quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Platelmintos

Platelmintos são animais do filo Platyhelminthes, pertencente ao reino Animalia. São considerados vermes, tais como o são considerados os dos filos Nematelmintes e Anelidea. Os platelmintos apresentam o corpo achatado dorso-ventralmente. Não apresentam sistema respiratório nem circulatório. Nesse filo aparece um sistema digestivo incompleto que não apresenta ânus. A excreção é realizada por células-flama. Sobre a reprodução sexuada, podemos dizer que a maioria é hermafrodita, podendo ou não fazer a autofecundação. A planária apresenta reprodução assexuada e tem capacidade de regeneração.

Características Gerais

São vermes achatados dorsiventralmente, tipo folha, devido à ausência de sistema digestório/circulatório. Apresentam simetria bilateral. Têm como habitat ambientes muito úmidos, a água doce e o mar. Também parasitam alguns animais. O corpo é constituído por três camadas. Primeiramente, há a epiderme uniestratificada. Abaixo, há duas camadas musculares, sendo a primeira composta por músculos circulares e a segunda por músculos longitudinais. A esse conjunto dá-se o nome de tubo músculo-dermático. Tal tubo atua na proteção, locomoção e como esqueleto. Nos platelmintos de vida livre, a epiderme apresenta cílios, relacionados com a locomoção. Já nos parasitas, há a cutícula envolvendo o tubo músculo-dermatico, conferindo-lhe resistência à ação dos sucos digestivos.

Sistema respiratório e circulatório 

São destituídos de sistema respiratório e circulatório . Nas espécies de vida livre a respiração é aeróbia, sendo que as trocas são feitas por difusão através do epitélio permeável. Já nos parasitas a respiração é anaeróbia. Pela ausência do sistema circulatório, as ramificações do sistema digestivo auxiliam a distribuição do alimento. 

Sistema digestório 

Não apresenta abertura na egestão, portanto é incompleto. Se constitui de boca, faringe e intestino ramificado que termina em fundo cego. Os cestóides não possuem sistema digestivo. A digestão é extra e intracelular.

Sistema nervoso 

São os primeiros animais com um sistema nervoso central que é formado por um anel nervoso, ligados a cordões longitudinais ou por um par de gânglios cerebróides.

Sistema excretor 

A excreção é feita por células-flama (ou solenócitos, ou protonefrídios). Estruturas típicas dos platelmintos, as células-flama eliminam os excretas para a superfície corpórea.

Sistema reprodutor 

Geralmente são hermafroditas monóicos, sendo que alguns se reproduzem por partenogênese. Nos tuberlários e trematódeos monogenéticos, o desenvolvimento é direto. Já nos digenéticos e cestóides é indireto. 

Exemplos 

Os exemplos mais característicos de platelmintos são a tênia, a planária e o esquistossomo.

O filo dos platelmintos é dividido em três classes: Turbellaria, Trematoda e Cestoidea.

Turbellaria (Turbelários) - Platelmintos de vida livre, com epitélio ciliado. Exemplo: Planária (Digesia tigrina) 

Trematoda (Trematódios) - Vermes parasitas com epiderme não-ciliada e uma ou mais ventosas. Exemplo: Schistosoma mansoni 

Cestoda (Cestódios) - Formas parasitas com corpo dividido em anéis ou proglotes. Exemplo: Taenia solium

A classe dos turbelários corresponde ao modelo mais típico do filo. São todos platelmintos de vida livre e têm como representante a conhecida planária, habitante da água doce.

Os trematódeos são vermes parasitas de carneiros, de outros animais vertebrados e do próprio homem. Possuem ventosas com as quais se fixam a certas estruturas do hospedeiro, podendo ou não se alimentar por elas. Ex: Esquistossomo.

Os cestóides ou cestódios são vermes platelmintos de corpo alongado em forma de fita. Podem medir de alguns milímetros a muitos metros de comprimento. Ex: Taenia saginata e Taenia solium.

TAENIA 

As tênias possuem um corpo muito segmentado – anéis ou proglótides (as proglótides que estão maduras e possuem os ovos são as terminais). Habitualmente, para efeitos de esquematização, divide-se o corpo da tênias em 3 zonas: o escólex ou cabeça, o pescoço e o estróbilo. Das tênias existentes, existem três cujo hospedeiro definitivo, que alberga a forma parasita adulta é o homem: T. solium, T. saginata e Diphyllobothrium latum. Em relação à primeira, o hospedeiro intermediário (que alberga a forma larvar) é o porco e em relação à segunda, o hospedeiro intermediário é a vaca. Ambas aderem à parede intestinal pelo escólex, que possui para este efeito 4 ventosas, sendo ainda de destacar que no caso da T. solium também existe um dupla coroa de ganchos, característica essa que permite a distinção entre as duas espécies.

Taenia sollium

A tênia solium adulta vive no intestino delgado do homem e possui o corpo alongado, delgado e chato; podendo ser dividido em: cabeça ou escólex, colo e estróbilos ou proglotes. A cabeça é a porção anterior destinada à fixação no organismo do hospedeiro. O pescoço ou colo é a região em que são produzidos novos anéis por estrobilização. O corpo é constituído por uma série de anéis -proglótides- que são divididos em imaturos, maduros e, no final, grávidos. O homem que possui teníase ou solitária, como também é chamada a doença causada pela presença desse animal no intestino, libera cerca de 40.000 ovos fecundados por anel eliminado nas fezes. Esses ovos contêm embriões denominados oncosfera.

O porco, hospedeiro intermediário, ingere os ovos que, ao chegarem ao intestino, libertam a oncosfera, que entra na corrente sanguínea e se aloja em alguns tecidos do animal. Nesses locais, evolui um estágio larval, chamado cisticerco. O homem se torna hospedeiro definitivo do animal quando ingere carne de porco crua ou malcozida. Pode ocorrer de o homem ingerir ovos de tênia ao invés de cisticercos. Nesse caso, o homem passa a ser hospedeiro intermediário. Quando os ovos sofrem maturação e se tornam cisticercos num organismo humano, podem causar deficiência visual, fraqueza muscular e/ou epilepsia, dependendo do local onde se alojam. Essa doença é chamada cisticercose e é mais grave que a teníase. O tratamento normalmente com pode ser feito com Mebendazol administrado durante 3 dias.

Taenia saginata 

Recentemente reclassificada como Taeniorhyncus saginata. Há também a tênia saginata, cujo hospedeiro intermediário não é o porco, mas o boi. O homem pode ser apenas hospedeiro definitivo, não intermediário como pode ocorrer com a tênia solium. As proglótides são eliminadas individualmente e fora das evacuações, forçando o esfíncter anal do portador. Esta espécie está disseminada mundialmente e o número de portadores humanos está estimado entre 40 e 60 milhões. T. saginata pode atingir os 10m em comprimento.

A saginata tem quatro ventosas mas não tem ganchos no escoléx. A T.saginata asiatica é uma subespécie que infecta também o porco, causando cistos infecciosos no seu fígado.

Doenças causadas por platelmintos

- Teníase

A teníase é uma doença provocada por um parasita que vive no intestino humano, a Tênia ou solitária. O ciclo da Tênia tem um hospedeiro definitivo, o homem, e um hospedeiro intermediário, o porco (Taenia solium) ou boi (Taenia saginata). Em lugares onde não existem instalações sanitárias os ovos contaminam os vegetais, que podem ser ingeridas pelo porco ou boi. Os ovos transformam-se em larvas que se alojam na musculatura dos animais. Ao ingerir carne contaminada, mal cozida ou crua, a larva atinge o intestino do homem e se desenvolve.

