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A arte no século XX

 A arte moderna

Homem amarelo, selim e guidão de bicicleta, relógios moles como pizzas, histórias em quadrinhos, letãs, urinóis embrulhados e esculturas com vários quilômetros de tamanho, palavras inventadas: tudo isso – e muito mais! – entrou na arte do século XX.
Neste capítulo, vamos tentar compreender o que foi a arte do século XX e porque ela foi como foi. O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973) disse certa vez: “Todos querem entender a arte. Porque não tentar entender o canto de um pássaro?”. Ele pretendia, assim, sugerir que a arte não pode ser inteiramente explicada com palavras.
Se compararmos a arte do século XX com a do século XIX, uma das coisas que mais a atenção é que a realidade objetiva – a paisagem, a cidade, as pessoas – desaparece ou é distorcida, alterada, recriada. Nada de famílias posando para o pintor, nada de romances descrevendo cortiços ou minas de carvão, nada de esculturas de casal se beijando. O que aconteceu? É como se o artista tivesse perdido a função de retratar o mundo exterior e passasse a criar, ele próprio, outro mundo.

Três características da nova arte

Uma primeira explicação para esse fato pode ser encontrada se analisarmos a mudança no papel social do artista. Ele se torna, de certa forma, mais “independente” das instituições que até meados do século XIX contratavam seus serviços. A Igreja, os governos, as famílias nobres deixam de ser o único consumidor de arte. Cresce a classe burguesa, cresce a classe média e surge um “mercado de artes”. O artista já não se precisa se prender a um único contratante.
Portanto, a vontade de criar outra realidade, em vez de imitar aquilo que se vê, é umas das características do século XX. Uma segunda característica é sua transformação pela incorporação de técnicas, máquinas e materiais criados pela indústria moderna.
A estética do século XX interage fortemente com o dinamismo do capitalismo industrial: surgem ovas artes, como o cinema e a fotografia. E temas como a velocidade e as máquinas passam a inspirar muitos artistas.
Finalmente, uma terceira característica é a recusa dos padrões de beleza aceitos e, mais do que isso, a rejeição dos valores da tradição cultural ocidental. Buscou-se, então, um contato com a arte dos povos africanos e da Oceania. As formas polidas foram recusadas, a classificação de belo e de feio, denunciada com mero preconceito.

O Expressionismo

Comecemos pelo Expressionismo, considerando o primeiro movimento moderno em pintura. Como o próprio nome sugere, essa corrente via a arte como expressão dos sentimentos. A ideia que os expressionistas faziam do mundo não era otimista: angústia, sofrimento, desespero, era disso que suas obras falavam. De uma época de guerras, revoluções, migrações, subordinação das pessoas ao tempo da fábrica e às longas e cansativas jornadas de trabalho.
Seguindo o caminho aberto no século XIX por Van Gogh (1853-1890), os expressionistas alteravam cores e distorciam formas para transmitir sentimentos intensos e perturbadores.
O expressionismo surgiu entre 1904 e 1905, na Alemanha. Uma dos quadros mais famosos dessa corrente é O grito, do pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944). As cores, a paisagem, o rosto da figura que grita estão distorcidos, de forma a transmitir o desespero de alguém que sente o mundo revolver-se à sua volta.
Quando os nazistas chegaram ao pode na Alemanha, em 1933, os artistas modernos começaram a ser perseguidos. Muitos deles foram exilados ou proibidos de trabalhar. Os ideais de superioridade nacional e pureza racial do nazismo eram incompatíveis com o compromisso do Expressionismo com as vítimas da sociedade burguesa.
Enquanto isso, florescia na América, especialmente no México, um novo tipo de Expressionismo. Artistas como José Clemente Orozco e Diego Rivera foram expressionistas, mas souberam criar uma pintura própria, que combinava elementos da herança pré-colombiana com temas sugeridos pela Revolução Mexicana de 1911 em grandes murais pintados em edifícios públicos.

