As diversas formas da superfície terrestre constituem um dos aspectos que diferenciam as paisagens entre si. O conjunto de formas existentes na superfície terrestre recebe o nome de relevo.
Altitude e altura
Ao estudar o relevo terrestre, é importante considerar as diferenças entre altitude e altura.
A altitude é a medida vertical do nível zero (nível do mar) até o ponto mais alto do que se pretende medir.
A altura também é uma medida vertical, obtida a partir da base da forma de relevo, ou de outro elemento qualquer, até sua extremidade.
Efeitos da altitude
Em jogos da Libertadores da América, campeonato de futebol entre clubes de países da América do Sul, que acontecem em La Paz (Bolívia), Quito (Equador) e Bogotá (Colômbia), os jogadores de futebol que não estão adaptados sentem o efeito da altitude elevada.
Os times utilizam diversas maneiras para tentar combater, ou pelo menos diminuir, os efeitos da altitude, como chegar ao lugar com bastante antecedência ao dia do jogo e disponibilizar tubos de gás oxigênio para os jogadores.
O efeito da altitude elevada sobre o organismo de pessoas que não estão adaptadas a essa condição é chamado hipobaropatia, conhecido como mal de altitude ou mal da montanha. Os sintomas mais comuns são dor de cabeça, cansaço, náusea, falta de ar, perda de apetite, entre outros.
Dependendo da altitude e das condições de saúde e preparo das pessoas, os sintomas podem ser mais graves. Quanto maior a altitude, maiores os riscos, principalmente se a pessoa não fizer uma aclimatação, ou seja, uma adaptação.
O mal da montanha está relacionado com a menor quantidade de gás oxigênio inalado pelas pessoas, já que nas altitudes elevadas esse elemento tem menor densidade.
Em razão da força da gravidade, a concentração de moléculas de ar é maior nas baixas altitudes. Assim, há mais oxigênio disponível. Nas altitudes elevadas, há menor concentração de moléculas de ar. Portanto, há menos oxigênio disponível.
Mapa hipsométrico
Os mapas que representam as altitudes do relevo são chamados mapas hipsométricos.
O verde costuma ser utilizado para representar as áreas de altitudes mais baixas, seguido do amarelo, laranja e marrom ou vermelho, por exemplo.
A escolha das cores deve obedecer a uma sequência gradativa, que passe uma ideia de ordem crescente das altitudes. Em geral, altitudes mais baixas são representadas por cores mais claras ou de tons mais fracos, e altitudes maiores, por cores mais escuras ou tons mais fortes.
Formas do relevo terrestre
A partir de agora veremos como as principais formas do relevo terrestre se formaram e continuam passando por ações transformadoras em sua modelagem.
Há grande variação de altitude na superfície da Terra, como pode ser observado no mapa a seguir. Há também diferentes modelagens, que podem ser agrupadas em quatro grandes unidades: montanhas, planaltos, planícies e depressões. Leia a seguir as principais características de cada uma.
Montanhas
As montanhas são as formas do relevo de maior elevação da superfície terrestre. Sua formação é de natureza tectônica ou vulcânica. No primeiro caso, o choque entre duas ou mais placas tectônicas provoca o dobramento da crosta terrestre (cadeias montanhosas). As maiores cadeias de montanhas existentes na Terra formaram-se entre 65 e 23 milhões de anos atrás. São formas jovens ou modernas considerando o tempo geológico da Terra (pertencem ao Período Terciário).
O Himalaia (Ásia), os Andes (América do Sul), os Alpes (Europa), as Montanhas Rochosas (América do Norte) e o Atlas (África) são exemplos de cadeias de montanhas modernas.
Um conjunto de montanhas forma uma cordilheira. A maior cordilheira do mundo é a do Himalaia, onde está o Monte Everest.
