tecnologia relativamente recente na história da humanidade (iniciada em meados do século XIX e ainda em evolução).
Descobriu-se que a formação do relevo submarino é semelhante à de áreas continentais, ou seja, é resultado de atividades tectônicas e vulcânicas (agentes endógenos) e de processos erosivos (agentes exógenos).
O leito marinho é dividido em margem continental (com características que se assemelham às dos continentes a que está ligado) e bacia oceânica (com características próprias). A margem continental é formada pela plataforma continental e pelo talude continental

Minerais e rochas

A crosta terrestre, seja continental, seja oceânica, é rígida. A maior parte da composição da litosfera é formada por rochas. Elas são constituídas de uma combinação de minerais e, dependendo de como foram formadas, podem apresentar variações. O granito, por exemplo, é constituído de três minerais: quartzo, feldspato e mica.
Com base na maneira como foram formadas, as rochas são classificadas em três categorias. Veja cada uma delas a seguir.

Rochas magmáticas

As rochas magmáticas (ou ígneas) são as que se apresentam em maior abundância na Terra (cerca de
95%) e podem ser divididas em dois grupos:
- Rochas magmáticas intrusivas ou plutônicas, que se originam por resfriamento e cristalização do magma (rocha fundida) em profundidade.
- Rochas magmáticas extrusivas ou vulcânicas, que surgem pela solidificação da lava (nome dado ao magma quando atinge a superfície terrestre).

Rochas sedimentares

As rochas sedimentares são formadas nas áreas mais baixas do relevo continental ou oceânico. Nessas porções, são acumulados fragmentos de outras rochas (sedimentos) e restos de organismos vegetais e animais, transportados pela ação do vento, da água e do gelo. A consolidação desses sedimentos é um processo lento, e os fósseis são vestígios importantes para a datação desses materiais rochosos.
Além da importância para os estudos que analisam a história da formação do planeta Terra, as áreas sedimentares também contribuem economicamente. Nessas áreas são encontradas as principais reservas de petróleo, gás natural e carvão mineral, cuja extração é responsável pelo fornecimento de recursos energéticos à sociedade.

Rochas metamórficas

As rochas metamórficas originam-se pelo processo de transformação (metamorfismo) das rochas magmáticas e sedimentares. Essas alterações na composição inicial das rochas são provocadas por diversas causas, mas principalmente pela exposição a grandes pressões e elevadas temperaturas, como a ocasionada pelos eventos tectônicos e vulcânicos.

SOLOS

Na maior parte das vezes, as formas de relevo estão recobertas pelo solo, popularmente chamado de “terra”.
O solo é a camada viva e superficial da crosta terrestre e está em constante transformação. É constituído por minerais, organismos, água e ar. O solo se forma a partir do desgaste das rochas, processo que ocorre ao longo do tempo. No entanto, é importante destacar que há porções da superfície terrestre com afloramentos de rocha sem a formação de solo.

Formação do solo

Com o tempo, tudo o que está exposto na superfície terrestre se deteriora: pontes, calçadas, praças e até mesmo as nossas residências. Esse fenômeno é conhecido como intemperismo ou meteorização, e é muito estudado para explicar a formação dos solos.
Há diferentes tipos de intemperismo, e sua intensidade pode variar de acordo com a exposição do material à atmosfera, à hidrosfera e à biosfera. Em locais com temperaturas elevadas e com alto valor pluviométrico (chuvas), por exemplo, a água costuma ser um importante agente de intemperismo, absorvendo o gás carbônico presente na atmosfera e agindo na decomposição do material rochoso. Esse tipo de processo é denominado intemperismo químico.
A ação de bactérias e fungos também costuma ser importante na decomposição de rochas em áreas com essas mesmas características climáticas. Esse tipo de ocorrência recebe o nome de intemperismo biológico.
Em localidades áridas ou semiáridas, o intemperismo físico costuma ser muito atuante, pois há uma variação considerável de temperatura ao longo de 24 horas. Durante o dia, as temperaturas elevadas atuam na dilatação do material rochoso, enquanto no período noturno as médias térmicas são baixas, gerando o efeito contrário. Esse fenômeno diário de dilatação e contração das rochas provoca, com o passar do tempo, sua desagregação em fragmentos menores.
Com a ação do intemperismo, a rocha é fragmentada e transformada em regolito, que é o conjunto do material alterado. Em um estágio mais avançado, são formados os solos, que são a porção do regolito composta de ar, água e húmus (restos de animais e vegetais em decomposição).
Os solos podem assumir diferentes colorações (cinza, vermelho, amarelo, etc.) na superfície e apresentar variações de profundidade (a depender de sua etapa de desenvolvimento) e de permeabilidade. Esse conjunto de fatores atua na promoção das condições para o desenvolvimento das plantas.

Os principais fatores que atuam na formação dos solos e nas características de cada tipo são a rocha-mãe, o clima, o relevo e os seres vivos.
-Rocha-mãe
Rocha-mãe é a rocha que dá origem ao solo. Solos arenosos, por exemplo, são formados por arenitos. Os solos de cor avermelhada têm origem nas hematitas. Pode acontecer de um mesmo tipo de rocha dar origem a diferentes tipos de solo por causa da maior influência de elementos naturais distintos, como o clima, o relevo, entre outros.
-Clima
Em regiões de clima quente e úmido, os solos são mais profundos e têm mais matéria orgânica que os de regiões com climas frios e áridos. Isso acontece porque as altas temperaturas e a alta umidade contribuem para a decomposição dos restos de plantas e animais e para que as rochas se transformem mais rapidamente e de forma mais intensa.
-Relevo
Em terrenos inclinados, a água escoa mais rapidamente, havendo maior possibilidade de erosão e formação de solos menos profundos e mais secos. Já em terrenos planos, com vegetação, a infiltração da água no solo é facilitada, favorecendo a transformação das rochas e a formação de solos profundos.
-Seres vivos
Quando animais, plantas e outros organismos morrem e sofrem decomposição, passam a integrar a matéria orgânica do solo, que é muito rica em nutrientes.
Pequenos animais – como minhocas, cupins, aranhas, centopeias, entre outros – tornam o solo mais fértil e arejado (“fofo”), facilitando a infiltração da água. Os microrganismos, como bactérias e fungos, atuam na rocha-mãe, contribuindo para transformá-la.

Importância do solo

Em geral, quando se fala em solo, uma das primeiras atividades que vêm à mente é a agricultura, responsável pela produção de alimentos e matérias-primas, como a cana-de-açúcar para a produção de combustível, o algodão usado nos tecidos, entre muitas outras.
Os solos são responsáveis por sustentar os ecossistemas terrestres, fornecendo condições para o desenvolvimento das plantas. Porém, estão expostos aos desgastes provocados tanto por fatores naturais (água e vento, por exemplo) como pela ação antrópica (dos seres humanos).
O desmatamento e a utilização de práticas equivocadas durante o cultivo de plantas ou na criação de animais intensificam o processo de erosão do solo, que consiste na retirada e no transporte de partículas menores. Como resultado, o solo tem sua camada superficial removida, o que reduz seus nutrientes e deixa-o ainda mais exposto.
De modo geral, quando a erosão ocorre pela ação pluvial (chuvas), fluvial (rios), marinha, eólica (ventos) ou glacial (gelo) é denominada erosão natural ou erosão geológica, pois envolve um processo lento e gradativo, que ocorre dentro do tempo geológico. Já quando há a interferência antrópica, acelerando as etapas erosivas a ponto de elas ocorrerem no tempo histórico, denomina-se erosão acelerada.
O solo também é fundamental para o equilíbrio ambiental e para a existência da vida na Terra, pois, entre outros fatores:
• é ambiente favorável para a germinação de sementes e o desenvolvimento das plantas;
• sustenta os diversos tipos de vegetação, como as extensas e densas florestas;
• os microrganismos presentes contribuem para degradar fertilizantes, agrotóxicos e outros resíduos que podem poluir as águas subterrâneas, os córregos e rios, e o próprio solo;
• colabora com o ciclo do carbono, elemento presente na composição de todos os seres vivos, na atmosfera, no grafite do lápis, no refrigerante, no petróleo, entre outros. A matéria orgânica presente no solo é rica em carbono, por isso muitos tipos de solo contêm grande quantidade desse elemento;
• desempenha um papel importante no ciclo da água. Após infiltrar-se no solo, a água fica disponível para as plantas e também abastece os reservatórios subterrâneos. Esse processo evita que a água escorra pela superfície, causando problemas de erosão e assoreamento.
Assoreamento: acúmulo de materiais no fundo de rios e lagos, levando à diminuição do leito e das águas.