Fauvismo, Cubismo, Abstracionismo

Na mesma época em que o Expressionismo se desenvolvia na Alemanha na França se formava outro movimento artístico, o Fauvinismo, palavra derivada de fauve (fera). Foi assim que um crítico de arte reagiu ao ver algumas obras reunidas em uma exposição realizada em Paris, em 1905: classificou seus jovens autores como “feras”. Isso porque eles usavam cores puras, em vez de mistura-las, como era costume fazer. O principal nome do Fauvinismo foi Henri Matisse.
Por volta de 1910, surgiram na Europa três novos movimentos, destinados a influenciar profundamente as artes do século XX. Entre 1907 e 1910, Pablo Picasso e Georges Braque criaram o Cubismo. Em 1909, foi lançado o manifesto O Futurismo, assassinado pelo artista italiano Tomazo Marinetti, expondo as ideias de movimento do mesmo nome; e em 1910, o artista russo Vassily Kandinsky expôs a primeira obra de pintura abstrata, A batalha.
O quadro inaugural do Cubismo foi Les demoiselles d’Avignon, de Picasso, pintado em 1907. Mulheres carecas, outras com máscaras africanas no lugar das cabeças; as proporções, a integridade e a continuidade dos corpos negadas e fragmentadas: tudo isso chocou muito o público e faz com que o quadro seja considerado por alguns críticos como a ruptura mais radical da história da arte. Afinal, o que queria Pablo Picasso?
Dando uma primeira olhada, poder parecer que Picasso pinta como uma criança, mas não é bem assim. Ele aprendeu e dominou a pintura acadêmica precocemente e com maestria. Antes de chegar ao Cubismo, passou por duas fases de pintura figurativa (aquela que representava coisas da vida real): a “fase azul”, de 1901 a 1904, na qual pintava pessoas pobres com tristeza e melancolia, e a “fase rosa”, de 1905 a 1907, em que representava acrobatas e arlequins.
O grande precursor do Cubismo foi Paul Cézannne (1839-1906). Ele acreditava que cabia à pintura captar as estruturas existentes na natureza, que se que se resumiam às figuras geométricas do cone, da esfera e do cilindro. Picasso radicalizou esse princípio. Suas figuras foram fragmentadas em cones, esferas, cilindros, cubos, quadrados, losangos, retângulos. Algumas figuras são representadas a partir de vários ângulos, como se as víssemos ao mesmo tempo de frente e de perfil, por exemplo.
Mas o Cubismo também sofreu influência dos povos africanos. E aqui encontramos uma das tendências mais fortes da arte moderna: a de uma volta as origens da criação artística. Ela aparece também na valorização das máscaras rituais criadas por artesãos da África e da Oceania, descobertas por artistas europeus.
Um pouco depois do cubismo, outros artistas perseguiram os mesmo objetivos por diferentes caminhos. O abstracionista Paul Klee se inspirava nos desenhos infantis e os surrealistas tentariam mergulhar no inconsciente, descoberto pela Psicanálise de Sigmund Freud.

O sumiço das figuras: o Abstracionismo

E 1910, o pintor russo Vassily Kandinsky promovia outra ruptura com a arte do século XIX. Nascia naquele ano, com a tela A batalha, a pintura abstrata, ou o Abstracionismo como corrente estética.
Para kandinsky o significado da pintura era puramente espiritualexpressado na combinação de formas e cores. Em parte derivada de suas ideias, anos depois surgiria outra tendência, conhecida como Abstracionismo geométrico. Seu principal representante foi o pintor holandês Piet Mondrian, cujos quadros apresentam uma combinação de linhas horizontais e verticais e cores primárias, produzindo uma sensação de harmonia. Para Mondrian, era missão do artista refletir a harmonia essencial do Universo.
Após a Segunda Guerra Mundial, o Abstracionismo renovou-se nos Estados unidos, com a escola da pintura gestual, ou pintura de ação (action painting), também conhecida como Abstracionismo abstrato, que teve como principal expoente o pintor norte-americano Jackson Pollock. Ele desenvolveu uma técnica nova: em vez de usar pincéis e cavalete, punha a tela o chão e derramava suas tintas diretamente sobre ela. O processo de criação deveria ser guiado por um impulso espontâneo e rápido, sem premeditação.
O Abstracionismo também chegou à escultura, dando origem a um movimento conhecido como Construtivismo. O pioneiro da escultura abstrata foi o russo Vladimir Tatlin. Outros artistas russos, como Antoine Pevsner e Naum Gabo, também escolheram temas abstratos para suas esculturas, dando asas à imaginação na criação das formas mais variadas. Alguns desses escultores procuraram ainda romper com o caráter estático das esculturas, imprimindo movimento a algumas de suas obras por meio de motores.
A ideia de uma escultura móvel foi solucionada de forma extremamente original pelo norte-americano Alexander Calder, que, nos anos 1930, inventou o móbile. Sim, esse objeto decorativo que alegrou nossa infância foi originalmente concebido como uma escultura capaz de se mover ao sabor do vento.