Se uma pessoa ingerir ovos da Tênia desenvolvem uma doença chamada cisticercose. Essa doença é provocada pela formação de cisticercos em seus músculos, cérebro, coração olhos e outros órgãos.

- Esquistossomose

A esquistossomose é causada pelo Schistossoma mansoni. O hospedeiro definitivo é o homem sendo a partir das fezes e urina que os ovos são disseminados na natureza. Possui ainda uns hospedeiros intermediários que são os caramujos. Os ovos no ambiente passam à forma larvária miracídio, que se aloja no caramujo dando origem à larva cercária. Esta última dispersa principalmente em águas não tratadas, como lagos, infecta o homem pela pele. No homem o parasita se desenvolve e se aloja nas veias do intestino e fígado causando obstrução das mesmas, sendo esta a causa da maioria dos sintomas da doença que pode ser crônica e levar a morte. Como todos os platelmintes, o tubo digestivo do Schistosoma é incompleto e tem sistemas de órgãos muito rudimentares. É um parasita intravascular e permanece sempre no lúmen dos vasos quando infecta o Homem.



Nematoides

 


O filo nematoide é um dos maiores filos da Zoologia em número de indivíduos viventes. Existem espécies parasitas, mas a maioria é de vida livre. Nesse filo aprece pela primeira vez um sistema digestivo completo. Os nematódeos não possuem sangue, sistema circulatório, nem sistema respiratório.

 Doenças causadas por nematoides

- Ascaridíase

A infecção ocorre quando há ingestão dos ovos do parasita (Ascaris lumbricoides), que se encontram no solo, água ou alimentos contaminados pelas fezes. O único reservatório é o homem, pois o verme habita o intestino. Se os ovos encontram um meio favorável, podem contaminar durante vários anos. As medidas preventivas são medidas de saneamento básico: lavagem das mãos após uso do sanitário, lavagem de frutas e verduras com água corrente e higiene pessoal, principalmente. É necessário, também, fazer o tratamento de todos os portadores da doença.

- Ancilostomíase

È uma doença causada pelo ancilóstomo (Ancilóstomo duodenale) ou o necátor (Necator americanus). Essa doença é conhecida como amarelão. O ciclo do parasita se inicia quando os ovos são liberados no ambiente e tornam-se larvados. A infecção mais comum é por penetração da larva pela pele humana, mas pode ocorrer penetração por mucosas (boca). A infecção ocorre preferencialmente em locais baixos, alagáveis e férteis. A larva atinge a circulação linfática ou vasos sanguíneos, passando pelos pulmões e retornando até a faringe para a deglutição (Ciclo de Looss). As larvas se instalam no intestino e atinge desenvolvem até o estágio adulto. Uso de calçados, hábitos de higiene corporal, fervura da água a ser ingerida e cuidados na preparação de alimentos são medidas preventivas.



ASCHELMINTHES OU NEMATELMINTOS

Os Asquelmintes constituem um conjunto heterogêneo de animais marinhos e de água doce conhecidos, como gastrótricos, rotíferos e nematódeos, dentre outros. Eles são por vezes colocados em um filo denominado Aschelminthes, embora possam ser considerados filos distintos. Vermes cilíndricos, tubo digestivo completo, presença de boca e ânus.

Os nematódeos ou nemátodos (Nemathelminthes) (também chamados de vermes cilíndricos) são considerados o grupo de metazoários mais abundantes na biosfera, com estimativa de constituírem até 80% de todos os metazoários (Bongers, 1988 apud Boucher & Lambshead, 1995), com mais de 20.000 espécies já descritas, de um número estimado em mais de 1 milhão de espécies atuais (Briggs, 1991), que incluem muitas formas parasitas de plantas e animais. Apenas os Arthropoda apresentam maior diversidade. O nome vem da palavra grega nema, que significa fio.

Os asquelmintos (que já foram classificados como Aschelminthes, Nemathelminthes ou Pseudocoelomata) são animais triblásticos, protostômios, pseudocelomados (cavidade só parcialmente revestida pela mesoderme). Seu corpo cilíndrico exibe simetria bilateral. Possuem sistema digestivo completo, sistemas circulatório e respiratório ausentes; sistema nervoso parcialmente centralizado, com anel nervoso ao redor da faringe. Entre os asquelmintos, o grupo mais numeroso e de maior importância para o homem é a classe Nematoda, à qual muitos autores atribuem a categoria de filo (filo Nematelminthes).

NEMATELMINTOS

 Apresentam-se moles e lisos.

Podem conter ventosas para fixação.

Possuem em seu organismo órgãos sexuais masculinos e femininos (hermafrodita).

O sistema digestório distribui alimento para todas as partes do corpo, daí possuir tubo digestivo completo.

São representados basicamente pelas planárias, tênias e esquistossomo.

Geralmente têm sexos separados.

São representados por ancilóstomos, Lombrigas, oxiúros e filarias.

O contágio ocorre pela penetração de larvas através da pele.

Composição dos asquelmintos Os grupos sistemáticos incluídos nos asquelmintos, muitas vezes considerados filos, são:

· Acanthocephala - vermes parasíticos de cabeça espinhosa; cerca de 1150 espécies conhecidas; · Chaetognatha - quetognatas, pequenos organismos marinhos; cerca de 70 espécies conhecidas;

· Cycliophora - ciclióforos; apenas uma espécie descrita;

· Gastrotricha - gastrotricas; cerca de 430 espécies conhecidas, todas microscópicas;

· Kinorhyncha - quinorrincas; cerca de 150 espécies known, todas microscópicas;

· Loricifera - loricíferos; cerca de 10 espécies descritas, todas microscópicas;

· Nematoda - nemátodes ou lombrigas; cerca de 12,000 espécies conhecidas, embora se estime que existam mais de 200,000;

· Nematomorpha - vermes sem-fim; cerca de 320 espécies conhecidas;

· Priapulida - vermes priapulídeos ; 16 espécies conhecidas;

· Rotifera - rotíferos; cerca de 1500 espécies conhecidas, todas microscópicas, características da água doce.

filogenética

Atualmente, pensa-se que este grupo parafilético é um agrupamento artificial, baseado apenas em características comuns que podem ter resultado de estratégias evolutivas semelhantes, tal como a existência dum pseudoceloma em vez dum verdadeiro celoma, ou seja, uma cavidade cheia de líquido que rodeia o intestino e que contém o mesentério, formado pela mesoderme do embrião. Por esta razão, os protostómios foram agrupados em clades monofiléticos que incluem vários destes filos:

· Ecdysozoa – que inclui todos os animais com exoesqueleto e que, para crescer, têm de o substituir, num processo denominado muda ou ecdise; neste grupo incluem-se, entre outros, os artrópodes e os nemátodos.

· Lophotrochozoa – que inclui dois grupos de animais, os Lophophorata e os Trochozoa, com características diferentes, mas que têm em comum a ausência de celoma ou pseudoceloma.

· Esta classificação deixa de fora um certo número de filos, como os Rotifera e os Platyhelminthes, cuja filogenia ainda não está determinada.

Ecologia dos asquelmintos

Um grupo tão diverso teria de apresentar também uma grande diversidade de formas de vida: alguns asquelmintos são parasitas, como muitos nemátodos, Acanthocephala e Nematomorpha. Muitos vivem em solos úmidos ou no sedimento de massas de água doce (gastrótricas, rotíferos e nemátodos) ou marinho (gastrótricas, quinorincas, loricíferos e outros). Os quetognatas são ativos predadores cosmopolitas no plâncton oceânico. Muitos pequenos asquelmintos são capazes de entrar em estado de vida latente quando as condições ambientais se tornam desfavoráveis, um processo conhecido como criptobiose.