Planaltos
Os planaltos são terrenos mais elevados do que os de seu entorno, porém com altitudes mais baixas que as das cadeias de montanhas. Planaltos são superfícies bastante desgastadas pelas águas de rios e de chuva, pelo vento, entre outros fatores. Com o desgaste, os sedimentos se depositam nas áreas próximas mais baixas, que podem ser planícies ou depressões. Os planaltos podem ser constituídos por: chapadas (formas com quedas acentuadas, lembrando um degrau, e topo plano) e serras (formas de relevo com desníveis acentuados).
Por se tratar de uma formação de relevo mais antiga, ao longo do tempo geológico sofreu grande exposição ao intemperismo. Isso permitiu que os sedimentos erodidos fossem transportados para outras localidades, constituindo o solo e as camadas sedimentares.
Segundo o geógrafo Aziz Ab’Saber, o relevo do Brasil é majoritariamente planáltico, ocupando 75% de sua extensão.
Planícies
São terrenos relativamente planos, geralmente formados pela deposição de sedimentos. Esses materiais depositados originam-se de processos erosivos em áreas do entorno cujas formas de relevo são mais elevadas (planaltos e montanhas). Também podem ocorrer nas proximidades de rios e mares, os quais atuaram no processo de deposição de sedimentos.
Essas áreas são muito utilizadas para criação de animais, cultivo de cereais e ocupação humana.
Depressão
Consiste em uma parte do relevo existente que se estabelece abaixo das áreas que estão em seu entorno. Quando está abaixo do nível dos oceanos, denomina-se depressão absoluta. Quando se posiciona acima do nível do mar, é chamada de depressão relativa.
As depressões podem apresentar formas e origens diversas. São comuns as leves inclinações em que atuam processos erosivos de desgaste do terreno, geralmente pela ação da água e do vento.
Agentes formadores do relevo
As diferentes formas existentes na crosta terrestre são resultado da ação dos agentes internos e dos agentes externos do relevo.
Os agentes que realizam esse processo são os formadores do relevo, que podem ser classificados como endógenos (também chamados de internos ou morfoestruturais) ou exógenos (externos ou morfoesculturais).
Agentes internos do relevo
Agentes internos do relevo são fenômenos naturais que têm origem no interior da Terra, como o movimento das placas tectônicas (tectonismo), os terremotos e as atividades vulcânicas. As placas tectônicas são imensos blocos da crosta terrestre, constituídos por partes continentais e oceânicas, que “flutuam” sobre o manto em diferentes direções.
O movimento das placas tectônicas revela que a superfície terrestre é fragmentada. Essa dinâmica é descrita pela teoria da tectônica de placas, que explica os movimentos que as placas realizam sobre o manto e a origem de diferentes formas do relevo terrestre, como montanhas, vales e depressões.
A dinâmica interna do núcleo e do manto faz com que o magma sofra pressão, movimentando as placas tectônicas e dando origem aos terremotos e ao vulcanismo.
Esses processos relacionados à dinâmica do interior da Terra agem de dentro para fora e moldam as formas de relevo.
Em 1912, o cientista alemão Alfred Wegener (1880-1930) afirmou que os continentes se movimentam sobre o manto terrestre. O cientista percebeu que a porção oriental da América do Sul se “encaixava” na porção ocidental da África e que a América do Norte poderia ser “encaixada” na Europa. Verificou também que alguns fósseis de animais e vegetais que viveram em épocas remotas encontravam-se tanto na América quanto na África.
A partir da década de 1950, estudos e pesquisas realizados no fundo dos oceanos comprovaram a existência das placas tectônicas.
As formas de relevo resultantes de atividades vulcânicas estão, em geral, relacionadas ao extravasamento do material magmático (lava e cinza). Com a solidificação da lava, os terrenos que sofreram esse acúmulo são elevados com rochas ígneas. Com o passar do tempo – que, dependendo do volume de material expelido, pode durar milhares de anos –, os vulcões são formados, podendo atingir grandes altitudes.