Tipos de solo

Existem diferentes tipos de solo, a depender do material mineral de origem (rocha matriz), da composição orgânica ou húmus e da ação de intempéries (chuva, radiação solar, vento, etc.). No Brasil, dois tipos de solo se destacam devido à grande fertilidade: o massapê e o terra roxa.
O solo do tipo massapê é encontrado em praticamente toda a faixa costeira da região Nordeste do Brasil, tem tonalidade escura e se caracteriza pela elevada fertilidade. Desde o século XVI, esse solo é amplamente utilizado para o cultivo da cana-de-açúcar. Seu uso intensivo ao longo de séculos, além de trazer prejuízos à sua fertilidade, acelera o processo de erosão.
O solo do tipo terra roxa (de cor avermelhada) é resultante da decomposição do basalto. Os solos também podem ser classificados de acordo com sua utilização para as atividades humanas, como os cultivos. Por isso, é comum classificá-los como naturalmente férteis ou inférteis dentro das práticas agrárias.

Formas de cultivo

A utilização do solo por parte dos seres humanos, sem a preocupação com a sua devida regeneração, vem provocando a redução da fertilidade, a ampliação do processo erosivo e outros tipos de degradação.
Muitos povos originários da América do Sul praticam a agricultura itinerante, que consiste na troca de áreas cultivadas sempre que o solo reduz seus nutrientes. Assim, fornecem tempo para que a vegetação se recomponha no local em descanso e o solo recupere sua fertilidade.
Esse método, quando utilizado de maneira organizada em propriedades agrícolas, é conhecido como afolhamento. Outras práticas que ajudam a reduzir a erosão e o efeito da lixiviação em terrenos com declives (inclinados) são o terraceamento e as curvas de nível, ambas atuando na contenção do solo. Elas reduzem a velocidade do escoamento da água da chuva, o que diminui o processo de erosão.

RELEVO, SOLO E AGRICULTURA

O relevo e o solo influenciam as técnicas e as formas de produção na agricultura. Terrenos muito irregulares e com forte inclinação dificultam a prática de atividades agrícolas. No entanto, há técnicas, como a do terraceamento (fotografia 1), que evitam o escoamento rápido da água nas encostas (que pode provocar erosão e perda de solo) e facilitam o acesso à plantação.
Já as áreas mais planas, em geral, são mais favoráveis à agricultura se comparadas a terrenos inclinados. Elas facilitam o uso de máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras, o que seria difícil, ou impossível, em um terreno com desníveis acentuados.
A agricultura também depende muito das condições do solo, pois ele fornece o suporte e os nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas. Alguns solos são naturalmente adequados ao cultivo de determinados produtos; outros precisam de irrigação em razão da escassez das chuvas.
Outros solos, no entanto, necessitam de fertilizantes e outras substâncias para corrigir, por exemplo, a acidez natural. No Cerrado, um tipo de vegetação que ocorre em vários estados brasileiros, muitas espécies vegetais, como o buriti e o pequi, são adaptadas ao solo ácido. Outras, porém, como o milho e a soja, necessitam da interferência humana para o desenvolvimento dos cultivos.

Monocultura e rotação de culturas

O conhecimento dos indígenas sobre a terra respeita o tempo da natureza, ou seja, o tempo de formação e recomposição do solo.
Nas sociedades urbanas, a necessidade de produzir alimentos e, principalmente, matéria-prima para a indústria leva a produção rural a “acelerar” a busca por técnicas e modos de produzir que não seguem o tempo da natureza, gerando impactos ao ambiente e aos seres vivos. Um desses modos de produção é a monocultura, que é o cultivo de um só
produto em grandes extensões de terra.
Ao longo do tempo, a monocultura gera muitos impactos negativos, pois a retirada da cobertura vegetal nativa faz com que o processo de reciclagem de nutrientes seja bastante reduzido, empobrecendo o solo. Solos pobres e com biodiversidade desequilibrada requerem o uso intensivo de fertilizantes e agrotóxicos, que podem alcançar águas subterrâneas, rios e córregos, contaminando-os e integrando-se à cadeia alimentar. Além disso, os fertilizantes e agrotóxicos contaminam diretamente os agricultores que aplicam essas substâncias.
Existem outras formas de produzir no campo que, em relação à monocultura, não provocam tantos danos ao solo e aos seres vivos. Uma delas é a rotação de culturas.
A rotação de culturas é uma técnica tradicional usada por diferentes povos tradicionais em várias partes do mundo. Consiste em um rodízio da produção em uma mesma área, fazendo com que o solo absorva os nutrientes necessários de
maneira alternada e se recomponha para uma nova produção. Analise a ilustração que representa essa técnica.

RELEVO, SOLO E MORADIA

Assim como em outros países, no Brasil parte da população tem suas moradias construídas nas chamadas áreas de risco, ou seja, lugares inadequados para a construção de habitações e sujeitos, por exemplo, a inundações e deslizamentos. 
Nos períodos de chuvas intensas, o nível das águas superficiais, em cursos-d’água, pode subir rapidamente, transbordando do leito do rio e provocando inundações nas várzeas ou planícies de inundação, que são áreas localizadas
próximo às margens dos rios.
Esse é um processo natural. Porém, quando há construções nessas áreas, elas podem ser atingidas pelas águas.
Nas cidades, em geral, a construção de moradias, o calçamento e o asfaltamento das ruas impermeabilizam a superfície, o que dificulta a infiltração de água no solo. Isso faz com que a água se acumule na superfície e alague as partes mais baixas dos terrenos.
Os deslizamentos são fenômenos naturais de movimento de solo ou rocha que ocorrem em certos terrenos inclinados.
Os deslizamentos envolvem o deslocamento rápido de uma grande massa do solo, em geral quando uma área de encosta recebe um volume muito alto de água, normalmente da chuva.
Essa água escoa e infiltra no solo, deixando-o encharcado, o que pode gerar, em determinado momento, o abrupto deslizamento de terra, provocado pelo processo erosivo do solo.
Algumas vezes, os deslizamentos ocorrem por causa de chuvas intensas, pois a água escoa rapidamente pela encosta, carregando parte do solo. Eles também podem ocorrer quando o solo fica encharcado e pesado e escorrega encosta abaixo.
As encostas de morros nas cidades costumam ser áreas de risco sujeitas a deslizamentos de terra. No entanto, os deslizamentos são agravados e acelerados pela ação humana. A retirada da vegetação, a movimentação do solo e a pressão exercida sobre ele pelas construções, entre outros fatores, contribuem para a intensificação do fenômeno.
A preservação da vegetação das encostas seria uma importante aliada para evitar os deslizamentos. Não sendo possível manter integralmente a vegetação, o terraceamento (construção de degraus nas encostas) reduziria a velocidade de escoamento e ajudaria na infiltração de água no solo. As raízes das plantas de jardins ou de hortas poderiam ajudar a diminuir o impacto das gotas de chuva no solo.