Os nematelmintos de interesse médico podem ser representados por:

· ANCILÓSTOMO - Ancylostoma duodenale – AMARELÃO

· LOMBRIGA - Ascaris lumbricoides – ASCARIDÍASE

· OXIÚRUS - Enterobius vermicularis – OXIUROSE

· FILÁRIAS - Wuchereria bancrofti – ELEFANTÍASE

Novidades evolutivas

: Pseudocelomados protostômios (Tubo Digestivo completo)

. Simetria bilateral. Sistema Excretor (célula em H). Sistema nervoso ganglionar

. Digestão extra e intracelular

. A maioria e dióica

. Retira as excretas do Pseudoceloma

. Doenças causadas por asquelmintos:

Ascaridíase: Ascaris lumbricoides

Sintomas: Bronquite, complicações pulmonares, convulsão, cólicas, enjoo, obstrução intestinal.

Transmissão: Via oral, pela ingestão de ovos.

Profilaxia: Higiene pessoal, uso de sanitários.

Dermatite serpiginosa: Ancylostoma brasilienses

Sintomas: Parasita anormal do cão. Parasita acidental da pele humana, onde causa prurido e infecção.

Transmissão: As larvas penetram na pele.

Profilaxia: Evitar o contato da pele com a areia das praias frequentadas por cães.

Oxiuriose (Enterobiose): Enterobius vermiculares

Sintomas: Forte irritação e plurido anal, distúrbios intestinais.

Transmissão: ingestão de ovos.

Profilaxia: higiene pessoal.

Elefantíase (filariose): Wuchereria bancrofti

Sintomas: Linfagite, linforragia, edema nas pernas, seios e saco escrotal.

Transmissão: Pela picada do pernilongo (díptero) Culex fatigans.

Profilaxia: Destruição dos insetos.

Ancylostomose (opilação, amarelão): Ancylostoma duodenale

Sintomas: ulcerações intestinais, diarreia, anemia profunda, enfraquecimento, geofagia (habito de comer terra).

Transmissão: As larvas rabolitóides penetram na pele.

Profilaxia: Uso de calçados e sanitários.



Anelídeos

 

Vulgarmente chamam-se anelídeos aos vermes segmentados - com o corpo formado por “anéis” - do filo Annelida como a minhoca e a sanguessuga. A cavidade geral do corpo é chamada celoma. É o primeiro filo que apresenta sistema circulatório. Existem mais de 15.000 espécies destes animais em praticamente todos os ecossistemas, terrestres, marinhos e de água doce. Encontram-se anelídeos com tamanhos desde menos de um milímetro até mais de 3 metros.

Os anelídeos possuem uma divisão do corpo em anéis. Eles respiram pela pele e por isso possuem a pele úmida. Dentre os filos já estudados é o primeiro a apresentar sistema circulatório. Eles apresentam também sistemas digestivo, nervoso, reprodutor e excretor. 

 • Celomados 

 • Simetria bilateral 

 • triblástico 

 • protostômio 

 • Sistema digestivo completo ( boca e anus ) 

 • Sistema nervoso ganglionar - ventral 

 • Sistema excretor com nefrídeos 

 • Sistema circulatório fechado 

 • Sistema respiratório cutâneo ou branquial 

 • Sistema reprodutor desenvolvido

 Os anelídeos são classificados em Poliquetos (Poliquetas), Oligoquetos (Ex.: minhocas) e Hidrudíneos (Ex.: as sanguessugas). Essa classificação é baseada na quantidade de cerdas: o primeiro tem muitas cerdas, segundo poucas e os hidrudíneos não têm cerdas. 

Classes : 

Oligoquetos : existência de pequenas cerdas de quitina ao longo do corpo que auxiliam na locomoção . Ex: minhocas , minhocuçu . 

Poliquetos : Representam os anelídeos de água salgada dotados de projeções laterais denominadas parapódios onde são encontradas numerosas cerdas . A cabeça e diferenciada possuindo olhos e tentáculos especializados para tato e olfato . A respiração pode ser cutânea ou branquial e os sexos são separados . No desenvolvimento embrionário , observamos uma fase larvaria ciliada denominada trocofora . Ex : nereis , eunice ( verme palolo ) , tubícolas , etc. 

Hirudíneos : São vermes aquáticos ou terrestres de corpo achatado dorso - ventralmente . Possuem sempre uma grande ventosa posterior , e algumas vezes , uma anterior . Podem ser parasitas ou predadores e apresentam nenhum tipo de cerdas . Respiração cutânea , hermafroditas ( monóicos ) e desenvolvimento direto.  O nome vem de hirudina (substância anti-coagulante presente na saliva de alguns representantes . Ex. : sanguessugas .

A minhoca : corpo coberto por cutícula de quitina sob a epiderme , apresenta 2 camadas de musculatura, uma circular , outra longitudinal. tiflossole : prega longitudinal do intestino que aumenta a superfície de absorção de alimentos. Respiração cutânea : troca de gases através da pele. Fecundação cruzada . 

 A forma de reprodução dos anelídeos varia de espécie para espécie, podendo ser tanto assexuada como sexuada. Embora as minhocas sejam animais hermafroditas, fazem fecundação cruzada. O desenvolvimento é direto. As minhocas têm papel muito importante para a aeração e adubação do solo.

Anatomia

Os anelídeos são animais de corpo alongado, segmentado, triploblásticos, protostômios e celomados, ou seja, com a cavidade do corpo cheia de um fluido onde o intestino e os outros órgãos se encontram suspensos.

Os oligoquetas e os poliquetas possuem celomas grandes, mas, nas sanguessugas, o celoma está preenchido por tecidos e reduzido a um sistema de estreitos canais; em alguns arquianelídeos o celoma está completamente ausente. O celoma pode estar dividido numa série de compartimentos por septos. Em geral, cada compartimento corresponde a um segmento e inclui uma porção dos sistemas nervoso e circulatório, permitindo-lhes funcionar com relativa independência.

Cada segmento está dividido externamente em um ou mais anéis, é coberto por uma cutícula segregada pela epiderme e, internamente, possui um fino sistema de músculos longitudinais. Estas características são parcialmente comuns aos nemátodos e aos artrópodes e, por isso, eles foram durante algum tempo colocados no mesmo grupo sistemático, o filo Articulata, mas estudos mais recentes revelaram que essas características devem ser consideradas como convergências evolutivas.

Nas minhocas (Oligochaeta), os músculos são reforçados por lamelas de colagênio; as sanguessugas (Hirudinea) têm uma camada dupla de músculos, sendo os exteriores circulares e os interiores longitudinais.

A maioria dos anelídeos possui, em cada segmento, um par de sedas, mas os Polychaeta (as minhocas marinhas) possuem ainda um par de apêndices denominados parápodes (ou “falsos pés”).

Na extremidade anterior do corpo, antes dos verdadeiros segmentos - a cabeça -, encontra-se o protostômio onde se encontram os olhos e outros órgãos dos sentidos. Por baixo, encontra-se o peristômio, onde está a boca. A extremidade posterior do corpo é o pigídio, onde está localizado o ânus e os tecidos que dão origem a novos segmentos durante o crescimento.

