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Guerra Civil Espanhola

Nos primeiros anos do século XX, a Espanha  era uma monarquia que possuía um grande déficit em sua economia e pouco desenvolvimento industrial. Nesse mesmo período vários grupos políticos surgiam para fazer oposição ao regime monárquico. Socialistas, anarquistas e comunistas defendiam desde a melhoria das condições de trabalho até a extinção de qualquer forma de governo instituído.

O descontentamento com o governo, entretanto, levou à sua deposição e a proclamação da república em abril de 1931. imediatamente, os republicanos iniciaram uma série de reformas sociais: separação entre Estado e Igreja, reforma agrária, estabelecimento de direitos trabalhistas etc.

A guerra civil começou em 1936, com uma revolta de militares contra o governo do presidente Manoel Azaña Dias, considerado por eles socialista e anticlerical. Os opositores de Azaña, liderados pelo general Francisco Franco, eram chamados de nacionalistas. Entre eles estavam principalmente monarquistas, latifundiários, membros da Igreja católica e de um grupo chamado Falange Fascista.

As reformas republicanas polarizaram as forças políticas do país. Por um lado, o movimento operário as considerava insuficientes. De outro, a direita monarquista e católica, assustada com o ritmo das mudanças, decidiu dar um golpe de Estado. Assim, em julho de 1936, um grupo de generais, entre eles Francisco Franco, tentou depor o governo republicano. A ameaça ao governo republicano levou a população das grandes cidades, como Madri e Barcelona, a se organizar para impedir o sucesso do golpe. A tentativa de golpe não foi bem sucedida, e o território espanhol rachou-se em dois: uma parte controlada pelo governo republicano legítimo e a outra invadida pelo exército de Franco. Os governos fascistas da Alemanha e da Itália consideraram o golpe legitimo e reconheceram o governo de Franco.

A Frente Popular, formada por democratas e socialistas que defendiam a permanência do governo republicano, resistiu ao golpe de Franco. Para isso, recebeu o apoio do governo socialista da União Soviética e de milhares de voluntários vindos de dezenas de países. Os governo da Inglaterra e da França eram favoráveis aos republicanos, mas não ofereceram a eles nenhuma ajuda material.

O governo republicano manteve o controle da marinha, da guarda civil e da guarda de assalto, mas não tinha como se defender sem o exército. Os integrantes do governo decidiram, assim, fornecer armas ao povo, que começou a se organizar em milícias coordenadas pelo movimento operário. Além disso, para cooperar com os republicanos, formaram-se unidades de voluntários que viviam na própria Espanha ou que vinham de outras partes do mundo para compor as Brigada Internacionais. Eram 60 mil combatentes oriundos de 53 países e dispostos a lutar para impedir a vitória do fascismo na Espanha.

Hitler e Mussolini também forneceram equipamentos aos exércitos de Franco. Diante dessa situação, os republicanos recorreram à União Soviética de Stalin, que lhes fornecia armas, equipamentos e um corpo especialistas militares. Por esse motivo, a Guerra Civil Espanhola pode ser considerada o primeiro conflito internacional opondo fascismo e comunismo.

Em 1938, a ajuda soviética começou a diminuir até cessar completamente. Isso desequilibrou os lados em conflitos em favor das forças franquistas, já que Franco contava com o apoio maciço da Itália e da Alemanha. 

Internamente divididos e sem apoio do exterior, os revolucionários foram derrotados pelas forças franquistas no início de 1939. Franco celebrou sua vitória. Os longos conflitos deixaram o país vivendo uma situação de caos e horror. Cerca de um milhão de espanhóis foram mortos durante as batalhas que se estenderam até 1938. 

Terminada a guerra, Franco assumiu o governo como ditador, com o apoio dos nazifascistas europeus,  e permaneceu até sua morte, em 1975, eliminando sistematicamente a oposição. Além de reprimir os movimentos de esquerda na Europa, o envolvimento da Alemanha e da Itália no conflito servia de preparativo para os vindouros conflitos da Segunda Guerra Mundial.

Assim, a inércia da França e da Inglaterra permitiu que os radicais de direita alcançassem vitórias significativas dentro do continente, fortalecendo o movimento fascista.



 


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