O Futurismo e a paixão pela máquina

O Futurismo, criado em 1910, foi primeiro movimento estético inteiramente voltado para a temática urbana. Nem o passado, nem a natureza, nem os mistérios do Universo o interessavam. Sua poética era a das máquinas, da velocidade, do frenesi urbano. Um de seus criadores foi o italiano Tomazo Marinetti. Além da Itália, o futurismo exerceu especial influência na Rússia e em Portugal, encontrando expressão a pintura, na escultura e na literatura.
Na Ode triunfal, poema de Álvaro de Campos, um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa, por exemplo, encontramos os seguintes versos: “ Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno! Forte espasmo, retido nos maquinismos em fúria! Emm fúria fora e dentro de mim”.
Na pintura, o Futurismo começou por representar corpos e máquinas em movimentos, para em seguida tentar captar o próprio movimento. Seus principais representantes foram Umberto Baccioni, Carlo Carrà, Luigi Russolo, Giacomo Balla e Gino Severini. Em suas telas, esses artistas tentaram captar a velocidade por meio de linhas repetidas em sucessão que simuam movimento.
O Futurismo também Foi levado à escultura. Uma de suas expressões é a obra Formas únicas de continuidade no espaço, de Umberto Baccioni, que consegue captar o movimento em algo tão sólido quanto uma peça de bronze representando o corpo de uma pessoa.

Um novo jeito de morar

É importante mencionar que a arte moderna começou com a arquitetura. Em 1902, o arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright construiu em Illinois, nos Estados Unidos, a primeira casa moderna. Para Frank Lloyd, a arquitetura deveria adaptar-se às necessidades das pessoas e às características do meio natural. Por isso seu estilo ficou conhecido como “arquitetura orgânica”. Ele não privilegiava a fachada, mas sim o espaço interno, salas, quartos, em função das necessidades de quem fosse morar. Seu projeto mais famoso é a Casa da cascata, construída em 1936, na Pensilvânia, Estados Unidos.
Na Alemanha, o arquiteto Walter Gropius criou em 1919, a Bauhaus, escola de arquitetura, urbanismo, design industrial e arte. Para os artistas da Bauhaus, as coisas devem ser projetadas para corresponder à sua utilidade, à sua finalidade e função.

A música do século XX

Esse quadro de mudanças nas artes do começo do século XX não estaria completo se não falássemos da música. Assim como nas artes plásticas e na literatura, as tradições musicais seriam abaladas por inovações e experimentalismos.
Entre outras iniciativas, os trabalhos do compositor austríaco Arnold Schoenberg e do russo Igor Stravinsky devem sem lembrado pelo impacto que tiveram. Em 1913 a primeira apresentação em Viena, da Sinfonia de Câmara nº 9, de Schoenberg, não pode ser terminada, tamanha a balbúrdia provocada pelo público escandalizado. O que teria acontecido? Simplesmente Schoenberg vinha inventando um novo tipo de música, que ficou conhecido como dodecafoismo, um método de composição em que doze sons da escala cromática são combinados em série.
A estreia do balé A consagração da primavera, com música de Stravinsky, ocorrida também em 1913, em Paris, provoca tanta confusão quanto a sinfonia de Schoenberg em Viena. O público começou a protestar e o espetáculo só pôde continuar depois da chegada da polícia. Stravinsky foi, mais tarde, considerado o Picasso da música, pela variedade da linguagem com que trabalhou, indo do dodecafonismo ao jazz.