Muitos poliquetas possuem órgãos de sentidos bastante elaborados, mas as formas sésseis muitas vezes apresentam tentáculos em forma de pluma, que eles utilizam para se alimentarem. Para além disso, muitas espécies têm fortes maxilas, por vezes mineralizadas com óxido de ferro. O tubo digestório é bastante especializado, devido à variedade das dietas, uma vez que muitas espécies são predadoras, outras detritívoras, outras alimentam-se por filtração, outras ainda ingerem sedimentos, dos quais o intestino tem de separar a parte nutritiva; finalmente, as sanguessugas alimentam-se de sangue de outros animais, por sucção.

O sistema vascular é composto por um vaso sangüíneo dorsal que leva o “sangue” no sentido da “cauda” e outro ventral, que o traz na direção oposta.

O sistema nervoso é formado por um cordão ventral, a partir do qual saem nervos laterais em cada segmento.

Reprodução

A forma de reprodução dos anelídeos varia de espécie para espécie, pondendo ser tanto assexuada como sexuada.

Classe Archiannelida

Archiannelida é considerado um grupo de anelídeos primitivos, mas iso não é certo, uma vez que não se sabe se o grupo é primitivo ou se são uma degeneração de poliquetas.

Características

· são seres intersticiais (vivem entre os grãos de areia).

· são transparentes / alaranjados. · possuem estruturas adesivas (ventosas ou muco) para se fixarem nos grãos de areia e assim não serem levados pelas marés.

· corpo vermiforme e longo.

· presença de cílios e flagelos.

· podem posuir 2 cavidades (os poliquetas também têm) que são quimioreceptoras. Saem cerdas destas cavidades.

· marinhos / dulcícolas.

· corpo filiforme.

· segmentos pouco diferenciados externamente.

· fibras musculares bem desenvolvidas.

· faringe eversível (probóscide).

· parapódios reduzidos ou ausentes.

· prostômio com ou sem tentáculos. Se sim, são 2 ou 3.

· presença ou não de de 4 palpos no peristômio e de cirros tentaculares.

· ausência ou 1 par de olhos.

· órgãos nucais. · pigídio com papilas adesivas (muco).

· sexos separados.

· Fecundação interna / externa.

· larva trocófora (desenvolvimento não é direto).

· Até hoje só foi descrita a reprodução sexuada. A assexuada ainda não foi descrita, mas não se pode falar que não ocorre porque este é um animal pouquíssimo estudado até hoje.

Branchiobdellidae

Os branquiobdelídeos são anelídeos parasitas ou comensais de lagostins de água doce. Apresentam semelhanças tanto com os oligoquetas como com as sanguessugas e já foram incluídos em ambos os grupos, mas atualmente as autoridades acreditam que tenham divergido inicialmente da base do grupo comum oligoqueta/hirudíneo e justificam que se deva colocá-los em uma classe ou sub classe separada (Branchiobdellida).

Todos os branquiobdelídeos são muito pequenos (1 a 10 mm) e são compostos de somente 17 segmentos. A cabeça encontra-se modificada em uma ventosa com um círculo de projeções digitiformes. A boca é terminal e a cavidade bucal contém dois dentes. Os segmentos posteriores (15 a 17) também se modificaram para formar uma ventosa e nenhum tem cerdas. O ânus é dorsal no segmento 14. Os branquiobdelídeos tem um celoma segmentado, um sistema sangüíneo-vascular mais ou menos típico dos anelídeos e dois pares de metanefrídios. Algumas espécies são ectoparasitas nas brânquias dos lagostins; outras vivem na superfície externa de exoesqueleto e alimentam-se dos resíduos orgânicos e dos microrganismos acumulados. Os branquiobdelídeos são hermafroditas com fertilização interna. Os zigotos são depositados em casulos, que se desenvolvem em criptolarvas, como nas sanguessugas arrincobdelídeas.

Oligochaeta

Oligochaeta é uma sub-classe de anelídeos segmentados que inclui a minhoca. As oligoquetas têm o corpo coberto por muco e cerdas. O muco facilita o movimento ao diminuir o atrito, ao mesmo tempo que ajuda à formação de galerias por fixação do solo.

O clitelo, anel esbranquiçado que indica a maturação sexual, é formado pela produção exagerada de muco. As cerdas dos oligoquetas aquáticos são maiores e auxiliam a natação.

O corpo dos oligoquetas é segmentado e encontra-se dividido em: prostômio, peristômio e pigídio. A boca é ventral e está presente no peristômio, enquanto que o ânus está localizado no pigídio. O sistema digestivo é composto pela boca, faringe eversível (probóscide), esôfago, papo (onde se acumulam os alimentos), moela (onde se dá a trituração), intestino e ânus. O sistema circulatório é fechado e constituído por vasos laterais rodeados por células musculares que funcionam como corações laterais (ou arcos aórticos). Dependendo da espécie, os oligoquestas têm 2 a 3 pares de corações aórticos. As trocas gasosas com o meio são feitas a partir da epiderme que necessita estar úmida pela ação do muco para permitir a respiração. O sistema nervoso é ganglionar e não comporta sistema sensorial. Por isso, os oligoquestas não têm antenas, olhos ou tentáculos. No entanto, há células receptoras que conseguem detectar a luz ou ausência dela.

Todos os oligoquetas são hermafroditas e reproduzem-se de forma assexuada ou sexuada. Neste último caso, a cópula é cruzada e ocorre com a adesão de um clitelo de um animal ao clitelo do outro. Ambos os animais fecundam e fertilizam-se mutuamente. No final da cópula, os oligoquetas deslizam entre si, retirando os clitelos que já estão fecundados com espermatozóides e óvulos. Ao sair do corpo do animal, o clitelo perde a sua forma e transforma-se num casulo.

Os oligoquetas têm enorme importância econômica para o homem. Graças ao seu modo de vida subterrâneo, são agentes essenciais na regeneração e manutenção de solos, bem como indicadores importantes da qualidade e poluição dos solos. Do ponto de vista econômico são produtores ativos de húmus, que pode servir como fertilizante e podem servir como base de rações animais (aves e peixes) ou isca para pesca.

Polychaeta

Polychaeta é uma classe de anelídeo que inclui cerca de 8,000 espécies de vermes aquáticos. A grande maioria das espécies é típica de ambiente marinho, mas algumas formas ocupam ambientes de água doce ou salobra. O nome deriva do Grego poly + chaeta que significa muitas cerdas, numa referência às cerdas que lhes cobre o corpo. Muitas espécies de poliquetas são coloridas e algumas são mesmo iridiscente. Os poliquetas distribuem-se na coluna de água desde a zona intertidal até profundidades de 5,000 metros. No conjunto, os poliquetas medem 5 a 10 cm de comprimento em média, mas há espécies com apenas 2 milímetros e outras que atingem 3 metros.

O sistema digestivo dos poliquetas é bastante variável, de acordo com os diferentes tipos de alimentação observados pelo grupo. A respiração faz-se, sobretudo, por trocas gasosas diretamente através da pele, que tem extensões que servem a função de brânquias. O sistema excretor é igualmente variável de acordo com a espécie, podendo ser constituído por um único par de tubos excretores ou um par por segmento.

Os poliquetas são animais dióicos e a reprodução é geralmente sexuada. Na maioria das espécies a fertilização é externa e ocorre na água, dando origem a larvas de vida livre.

Em alguns casos observa-se fertilização interna ou a deposição dos ovos fixos a objetos através de muco. A libertação de óvulos e esperma dos poliquetas faz-se de noite e está correlacionada com as fases da lua.

O grupo é geralmente dividido em dois grupos: Errantia e Sedentaria. Como o próprio nome indica, os poliquetas errantes têm vida livre seja nadando na coluna de água ou como organismos bentónicos móveis. A maioria das espécies deste grupo é predadora de pequenos invertebrados ou detritívora. Têm cabeça, olhos funcionais e tentáculos sensoriais. Os poliquetas sedentários estão adaptados para viver permanentemente em tubos escavados no substrato ou fixos a rochas. São na maioria dos casos organismos detritívoros ou filtradores.