A maior ocorrência de atividades vulcânicas e de abalos sísmicos está em uma área conhecida como Círculo de Fogo do Pacífico. Com mais de 40 mil quilômetros de extensão, essa faixa, em formato de arco, concentra cerca de 50% das atividades vulcânicas e 90% dos terremotos e maremotos de todo o planeta.
Já as forças tectônicas, ocasionadas pela movimentação das placas tectônicas, provocam a deformação da crosta terrestre (orogênese). Como resultado, a crosta pode se curvar ou mesmo se fraturar. Esse fenômeno é o responsável pela formação das grandes cordilheiras de montanhas
atuais (dobramentos modernos).
Placas tectônicas
As placas tectônicas se movimentam de forma lenta e constante e podem, por exemplo, chocar-se ou afastar-se umas das outras.
Terremotos
A ocorrência de terremotos, ou abalos sísmicos, deve-se aos movimentos das placas tectônicas ou à acomodação de rochas no interior da Terra. Esse fenômeno natural, dependendo da intensidade, pode levantar terrenos ou provocar seu afundamento parcial.
Os terremotos também podem ocorrer no fundo dos oceanos e provocar o deslocamento de grande quantidade de água, formando os maremotos. Alguns cientistas utilizam os termos maremoto e tsunâmi como sinônimos, diferenciados apenas pela origem das palavras (latim e japonês, respectivamente). Outros estudiosos consideram tsunâmi o fenômeno caracterizado pelas ondas gigantescas formadas a partir dos maremotos.
Vulcões
Os vulcões ocorrem em áreas de choque ou separação de placas tectônicas e são crateras ou aberturas (fissuras) por onde o magma do interior do planeta é expelido, atingindo a superfície. Após a erupção vulcânica, o magma expelido passa a ser chamado de lava. A lava se solidifica e dá origem às rochas magmáticas, sendo o próprio vulcão resultado do acúmulo de lava solidificada. Outras formas de relevo, como ilhas e planaltos vulcânicos, podem ter a mesma origem.
Agentes externos do relevo
Os agentes externos do relevo atuam no desgaste e na modelagem das formas da superfície terrestre. São fenômenos naturais – como chuvas, rios e ventos – e ações humanas. O processo consiste em três etapas: intemperismo, erosão e sedimentação.
A ação dos elementos da natureza desgasta as rochas. Esse processo recebe o nome de intemperismo. Ao serem desgastadas, as rochas soltam partículas. Esse material é removido, transportado e depositado nas áreas mais baixas do relevo. O conjunto desses processos recebe o nome de erosão. A erosão é um processo natural que pode ser acelerado pelas ações humanas, como retirada da vegetação, práticas agrícolas, criação de gado etc.
A seguir, são representados exemplos de como alguns elementos naturais atuam moldando o relevo.
As geleiras são importantes modificadores do relevo. Quando se soltam e deslizam das partes mais altas para as mais baixas do relevo, desgastam as rochas. A ação do movimento das geleiras provoca, por exemplo, a formação de vales profundos, como os fiordes.
O vento modela as formas do relevo desgastando as rochas. Ele também transporta partículas e movimenta a areia, criando dunas nos desertos e em regiões litorâneas.
A força das águas de mares e oceanos contribui para a transformação das formas de relevo do litoral. As ondas podem fragmentar as rochas, transformando-as em areia e contribuindo para a formação de praias e planícies.
As águas dos rios escavam um leito, formando vales. Nas partes mais baixas do relevo, os materiais vão se acumulando, formando planícies e deltas. A água atua como agente erosivo, principalmente, pela ação dos rios (fluvial), dos mares (marinha), da chuva (pluvial) e da neve (glacial).
O relevo submarino
Por muito tempo, os seres humanos imaginaram que o relevo submarino era semelhante a uma banheira gigante: as bordas representavam as margens dos continentes e a parte coberta por água tinha profundidades relativamente parecidas, com um ponto central mais profundo. Atualmente, porém, sabemos
que, assim como as terras emersas, o relevo submarino também apresenta irregularidades.
