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Iniciando o século XXI

Se Phileas Fogg, personagem do romance do francês Júlio Verne, escrito no século XIX, fizesse hoje uma nova Volta ao mundo em 80 dias, com certeza não deixaria de notar dois fenômenos marcantes que afetam o planeta: a explosão tecnológica e a explosão demográfica. E perceberia, inclusive, que ambos estão geograficamente separados entre si.

O desenvolvimento da tecnologia se concentra nos países desenvolvidos situados no Hemisfério Norte. Quase todos eles têm pequenas taxas de crescimento demográfico, uma população que está estabilizada ou mesmo diminuindo. Por outro lado, o aumento populacional ocorre nos países subdesenvolvidos localizados no Hemisfério Sul, que têm sido pouco ou nada beneficiados pela atual revolução tecnológica. Ao lado de aspectos positivos, nesses países as técnicas inovadoras têm gerado vários problemas ou agravado os já existentes, como a concentração de renda, a alta do desemprego e o incremento da exclusão social. Por sua vez, a explosão demográfica também contribui para que novas doenças se generalizem. É importante ressaltar que, em relação ao crescimento demográfico, o problema não está na opção das famílias por terem filhos ou não, mas sim na falta de acesso delas a condições básicas de vida.
As projeções estimam que, em 2025, a economia mundial estará controlada por apenas quinhentas empresas multinacionais de origem norte-americana, europeia e japonesa. A população mundial, que é atualmente de seis bilhões de pessoas, atingirá então um patamar de 8,5 bilhões de habitantes. Cerca de 90% do crescimento populacional ocorrerá nas regiões asiática, africana e latino-americana. Esses dois processos paralelos e excludentes – avanço da tecnologia e crescimento populacional – são parte integrante daquilo que se convencionou chamar de Nova Ordem Mundial.

Que Nova Ordem Mundial é essa?

A expressão Nova Ordem Mundial foi usada pela primeira vez pelo presidente George Bush (pai), após a vitória norte-americana na Guerra do Golfo, em 1991. O governante se referia à nascente situação surgida com o fim da Guerra Fria e a ascensão dos Estados Unidos à posição de única superpotência global do planeta.
Essa Nova Ordem Mundial, do século XXI teria seu funcionamento assegurado, em última instancia, pelo avassalador poderio militar norte-americano. Esse sistema nascente ficou conhecido também como unimultipolar, porque combina a liderança de uma única superpotência global com a existência de várias potências de âmbito regional. O poder maior é representado pelos Estados Unidos, seguidos por poderes de importância desigual: a China na Ásia Oriental, a Índia na Ásia do Sul, a Rússia na Eurásia, a Alemanha na Europa, o Brasil na América do Sul e a África do Sul na África subsaariana.