Resumindo:

POLIQUETAS

Vida livre, com cabeça diferenciada e segmentos do corpo de parápodes.

Sendo que a maioria medem alguns centímetros e poucos são parasitas.

O aparelho digestório se inicia pela boca, seguindo-se ela faringe, esôfago e o intestino que vai terminar no ânus.

O aparelho circulatório é formado por um conjunto de vasos que variam de organização simples ou mais complexa.

Respiram por brânquias e outros através da parede do corpo. Já os órgãos excretores são formados por nefrídios.

OLIGOQUETAS

Possui como representante as minhocas.

Apresentam as seguintes características básicas:

A maioria é terrestre.

Apresentam-se em abundância em solo úmido.

Possuem espécies de água doce ou marinha.

Corpo revestido de cutícula.

Aparelho digestório organizado.

Sistema nervoso e circulatório semelhante aos poliquetas.


 

MOLUSCOS

 

Os moluscos recebem esse nome por apresentarem corpo mole, eles podem apresentar concha e possuem corpo pode ser dividido em cabeça, massa visceral e pé. A alimentação pode ser por filtração em algumas espécies. Nos moluscos encontramos sistemas digestivo, nervoso, reprodutor e excretor, além do sistema circulatório já presente nos Anelídeo. Os moluscos são divididos em Gastrópodes (Ex.: Caramujo), Bivalves (Ex.: Mexilhão) e Cefalópodes (Ex: Lulas e polvos) Existem moluscos dióicos ou monóicos (“hermafroditas”), mas esses não fazem autofecundação (realizam fecundação cruzada). O desenvolvimento pode ser direto ou indireto.

Apresentam o corpo mole, protegido por uma concha simples ou de duas peças: polvo (sem concha), lula (concha interna) e ostra (concha externa). Compreende grande diversidade. Neste grupo, destacamos os polvos e lulas, os caracóis, os caramujos, lesmas, ostras e mexilhões. São animais de corpo mole, podendo apresentar concha ou não e são estudados em cinco classes fundamentais.

· ANFINEUROS

· GASTRÓPODES

· ESCAFÓPODES

· LAMELIBRÂNQUIOS

· CEFALÓPODES

IMPORTÂNCIA DOS MOLUSCOS

Em relação às cadeias alimentares, essas espécies de animais são de grande importância. Como, por exemplo, temos os mexilhões que são “devorados” pela estrela – do – mar. Certos moluscos como as ostras, búzios, lulas e polvos são utilizados pelo homem como fonte de alimento, pois a carne deste animal é rica em proteínas. Na área de saúde pública, os caramujos de água doce assumem um certo destaque, pois o verme causador de esquistossomose (Shistosma mansoni) que utiliza o caramujo de água – doce (Biomphalaria) para completar seu ciclo evolutivo.



Equinodermos

Equinodermos: são animais que apresentam o corpo coberto de espinhos. São exclusivamente marinhos. Ex.: ouriço-do-mar, estrela-do-mar, pepino-do-mar. Os equinodermos não apresentam o sistema circulatório e o nervoso é pouco desenvolvido. O sistema digestivo é completo. São dióicos com desenvolvimento indireto. Possuem um sistema ambulacrário que permite desempenhar movimentação e transporte de substância.

Os equinodermos são os seres do filo Echinodermata (gr. echinos, espinho; derma, pele), pertencente à clade Deuterostomia do reino Animalia. São animais de simetria radial, e como exemplo podem ser citados as equinodermas: estrela-do-mar, holotúria e ouriço-do-mar. Estes animais se aproximam muito dos cordados por possuírem celoma verdadeiro (de origem enterocélica) e por serem deuterostômios, ou seja, o orifício embrionário conhecido como blastóporo origina o ânus dos indivíduos. Na fase larval os equinodermos possuem simetria bilateral, vindo desenvolver a simetrial radial somente no adulto. Esta é basicamente pentâmera, ou seja, os elementos se dispõem em 5 ou múltiplos de 5. Possuem esqueleto formado por placas calcárias, coberto por fina camada epidérmica. Esse esqueleto é de origem mesodérmica. Os equinodermos tipicamente possuem um sistema ambulacral ou aquífero que além de substituir o sistema circulatório no transporte de substâncias também é utilizado na locomoção destes animais. O sistema ambulacral funciona através de um sistema de canais hidráulicos, nos quais a diferença de pressão produz movimentos físicos. Também existem ventosas nas extremidades dos canais que permitem ao animal fixar-se ao substrato. Os espinhos estão presentes em diversos formatos nos grupos de equinodermos e atuam com a função de proteger o animal e para a locomoção. Podem ser recobertos por substâncias de caráter tóxico. São animais marinhos, de vida livre, exceto pelos crinóides que vivem fixos ao substrato rochoso (sésseis). As classes em que se divide o reino são:

· Echinoidea (ouriço-do-mar e bolachas-da-praia)

· Asteroidea (estrelas-do-mar)

· Ophiuroidea (ofiúro)

· Holothurioidea (holotúria ou pepino-do-mar)

· Crinoidea (lírio-do-mar)

Sistema ambulacral é um sistema hidráulico que funciona para transporte de substâncias, ajuda na locomoção, etc. Exclusivo de equinodermos.

Resumindo:

Característica

· São exclusivamente marinhos;

· Possuem esqueleto interno de placas calcáreas (apresentando o elemento químico cálcio);

· Apresentam órgãos internos e externos;

· Contém órgãos de locomoção;

· A maioria da vida livre, porém alguns são fixos;

· Apresentam sexos separados

Classificação 

ASTERÓIDES 
Estrela-do-mar Não apresentam olhos. Possuem estruturas de locomoção chamada de braços. Corpo estrelado. Contém espinho. Possuem pés ambulacrais (estrutura de locomoção) e bocas.

EQUINÓIDES 
Ouriços-do-mar, bolacha-do-mar Corpo esférico; Apresentam espinhos móveis e finos; Animais de corpo globuloso; Alimentam-se de algas presas as rochas; Apresentam placas radiais.

OFIURÓIDES 
Serpentes-do-mar Apresentam corpo estrelado; Contém disco central definido; Espinhos situados nos braços; Deslocam-se com grande facilidade.

CRINÓIDES 
Lirios-do-mar Corpo estrelado; Braços ramificados; Vivem presos a rochas ou a outros corpos sólidos.

HOLOTURÓIDES 
Pepinos-do-mar Corpo alongado; Vivem enterrados na areia; Apresentam boca e ânus em extremidades oposta; Apresentam substâncias pegajosas presentes nos pés; Defendem-se lançando substâncias quando atacados por predadores.



segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Zabala- A prática educativa uma análise

 

Em outras profissões não se utiliza unicamente a experiência que dá a prática para a validação ou explicação das propostas. Por trás da decisão de um camponês sobre o tipo de adubos que utilizará, de um engenheiro sobre o material que empregará ou de um médico sobre o tratamento que receitará, não existe apenas uma confirmação na prática, nem se trata exclusivamente do resultado da experiência; todos estes profissionais dispõem, ou podem dispor, de argumentos que fundamentem suas decisões para além da prática. Existem determinados conhecimentos mais ou menos confiáveis, mais ou menos comparáveis empiricamente, mais ou menos aceitos pela comunidade profissional, que lhes permitem atuar com certa segurança. Conhecimentos e saber que lhes possibilitam dar explicações que não se limitam à descrição dos resultados: os adubos contêm substâncias x que ao reagir com substâncias z desencadeiam alguns processos que...; as características moleculares deste metal fazem com que a resistência à torção seja muito superior à do metal z e portanto; os componentes x do medicamento z ajudarão na dilatação dos vasos sanguíneos produzindo um efeito que...