FONTES DE ENERGIA

Os recursos utilizados para a geração de energia são chamados de fontes de energia e podem se apresentar de forma renovável ou não renovável, dependendo da matéria-prima utilizada. O petróleo, por exemplo, é a matéria-prima para a produção de alguns combustíveis utilizados em motores à combustão. Atualmente, a maior parte dos carros, ônibus, motos e caminhões usa essa fonte de energia.

As fontes de energia são muito importantes para as atividades do dia a dia e também no desenvolvimento das atividades econômicas, como extração de minerais, fabricação de produtos, transporte e comércio.

No decorrer da história, os seres humanos têm procurado formas de obter energia e facilitar a realização das atividades: tração animal para puxar o arado, madeira para gerar calor, água para gerar energia elétrica, e assim por diante.

Fontes não renováveis

A partir da segunda metade do século XVIII, com o surgimento da indústria, outras fontes de energia passaram a ser utilizadas, principalmente as não renováveis.
Fontes não renováveis são recursos naturais que têm um ritmo de renovação muito lento e podem se esgotar com a intensa exploração.

Combustíveis fósseis

Os combustíveis fósseis são encontrados no subsolo e formados a partir de um lento processo de decomposição de sedimentos que ocorre durante milhões de anos.
Segundo a Agência Internacional de Energia, em 2020, aproximadamente 75% da energia consumida no mundo tinha como fonte os combustíveis fósseis. Até 2050 – apesar do crescimento do uso de outras fontes – o petróleo, o carvão mineral e o gás natural ainda serão as principais fontes para a produção de energia.

Carvão mineral

Geralmente encontrado na cor preta, o carvão mineral é formado pela decomposição de restos vegetais soterrados e comprimidos por camadas sedimentares há milhões de anos. Após um lento processo de solidificação com elevadas temperatura e pressão, esse composto passa a formar os depósitos de carvão.
Encontrado de forma abundante na Terra, o carvão mineral pode ser usado como fonte química, de onde são extraídos óleos, ceras, produtos farmacêuticos, pesticidas, entre outros. Mas é como fonte de energia que esse recurso natural ganha maior destaque.
carvão mineral é empregado principalmente na geração de energia elétrica e como fonte de calor para produzir aço. Cerca de 80% das reservas de carvão encontram-se no Hemisfério Norte, principalmente na China, nos Estados Unidos, no Canadá, na Rússia, na Inglaterra, na Polônia e na Índia.

Gás natural

O gás natural é uma substância incolor e, por ser um combustível fóssil de formação semelhante à do petróleo, é comumente encontrado nas mesmas jazidas petrolíferas.
Esse recurso natural é amplamente usado na geração de eletricidade e como combustível para determinados tipos de veículo com motor à combustão. Além disso, pode ser utilizado como matéria-prima química na fabricação do plástico e de outros produtos, como fertilizantes e corantes.
Apesar de ter sido descoberto entre os anos 6000 a.C. e 2000 a.C., na região hoje conhecida como Oriente Médio, no oeste do continente asiático, sua aplicação comercial só ocorreu nos Estados Unidos, em 1821. Na ocasião, o gás era distribuído por tubos aos consumidores, que o utilizavam na iluminação residencial e para cozinhar.
gás natural é empregado na geração de energia elétrica, no combustível para automóveis, nos altos-fornos das siderúrgicas e nos fogões de moradias.
A Rússia detém as maiores reservas de gás natural do mundo (cerca de 20%) e divide com os Estados Unidos o título de principal produtor desse recurso natural não renovável na atualidade.

 Petróleo

É formado pela decomposição da matéria orgânica, principalmente algas, no fundo de mares e oceanos, ao longo de milhões de anos. O acúmulo de sedimentos sobre os organismos marinhos causou a compactação e o aquecimento do material orgânico, levando aos processos químicos que lhe deram origem.
Por meio de métodos específicos de detecção de jazidas petrolíferas, poços podem ser perfurados a uma profundidade superior a 7 mil metros em relação ao nível médio dos oceanos. Após sua extração das rochas reservatórios, no continente ou em subsolo oceânico, esse material líquido e escuro é canalizado até a superfície e, depois, é levado a refinarias. Nelas, o petróleo bruto é transformado em derivados utilizados em diversas atividades.
O petróleo é a principal fonte de energia do planeta atualmente (um terço de toda a energia produzida no mundo). 
Por isso, os países com maior produção de petróleo têm, em geral, um importante papel na política e na economia mundiais.
petróleo é utilizado na  na fabricação de gasolina e óleo diesel, mas também como matéria-prima na produção de tintas, fertilizantes, plásticos etc. Por ser um recurso fundamental para a economia mundial, é alvo de constantes disputas internacionais. Algumas guerras aconteceram, entre outros fatores, pelo controle de importantes jazidas localizadas principalmente no Oriente Médio, na Ásia.

Energia nuclear

Também chamada de energia atômica, a energia nuclear é produzida a partir da fissão do núcleo de um átomo de urânio, liberando grande quantidade de energia.
energia nuclear é obtida a partir de metais radioativos (que emitem radiação) encontrados em certas rochas. O núcleo de cada átomo desses metais armazena grande quantidade de calor e energia, que é liberada quando esse núcleo é quebrado.
A energia nuclear, como fonte energética, opera com praticamente zero emissão de CO2 na atmosfera, ao contrário das usinas de carvão, de petróleo e de gás natural, que lançam quantidades significativas de gases de efeito estufa e elementos nocivos. Porém, esse tipo de energia produz resíduos tóxicos que se acumulam ao final da produção e que devem ser armazenados durante períodos que podem chegar a 300 anos.
Apesar de considerada uma energia limpa para a atmosfera, alguns desastres ambientais ao longo da história geraram grandes debates diante de sua ampliação. O Japão, a França e os Estados Unidos operam centenas de usinas nucleares, fornecendo energia para uma parcela considerável de seus cidadãos. No Brasil, há atualmente duas usinas dessa categoria – Angra 1 e Angra 2. Juntas, elas produzem 3% da energia consumida no país.

urânio é um dos metais mais utilizados nas centrais nucleares que produzem energia elétrica. A energia nuclear também é usada na saúde, na agricultura e para fins militares, entre outros. As maiores reservas de urânio estão na Austrália, no Cazaquistão e na Rússia.

Fontes renováveis

A utilização dos combustíveis fósseis tem sido o centro de discussões sobre a degradação ambiental. No processo de queima desses combustíveis, são lançadas, na atmosfera, grandes quantidades de gases poluentes, os chamados gases de efeito estufa (GEEs), que, de acordo com vários pesquisadores, causam o aquecimento global.
O aquecimento global é o aumento da temperatura média do planeta que, segundo a maioria dos pesquisadores, resulta da grande quantidade de gases, fumaça e resíduos lançados na atmosfera pelas atividades humanas. Esses poluentes aumentam a temperatura da Terra, pois criam uma barreira que impede a dispersão do calor.
Diante dessa questão, institutos de pesquisa, universidades e organizações não governamentais (ONGs), por exemplo, têm pressionado governos e empresas a intensificarem ações preventivas, como investimentos em fontes de energia renováveis que combinem o desenvolvimento econômico com os princípios da sustentabilidade.
A modificação completa da matriz energética mundial requer tempo. Isso porque a maioria dos países ainda depende muito do petróleo, do carvão mineral e do gás natural. Fechar fábricas e modificar a frota de veículos que utilizam majoritariamente essas fontes de energia requer grande planejamento e vultosos investimentos.
Mas, à medida que essas tecnologias se expandem, os custos de produção caem, tornando cada vez mais viável a modificação gradativa da matriz energética em cada país.
As fontes de energia renováveis, também chamadas fontes limpas ou alternativas, são aquelas que, na maioria dos casos, renovam-se por processo natural e, em relação aos combustíveis fósseis, causam menores impactos ambientais.