Essa descoberta foi possível por meio do mapeamento do fundo oceânico, que é uma tecnologia relativamente recente na história da humanidade (iniciada em meados do século XIX e ainda em evolução).
Descobriu-se que a formação do relevo submarino é semelhante à de áreas continentais, ou seja, é resultado de atividades tectônicas e vulcânicas (agentes endógenos) e de processos erosivos (agentes exógenos).
O leito marinho é dividido em margem continental (com características que se assemelham às dos continentes a que está ligado) e bacia oceânica (com características próprias). A margem continental é formada pela plataforma continental e pelo talude continental
Minerais e rochas
A crosta terrestre, seja continental, seja oceânica, é rígida. A maior parte da composição da litosfera é formada por rochas. Elas são constituídas de uma combinação de minerais e, dependendo de como foram formadas, podem apresentar variações. O granito, por exemplo, é constituído de três minerais: quartzo, feldspato e mica.
Com base na maneira como foram formadas, as rochas são classificadas em três categorias. Veja cada uma delas a seguir.
Rochas magmáticas
As rochas magmáticas (ou ígneas) são as que se apresentam em maior abundância na Terra (cerca de
95%) e podem ser divididas em dois grupos:
- Rochas magmáticas intrusivas ou plutônicas, que se originam por resfriamento e cristalização do magma (rocha fundida) em profundidade.
- Rochas magmáticas extrusivas ou vulcânicas, que surgem pela solidificação da lava (nome dado ao magma quando atinge a superfície terrestre).
Rochas sedimentares
As rochas sedimentares são formadas nas áreas mais baixas do relevo continental ou oceânico. Nessas porções, são acumulados fragmentos de outras rochas (sedimentos) e restos de organismos vegetais e animais, transportados pela ação do vento, da água e do gelo. A consolidação desses sedimentos é um processo lento, e os fósseis são vestígios importantes para a datação desses materiais rochosos.
Além da importância para os estudos que analisam a história da formação do planeta Terra, as áreas sedimentares também contribuem economicamente. Nessas áreas são encontradas as principais reservas de petróleo, gás natural e carvão mineral, cuja extração é responsável pelo fornecimento de recursos energéticos à sociedade.
Rochas metamórficas
As rochas metamórficas originam-se pelo processo de transformação (metamorfismo) das rochas magmáticas e sedimentares. Essas alterações na composição inicial das rochas são provocadas por diversas causas, mas principalmente pela exposição a grandes pressões e elevadas temperaturas, como a ocasionada pelos eventos tectônicos e vulcânicos.
SOLOS
Na maior parte das vezes, as formas de relevo estão recobertas pelo solo, popularmente chamado de “terra”.
O solo é a camada viva e superficial da crosta terrestre e está em constante transformação. É constituído por minerais, organismos, água e ar. O solo se forma a partir do desgaste das rochas, processo que ocorre ao longo do tempo. No entanto, é importante destacar que há porções da superfície terrestre com afloramentos de rocha sem a formação de solo.
Formação do solo
Com o tempo, tudo o que está exposto na superfície terrestre se deteriora: pontes, calçadas, praças e até mesmo as nossas residências. Esse fenômeno é conhecido como intemperismo ou meteorização, e é muito estudado para explicar a formação dos solos.
Há diferentes tipos de intemperismo, e sua intensidade pode variar de acordo com a exposição do material à atmosfera, à hidrosfera e à biosfera. Em locais com temperaturas elevadas e com alto valor pluviométrico (chuvas), por exemplo, a água costuma ser um importante agente de intemperismo, absorvendo o gás carbônico presente na atmosfera e agindo na decomposição do material rochoso. Esse tipo de processo é denominado intemperismo químico.
A ação de bactérias e fungos também costuma ser importante na decomposição de rochas em áreas com essas mesmas características climáticas. Esse tipo de ocorrência recebe o nome de intemperismo biológico.