As faces da globalização

A rigor, a globalização não é um fenômeno recente. Suas origens, segundo alguns analistas, remontam ao século XV, quando a expansão marítima europeia levou à formação de um mercado mundial que se estendeu por todos os continentes do globo. A mundialização da economia, conhecida como Revolução Comercial, continuou no século XVIII com a Revolução Industrial. Esse processo atingiu o auge no final do século XX, com a incorporação da Rússia, da Europa Oriental e da China ao mercado mundial. O planeta se tornou verdadeiramente uma aldeia global, interligada pela revolução ocorrida na ciência, na tecnologia, nos transportes, na comunicação. A globalização é um fenômeno controverso, com pontos positivos e negativos, elogiado por uns e atacado por outros. No processo de globalização atual, destacam-se três aspectos principais, que veremos a seguir.
Existe uma globalização econômica, que é resultado da revolução científica e tecnológica em curso, da expansão do comércio, dos serviços e das finanças. Esse processo se caracteriza pela derrubada das fronteiras dos Estados, pela abertura dos mercados, pela interdependência dos países e pela retirada do Estado das atividades econômicas. As empresas multinacionais, os grandes bancos e os investidores capitalistas são os principais agentes da globalização econômica. A informática, a internet e a telefonia celular contribuem para acelerar e dinamizar a economia do mundo. Para se ter uma ideia do que significa a globalização econômica, bastaria dizer que em meio século o comércio mundial cresceu cem vezes, saltando de sessenta bilhões para seis trilhões de dólares no ano 2000. Por outro lado, a globalização não é um processo homogêneo e te beneficiado principalmente os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão. Seus críticos afirmam que ela tem intensificado a concentração de renda, aumentando, assim, as taxas de desemprego e expandindo os níveis de exclusão social.
A internet possibilitou ao mundo dos negócios uma enorme integração entre empresas de todo o planeta. Além disso, grande parte das companhias de todo o mundo tem página na internet. Assim, é possível que qualquer indivíduo tenha acesso a conhecimentos mais aprofundados sobre um produto ou serviço, sem precisar ir até o local de compra. A facilidade com que se tem acesso a qualquer assunto atualmente é outra forte característica da internet, que é uma enorme fonte de pesquisa. Apesar de todas essas comodidades, a necessidade de saber lidar com um computador gera hoje um fenômeno chamado “exclusão digital”. A maior parte da população do planeta ainda não tem acesso a computadores, principalmente por causa do alto custo desse eletrônico, mas o mercado de trabalho hoje exige que os funcionários tenham conhecimentos de informática. Dessa forma, aqueles que fazem parte dessa exclusão digital tendem a ser excluídos também social e economicamente.
Está em curso também uma globalização cultural, bastante interligada com a globalização econômica e a revolução tecnológica. Sua manifestação mais visível é o processo de padronização e uniformização dos produtos culturais, principalmente os de origem anglo-americana. Nesse processo, o inglês está se tornando a língua franca ou o idioma universal. Os hábitos de consumo, os padrões de comportamento e idiomas locais estão sendo bastante afetados por um processo de “americanização” que atinge todos os campos do conhecimento humano, desde a técnica e a ciência até as letras, as artes e a filosofia. Os críticos desse tipo de globalização afirmam que a exportação da cultura ocidental é uma política deliberada e sutil de conquista dos “corações e mentes” de outros povos e culturas, transformando-se num instrumento de consolidação da hegemonia mundial dos Estados Unidos.
Existe ainda uma globalização política, intimamente relacionada com as globalizações econômica e cultural. Esta última forma de globalização se caracteriza pelo predomínio dos Estados Unidos coo a única superpotência de todo o planeta. Nesse novo sistema político do século XXI, alguns países rebeldes são globalizados “na marra”, por via da guerra e da ocupação militar, como aconteceu com o Afeganistão e o Iraque. Esses países eram apelidados pelos governos norte-americanos de Eixo do mal. Existem, porém, outras nações que procuram resistir a essa globalização forçada, como é o caso de Cuba, do Irã e da Coréia do Norte.
Finalmente, diversas entidades não estatais procuram se organizar a sociedade internacional para oferecer resistência a um tipo de globalização que consideram elitista, desigual e excludente. São entidades sociais como os movimentos ambientalistas, organizações não governamentais (ONGs), partidos políticos, sindicatos trabalhistas e as mais variadas associações que buscam oferecer alternativas ao atual processo de globalização econômica, cultural e política. O Fórum Social Mundial tem sido um dos centros de troca de ideias e propostas mais aglutinador dessas entidades.

