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Guerra do Golfo

Conflito militar ocorrido entre o Iraque e o Kuwait na região do Golfo Pérsico. Mas que também envolveu os Estados Unidos e alguns países do Oriente Médio.
Em 1990, Saddam Hussein, governante do Iraque, invadiu o Kuwait, iniciando uma nova crise na área. Buscando projetar-se como grande líder das nações árabes, Hussein realizou a anexação sob o pretexto de que o Kuwait era uma ilusão, um Estado fundado pela Inglaterra, um protetorado das potências capitalistas.
O objetivo do Iraque era de anexar seu vizinho Kuwait ao seu território como uma província, de forma a controlar o petróleo kuwaitiano. 
Como pretexto, o líder iraquiano acusa o Kuwait de provocar a baixa no preço do petróleo ao vender mais que a cota estabelecida pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Hussein exige que o Kuwait perdoe a dívida de US$ 10 bilhões contraída pelo Iraque durante a guerra com o Irã (1980) e também cobra indenização de US$ 2,4 bilhões, alegando que os kuwaitianos extraíram petróleo de campos iraquianos na região fronteiriça de Rumaila. Estão ainda em jogo antigas questões de limites, como o controle dos portos de Bubiyan e Uarba, que dariam ao Iraque novo acesso ao Golfo Pérsico.
Saddam Hussein procurava compensar as despesas com a guerra contra o Irã ampliando seu controle sobre as reservas petrolíferas do país. Aparentemente era mais uma das diversas tensões do Oriente Médio. Em 1990, se dá a invasão iraquiana de 100 mil soldados no Kuwait. Boa parte da família real kuwaitiana conseguiu fugir. Somente a força aérea do Kuwait demonstrou alguma resistência durante a ocupação.
Em resposta à invasão do Kuwait, o presidente norte americano George Bush enviou tropas para o Golfo Pérsico, e o Conselho de Segurança da ONU decretou boicote econômico ao Iraque. O que significava que os países não podiam comprar do Iraque nem vender para ele. Hussein por sua vez, proclamou a anexação do Kuwait e ordenou a prisão dos estrangeiros ali residentes. Enquanto as bolsas de valores mundiais despencavam, o ditador iraquiano passou a vincular a retirada de suas tropas do Kuwait à criação de um Estado Palestino.
No entanto, poucos tinham esperança de que o embargo seria o suficiente para retirar as tropas iraquianas. Então a ONU estabeleceu um prazo de até 15 de janeiro de 1991 para a retirada das tropas que ocupavam o Kuwait. Mas, antes disso, os Estados Unidos já preparavam um contra-ataque. Até o fim do prazo estabelecido, as tropas da ONU começavam a chegar aos países vizinhos como Turquia e Arábia Saudita.
Aumenta a pressão norte-americana para a ONU autorizar o uso de força. Hussein tenta em vão unir os árabes em torno de sua causa ao vincular a retirada de tropas do Kuwait à criação de um Estado palestino. A Arábia Saudita torna-se base temporária para as forças dos EUA, do Reino Unido, da França, do Egito, da Síria e de países que formam a coalizão contra Hussein. Fracassam as tentativas de solução diplomática, e, em 29 de novembro, a ONU autoriza o ataque contra o Iraque, caso seu Exército não se retire do Kuwait até 15 de janeiro de 1991. Em 16 de janeiro, as forças coligadas de países liderados pelos EUA dão início ao bombardeio aéreo de Bagdá.
A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos colocou no deserto iraquiano o maior aparato militar desde a Segunda Guerra Mundial, formando a chamada "Tempestade no Deserto" que jogou mais de 31 toneladas de bombas contra os 450 mil soldados do Iraque, levando destruição e morte à população civil com os bombardeios sobre Bagdá. O confronto terminou em 40 dias com a derrota do Iraque que enfrentou grandes perdas materiais e humanas. Morreram pouco mais de 500 soldados aliados no conflito (sendo mais de 300 norte-americanos) e de 100 a 300 mil iraquianos.
Uma das questões mais importantes a respeito da operação militar no Iraque foi a ambiental. Um recurso iraquiano utilizado durante o conflito, denominado de eco terror, foi o despejo de petróleo no golfo Pérsico e, quase ao final da guerra, incêndio das instalações petrolíferas do Kuwait. Sabia-se que a intervenção norte-americana na região teria como consequências incêndios de grande proporções nos campos petrolíferos do Kuwait, provocados pelos iraquianos, que poderia acarretar um desastre ecológico no planeta. Os cientistas temiam que a fumaça gerada por esses incêndios chegasse à estratosfera e formasse uma enorme sombra, capaz de diminuir a temperatura no mundo. Entretanto satélites de diversos tipos e habilidades, foram capazes de registrar incêndios e analisar deslocamentos de manchas de óleo no golfo rumo às costas da Arábia Saudita, permitindo o seu controle. Assim, os avanços impediram consequências ambientais mais graves do conflito no golfo.
Apesar disso, o Iraque conseguiu perder a guerra sem perder território ou sequer tirar Saddam Hussein do poder. A rápida derrota do Iraque surpreendeu o mundo, que esperava uma resistência muito maior e o uso de todo o arsenal de Saddam. Dessa guerra saíram diversos vencedores, entre eles os Estados Unidos assumindo seu papel de única potência mundial, o Egito por ter apoiado os EUA ganhou prestígio e força. Em compensação o Iraque, além de ter perdido a guerra, ainda saiu enfraquecido, perdendo o seu prestígio. 
O ataque ordenado pelo presidente norte-americano George Bush pôde, pela primeira vez na História, ser acompanhado pela TV. A alta tecnologia militar dos Estados Unidos e de seus aliados liquidou os temidos exércitos de Hussein.
Terminada a guerra, a ONU estabeleceu sanções econômicas contra o Iraque, especialmente o embargo sobre suas exportações de petróleo. Como parte do acordo de cessar-fogo, o Iraque permite a inspeção de suas instalações nucleares.
Outros bombardeios foram feitos ao Iraque sob liderança norte americana, especialmente em 1998 e início de 1999, frente à não sujeição de Hussein às inspeções e imposições da ONU. Em dezembro de 1998, os Estados Unidos e a Inglaterra lançaram contra ele novo ataque com 200 mísseis Tomahawk e 100 cruisers, lançando-os em instalações militares e outros lugares suspeitos de estarem armazenando armas químicas, biológicas e nucleares. A Operação que foi batizada de Raposa no Deserto, não debilitou a liderança de Hussein, nem chegou a enfraquecer militarmente o país. 
Desta vez, os EUA não contaram com o apoio dos países membros do Conselho de Segurança da ONU, Rússia, China e França protestaram contra o ataque norte-americano ao Iraque; chineses e russos classificaram a ofensiva dos EUA como violação da Carta da Nações Unidas. O presidente russo Boris Yeltsin chegou a pedir o fim dos ataques a Bagdá. Já os franceses alertaram para as graves consequências que o uso da força poderia provocar sobre o povo iraquiano. Vários países do Oriente Médio também repudiaram a Operação Raposa do Deserto.


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