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Movimento contra costumes nos anos 1960

Nos anos 1960, a rebeldia juvenil mobilizou o mundo para reivindicar liberdade, igualdade civil e paz. A guerra Fria, os preconceitos raciais, o capitalismo, o comunismo, as ditaduras foram alvos de contestações por parte da juventude.

Contracultura

Durante os anos 1960, os movimentos políticos, sociais e culturais que buscavam uma alternativa tanto ao capitalismo quanto ao comunismo ficaram conhecidos como contracultura.
Os jovens foram os protagonistas desse movimento que criticava o consumismo capitalista e a ditadura que reprimia os povos submetidos à União Soviética. Mas não apenas os jovens se mobilizaram; vários setores da sociedade passaram a contestar a ordem estabelecida.
Para entender o movimento de contestação que tomou as ruas das grandes cidades do mundo todo, 1968 é o ano-chave. As manifestações contra a Guerra do Vietnã nos Estados Unidos e as tentativas de democratização do regime comunista na Tchecoslováquia são exemplo das inquietações da época.

“Fim da guerra”

Nos Estados Unidos, havia em 1968 uma crescente oposição à Guerra do Vietnã. A opinião pública norte-americana questionava a justiça de uma guerra feita por uma grande potência contra um pequeno país de camponeses. As imagens do sofrimento dos civis e dos soldados mortos em combate eram transmitidas pela televisão para os lares norte-americanos e causavam grande impacto.
Foi então que os jovens norte-americanos tomaram as ruas das cidades em campanhas pacifistas. Eles pregavam a desobediência civil contra o alistamento militar para a guerra.

A Primavera de Praga

Em 1968, na Tchecoslováquia, país de regime político alinhado com a União Soviética, um grupo de intelectuais comunistas tentou promover reformas que aumentassem as liberdades dos cidadãos e permitissem eleições pluripartidárias. As reformas iniciavam uma ova era, que ficou conhecida como Primavera de Praga.
A reposta soviética, no entanto, foi imediata; naquele mesmo ano, tropas do Pacto de Varsóvia invadiram o país e ocuparam a capital, Praga. Os líderes reformistas foram detidos e, alguns meses depois, a Tchecoslováquia instituiu um rígido regime de censura e controle policial da população.

A revolução hippie

Os jovens dos anos 1960, além de se manifestarem politicamente, passaram a contestar também as regas de comportamento, incluindo a moral sexual.
A linha de frente dessa contestação era formado pelos hippies. Os hippies condenavam os valores da civilização industrial e do consumo, que para eles subjugavam as pessoas ao ritmo da produção, e defendiam uma sociedade alternativa, em que o homem se tornasse um ser mais integrado à natureza, livre das neuroses da modernidade.
De forte influência anarquista, tais movimentos pregavam, entre outros, a solidariedade, a abolição das hierarquias e da propriedade privada, o amor livre, o pacifismo e a formação de comunidades apartadas da sociedade industrial. Seu lema era Paz e Amor.
Os hippies acreditavam que as mudanças de comportamento seriam suficientes para transformar a sociedade e trazer a felicidade para todos.

Direitos civis

Os grupos que defendiam os diretos civis dos negros nos Estados Unidos também podem ser incluídos no grande movimento de contestação ao grupo social dominante.
Em alguns estados norte-americanos, os negros não podiam votar, frequentar as escolas exclusivas de brancos nem mesmo sentar-se ao lado de brancos no ônibus. Na década de 1960, inúmeros grupos passaram a lutar pelo fim da discriminação racial.
Martin Luther King, líder da ala moderada do Movimento Negro norte-americano, pregava a desobediência civil pacífica como forma de luta. Ele afirmava que a comunidade afro-americana sofria os mesmos preconceitos que os povos pobres do Terceiro Mundo, unindo-se aos movimentos pacifistas contra a Guerra do Vietnã, já o grupo Panteras Negras, de orientação mais radical, defendia o uso da violência para garantir a igualdade civil e social das pessoas de origem africana no país.
A campanha contra a violência e pela união dos povos, no entanto, não impediu que Martin Luther King fosse assassinado na cidade de Memphis, em 1968.

Feminismo

A luta pelos direitos civis nos anos 1960 incluíram os direitos das mulheres. O movimento feminista, que no início do século XX lutaram pelo direito ao voto para as mulheres, reivindicava agora a igualdade das mulheres em relação aos homens em todos os setores da vida social: no trabalho, na vida conjugal, na liberdade de escolha sobre ter ou não filhos.

A contestação rock’n’roll

Os jovens contestadores dos anos 1960 escolheram a música como veículo para divulgar suas ideias. O rockn’n’roll, gênero musical surgido nos Estados Unidos na década anterior, espalhou-se pelo mundo como símbolo do comportamento jovem, chocando os mais conservadores onde quer que fosse tocado.
A década de 1960 foi pródiga em ídolos do rock’n’roll. Nesse período surgiram grandes bandas que reuniam milhares de fãs, como os Beatles, banda formada em Liverpool, na Inglaterra, e os Rolling Stones, outra banda inglesa de grande sucesso.
Um dos grandes nomes dessa geração de roqueiros foi o norte-americano Bob Dylan. Ele foi o porta-voz dos defensores das liberdades individuais, que não se identificavam com os valores da sociedade que emergiu nos Estados Unidos do pós-guerra. Suas letras, longas e complexas, tratavam dos temas que abalaram sua época, como a guerra.

A Arte Pop

A corrente artística que melhor exprime a cultura e a visão de mundo do período da Guerra Fria é a chamada Arte Pop. Rompendo as fronteiras entre a publicidade, os objetos de desejo da sociedade de consumo e a arte, o Pop expunha, sem criticar, o consumismo e os valores descartáveis da sociedade industrial. Garrafas de refrigerantes mundialmente famosos, estrelas de Hollywood, latas de sopa, história em quadrinhos, tudo servia de tema para os artistas pop, como os norte-americanos Robert Rauschenberg, Roy Lichtensten e Andy Warhol. O Pop explicitava o consumismo descartável capitalista, mas não elogiava o socialismo; explicava, mas não ditava lições. É a própria imagem dos anos de contestação.

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