Fontes alternativas de energia

A matriz energética mundial está cada vez mais diversificada e isso se deve, sobretudo, ao uso de novas tecnologias aplicadas ao desenvolvimento de fontes alternativas de energia, como a solar e a eólica.
Países com áreas localizadas na faixa intertropical têm o privilégio de contar com uma exposição mais regular aos raios solares ao longo do ano, podendo aproveitar melhor esse recurso natural. A energia térmica (calor) é convertida em energia elétrica por meio da captação da radiação solar por placas coletoras planas, denominadas células solares ou fotovoltaicas. Quanto maior a placa, maior a captação de calor e, portanto, maior o potencial de geração de energia.
Outra fonte alternativa e renovável de energia cujo uso vem se ampliando em alguns países, incluindo o Brasil, é a eólica. Essa tecnologia se baseia na movimentação das pás de uma turbina pela força dos ventos. Segundo o Ministério de Minas e Energia, a energia eólica representou 11,1% da matriz elétrica brasileira em 2021.
Destacam-se também os biocombustíveis, que são renováveis e são combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos desenvolvidos a partir de matéria orgânica animal ou, principalmente, vegetal. Os biocombustíveis vegetais podem ser produzidos a partir da soja, do milho, da beterraba e do trigo, entre outros. 
No Brasil, a cana-de-açúcar é a principal matéria-prima utilizada. Alguns exemplos de biocombustíveis são: biodiesel, etanol (álcool combustível), biogás e carvão. Apesar de a queima desses combustíveis não gerar poluentes atmosféricos, ambientalistas apontam que esse modelo de produção também tem repercussões negativas. Grandes propriedades são necessárias para o cultivo da matéria-prima
e, por isso, áreas florestais podem ser desmatadas para ampliar a produção. Além disso, há problemas como o aumento do consumo de água para irrigação, o uso intensivo do solo e o emprego de pesticidas, entre outros.

Conheça alguns exemplos de energia limpa.

A energia eólica é obtida pela movimentação de turbinas por meio da força do vento. No Brasil, áreas da região Nordeste são as mais favoráveis para a geração desse tipo de energia renovável.
energia solar pode ser usada diretamente como energia térmica (calor) para sistemas de aquecimento de água, por exemplo, ou convertida por dispositivos em eletricidade. É considerada a fonte de energia do futuro, pois é inesgotável, e os impactos ambientais são reduzidos se comparados a outras fontes.
energia hidráulica ou hídrica consiste no uso da força da água para a geração de energia.Entre as formas de obtenção de eletricidade, o modelo hidrelétrico merece destaque, por se tratar da principal fonte geradora de energia no Brasil, responsável por pouco mais de 65% da matriz energética do país em 2021. Três das 219 usinas hidrelétricas instaladas no país estão entre as dez maiores do mundo: Itaipu Binacional, Belo Monte e Tucuruí.
No Brasil, a maior parte da produção de energia elétrica acontece nas usinas hidrelétricas. Apesar de a produção de energia nas hidrelétricas ser considerada renovável e não poluente, a construção das usinas causa impactos ambientais e sociais, pois ocasiona inundação de grandes áreas, remoção da população local e destruição da fauna e da flora.
É necessário considerar que as hidrelétricas transformam consideravelmente as paisagens naturais. Extensos lagos são formados devido ao represamento da água, fazendo com que a vegetação fique submersa e impeça o fluxo natural dos peixes. Além disso, comunidades ribeirinhas são removidas, sendo obrigadas a deixar o lugar de vivência, o que gera desequilíbrios sociais, tendo em vista que boa parte desses moradores sobrevive de recursos também extraídos do rio.
Outros exemplos de fontes de energia renováveis são:
• a energia geotérmica, que aproveita o calor existente no interior da Terra;
• a biomassa, proveniente de vegetais (lenha e carvão vegetal) e animais (dejetos e gorduras);
• os biocombustíveis, provenientes de produtos agrícolas, como a cana-de-açúcar, que é utilizada para a produção de etanol, usado principalmente como combustível de automóveis.

EXTRATIVISMO MINERAL

O extrativismo mineral é a atividade de retirada de minerais da natureza. Pode ser realizado individualmente (por meio do trabalho de garimpeiros, por exemplo) e/ou por empresas mineradoras que exploram grandes quantidades destinadas, principalmente, para as indústrias.

O extrativismo é muito importante para a economia das localidades onde é praticado. Em muitos casos, também tem grande importância para a economia dos países. Essa atividade econômica gera renda e emprego nos setores e nas diferentes etapas que a integram.
O fim da exploração mineral em determinada localidade pode acarretar inúmeros problemas, como desemprego e diminuição da arrecadação de impostos e das vendas no comércio.
Portanto, é muito importante que governos e empresas garantam a oferta de empregos diversificados onde a economia dependa da extração de minerais.
Além disso, o extrativismo mineral é uma das atividades que mais interferem no ambiente. Os impactos que ele causa no ar, na água, no solo e na vegetação, por exemplo, afetam a vida dos animais e das pessoas que vivem no local e nas proximidades.
Os problemas ambientais podem acontecer tanto na exploração de grande escala quanto na de pequena escala.
No garimpo de ouro em rios (fotografia 1), por exemplo, é comum a contaminação da água e dos garimpeiros por mercúrio, substância altamente tóxica que causa graves problemas à saúde. Os garimpeiros adicionam mercúrio à água, pois esse mineral auxilia na separação do ouro das rochas.
A extração, o processamento e o transporte dos minerais por grandes empresas (fotografia 2) causam impactos. Conheça alguns deles:
• erosão do solo, desmoronamentos e assoreamento de córregos e rios causados pela retirada da vegetação e do solo para atingir o minério;
• morte e fuga de muitas espécies animais, que perdem seu hábitat;
• poluição sonora, por causa do uso de explosivos nas rochas, por exemplo;
• poluição do ar, pela grande quantidade de poeira lançada durante a extração e o transporte dos materiais;
• poluição das águas utilizadas na extração e no processamento de minérios.
Também há questões relacionadas ao destino dos rejeitos.
Quando o controle e a manutenção dos reservatórios são inadequados, podem ocorrer graves impactos ambientais, destruição de moradias e vias de circulação, perdas de vidas, entre outras consequências.

Camadas da Terra

O acesso às camadas mais profundas do planeta ainda é inviável ao ser humano por causa das altas temperaturas e pressões e da falta de equipamentos que permitam explorar o centro da Terra.

Apesar dessas dificuldades e limitações, as informações têm aumentado nas últimas décadas. A análise das ondas sísmicas das lavas vulcânicas, por exemplo, permite aos pesquisadores identificar os tipos de materiais existentes e as condições de temperatura e pressão no interior da Terra. Com base nessas informações, os cientistas dividiram o planeta Terra em três grandes camadas: crosta terrestre, manto e núcleo.

Núcleo

As temperaturas podem chegar a 4 800 °C. É dividido em núcleo interno e núcleo externo.
O núcleo externo é uma camada pastosa que envolve o núcleo interno. Acredita-se que o núcleo interno seja sólido por causa da imensa pressão que as camadas superiores exercem sobre ele e pelo acúmulo de ferro e níquel.

Manto

Localizado entre o núcleo e a crosta terrestre, é constituído principalmente por magma. A pressão que ocorre sobre o magma dá origem ao movimento das placas tectônicas, aos terremotos e às erupções vulcânicas.

Crosta terrestre

Também chamada de litosfera ou superfície terrestre, é sólida e composta de grandes placas que se movimentam sobre o manto. Divide-se em crosta continental (continentes e ilhas) e crosta oceânica, parte que fica abaixo de oceanos e mares. Na crosta estão as rochas, os minerais, o solo, a vegetação e a água.