Em localidades áridas ou semiáridas, o intemperismo físico costuma ser muito atuante, pois há uma variação considerável de temperatura ao longo de 24 horas. Durante o dia, as temperaturas elevadas atuam na dilatação do material rochoso, enquanto no período noturno as médias térmicas são baixas, gerando o efeito contrário. Esse fenômeno diário de dilatação e contração das rochas provoca, com o passar do tempo, sua desagregação em fragmentos menores.
Com a ação do intemperismo, a rocha é fragmentada e transformada em regolito, que é o conjunto do material alterado. Em um estágio mais avançado, são formados os solos, que são a porção do regolito composta de ar, água e húmus (restos de animais e vegetais em decomposição).
Os solos podem assumir diferentes colorações (cinza, vermelho, amarelo, etc.) na superfície e apresentar variações de profundidade (a depender de sua etapa de desenvolvimento) e de permeabilidade. Esse conjunto de fatores atua na promoção das condições para o desenvolvimento das plantas.
Os principais fatores que atuam na formação dos solos e nas características de cada tipo são a rocha-mãe, o clima, o relevo e os seres vivos.
-Rocha-mãe
Rocha-mãe é a rocha que dá origem ao solo. Solos arenosos, por exemplo, são formados por arenitos. Os solos de cor avermelhada têm origem nas hematitas. Pode acontecer de um mesmo tipo de rocha dar origem a diferentes tipos de solo por causa da maior influência de elementos naturais distintos, como o clima, o relevo, entre outros.
-Clima
Em regiões de clima quente e úmido, os solos são mais profundos e têm mais matéria orgânica que os de regiões com climas frios e áridos. Isso acontece porque as altas temperaturas e a alta umidade contribuem para a decomposição dos restos de plantas e animais e para que as rochas se transformem mais rapidamente e de forma mais intensa.
-Relevo
Em terrenos inclinados, a água escoa mais rapidamente, havendo maior possibilidade de erosão e formação de solos menos profundos e mais secos. Já em terrenos planos, com vegetação, a infiltração da água no solo é facilitada, favorecendo a transformação das rochas e a formação de solos profundos.
-Seres vivos
Quando animais, plantas e outros organismos morrem e sofrem decomposição, passam a integrar a matéria orgânica do solo, que é muito rica em nutrientes.
Pequenos animais – como minhocas, cupins, aranhas, centopeias, entre outros – tornam o solo mais fértil e arejado (“fofo”), facilitando a infiltração da água. Os microrganismos, como bactérias e fungos, atuam na rocha-mãe, contribuindo para transformá-la.
Importância do solo
Em geral, quando se fala em solo, uma das primeiras atividades que vêm à mente é a agricultura, responsável pela produção de alimentos e matérias-primas, como a cana-de-açúcar para a produção de combustível, o algodão usado nos tecidos, entre muitas outras.
Os solos são responsáveis por sustentar os ecossistemas terrestres, fornecendo condições para o desenvolvimento das plantas. Porém, estão expostos aos desgastes provocados tanto por fatores naturais (água e vento, por exemplo) como pela ação antrópica (dos seres humanos).
O desmatamento e a utilização de práticas equivocadas durante o cultivo de plantas ou na criação de animais intensificam o processo de erosão do solo, que consiste na retirada e no transporte de partículas menores. Como resultado, o solo tem sua camada superficial removida, o que reduz seus nutrientes e deixa-o ainda mais exposto.
De modo geral, quando a erosão ocorre pela ação pluvial (chuvas), fluvial (rios), marinha, eólica (ventos) ou glacial (gelo) é denominada erosão natural ou erosão geológica, pois envolve um processo lento e gradativo, que ocorre dentro do tempo geológico. Já quando há a interferência antrópica, acelerando as etapas erosivas a ponto de elas ocorrerem no tempo histórico, denomina-se erosão acelerada.