Os tipos de regionalização


Junto com a globalização está ocorrendo também no planeta um processo de regionalização. Na verdade, globalização e regionalização são as duas faces da mesma moeda. Dentro do processo de globalização, países de determinados continentes procuram se juntar a seus vizinhos para formar os blocos econômicos regionais. Esses blocos de países procuram abolir diversas barreiras, como as alfandegárias, que os separam para expandir suas relações comerciais e facilitar a livre circulação de mercadorias, capitais, serviços e pessoas. Podemos distinguir alguns tipos de blocos econômicos regionais, conforme veremos a seguir.
A zona de livre comércio reduz ou elimina as tarifas protecionistas internas, permitindo a ampla circulação de mercadorias entre todos os países-membros. Esse tipo de bloco não permite a livre circulação de pessoas. Como exemplo temos o Nafta; o Acordo de Livre Comércio das Américas (Alca), que, se vier a s concretizar, englobará 34 países do continente americano; e o bloco da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico, que criará uma área de livre comércio entre 20 países dessa região e deve ser efetivado até 2020.
A união aduaneira procura igualmente baixar ou suprimir as tarifas internas que dificultam a expansão do intercâmbio entre os países-membros desse bloco comercial. Mas, além disso, estabelece também uma tarifa alfandegária externa única para seus integrantes. Qualquer produto vindo de fora do bloco econômico deve pagar o mesmo imposto de importação para entrar em qualquer um dos países-membros. Tal imposto é chamado de Tarifa Externa Comum (TEC). Esse é o caso do Mercado Comum do Sul (Mercosul), formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, em 1991. Outro exemplo é o Pacto Andino (ou Comunidade Andina), instituído pela Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, em 1969.
A união econômica e monetária tem como único exemplo na atualidade a União Europeia (EU). Ela adotou como moeda única o euro, que em 2005 já era usado por 12 dos 25 países que integram o bloco.
Essa divisão por tipos de bloco, contudo, é complexa, pois eles estão em constante mudança e tendem a mesclar essas características que os distinguem.
Para se ter uma ideia do peso econômico dos blocos regionais, bastaria mencionar o seguinte. Os blocos mais importantes do planeta são os da América do Norte, da Comunidade Europeia e da Ásia Oriental, que são liderados, respectivamente, pelos Estados Unidos, Alemanha e Japão. Esses três blocos dominam conjuntamente 75% do comércio mundial.

O neoliberalismo

O prefixo neo é utilizado no vocábulo neoliberalismo para distinguir o liberalismo atual do antigo liberalismo, que influenciou políticas econômicas desde antes da Revolução Industrial até a crise mundial do capitalismo de 1929. O velho liberalismo defendia a economia de mercado e a liberdade de comércio e produção. Defendia também o “Estado mínimo”, visto como um “mal necessário” para preservar o direito de propriedade e garantir o respeito à lei e à ordem. O Estado liberal era “mínimo” porque não interferia nas atividades econômicas nem em questões sociais, como os baixos salários, as condições de trabalho e o desemprego.
Durante a década de 1930, o Estado voltou a adotar uma política intervencionista para enfrentar a crise econômica e social agravada pela Grande Depressão. Os governos realizam obras públicas para reativar a economia e criar empregos, tomavam medidas para evitar a falência das empresas e o fechamento das fábricas e adotavam uma legislação social para combater a miséria,a fome e a exploração do trabalho. Essa política ficou conhecida como Keynesianismo, em homenagem a seu formulador, o economista inglês John Mynard Keynes. A política de bem-estar social (welfare state), concebida por Keynes, foi adotada por muitos dos países desenvolvidos depois da Segunda Guerra Mundial.
O neoliberalismo surgiu na década de 1970 como a política econômica como uma política econômica do capitalismo na época da globalização. Este novo liberalismo prega o abandono da política econômica do bem-estar social e o retorno às características do liberalismo econômico, entre elas, a redução do papel do Estado e sua retirada da economia. Para os neoliberais, o Estado não soluciona os problemas, mas, ao contrario, o Estado é o grande problema. Na sua visão, o Estado se tornou caro demais e é preciso retirá-lo das costas dos contribuintes, já sobrecarregados de tributos. O neoliberalismo defende a abertura da economia, a abolição das tarifas alfandegárias e a liberação dos mercados nacionais à livre circulação de mercadorias, serviços e capitais estrangeiros. Seu grande objetivo é a integração e a interdependência da economia em âmbito global. Essa liberalização deve ser feita em escala mundial, por cima das fronteiras das nações, tendo como agentes os grandes bancos e as empresas multinacionais. Cabe ao Estado “enxugar” a máquina governamental, isto é, cortar os gastos públicos e reduzir as despesas com políticas sociais.
Segundo a visão neoliberal, o governo deve se desfazer das empresas e serviços públicos, transferindo-os para a iniciativa privada. Esse é o processo de privatização da economia. A partir daí, a única função do Estado seria deixar o mercado se auto-regular sem nenhuma interferência, mas procurando coibir os abusos e evitar os excessos da livre-concorrencia. Problemas sociais como a concentração de renda, a redução dos postos de trabalho e o aumento do desemprego seriam resolvidos naturalmente com o desenvolvimento da economia, a expansão da produção, a redução dos impostos e o incremento do comércio externo. Exemplos clássicos de neoliberalismo foram políticas econômicas adotadas pela primeira-ministra conservadora Margaret Thatcher, na Grã-Bretanha, e pelo presidente republicano Ronald Reagan, nos Estados Unidos, durante a década de 1980.
O desmanche do Estado de bem-estar social nesses países se deu sob a alegação de que a política keynesiana estaria se mostrando inflacionária à medida que as despesas públicas subiam e a capacidade fiscal estagnava. Segundo Thatcher e Reagan, a redução do crescimento significava problemas para o Estado de bem-estar social. Na realidade, a ideia de Estado de bem-estar social era algo que os países capitalistas utilizavam para conter a difusão das ideias e o avanço do comunismo pelo mundo. Mas, como no início da década de 1980 os regimes comunistas já estavam em declínio, os governos da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos não viam mais motivos para evitar um enorme aumento na concentração de renda.