Nós, professores, dispomos destes conhecimentos? Ou, dito de outra forma, temos referenciais teóricos validados na prática que podem não apenas descrevê-la, como também explicá-la, e que nos ajudem a compreender os processos que, se produzem nela? (Aliás, por que a nós, educadores, produz tanto respeito falar de teoria?). Certamente a resposta é afirmativa, mas com certas características diferentes: na educação não existem marcos teóricos tão fiéis e comparados empiricamente como em muitas das outras profissões. Mas me parece que hoje- em dia o problema não consiste em se temos ou não suficientes conhecimentos teóricos; a questão é se para desenvolver a docência é necessário dispor de modelos ou marcos interpretativos.

Alguns teóricos da educação, a partir da constatação da complexidade das variáveis que intervêm nos processos educativos, tanto em número como em grau de inter-relações que se estabelecem entre elas, afirmam a dificuldade de controlar esta prática de uma forma consciente. Na sala de aula acontecem muitas coisas ao mesmo tempo, rapidamente e de forma imprevista, e durante muito tempo, o que faz com que se considere difícil, quando não impossível, a tentativa de encontrar referências ou modelos para racionalizar a prática educativa.

Neste sentido, Elliot (1993) distingue duas formas muito diferentes de desenvolver esta prática:

a)     O professor que empreende uma pesquisa sobre um problema prático, mudando sobre esta base algum aspecto de sua prática docente. Neste caso o desenvolvimento da compreensão precede a decisão de mudar as estratégias docentes.

b)     O professor que modifica algum aspecto de sua prática docente como resposta a algum problema prático, depois de comprovar sua eficácia para resolvê-lo. Através da avaliação, a compreensão inicial do professor sobre o problema se transforma. Portanto, a decisão de adotar uma estratégia de mudança precede o desenvolvimento da compreensão. A ação inicia a reflexão.

Elliot considera que o primeiro tipo de professor constitui uma projeção das inclinações acadêmicas sobre o estudo do pensamento dos professores, que supõem que existe uma atuação racional na qual se selecionam ou escolhem as ações sobre a base de uma observação desvinculada e objetiva da situação; marco teórico em que pode se separar a investigação da prática. Para o autor, o segundo tipo representa com mais exatidão a lógica natural do pensamento prático.

Pessoalmente, penso que um debate sobre o grau de compreensão dos processos educativos, e sobretudo do caminho que segue ou tem que seguir qualquer educador para melhorar sua prática educativa, não pode ser muito diferente ao dos outros profissionais que se movem em campos de grande complexidade. Se entendemos que a melhora de qualquer das atuações humanas passa pelo conhecimento e pelo controle das variáveis que intervêm nelas, o fato de que os processos de ensino/aprendizagem sejam extremamente complexos - certamente mais complexos do que os de qualquer outra profissão - não impede, mas sim torna mais necessário, que nós, professores, disponhamos e utilizemos referenciais que nos ajudem a interpretar o que acontece em aula. Se dispomos de conhecimentos deste tipo, nós os utilizaremos previamente ao planejar, no próprio processo educativo, e, posteriormente; ao realizar uma avaliação do que aconteceu. A pouca experiência em seu uso consciente, a capacidade ou a incapacidade que se possa ter para orientar e interpretar, não é um fato inerente à profissão docente, mas o resultado de um modelo profissional que em geral evitou este tema, seja como resultado da história, seja da debilidade científica. Devemos reconhecer que isto nos impediu de dotarmo-nos dos meios necessários para movermo-nos numa cultura profissional baseada no pensamento estratégico, acima do simples aplicador de fórmulas herdadas da tradição ou da última moda.

Nosso argumento, e o deste livro, consiste em uma atuação profissional baseada no pensamento prático, mas com capacidade reflexiva. Sabemos muito pouco, sem dúvida, sobre os processos de ensino/ aprendizagem, das variáveis que intervêm neles e de como se interrelacionam. Os próprios efeitos educativos dependem da interação complexa de todos os fatores que se inter-relacionam nas situações de ensino: tipo de atividade metodológica, aspectos materiais da situação, estilo do professor, relações sociais, conteúdos culturais, etc.

Certamente nosso marco de análise deve se configurar mediante modelos mais próximos à teoria do caos - em que a resposta aos mesmos estímulos nem sempre dá os mesmos resultados - do que a modelos mecanicistas. No entanto, em qualquer caso, o conhecimento que temos hoje em dia é suficiente, ao menos, para determinar que existem atuações, formas de intervenção, relações professor-aluno, materiais curriculares, instrumentos de avaliação, etc., que não são apropriados para o que pretendem.

Necessitamos de meios teóricos que contribuam para que a análise da prática seja verdadeiramente reflexiva. Determinados referenciais teóricos, entendidos como instrumentos conceituais extraídos do estudo empírico e da determinação ideológica, que permitam fundamentar nossa prática; dando pistas acerca dos critérios de análise e acerca da seleção das possíveis alternativas de mudança. Neste livro tentaremos concretizá-los em dois grandes referenciais: a função social do ensino e o conhecimento do como se aprende. Ambos como instrumentos teóricos facilitadores de critérios essencialmente práticos: existem modelos educativos que ensinam certas coisas e outros que ensinam outras, o que já é um dado importante. Existem atividades de ensino que contribuem para a aprendizagem, mas também existem atividades que não contribuem da mesma forma, o que é outro dado a ser levado em conta. Pois bem, estes dados, embora à primeira vista possam parecer insuficientes, vão nos permitir entender melhor a prática na sala de aula.

AS VARIAVEIS QUE CONFIGURAM A PRÁTICA EDUCATIVA

Em primeiro lugar é preciso se referir àquilo que configura a prática. Os processos educativos são suficientemente complexos para que não seja fácil reconhecer todos os fatores que os definem. A estrutura da prática obedece a múltiplos determinantes, tem sua justificação em parâmetros institucionais, organizativos, tradições metodológicas, possibilidades reais dos professores, dos meios e condições físicas existentes, etc. Mas a prática é algo fluido, fugidio, difícil de limitar com coordenadas simples e, além do mais, complexa, já que nela se expressam múltiplos fatores, ideias, valores, hábitos pedagógicos, etc.

Os estudos da prática educativa a partir de posições analíticas destacaram numerosas variáveis e enfocaram aspectos muito concretos. De modo que, sob uma perspectiva positivista, buscaram-se explicações para cada uma destas variáveis, parcelando a realidade em aspectos que por si mesmos, e sem relação com os demais, deixam de ter significado ao perder o sentido unitário do processo de ensino/aprendizagem. Entender a intervenção pedagógica exige situar-se num modelo em que a aula se configura como um microssistema definido por determinados espaços, uma organização social, certas relações interativas, uma forma de distribuir o tempo, um determinado uso dos recursos didáticos, etc., onde os processos educativos se explicam como elementos estreitamente integrados neste sistema. Assim, pois, o que acontece na aula só pode ser examinado na própria interação de todos os elementos que nela intervêm.