A antiarte do Dadaísmo

O horror provocado pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918) deu origem a um novo movimento artístico, conhecido como Dadaísmo. Enquanto os exércitos europeus se estraçalhavam nos campos de batalha, intelectuais e artistas de diversas nacionalidades se autoexilaram em Zurique, na Suíça, país que se manteve neutro. Esses artistas se reuniam no Cabaré Voltaire, onde recitavam poemas, discutiam manifestos e acompanhavam as notícias do conflito. Foi nesses encontros que nasceu o Dadaísmo.
Trata-se de uma espécie de “antiarte”, que denuncia a estética e as ideias cultivadas até então.
Um dos artistas mais importantes do Dadaísmo foi o francês Marcel Duchamp. Na linha da “antiarte”, Duchamp defendia a ideia de que qualquer objeto, deslocado de seu contexto original, pode ser apreciado como artístico. Assim, trouxe para uma galeria de arte a peça de um mictório, à qual deu o título de A fonte.
Após 1922, o Dadaísmo entrou em declínio, mas exerceu forte influência sobre movimentos que vieram depois, como o Surrealismo e a por art.

O Surrealismo

Em 1924, uma nova proposta estética deu origem a outra corrente: o Surrealismo. Seu idealizador foi o escritor francês André Breton, que aproveitou do Dadaísmo a ideia de uma arte espontânea, à qual associou princípios inspirados na Psicanálise, criada pelo austríaco Sigmund Freud.
Para Freud, nossa vida consciente representa apenas uma parte das atividades da mente, que se ocupa também com atividades subconscientes e inconscientes. Mas como chegar ao inconsciente? Primeiro Freud tentou a hipnose. Depois estudou os sonhos. Finalmente, descobriu que, quando seus pacientes se deitavam num divã e falavam fazendo associações livres de ideias, acabavam revelando aspectos de sua vida inconsciente.
Os surrealistas levaram para a arte essa proposta de associação livres de ideias, por mais ilógicas, absurdas e irracionais que pareçam, e da exploração dos sonhos. Assim, praticaram uma subversão: a criação artística não mais como atividade racional e lógica, mas como manifestação de um fluxo livre de sensações, intuições e “pensamentos”.
Entre os surrealistas, foram particularmente importantes os pintores espanhóis Joan Miró e Salvador Dalí. Talvez a obra mais conhecida do movimento seja o quadro A persistência da memória, de Salvador Dalí.

O homem que virou inseto: a literatura

A literatura do século XX é classificada pelo crítico Jean Paulhan em dois grandes grupos: “terroristas” e “retóricos”.
Os “terroristas” são aqueles escritores que arremetem contra a linguagem e os temas convencionais, os lugares-comuns, em busca de liberdade e originalidade. É o caso de Franz Kafka, o autor de A metamorfose, novela de 1915 que narra a transformação de um homem em inseto e o impacto que isso causa na família.
É também o caso do romancista e poeta irlandês James Joyce, que em Ulisses, publicado em 1922, em vez de narrar acontecimentos, descreve o fluxo de ideias e associações experimentadas personagem no decorrer de um único dia em uma metrópole.
Já os “retóricos” são os “artistas-oradores”, escritores que procuram uma compreensão mútua com o leitor, sabem que os lugares comuns são o preço pago por uma comunicação bem-sucedida. Entre eles podemos classificar André Gide, Rainer Maria Rilke e T. S. Eliot. A base da literatura dos “retóricos” é sempre uma ideia, um pensamento, um problema.

A pós-modernidade

Para muitos estudiosos a modernidade entrou em declínio com a segunda Guerra Mundial, abrindo-se um novo tempo, o da pós-modernidade.
Essa passagem de um tempo histórico – o moderno – para outro – o pós-moderno – não poderia deixar de afetar as artes. Vamos tentar compreender o que aconteceu.
Simbolicamente, a explosão da bomba atômica em Hiroshima, em 1945, pode ser lembrada como o fim de uma era. Com ela, a fé em que o desenvolvimento industrial e o progresso científico ajudariam a libertar a humanidade – se transformou em seu contrario: ou seja, a consciência de que os poderes criadores proporcionados pelo progresso havia se voltado contra os próprios humanos, ameaçando-os de destruição.
A ideia do artista como alguém à frente de seu tempo, capaz de inventar um mundo de experiências e percepções novas, é uma das forças que nortearam a arte moderna. Mas, se a Segunda guerra e a bomba atômica mostram o lado destrutivo dos seres humanos, a crença no papel dos artistas e de suas criações não poderia se manter igual. É desse sentimento de decepção com a modernidade que surge a pós-modernidade.

