Um dos principais blocos econômicos da atualidade teve origem no Mercado Comum Europeu (MCE), criado em 1957 por meio do Tratado de Roma. Inicialmente, apenas seis países faziam parte do bloco. Em 1992, o Tratado de Maastricht substituiu o de Roma, e o antigo MCE passou a se chamar União Europeia (UE), integrando 12 países.
Porém, esse número aumentou significativamente, chegando a 27 em meados de 2022. Entre as mudanças propostas pelo Tratado de Maastricht estava a criação de uma União Econômica Monetária, com o objetivo central de criar uma moeda comum para os Estados-membros, o euro, que começou a circular em 2002. Além disso, definiu-se que os cidadãos da União Europeia estão integrados a um mercado unificado e sujeitos a uma política externa e de segurança comum, tendo o direito de circular livremente entre as fronteiras dos países-membros.
O Brexit
O Reino Unido aderiu à Comunidade Europeia em 1973, mas, desde o início, permaneceu fora da zona do euro. Em junho de 2016, os britânicos foram convocados a participar de um referendo para decidir a permanência do Reino Unido na União Europeia. A maioria (51,9%) votou pela saída dos britânicos do bloco econômico, em um processo que ficou conhecido por Brexit, termo formado pela junção das abreviações das palavras Britan (Grã-Bretanha) e exit (saída).
O resultado do referendo tem explicações econômicas, políticas e sociais. Entre elas estão o desejo popular de resgatar a soberania do governo britânico sobre as leis do Parlamento Europeu, a expectativa de que as contribuições do Reino Unido que iam para a União Europeia sejam destinadas aos setores internos, principalmente à saúde, e, para alguns, o fortalecimento do discurso nacionalista e o aumento da hostilidade contra imigrantes.
Em 2015, cerca de 630 mil estrangeiros entraram no
Reino Unido. Diante desse quadro, os defensores do Brexit
atacaram o alto custo da imigração, que prejudicaria a
prestação dos serviços essenciais à comunidade do país.
No sudeste do Reino Unido, por exemplo, onde muitos
trabalhadores estavam desempregados ou viviam de
trabalhos precários, o discurso contra a imigração e pela
saída da União Europeia teve mais adesão.
A saída dos britânicos da União Europeia deu novo
ânimo aos movimentos separatistas na Escócia e na Irlanda
do Norte, que preferem fazer parte da União Europeia a
integrar o Reino Unido. Na Holanda, na França e na Itália,
grupos de ultradireita passaram a defender a realização
de uma consulta popular para decidir a permanência ou
não desses países no bloco europeu. Segundo analistas e
políticos, esses movimentos representariam uma reação
em cadeia motivada pelo Brexit.
A crise na União Europeia
A crise econômica mundial de 2008 também abalou vários países da zona
do euro. Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha foram os mais afetados.
Isso aconteceu porque esses países não tinham mecanismos de defesa
para evitar a queda da atividade econômica e a fuga de investidores e, ao
mesmo tempo, manter as metas estabelecidas pelo Tratado de Maastricht.
Conforme o tratado, a dívida pública e o déficit do orçamento não poderiam ultrapassar, respectivamente, 60% e 3% do PIB. Todos os países citados
superaram os dois tetos.
Se não fizessem parte da zona do euro, eles poderiam tentar recuperar a
economia usando como estratégia a desvalorização de suas moedas nacionais. Mas como a moeda é única, se isso fosse feito, em última análise, teria
início a dissolução da União Europeia. O Banco Central Europeu, o FMI e o
Banco Mundial, então, iniciaram uma ação
para renegociar a dívida externa de Portugal,
Irlanda, Itália, Grécia e Espanha. A liberação
de novos empréstimos, porém, foi condicionada ao cumprimento de rigorosas metas de
controle dos gastos públicos.
Com o objetivo de cumprir essas obrigações, os governos desses países congelaram
salários e aposentadorias e cortaram gastos,
especialmente nos setores sociais, gerando
fortes protestos populares. A queda do padrão de vida e o aumento do desemprego,
principalmente entre os jovens, estão entre
as consequências dessa crise.
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