O desequilíbrio demográfico

Segundo o historiador Paul Kennedy, desde o aparecimento das primeiras comunidades humanas até o ano de 1825 a população mundial atingiu o número de um bilhão de habitantes. Nos cem anos seguintes ela saltou para dois bilhões de pessoas e meio século depois, em 1975, havia dobrado para quatro bilhões. Em 2005, a população do planeta ultrapassava seis bilhões de seres humanos. Daí para frente as previsões demográficas são divergentes. A estimativa mais provável é que, em 2025, nosso planeta terá por volta de 8,5 bilhões de habitantes. Os demógrafos afirmam que a curva de crescimento tenderá a se estabilizar por volta de 2050 em torno dos nove bilhões de pessoas.
Do total previsto, cerca de 7,5 bilhões estarão concentrados nos países subdesenvolvidos da Ásia, África e América Latina. Cerca de 1,5 bilhão habitará os países desenvolvidos do Hemisfério Norte. É de se resaltar que, na metade deste século, somente a Índia terá uma população de 1,5 bilhão, ultrapassando inclusive a China, que terá 1,4 bilhão de habitantes. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a previsão é que, até meados do século XXI, mais de 90% da população mundial estará vivendo nas áreas hoje subdesenvolvidas do Hemisfério Sul. Não é difícil prever os efeitos dessa explosão demográfica na propagação da miséria e da fome, na devastação do meio ambiente e dos recursos naturais, bem como na transmissão de doenças epidêmicas, caso não haja uma mudança na redistribuição de renda entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos e entre os próprios habitantes, um grande investimento na área de saúde e uma nova mentalidade da relação entre o ser humano e o meio ambiente.

As migrações populacionais

Um dos reflexos do desequilíbrio demográfico é o aumento crescente das migrações populacionais dos países subdesenvolvidos para os países desenvolvidos. N realidade, houve como que uma radical inversão na direção dos fluxos migratórios. No passado havia uma certa coincidência geográfica entre o desenvolvimento tecnológico e o crescimento demográfico. Ambos os processos ocorreram principalmente na Europa. O resultado foi que o excedente populacional europeu migrou para as regiões periféricas do globo, indo povoar as Américas, a África do Sul, a Austrália e a Nova Zelândia. A primeira onda migratória ocorreu nos séculos XVI-XVII, após a expansão marítima europeia e a colonização dos novos continentes. A segunda onda transcorreu nos séculos XIX-XX quando a industrialização e as guerras levaram mais de cinquenta milhões de europeus a buscar uma nova vida e condições de trabalho nas terras de além-mar.
As correntes imigratórias atuais percorrem, desde o final do século XX, exatamente o caminho inverso. Os contingentes humanos partem da América Latina, da África, do Oriente Médio e da Europa oriental para a América do Norte, a Europa ocidental, o Japão e a Oceania. Sob a pressão de desemprego, da fome, da miséria e da exclusão social, os novos imigrantes vão da periferia para o centro em busca de empregos e de uma existência mais digna. Além disso, uma parte dos imigrantes deste século é obrigada a deixar sua terra natal fugindo das guerras externas, dos conflitos civis e das perseguições étnicas e religiosas. O fato é que, em consequência desta terceira onda migratória, mais de cem milhões de estrangeiros vivem, hoje, de forma legal ou clandestina, nos países desenvolvidos.
Nestes países desenvolvidos, setores sociais ultraconservadores desenvolveram uma reação hostil diante das levas de imigrantes, assumindo atitudes excludentes, discriminatórias ou violentas contra os trabalhadores estrangeiros e suas famílias. Os atuais movimentos de extrema-direita, como os neonazistas, os skinheads e os adeptos do poder branco (White powers), dirigem sua propaganda, sua ação e seus preconceitos étnicos e raciais contra esses recém-chegados “diferentes”. Aliás, é importante resaltar que esse fenômeno anti-social não se restringe aos países da Europa e aos Estados Unidos. Ele tem ocorrido também aqui no Brasil e suas principais vítimas são esses “outros” representados pelos migrantes nordestinos, pelos homossexuais e pelos judeus.