RECURSOS MINERAIS E ENERGÉTICOS

 USO DOS MINERAIS

Existem muitos e variados minerais na superfície terrestre.
Minerais são substâncias que constituem as rochas e são formados a partir de processos naturais. Geralmente são sólidos e inorgânicos, ou seja, sem vida.
Os minerais são muito utilizados como matéria-prima para a fabricação de diversos produtos (brinquedos, computadores, utensílios domésticos, aviões, máquinas agrícolas,
seres humanos, desde as mais simples – como nas refeições e na higiene – até as mais complexas, como na construção de moradias, estradas, pontes, túneis e outras estruturas.
A construção civil é um exemplo de atividade humana que utiliza grande quantidade de minerais, com destaque para a areia, a brita e o cascalho (utilizados na fabricação do concreto e de revestimentos), o minério de ferro, o cimento e a cal hidratada.

Minerais metálicos e não metálicos

Os minerais são classificados em metálicos e não metálicos.
Os minerais não metálicos não possibilitam a produção de metais. São amplamente utilizados como materiais na construção civil (pisos, azulejos, pias, telhas, cimentos e tijolos). Além disso, também são utilizados na composição de fertilizantes e na produção de energia elétrica e combustíveis. A areia e o sal marinho são exemplos de minerais não metálicos.
Os minerais metálicos são utilizados na produção de metais, como ferro, estanho, alumínio e cobre. Eles são importantes para uma grande variedade de setores, por exemplo: químico, automotivo, eletrônico, aeroespacial, de joias, embalagens, construção, energia, radares militares, produção de mísseis etc.

DE ONDE VÊM OS MINERAIS?

Os minerais são encontrados na superfície terrestre, especialmente em rochas. Rochas são agregados sólidos formados por uma associação de minerais e são encontradas na superfície terrestre.
Há rochas de variados tipos. Conhecendo suas características, é possível identificar os minerais que podem ser explorados em cada uma delas. Conforme suas origens, as rochas são classificadas em três grupos: magmáticas ou ígneas, sedimentares e metamórficas.

Rochas magmáticas ou ígneas

As rochas magmáticas são formadas a partir do resfriamento ou da solidificação do magma, um material pastoso e muito quente disponível no interior da Terra. São ricas em minerais metálicos, como cobre, ferro, estanho e hematita.
As rochas magmáticas podem ser classificadas em intrusivas ou plutônicas, que se solidificam lentamente no interior da Terra, e efusivas ou vulcânicas, que se consolidam rapidamente na superfície terrestre.
Por levarem mais tempo para se solidificar, o processo de formação das rochas intrusivas permite o desenvolvimento de cristais, tornando clara a distinção entre os minerais que as compõem. Nas rochas efusivas, resfriadas rapidamente após exposição do magma na superfície, não há tempo para a formação completa dos cristais. Por isso, eles não costumam ser visíveis a olho nu.

Rochas sedimentares

As rochas sedimentares são originárias da decomposição de outras rochas em razão das ações da água, da temperatura, do gelo, do vento e dos seres vivos. Os materiais resultantes dessa decomposição e os restos de animais e vegetais são chamados de sedimentos. Compactados durante milhares de anos, os sedimentos solidificam-se, formando as rochas sedimentares.
Em áreas de ocorrência dessas rochas, são encontrados minerais não metálicos, como areia, argila, brita e carvão mineral.

Rochas metamórficas

As rochas metamórficas resultam das transformações ocorridas em rochas magmáticas e sedimentares e podem ser constituídas por minerais metálicos e não metálicos.

A representação gráfica do relevo

 O relevo da Terra

Um mapa pode representar tanto características físicas como humanas ou sociais do espaço. Entre as características físicas está o relevo terrestre.
A superfície da Terra, incluindo o fundo dos oceanos, não é lisa como uma casca de ovo; ao contrário, mostra-se bastante diversa: há saliências, como montanhas, colinas, serras, cordilheiras etc., áreas planas, entre outras formas. À diversidade de formas das terras submersas – abaixo das águas de oceanos, rios e lagos, como exemplifica a ilustração – e das terras emersas – acima das águas – é que se dá o nome de relevo.

A representação do relevo

Para representar graficamente o relevo, os cartógrafos empregam diversas técnicas. A mais frequente tem como base as curvas de nível – linhas que, traçadas em um mapa, unem pontos do relevo de mesma altitude.

As curvas de nível

Com equipamentos específicos, geólogos, engenheiros, geógrafos, topógrafos e outros profissionais medem as altitudes do relevo de determinado espaço natural ou geográfico. Com base nesses dados, representa-se graficamente o relevo por meio de curvas de nível, dando origem ao mapa topográfico – uma representação detalhada da superfície terrestre, que mostra elementos naturais (relevo, rios etc.) e elementos culturais (estradas, edificações, campos de cultivo etc.).
Observe novamente o mapa topográfico. Nele estão representados intervalos de altitudes a cada 20 metros, ou seja, as altitudes representadas pelas curvas de nível variam de 20 em 20 metros. Esse intervalo recebe o nome de equidistância (igual distância). A equidistância depende do objetivo do topógrafo: se o que se pretende é maior detalhamento das altitudes do relevo, a equidistância deve ser menor; se o objetivo é menor detalhamento, a equidistância deve ser maior.

O uso das cores

Para facilitar a interpretação das curvas de nível, muitas vezes usam-se cores que representam as várias altitudes do relevo. Essas cores obedecem a padrões internacionais, segundo determinada sequência: das cores claras às mais escuras. Por convenção, as cores claras representam menores altitudes e as escuras, maiores altitudes.
Cada uma das cores corresponde a um intervalo de altitude diferente. No mapa de altitudes e profundidades oceânicas do Brasil, por exemplo, a cor verde representa terras em altitudes compreendidas entre 0 e 100 metros, e a cor marrom-escura, as áreas com altitudes iguais ou superiores a 1200 metros.

Perfil topográfico: o relevo em detalhes

Quando se traçam as curvas de nível de determinado espaço natural ou geográfico, obtém-se a compreensão do relevo desse espaço. Porém, em alguns casos, é preciso observar detalhadamente a variação das altitudes do relevo. Para isso, deve-se traçar, com base nas curvas de nível e na escala de um mapa topográfico, o perfil topográfico, que mostra um corte da superfície terrestre (note a linha A-B no perfil topográfico).
O perfil topográfico é um gráfico no qual o eixo vertical apresenta as altitudes e o eixo horizontal, a extensão do corte selecionado.

O bloco-diagrama

O bloco-diagrama é uma representação gráfica elaborada em perspectiva que mostra determinada área da superfície da Terra nas três dimensões: comprimento, largura e altura.
Essa técnica é usada não apenas para representar o relevo de uma área, mas também a hidrografia (rios), as geleiras, os tipos de rocha que se encontram no subsolo, entre outras informações.
A elaboração de um bloco-diagrama baseia-se em mapas da área que se deseja representar e tem a vantagem de reproduzir com grande fidelidade seu aspecto real. Atualmente, os recursos tecnológicos têm contribuído significativamente para a representação do relevo por meio dessa técnica, tornando-o de mais fácil compreensão.

Noções básicas de Cartografia

 Orientação no espaço geográfico
A orientação pelos astros

Quando conhecemos um lugar, temos certo domínio sobre o espaço, identificamos alguns pontos de referência e sabemos que direção seguir para chegar a um local. Em lugares desconhecidos, porém, é mais difícil nos orientarmos e o risco de nos perdermos é maior. Se isso ocorre onde há muitos pontos de referência, imagine o que pode acontecer se você estiver em uma floresta, em um deserto ou em alto-mar.
Desde tempos remotos, o ser humano percebeu que não era fácil deslocar-se em lugares com poucos pontos de referência. Esse desafio começou a ser vencido quando se constatou que era possível orientar-se no espaço geográfico pelos astros.
A observação de fenômenos que ocorrem no Universo é uma prática antiga da espécie humana. Essa observação possuía e ainda possui diferentes finalidades. No continente americano, por exemplo, os povos pré-colombianos utilizavam
o conhecimento astronômico no cotidiano.
O conhecimento sobre os astros era aplicado para diversas finalidades, como na contagem do tempo, na agricultura e no deslocamento humano por terra ou pelos oceanos e mares.
Observando o céu, as pessoas perceberam que o Sol aparece todas as manhãs aproximadamente na mesma direção do horizonte e se põe ao entardecer na direção oposta; que a Lua tem um percurso semelhante ao do Sol; e que mesmo estrelas e constelações, como a do Cruzeiro do Sul, são capazes de indicar o rumo a ser seguido.
Entretanto, a eficácia desse tipo de orientação depende das condições do tempo e do lugar em que está o viajante, o que deixou de ser um problema com o desenvolvimento de instrumentos mais precisos, como a bússola e o astrolábio, muito usados durante o período das Grandes Navegações.