Mas desde uma perspectiva dinâmica, e desde o ponto de vista dos professores, esta prática, se deve ser entendida como reflexiva, não pode se reduzir ao momento em que se produzem os processos educacionais na aula. A intervenção pedagógica tem um antes e um depois que constituem as peças substanciais em toda prática educacional. O planejamento e a avaliação dos processos educacionais são uma parte inseparável da atuação docente, já que o que acontece nas aulas, a própria intervenção pedagógica, nunca pode ser entendida sem uma análise que leve em conta as intenções, as previsões, as expectativas e a avaliação dos resultados. Por pouco explícitos que sejam os processos de planejamento prévio ou os de avaliação da intervenção pedagógica, esta não pode ser analisada sem ser observada dinamicamente desde um modelo de percepção da realidade da aula, onde estão estreitamente vinculados o planejamento, a aplicação e a avaliação.

Assim, pois, partindo desta visão processual da prática, em que estão estreitamente ligados o planejamento, a aplicação e a avaliação, teremos que delimitar a unidade de análise que representa este processo. Se examinamos uma das unidades mais elementares que constitui os processos de ensino/aprendizagem e que ao mesmo tempo possui em seu conjunto todas as variáveis que incidem nestes processos, veremos que se trata do que se denomina atividade ou tarefa. Assim, podemos considerar atividades por exemplo uma exposição, um debate, uma leitura, uma pesquisa bibliográfica, tomar notas, uma ação motivadora, uma observação, uma aplicação, um exercício, o estudo, etc. Desta maneira, podemos definir as atividades ou tarefas como uma unidade básica do processo de ensino/aprendizagem, cujas diversas variáveis apresentam estabilidade e diferenciação: determinadas relações interativas professor/alunos e alunos/alunos, uma organização grupai, determinados conteúdos de aprendizagem, certos recursos didáticos, uma distribuição do tempo e do espaço, um critério avaliador; tudo isto em torno de determinadas intenções educacionais, mais ou menos explícitas.

E esta unidade elementar que define as diferentes formas de intervenção pedagógica? É uma unidade suficiente? Sem dúvida, as atividades têm importância suficiente para proporcionar uma análise ilustrativa dos diferentes estilos pedagógicos, mas para o objetivo que nos propomos me parece insuficiente. As atividades, apesar de concentrarem a maioria das variáveis educativas que intervêm na aula, podem ter um valor ou outro segundo o lugar que ocupem quanto às outras atividades, as de antes e as de depois. E evidente que uma atividade, por exemplo, de estudo individual, terá uma posição educativa diferente em relação ao tipo de atividade anterior, por exemplo, uma exposição ou um trabalho de campo, uma leitura ou uma comunicação em grande grupo, uma pesquisa bibliográfica ou uma experimentação. Poderemos ver de que maneira a ordem e as relações que se estabelecem entre diferentes atividades determinam de maneira significativa o tipo e as características do ensino. Levando em conta o valor que as atividades adquirem quando as colocamos numa série ou sequência significativa, é preciso ampliar esta unidade elementar e identificar, também, como nova unidade de análise, as sequências de atividades ou sequências didáticas como unidade preferencial para a análise da prática, que permitirá o estudo e a avaliação sob uma perspectiva processual, que inclua as fases de planejamento, aplicação e avaliação.

AS SEQÜÊNCIAS DIDÁTICAS E AS DEMAIS VARIÁVEIS METODOLÓGICAS

A maneira de configurar as sequências de atividades é um dos traços mais claros que determinam as características diferenciais da prática educativa. Desde o modelo mais tradicional de "aula magistral" (com a sequência: exposição, estudos sobre apontamentos ou manual, prova, qualificação) até o método de "projetos de trabalho global" (escolha do tema, planejamento, pesquisa e processamento da informação, índice, dossiê de síntese, avaliação), podemos ver que todos têm como elementos identificadores as atividades que os compõem, mas que adquirem personalidade diferencial segundo o modo como se organizam e articulam em sequências ordenadas.

Se realizamos uma análise destas sequências buscando os elementos que as compõem, nos daremos conta de que são um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos.

Ao longo deste livro utilizarei indistintamente os termos unidade didática, unidade de programação ou unidades de intervenção pedagógica para me referir às sequências de atividades estruturadas para a realização de certos objetivos educacionais determinados. Estas unidades têm a virtude de manter o caráter unitário e reunir toda a complexidade da prática, ao mesmo tempo que são instrumentos que permitem incluir as três fases de toda intervenção reflexiva: planejamento, aplicação e avaliação.

Como vimos até agora, sistematizar os componentes da complexa prática educativa comporta um trabalho de esquematização das diferentes variáveis que nela intervêm, de forma que com esta intenção analítica e, portanto, de alguma maneira compartimentadora, podem se perder relações cruciais, traindo o sentido integral que qualquer intervenção pedagógica tem. Neste sentido - mesmo que nas atividades, e sobretudo nas unidades de intervenção, estejam incluídas todas as variáveis metodológicas - seria adequado identificá-las de forma que se pudesse efetuar a análise de cada uma delas em separado, mas levando em conta que sua avaliação não é possível se não forem examinadas em sua globalidade.

AS VARIÁVEIS METODOLÓGICAS DA INTERVENÇÃO NA AULA

Uma vez determinadas as unidades didáticas como unidades preferenciais de análise da prática educativa, é preciso buscar suas dimensões para poder analisar as características diferenciais em cada uma das diversas maneiras de ensinar. Tem havido várias maneiras de identificar as variáveis que configuram a prática; assim, Joyce e Weil (1985) utilizam quatro dimensões: sintaxe, sistema social, princípios de reação e sistema de apoio. Estes autores definem a sintaxe como as diferentes fases da intervenção, quer dizer, o conjunto de atividades sequenciadas; o sistema social descreve os papéis dos professores e dos alunos e as relações e tipos de normas que prevalecem; os princípios de reação são regras para sintonizar com o aluno e selecionar respostas de acordo com suas ações; os sistemas de apoio descrevem as condições necessárias, tanto físicas como pessoais, para que exista a intervenção.

Tann (1990), ao descrever o modelo de trabalho por tópicos, identifica as seguintes dimensões: controle, conteúdos, contexto, objetivo/categona, processos, apresentação/audiência e registros. Descreve o controle como o grau de participação dos alunos na definição do trabalho a ser realizado; o conteúdo, como a amplitude e profundidade do tema desenvolvido; o contexto se refere à forma como se agrupam os alunos em aula; o objetivo/categoria, ao sentido que se atribui ao trabalho e à temporalização que lhe é dada; o processo é o grau em que o estilo de ensino/aprendizagem está orientado desde um ponto de vista disciplinar ou de descobrimento e a natureza e variedade dos recursos empregados; os registros se referem ao tipo de materiais para a informação do trabalho desenvolvido e as aprendizagens realizadas pelos alunos.

Hans Aebli (1988), para descrever o que ele denomina as doze formas básicas de ensinar, identifica três dimensões: o meio do ensino/ aprendizagem entre alunos e professor e matéria, que inclui as de narrar e referir, mostrar e imitar ou reproduzir, a observação comum dos objetos ou imagens, ler e escrever; a dimensão dos conteúdos de aprendizagem, onde distingue entre esquemas de ação, operações e conceitos; e a dimensão das funções no processo de aprendizagem, a construção através da solução de problemas, a elaboração, o exercício/repetição e a aplicação.