A degradação ambiental

As explosões tecnológica e demográfica, e principalmente o modo como a sociedade lida com o os recursos naturais, são responsáveis por uma série de graves impactos ambientais no planeta. Isso significa que a responsabilidade pelo processo de degradação ambiental é compartilhada, ainda que em medidas desiguais, tanto pelos países desenvolvidos quanto pelos países subdesenvolvidos. A degradação ambiental afeta a terra, a água, o ar e as espécies vivas, estando em curso tanto no Hemisfério Norte quanto no Hemisfério Sul. Neste novo século defrontamos com diversos problemas em âmbito regional e global, que requerem soluções baseadas na cooperação internacional. Alguns desses problemas são, por exemplo, a exploração predatória de recursos naturais não-renováveis; a poluição do solo, da atmosfera, dos rios e oceanos; a destruição da fauna e da flora; a extinção de espécies do mundo animal e vegetal; as alterações climáticas que podem colocar em risco a própria existência humana na Terra.
Atualmente, cerca de 24% das espécies de mamíferos e 12% das aves do planeta estão ameaçadas de extinção. O desmatamento do solo pelas queimadas e a destruição das florestas pela extração de madeira, atividades de mineração, construção de barragens e atividades agropastoris já eliminaram quase 50% da cobertura vegetal do globo terrestre. De um total de 62 milhões de km². Nas últimas décadas foram destruídas mais de 20% das florestas tropicais asiáticas, africanas e latino-americanas. É difícil acreditar que 40% dos seres humanos não dispõem de água suficiente para suas mais elementares necessidades, por causa da desertificação do solo, da contaminação dos rios e do esgotamento dos lençóis freáticos.
Existem vários outros graves impactos produzidos pela ação predadora da sociedade sobre a natureza. Um dos mais importantes é denominado efeito estufa, ou seja, o aumento da temperatura média do planeta, que pode causar o degelo das regiões polares e a desertificação de áreas continentais. Uma das prováveis consequências do aquecimento global seria a elevação do nível dos oceanos, inundando muitas regiões costeiras, provocando o despovoamento de cidades litorâneas e a destruição de áreas cultivadas em todos os continentes. Somente a título de exemplo, diversos especialistas afirmam que a camada de gelo do Oceano Ártico ficou 40% mais fina e perdeu 14% de sua área total nas últimas décadas.
Diante desses desafios, é necessário desenvolver nas novas gerações uma consciência ecológica voltada para a preservação ambiental. A defesa de um ecossistema equilibrado é fundamental para a continuidade da vida no planeta, seja ela humana, animal ou vegetal. Nesse contexto assume bastante relevância a noção de desenvolvimento sustentável, ou seja, sem que os recursos naturais consumidos se esgotem e o meio ambiente seja danificado.
É preciso colocar um freio à busca suicida de um crescimento a todo custo e combater a mentalidade de um consumismo egoísta e irresponsável. É necessário difundir uma nova visão de mundo baseada num princípio altruísta que pode ser resumido numa única frase: “sabendo usar não vai faltar”. Assim, a ideia de desenvolvimento sustentável defende o princípio de que as gerações atuais precisam procurar atender suas necessidades básicas com parcimônia, evitando destruir o patrimônio natural que deve garantir a sobrevivência das gerações futuras em nosso planeta.

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