O solo também é fundamental para o equilíbrio ambiental e para a existência da vida na Terra, pois, entre outros fatores:
• é ambiente favorável para a germinação de sementes e o desenvolvimento das plantas;
• sustenta os diversos tipos de vegetação, como as extensas e densas florestas;
• os microrganismos presentes contribuem para degradar fertilizantes, agrotóxicos e outros resíduos que podem poluir as águas subterrâneas, os córregos e rios, e o próprio solo;
• colabora com o ciclo do carbono, elemento presente na composição de todos os seres vivos, na atmosfera, no grafite do lápis, no refrigerante, no petróleo, entre outros. A matéria orgânica presente no solo é rica em carbono, por isso muitos tipos de solo contêm grande quantidade desse elemento;
• desempenha um papel importante no ciclo da água. Após infiltrar-se no solo, a água fica disponível para as plantas e também abastece os reservatórios subterrâneos. Esse processo evita que a água escorra pela superfície, causando problemas de erosão e assoreamento.
Assoreamento: acúmulo de materiais no fundo de rios e lagos, levando à diminuição do leito e das águas.
Tipos de solo
Existem diferentes tipos de solo, a depender do material mineral de origem (rocha matriz), da composição orgânica ou húmus e da ação de intempéries (chuva, radiação solar, vento, etc.). No Brasil, dois tipos de solo se destacam devido à grande fertilidade: o massapê e o terra roxa.
O solo do tipo massapê é encontrado em praticamente toda a faixa costeira da região Nordeste do Brasil, tem tonalidade escura e se caracteriza pela elevada fertilidade. Desde o século XVI, esse solo é amplamente utilizado para o cultivo da cana-de-açúcar. Seu uso intensivo ao longo de séculos, além de trazer prejuízos à sua fertilidade, acelera o processo de erosão.
O solo do tipo terra roxa (de cor avermelhada) é resultante da decomposição do basalto. Os solos também podem ser classificados de acordo com sua utilização para as atividades humanas, como os cultivos. Por isso, é comum classificá-los como naturalmente férteis ou inférteis dentro das práticas agrárias.
Formas de cultivo
A utilização do solo por parte dos seres humanos, sem a preocupação com a sua devida regeneração, vem provocando a redução da fertilidade, a ampliação do processo erosivo e outros tipos de degradação.
Muitos povos originários da América do Sul praticam a agricultura itinerante, que consiste na troca de áreas cultivadas sempre que o solo reduz seus nutrientes. Assim, fornecem tempo para que a vegetação se recomponha no local em descanso e o solo recupere sua fertilidade.
Esse método, quando utilizado de maneira organizada em propriedades agrícolas, é conhecido como afolhamento. Outras práticas que ajudam a reduzir a erosão e o efeito da lixiviação em terrenos com declives (inclinados) são o terraceamento e as curvas de nível, ambas atuando na contenção do solo. Elas reduzem a velocidade do escoamento da água da chuva, o que diminui o processo de erosão.
RELEVO, SOLO E AGRICULTURA
O relevo e o solo influenciam as técnicas e as formas de produção na agricultura. Terrenos muito irregulares e com forte inclinação dificultam a prática de atividades agrícolas. No entanto, há técnicas, como a do terraceamento (fotografia 1), que evitam o escoamento rápido da água nas encostas (que pode provocar erosão e perda de solo) e facilitam o acesso à plantação.
Já as áreas mais planas, em geral, são mais favoráveis à agricultura se comparadas a terrenos inclinados. Elas facilitam o uso de máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras, o que seria difícil, ou impossível, em um terreno com desníveis acentuados.
A agricultura também depende muito das condições do solo, pois ele fornece o suporte e os nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas. Alguns solos são naturalmente adequados ao cultivo de determinados produtos; outros precisam de irrigação em razão da escassez das chuvas.
Outros solos, no entanto, necessitam de fertilizantes e outras substâncias para corrigir, por exemplo, a acidez natural. No Cerrado, um tipo de vegetação que ocorre em vários estados brasileiros, muitas espécies vegetais, como o buriti e o pequi, são adaptadas ao solo ácido. Outras, porém, como o milho e a soja, necessitam da interferência humana para o desenvolvimento dos cultivos.