Levando em conta estes e outros autores mais próximos de nossa tradição, as dimensões ou variáveis que utilizarei ao longo deste livro para a descrição de qualquer proposta metodológica incluem, além de certas atividades ou tarefas determinadas, uma forma de agrupá-las em sequências de atividades (aula expositiva, por descobrimento, por projetos...), determinadas relações e situações comunicativas que permitem

identificar certos papéis concretos dos professores e alunos (diretivos, participativos, cooperativos...), certas formas de agrupamento ou organização social da aula (grande grupo, equipes fixas, grupos móveis...), uma maneira de distribuir o espaço e o tempo (cantos, oficinas, aulas por área...), um sistema de organização dos conteúdos (disciplinar, inter- disciplinar, globalizador...), um uso dos materiais curriculares (livro- texto, ensino dirigido, fichas de autocorreção...) e um procedimento para a avaliação (de resultados, formativa, sancionadora...). Vamos examiná-las de novo situando-as na unidade didática:

As sequências de atividades de ensino/aprendizagem, ou sequências didáticas, são uma maneira de encadear e articular as diferentes atividades ao longo de uma unidade didática. Assim, pois, poderemos analisar as diferentes formas de intervenção segundo as atividades que se realizam e, principalmente, pelo sentido que adquirem quanto a uma sequência orientada para a realização de determinados objetivos educativos. As sequências podem indicar a função que tem cada uma das atividades na construção do conhecimento ou da aprendizagem de diferentes conteúdos e, portanto, avaliar a pertinência ou não de cada uma delas, a falta de outras ou a ênfase que devemos lhes atribuir.

® O papel dos professores e dos alunos-e, em resumo, das relações que se produzem na aula entre professor e alunos ou alunos e alunos, afeta o grau de comunicação e os vínculos afetivos que se estabelecem e que dão lugar a um determinado clima de convivência. Tipos de comunicações e vínculos que fazem com que a transmissão do conhecimento ou os modelos e as propostas didáticas estejam de acordo ou não com as necessidades de aprendizagem.

       A forma de estruturar os diferentes alunos e a dinâmica grupai que se estabelece configuram uma determinada organização social da aula em que os meninos e meninas convivem, trabalham e se relacionam segundo modelos nos quais o grande grupo ou os grupos fixos e variáveis permitem e contribuem de uma forma determinada para o trabalho coletivo e pessoal e sua formação.

« A utilização dos espaços e do tempo; como se concretizam as diferentes formas de ensinar usando um espaço mais ou menos rígido e onde o tempo é intocável ou permite uma utilização adaptável às diferentes necessidades educacionais. 

 A maneira de organizar os conteúdos segundo uma lógica que provém da própria estrutura formal das disciplinas, ou conforme formas organizativas centradas em modelos globais ou integradores.

• A existência, as características e o uso dos materiais auriculares e outros recursos didáticos. O papel e a importância que adquirem, nas diferentes formas de intervenção, os diversos instrumentos para a comunicação da informação, para a ajuda nas exposições, para propor atividades, para a experimentação, para a elaboração e construção do conhecimento ou para o exercício e a aplicação.

* E, finalmente, o sentido e o papel da avaliação, entendida tanto no sentido mais restrito de controle dos resultados de aprendizagem conseguidos, como no de uma concepção global do processo de ensino/aprendizagem. Seja qual for o sentido que se adote, a avaliação sempre incide nas aprendizagens e, portanto, é uma

peça-chave para determinar as características de qualquer metodologia. A maneira de avaliar os trabalhos, o tipo de desafios e ajudas que se propõem, as manifestações das expectativas depositadas, os comentários ao longo do processo, as avaliações informais sobre o trabalho que se realiza, a maneira de dispor ou distribuir os grupos, etc., são fatores estreitamente ligados à concepção que se tem da avaliação e que têm, embora muitas vezes de maneira implícita, uma forte carga educativa que a converte numa das variáveis metodológicas mais determinantes.

OS REFERENCIAIS PARA A ANALISE DA PRATICA

Anteriormente, comentava a necessidade de instrumentos teóricos que fizessem com que a análise da prática fosse realmente reflexiva e os resumia na função social do ensino e no conhecimento do como se aprende. Se temos presente que se denominaram fontes do currículo àqueles marcos que oferecem informação para a tomada de decisões sobre cada um dos âmbitos da intervenção educativa e nos quais podemos identificar a fonte sociológica ou socioantropológica, a fonte epistemológica, a fonte didática e a fonte psicológica, nos daremos conta de que nem todas elas se situam no mesmo plano. Existem diferentes graus de vinculação e dependência entre elas que nos permitem agrupá-las em dois grandes referenciais. Em primeiro lugar, e de maneira destacada, encontramos um referencial que está ligado ao sentido e ao papel da educação. É o que deve responder às perguntas: para que educar? para que ensinar? Estas são as perguntas capitais. Sem elas nenhuma prática educativa se justifica. As finalidades, os propósitos, os objetivos gerais ou as intenções educacionais, ou como se queira chamar, constituem o ponto de partida primordial que determina, justifica e dá sentido à intervenção pedagógica. Assim, pois, a fonte socioantropológica - que em qualquer dos casos está determinada pela concepção ideológica da resposta à pergunta de para que educar ou ensinar - condiciona e delimita o papel e o sentido que terá a fonte epistemológica. Assim, seu papel não pode ser considerado no mesmo plano, senão que está determinado pelas finalidades que decorrem do papel que se tenha atribuído ao ensino. A função do saber, dos conhecimentos, das disciplinas e das matérias que decorrem da fonte epistemológica será de uma forma ou outra segundo as finalidades da educação, segundo o sentido e a função social que se atribua ao ensino.

Por outro lado, as outras duas fortes, a psicológica e a didática, também estão estreitamente inter-relacionadas, mas também em dois planos diferentes, já que dificilmente pode se responder à pergunta de como ensinar, objeto da didática, se não sabemos como as aprendizagens se produzem. A concepção que se tenha sobre a maneira de realizar os processos de aprendizagem constitui o ponto de partida para estabelecer os critérios que deverão nos permitir tomar as decisões em aula. No entanto, é preciso sempre ter presente que estas aprendizagens só se dão em situações de ensino mais ou menos explícitas ou intencionais, nas quais é impossível dissociar, na prática, os processos de aprendizagem dos de ensino. Nesta perspectiva integradora, o conhecimento, que provém da fonte psicológica, sobre os níveis de desenvolvimento, os estilos cognitivos, os ritmos de aprendizagem, as estratégias de aprendizagem, etc., é essencial para precisar as referências que se devem levar em conta ao tomar as decisões didáticas. Assim, pois, o outro referencial para a análise da prática será o que é determinado pela concepção que se tem dos processos de ensino/aprendizagem.

No Quadro 1.1 podemos situar os. diferentes-elementos que utilizamos até agora para a análise da prática. Podem se observar, em primeiro lugar-, os dois referenciais enunciados e como se concretizam em conteúdos de aprendizagem e certos critérios de ensino que são os que, de forma combinada, incidem nas características que haveriam de adotar as variáveis metodológicas numa proposta de intervenção ideal. De certo modo, teríamos as condições da prática educativa a partir de um modelo teórico que não leva em conta o contexto educacional em que deve se desenvolver a prática. É neste primeiro nível que aparecem as propostas metodológicas gerais, os métodos teóricos de forma padronizada. A seguir situamos a realidade do contexto educacional em que há de se efetivar a intervenção e, portanto, uma série de condicionantes que impedem, dificultam ou delimitam o desenvolvimento ideal segundo o modelo teórico. Os espaços e a estrutura da escola, as características dos alunos e sua proporção por aula, as pressões sociais, os recursos disponíveis, a trajetória profissional dos professores, as ajudas externas, etc., são condicionantes que incidem, na aula de tal maneira que dificultam, quando não impossibilitam, a realização dos objetivos estabelecidos no modelo teórico.

Zabala- A prática educativa 



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