A arquitetura pós-moderna

Em 1955, arquitetos italianos se voltam contra o princípio de Bauhaus, “a forma segue a função”: a função passou a obedecer à forma e à fantasia. A ornamentação é revalorizada. Em vez da razão, a emoção. Em vez da pureza, a mistura: barroco, colunas gregas, vidro fumê. A mesma coisa em relação ao design: em vez de móveis práticos, adaptados ao uso, desenhos fantasiosos, com cores chamativas.
Como lembra o poeta e escritor Jair Ferreira dos Santos, na pós-modernidade “os estilos convivem sem choques, as tendências se sucedem com rapidez. Não há grupos ou movimentos unificados, o pluralismo e o ecletismo são a norma”. Assim, são manifestações da arte pós-moderna a pop art, body art, o minimalismo, etc.
Pop art: surge na Inglaterra nos anos 1950 e ganha força nos estados Unidos na década seguinte. É uma reação ao Abstracionismo, voltando à arte figurativa. Mas a inspiração para os objetos retratados é encontrada nas imagens que povoam o cotidiano do cidadão das grandes cidades: retratos de atrizes, histórias em quadrinhos, material de propaganda, produtos industriais.
As fronteiras entre arte e objeto de consumo popular são abolidas. Dois dois principais nomes da pop art são os norte-americanos Andy Warhol e Roy Lichtenstein. O primeiro fez obras como as cinquenta reproduções da foto da atriz Marilyn Monroe, com variações em amarelo, laranja e azul. Quanto a Lichtenstein, ampliaca e modificava as imagens de histórias em quadrinhos, abrindo caminho, assim, para uma aproximação entre quadrinhos e arte, que daria frutos interessantes para os dois lados.
Body art: pintura corporal (body=corpo) ou fotografia de regiões do corpo humano a partir de ângulos inesperados. Uma das características da pós-modernidade é trazer a arte para dentro da vida, misturando-a com as coisas do dia-a-dia. Outra é conceber a arte como algo efêmero. A body art junta essas duas tendências: o suporte da pintura não é mais a tela ou o mural, mas sim o próprio corpo. É também algo que não vai durar muito: no primeiro banho, no primeiro banho a pintura vai pelo ralo.
Minimalismo: a ideia é reduzir a arte a suas estruturas básicas. As esculturas, por exemplo, adotam formas geométricas simples e repetidas. As pinturas se reduzem ao mínimo de cores. As músicas como, as de Philip Glass, são compostas com poucas frases, repetidas várias vezes com pequenas variações de ritmo, ou mesmo sem som algum, como a obra 4 minutos e 33 segundos, de John Cage, inteiramente silenciosa.

A literatura pós-moderna

Na literatura, o pós-modernismo se caracteriza por abandonar as narrativas bem amarradas, com começo, meio e fim, um narrador e personagens bem definidos, um estilo único. Os argentinos Júlio Cortázar, com seu jogo da amarelinha, e Jorge Luís Borges, com suas histórias baseadas nas de outros autores, e o italiano Umberto Eco, autor de O nome da rosa, romance policial situado na Idade Média, são considerados pós-modernos.

Permanência e mudança

Existem, portanto, continuidades e descontinuidades entre a arte moderna e a pós-moderna. A primeira não mais imita a realidade objetiva: tenta criar outra realidade mais intensa, livre e interessante. Já a arte pós-moderna é descrente desse poder de criação e quer misturar-se com as coisas do cotidiano: arte comercial, o próprio corpo, histórias em quadrinhos, prédios a serem embrulhados são os materiais usados na nova estética.
A arte moderna e a pós-moderna relacionam-se intensamente com as máquinas e tecnologias de sua época. Se a fotografia e o cinema são artes modernas criadas por novas máquinas, o mesmo podemos dizer com relação ao uso da informática na arte pós-moderna. A diferença é que a arte moderna oscilou entre a exaltação da máquina, com o Futurismo, e a denuncia da desumanização da vida, com o Expressionismo, ao passo que a arte pós-moderna não acredita que seja desejável exaltar as máquinas e a tecnologia nem lutar contra ela, preferindo brincar e ironizar sobre o assunto.

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