Os pontos cardeais e a rosa dos ventos

Tomando como referência o movimento aparente do Sol, foram criados os chamados pontos cardeais – leste, oeste, norte e sul –, que podemos encontrar do seguinte modo:
• no horizonte, a direção em que o Sol “nasce” no dia do início da primavera ou no dia do início do outono é o leste (L) ou este (E), também chamado de oriente, que quer dizer “nascente”;
• no horizonte, a direção em que o Sol “se põe” nesses mesmos dois dias é o oeste (O ou W) ou ocidente, que quer dizer “poente”.
Conhecidos esses pontos, foram criados, na direção perpendicular à leste-oeste, outros dois: o norte (N), também chamado de setentrional ou boreal, e o sul (S), também denominado meridional ou austral.
Ao observar a rosa dos ventos no quadro da página seguinte, você perceberá que existem outras direções entre os pontos cardeais. Por isso, foram criados mais 12 pontos, que, somados aos quatro cardeais, totalizam 16. Esses pontos complementares são os pontos colaterais e os pontos subcolaterais. Juntos, os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais formam a chamada rosa dos ventos.

Orientação pelo Sol

O método tradicional de orientação pelo Sol – com o norte à frente do observador (ilustração A) – foi desenvolvido para o observador no Hemisfério Norte, mas, como estamos situados no Hemistério Sul, é preferível termos o sul à nossa frente como referência (ilustração B).
Assim, para nos orientarmos, basta estender o braço esquerdo para onde o Sol “nasce” no horizonte, ou seja, o lado leste (L). A partir desse lado, determinam-se, aproximadamente, os demais: o braço direito estendido para o lado em que o Sol “se põe” indicará o oeste (O), à sua frente estará o sul (S) e às suas costas, o lado norte (N).

O Cruzeiro do Sul

O Cruzeiro do Sul é uma constelação cujas estrelas mais brilhantes estão dispostas em forma de cruz – daí o nome “cruzeiro”. No Hemisfério Sul, pode ser visto à noite no céu durante quase o ano inteiro, sendo usado como referência para apontar a direção norte-sul. Para se orientar por meio dessa constelação, localize o Cruzeiro do Sul em uma noite de céu estrelado e mire a sua estrela mais brilhante (chamada Estrela de Magalhães ou Alfa); prolongue imaginariamente quatro vezes e meia o tamanho do madeiro maior da cruz; a partir daí, basta traçar uma linha vertical à linha do horizonte, a qual indicará, aproximadamente, a direção norte-sul.

A orientação pela bússola

A bússola é um instrumento usado para orientação. Possui uma agulha, que gira livremente sobre um eixo vertical, e um mostrador com a rosa dos ventos. A agulha é imantada, isto é, tem a propriedade de um ímã. Trata-se de um corpo de material magnetizado que atrai alguns objetos metálicos. Essa propriedade de atrair metais chama-se magnetismo.
A bússola foi inventada pelos chineses há muito tempo. Acredita-se que foram eles os primeiros a perceber que a Terra possui magnetismo. Constituído principalmente por níquel e ferro em estado líquido, o núcleo da Terra funciona como um grande ímã em forma de barra, com um dos polos em cada ponta. Desse modo, o magnetismo terrestre sempre alinha a agulha imantada de uma bússola na direção norte-sul, aproximadamente.

Norte geográfico e polo magnético do norte

Observe que anteriormente nos referimos à direção aproximada norte-sul. Por quê?
Durante muito tempo, pensou-se que, em qualquer parte da Terra, a agulha da bússola indicava o Polo Norte ou o norte geográfico. No entanto, dependendo do lugar em que estamos, a agulha imantada da bússola não o indica exatamente. Ela é atraída pelo polo magnético do norte, situado a aproximadamente 1400 quilômetros do Polo Norte geográfico, na ilha Príncipe de Gales, no Canadá.
O polo magnético do norte atrai a agulha da bússola em sua direção. Assim, ocorre um desvio da agulha da bússola para o polo magnético. Esse desvio recebe o nome de declinação magnética.
Como, então, os navegantes – comandantes de avião, navio ou barco – não erram o rumo ou a direção que desejam seguir? Existem mapas, chamados cartas de navegação, que indicam esses desvios. Ao indicar a correção para o norte geográfico, essas cartas possibilitam aos navegantes uma orientação correta.
O quadrante, o astrolábio e a balestilha servem para medir distâncias e ajudar na localização de embarcações em alto-mar, por exemplo, por meio da posição dos elementos presentes no espaço sideral. O quadrante é o mais antigo desses instrumentos e, com o auxílio dele, foi possível a navegação guiada pelos astros, também conhecida por navegação astronômica.
Com o desenvolvimento da ciência, foram criados outros instrumentos para orientação, muitos deles eletrônicos e que oferecem grande precisão e maior segurança para as navegações marítima e aérea e para o deslocamento em terra.

Localização no espaço geográfico

A rosa dos ventos e a localização
Para se deslocar de um lugar a outro sem se perder, pode-se usar a rosa dos ventos associada a uma bússola e a um mapa, por exemplo.
A rosa dos ventos é uma figura que surgiu, nos moldes que conhecemos atualmente, no século XIV. Por ser criada, a princípio, para indicar as direções dos ventos, adquiriu esse nome. A rosa dos ventos nos indica os pontos cardeais: leste (L), oeste (O), norte (N) e sul (S); os colaterais, que estão entre os pontos cardeais; e os subcolaterais, que são os pontos intermediários entre os cardeais e os colaterais.
No entanto, conhecer apenas os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais não é suficiente para localizar, com precisão, determinado ponto na superfície terrestre.
Para localizar qualquer ponto na superfície terrestre de forma exata, foi desenvolvido um sistema conhecido por coordenadas geográficas, que consiste em uma malha imaginária formada por linhas que cortam o globo terrestre. O cruzamento das linhas imaginárias, denominadas paralelos (sentido oeste-leste) e meridianos (sentido norte-sul), determina um ponto único na superfície terrestre.

Paralelos e meridianos

Alguns paralelos possuem nomes devido à sua importância, marcando aspectos astronômicos do planeta. O paralelo do equador realiza a divisão do planeta em dois hemisférios: norte (ou boreal ou, ainda, setentrional) e sul (ou austral ou, ainda, meridional). Ao norte do paralelo central, estão o trópico de Câncer e o círculo polar Ártico. Já ao sul do equador existem mais dois paralelos importantes: o trópico de Capricórnio e o círculo polar Antártico.
Os meridianos são traçados de um polo a outro do planeta. Por convenção, o meridiano de Greenwich e seu antimeridiano foram determinados a dividir a Terra em dois hemisférios, o oeste (ou ocidental) e o leste (ou oriental).