Monocultura e rotação de culturas
O conhecimento dos indígenas sobre a terra respeita o tempo da natureza, ou seja, o tempo de formação e recomposição do solo.
Nas sociedades urbanas, a necessidade de produzir alimentos e, principalmente, matéria-prima para a indústria leva a produção rural a “acelerar” a busca por técnicas e modos de produzir que não seguem o tempo da natureza, gerando impactos ao ambiente e aos seres vivos. Um desses modos de produção é a monocultura, que é o cultivo de um só
produto em grandes extensões de terra.
Ao longo do tempo, a monocultura gera muitos impactos negativos, pois a retirada da cobertura vegetal nativa faz com que o processo de reciclagem de nutrientes seja bastante reduzido, empobrecendo o solo. Solos pobres e com biodiversidade desequilibrada requerem o uso intensivo de fertilizantes e agrotóxicos, que podem alcançar águas subterrâneas, rios e córregos, contaminando-os e integrando-se à cadeia alimentar. Além disso, os fertilizantes e agrotóxicos contaminam diretamente os agricultores que aplicam essas substâncias.
Existem outras formas de produzir no campo que, em relação à monocultura, não provocam tantos danos ao solo e aos seres vivos. Uma delas é a rotação de culturas.
A rotação de culturas é uma técnica tradicional usada por diferentes povos tradicionais em várias partes do mundo. Consiste em um rodízio da produção em uma mesma área, fazendo com que o solo absorva os nutrientes necessários de
maneira alternada e se recomponha para uma nova produção. Analise a ilustração que representa essa técnica.
RELEVO, SOLO E MORADIA
Assim como em outros países, no Brasil parte da população tem suas moradias construídas nas chamadas áreas de risco, ou seja, lugares inadequados para a construção de habitações e sujeitos, por exemplo, a inundações e deslizamentos.
Nos períodos de chuvas intensas, o nível das águas superficiais, em cursos-d’água, pode subir rapidamente, transbordando do leito do rio e provocando inundações nas várzeas ou planícies de inundação, que são áreas localizadas
próximo às margens dos rios.
Esse é um processo natural. Porém, quando há construções nessas áreas, elas podem ser atingidas pelas águas.
Nas cidades, em geral, a construção de moradias, o calçamento e o asfaltamento das ruas impermeabilizam a superfície, o que dificulta a infiltração de água no solo. Isso faz com que a água se acumule na superfície e alague as partes mais baixas dos terrenos.
Os deslizamentos são fenômenos naturais de movimento de solo ou rocha que ocorrem em certos terrenos inclinados.
Os deslizamentos envolvem o deslocamento rápido de uma grande massa do solo, em geral quando uma área de encosta recebe um volume muito alto de água, normalmente da chuva.
Essa água escoa e infiltra no solo, deixando-o encharcado, o que pode gerar, em determinado momento, o abrupto deslizamento de terra, provocado pelo processo erosivo do solo.
Algumas vezes, os deslizamentos ocorrem por causa de chuvas intensas, pois a água escoa rapidamente pela encosta, carregando parte do solo. Eles também podem ocorrer quando o solo fica encharcado e pesado e escorrega encosta abaixo.
As encostas de morros nas cidades costumam ser áreas de risco sujeitas a deslizamentos de terra. No entanto, os deslizamentos são agravados e acelerados pela ação humana. A retirada da vegetação, a movimentação do solo e a pressão exercida sobre ele pelas construções, entre outros fatores, contribuem para a intensificação do fenômeno.
A preservação da vegetação das encostas seria uma importante aliada para evitar os deslizamentos. Não sendo possível manter integralmente a vegetação, o terraceamento (construção de degraus nas encostas) reduziria a velocidade de escoamento e ajudaria na infiltração de água no solo. As raízes das plantas de jardins ou de hortas poderiam ajudar a diminuir o impacto das gotas de chuva no solo.