Os paralelos terrestres

Com cerca de 40 mil quilômetros de comprimento, o Equador ou linha equatorial corresponde à maior circunferência da Terra. Essa linha imaginária divide a Terra em dois hemisférios.
Quando os cartógrafos representam o globo terrestre, traçam circunferências paralelas a essa linha, ou seja, linhas que circulam a Terra paralelamente ao Equador. Por causa da forma da Terra, os paralelos diminuem à medida que se afastam da linha equatorial e se aproximam dos polos. Indicados por graus, os paralelos são traçados, tanto no Hemisfério Norte como no Hemisfério Sul, a partir do Equador (0°) até 90°.
Com base na iluminação e no aquecimento da Terra pelos raios solares – assunto que será estudado adiante –, os cartógrafos nomearam quatro paralelos importantes: Círculo Polar Ártico e Trópico de Câncer, no Hemisfério Norte, e Círculo Polar Antártico e Trópico de Capricórnio, no Hemisfério Sul.
O Equador, os círculos polares e os trópicos são considerados
os paralelos de referência.

Os meridianos terrestres

Observe no planisfério que, além das linhas horizontais – os paralelos –, há linhas verticais que ligam um polo a outro. São os meridianos.
Ao contrário dos paralelos, que têm medidas de comprimento diferentes, todos os meridianos têm o mesmo comprimento. Para a determinação do meridiano principal, de 0° (zero grau), houve um acordo em 1884 entre os países: escolheu-se o meridiano que passa pela torre do Observatório Real de Greenwich, localizado no bairro de Greenwich, em Londres, no Reino Unido. O meridiano de 0° é chamado Meridiano de Greenwich, Meridiano Principal ou Meridiano de Origem. É a partir dele que se numeram, em graus, os outros meridianos, tanto a leste como a oeste. Com relação ao Meridiano de Greenwich, contam-se 180 meridianos para o leste e 180 para o oeste, totalizando 360 meridianos.
O Meridiano de Greenwich foi adotado como referencial para a implantação dos fusos horários no planeta: a leste de Greenwich, as horas aumentam e, a oeste, diminuem uma hora a cada 15°.
Um meridiano e seu antípoda formam uma circunferência, cujo comprimento é de 40009 quilômetros, que é, portanto, menor que o da circunferência formada pela linha do Equador (40076 quilômetros).
Isso explica por que a Terra não é exatamente redonda: os polos do planeta são ligeiramente achatados. Os meridianos de Greenwich e de 180° dividem a Terra em outros dois hemisférios, o Hemisfério Leste, ou Oriental, e o Hemisfério Oeste, ou Ocidental. Tanto a representação dos paralelos como a dos meridianos podem ser feitas em um planisfério.
Observe que, ao traçar os paralelos a partir da linha do Equador e os meridianos a partir do Meridiano de Greenwich, os cartógrafos conseguiram determinar posições no globo terrestre com base na interseção (cruzamento) dos paralelos e dos meridianos.

Sistema de coordenadas geográficas

As coordenadas geográficas consistem em um sistema de alta precisão utilizado para localizar qualquer ponto na superfície terrestre. Nesse sistema, a linha paralela revela um valor em graus denominado latitude, e a linha meridional, outro valor em graus denominado longitude.
O equador é o paralelo de referência para a indicação das latitudes, que podem atingir 90°, tanto ao norte quanto ao sul. Já no caso das longitudes, o meridiano referencial é o de Greenwich, que corresponde a 0°, e elas podem alcançar 180°, tanto a leste quanto a oeste. É importante ressaltar que o meridiano 180° não é leste nem oeste, pois, assim como o de Greenwich, divide a Terra nos hemisférios leste e oeste.

Latitude e longitude:as coordenadas geográficas

Como vimos, os paralelos são traçados em relação à linha do Equador, que define o norte e o sul. Os meridianos têm como referência o Meridiano de Greenwich, que define o leste e o oeste. Os paralelos, ao se cruzarem com os meridianos, determinam pontos na superfície da Terra. Cada cruzamento funciona como uma espécie de “endereço”, identificado pela latitude e pela longitude – as chamadas coordenadas geográficas.

- A latitude

Latitude é a distância, medida em graus, de qualquer ponto na superfície da Terra até a linha do Equador. Portanto, todos os pontos que estão no mesmo paralelo têm a mesma latitude.
Como o Equador é a linha que delimita os hemisférios Norte (Setentrional) e Sul (Meridional), todos os pontos localizados ao sul do Equador terão latitude Sul, e os pontos localizados ao norte do Equador terão latitude Norte. Observe a ilustração.
Altas, médias e baixas latitudes Em relação à linha do Equador, as latitudes podem ser altas, médias ou baixas, como se observa no planisfério.
As altas latitudes correspondem às latitudes próximas aos polos Norte e Sul, entre aproximadamente 66° e 90°; as médias latitudes estão entre os trópicos e os círculos polares; e as baixas latitudes correspondem às regiões localizadas entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio.
As latitudes são muito usadas na Geografia, pois contribuem para o entendimento de diversos assuntos, como a distribuição dos tipos de clima no mundo. Se você observar um planisfério ou um globo terrestre com atenção, vai reparar, por exemplo, que as maiores áreas cobertas de gelo na Terra estão nos polos e em suas proximidades (altas latitudes). Além disso, no Brasil, nos estados próximos à linha do Equador (baixas latitudes), as médias de temperatura no decorrer do ano são, geralmente, mais elevadas que naqueles mais distantes dessa linha.

- A longitude

Longitude é a distância, medida em graus, de qualquer ponto na superfície da Terra até o Meridiano de Greenwich. Todos os pontos situados no mesmo meridiano possuem a mesma longitude.
Como o Meridiano de Greenwich é a linha que delimita os hemisférios Oeste (Ocidental) e Leste (Oriental), a longitude pode ser Leste ou Oeste.

Sistema de localização por satélite artificial

O GPS, sigla em inglês para Sistema de Posicionamento Global (Global Positioning System), é uma tecnologia de navegação criada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos no fim da década de 1970. Sua finalidade inicial era para fins militares, porém, em 1983, o governo dos Estados Unidos liberou esse sistema para uso civil.
Diversos são os usos da tecnologia do GPS no cotidiano. Podemos reconhecer sua presença nos transportes, em jogos digitais que utilizam a localização do participante, em rotas de lazer e aventura, em projetos de preservação ambiental, nos esportes e em diversas outras áreas.
Com o GPS, obtêm-se as coordenadas geográficas de qualquer lugar, ou seja, a latitude e a longitude, em segundos.  Aparelhos de GPS usam as informações recebidas de uma rede de 24 satélites artificiais que giram em torno da Terra enviando sinais para qualquer aparelho que possa recebê-los. Cada satélite artificial realiza duas voltas ao redor do planeta por dia. Portanto, a qualquer hora, há pelo menos três satélites artificiais “visíveis” para os aparelhos de GPS em qualquer ponto do planeta.
Graças à tecnologia do GPS, a localização de objetos ou de pessoas e o mapeamento de áreas extensas podem ser feitos com precisão e rapidez. O sistema está disponível para uso dos cidadãos desde 1995 e, atualmente, serve para muitas finalidades. 

A altitude

Altitude é a distância vertical de um ponto qualquer da superfície da Terra em relação ao nível médio do mar, cuja altitude é zero. Esse ponto é usado como referência para medir a altitude de uma localidade. Quando se diz, por exemplo, que a altitude do Monte Everest, situado na Ásia, é de 8848 metros, significa que seu pico está a 8848 metros acima do nível médio do mar.
Não se deve confundir altitude com altura. Esta é a distância vertical de um corpo ou objeto (casa, pessoa, animal, vegetal, entre outros) acima da superfície do terreno em que se encontra – da base ao ponto mais alto.
Tal como a latitude e a longitude, a altitude é um importante dado sobre a localização de um ponto no globo terrestre. Por isso, ao indicar a localização de um ponto, o GPS fornece dados da latitude, da longitude e da altitude desse ponto.

O que é mapa?

Mapa é uma representação gráfica das características naturais ou sociais de toda a superfície da Terra, ou de parte dela, sobre qualquer suporte plano, como folha de papel, tecido, couro, meios digitais, entre outros.
Os rios, as montanhas, a fauna, assim como o clima e a vegetação, são exemplos de características naturais que podem ser mapeadas.
Entre as características sociais, as cidades, as estradas, os campos de agricultura, as indústrias e demais aspectos da ocupação humana no espaço geográfico são frequentemente representados em mapas.

Os principais elementos de um mapa

Existem diversos tipos de mapa, cada um deles representa as particularidades do espaço geográfico, sejam elas físicas ou sociais. Há, no entanto, alguns elementos que devem estar presentes em qualquer representação cartográfica: o título, a fonte, a rosa dos ventos (ou orientação), a escala, a legenda e as coordenadas geográficas.

Os símbolos cartográficos

Um mapa pode representar muitas informações: cidades, vilas, indústrias, rodovias, rios, fronteira internacional, divisa de estados, aeroportos, portos e muitos outros aspectos físicos ou humanos existentes na paisagem ou no espaço geográfico.
Para isso, usam-se símbolos figurativos, isto é, desenhos que representam o que se deseja mostrar (o desenho de navio indica a localização de um porto; o de torre de petróleo, o local de exploração desse produto; e assim por diante).
No entanto, nem tudo pode ser representado por símbolos figurativos. Nesse caso, usam-se outros recursos ou modalidades: cores, por exemplo, para representar diferentes regiões, figuras geométricas para indicar a existência de recursos minerais (minérios de ferro, manganês, alumínio, cobre etc.), além de muitos outros símbolos, conforme a necessidade. Os símbolos constantes no mapa devem estar inseridos em uma legenda para que o leitor possa identificá-los e saber o que representam.

A representação da Terra

Do mesmo modo que você pode desenhar em um papel o croqui do seu quarto, os cartógrafos desenvolveram formas diferentes de representar a Terra, entre elas: o globo terrestre, o planisfério e, mais recentemente, os mapas digitais.

O globo terrestre

No globo terrestre, reproduz-se de modo aproximado a forma da Terra. As direções e as distâncias relativas entre os pontos da superfície são mantidas proporcionalmente.
Ao mesmo tempo, a representação da Terra por meio do globo apresenta duas desvantagens:
• oferece poucos detalhes sobre a superfície terrestre, pois não apresenta casas, vilas, estradas, campos de agricultura etc.;
• não possibilita visualizar toda a superfície do planeta simultaneamente.
Uma face da Terra fica sempre oculta à visão.
Para compensar a primeira desvantagem, elaboram-se mapas que representam partes menos abrangentes da superfície terrestre: países, estados, municípios, bairros, fazendas etc. Por meio dessas representações, é possível mostrar detalhes que o globo terrestre não pode representar (mapa A). Observe que, quanto menor o espaço a ser representado, maior é a possibilidade de incluir no mapa detalhes da superfície (mapa B). Para resolver a segunda desvantagem, os cartógrafos criaram o planisfério.

O planisfério

O planisfério é um mapa que representa toda a superfície terrestre em um plano, tal como o mapa-múndi – um tipo de planisfério em que os dois hemisférios aparecem projetados lado a lado. Assim, é possível observar toda a superfície do planeta ao mesmo tempo, o que facilita o estudo comparativo dos continentes e de sua localização na Terra.

Os mapas digitais

As fotografias aéreas e as imagens fornecidas pelos satélites artificiais em órbita da Terra e recebidas por computadores constituem atualmente os grandes recursos de que dispõe a Cartografia para elaborar os mapas digitais. Elas fornecem informações meteorológicas, como dados sobre deslocamentos das massas de ar e as condições de tempo, além de dados sobre recursos naturais (minerais, solo, vegetação etc.), áreas desmatadas, queimadas, movimento de tropas militares, ocupação humana no espaço geográfico e muitos outros.

As escalas em mapas

Como você viu anteriormente, o mapa é a representação gráfica de características físicas e sociais de toda a superfície da Terra, ou de parte dela, sobre um plano (uma folha de papel, por exemplo). Mas, para um mapa poder representar corretamente o que existe na Terra em uma folha de papel, precisamos aplicar a escala.
Imagine que você tenha que representar, em uma folha de papel, o cômodo de uma casa que mede 4 metros de comprimento por 3 metros de largura. Se quisesse manter o tamanho real do cômodo, precisaria de uma folha de papel gigante, pelo menos do mesmo tamanho do cômodo.
No entanto, com o uso da escala, essa tarefa torna-se mais fácil. Basta determinar, por exemplo, que cada metro desse cômodo corresponde a 1 centímetro. Dessa maneira, você pode desenhá-lo em uma folha de papel de tamanho normal, com sobra de espaço.
A escala é, portanto, a relação proporcional entre as distâncias medidas na representação e as distâncias reais no terreno. Assim, 4 centímetros no desenho do cômodo correspondem a 4 metros na realidade – como 1 metro é igual a 100 centímetros, podemos também dizer que 4 centímetros
no desenho correspondem a 400 centímetros na realidade.
Existem dois tipos de escala: a numérica e a gráfica.

A escala numérica

Para representar um espaço de dimensão reduzida, como o cômodo de uma casa, podemos usar, por exemplo, a escala 1 : 100, como se viu no desenho com escala. No entanto, esse tipo de escala seria inadequado para representar um país. 
Para representar espaços maiores, como estados, países e continentes, devemos utilizar uma escala em que 1 centímetro no mapa corresponda a muitos centímetros na realidade.
A escala usada no mapa é de 1 : 50 000000 (lê-se: um para cinquenta milhões), ou seja, 1 centímetro no mapa corresponde a 50 milhões de centímetros (ou 500 km) no terreno.
Mas surge um problema: é difícil ter ideia do que representam
50000000 de centímetros, pois estamos acostumados a medir distâncias em metros (m) ou em quilômetros (km). Para facilitar a compreensão, basta transformar centímetros (cm) em metros e em quilômetros.

A escala gráfica

Esse tipo de escala é representado por um segmento de reta dividido em partes, como uma régua. As distâncias do terreno são indicadas na própria linha reta.
Para usar a escala gráfica, basta:
• localizar no mapa as duas cidades;
• medir com uma régua a distância entre elas (3 cm).
A escala gráfica mostra que cada centímetro no mapa equivale a 16 quilômetros no terreno. Portanto, para saber a distância, em quilômetros e em linha reta, entre Belo Horizonte e Jaboticatubas, basta multiplicar 3 por 16. Concluímos, então, que a distância entre as duas cidades é de 48 km.
Como, em geral, a distância entre duas cidades não corresponde a um número exato, para facilitar o cálculo, cada trecho da escala gráfica foi subdividido em dez partes (10 mm). Nesse caso, cada uma das partes corresponde a 1,6 km.

A escala em plantas

Os mapas representam espaços geográficos de grande dimensão e, portanto, são construídos em escalas bastante pequenas, ou seja, aquelas em que não se podem observar detalhes da superfície, como as que você viu neste Percurso (1 : 50000000; 1 : 10000000).
Entretanto, para representar espaços como casas, apartamentos, bairros, sítios e fazendas, os engenheiros e outros especialistas elaboram representações em escalas grandes, que possibilitam observar detalhes da superfície representada – 1 : 100, 1 : 2000 ou mesmo 1 : 20000.
Essas representações gráficas são denominadas plantas. A planta de uma habitação representa, em escala, a construção como se fosse vista de cima, sem teto e telhado. Na planta apresentada a escala é 1 : 100.

Planos urbanos

As plantas também são usadas pelas prefeituras para auxiliar na administração e no planejamento do município. Para isso, são elaborados os chamados planos urbanos, ou seja, representações em grandes escalas que apresentam informações fundamentais e atualizada sobre edificações, áreas verdes, praças, parques, monumentos históricos, estações de trem e de metrô, áreas residenciais e industriais, entre muitas outras.
Por meio desses planos, pode-se observar a organização urbana e propor o que deve ser feito ou planejado para melhorar esse espaço para seus habitantes.

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