Primeiro repórter, depois ator de cinema e, entre 1947 e 1952 e em 1959, presidente do sindicato de atores, Reagan entrou em 1962 na política como membro do Partido Republicano. De 1967 a 1974, foi governador do Estado da Califórnia e, em 1981, eleito presidente, em substituição a Jimmy Carter e, depois, reeleito em 1984.
Reagan representou a volta dos republicanos à Presidência nas eleições de 1980, cujo vencedor foi Ronald Reagan, um político de posições conservadoras, afinado com o neoliberalismo. No ano anterior, a Inglaterra também havia escolhido o caminho neoliberal, com a ascensão de Margaret Thatcher ao posto de primeiro-ministro.
Contribuiu para a expansão da economia norte-americana. Poucos dias após sua posse, ainda em 1981, foi vítima de um atentado a bala. Recuperado, viu sua popularidade subir, ganhando apoio popular para suas reformas. Durante seus dois mandatos, criou condições favoráveis para o crescimento econômico, conseguindo manter baixa a inflação e aumentar o nível de emprego. Reagan implantou uma política conservadora, destinada a sanear a economia, baseada na redução dos impostos e dos juros elevados, tendo como contrapartida a diminuição dos benefícios sociais e um aumento do déficit público. Pretendia, desse modo, financiar as despesas de rearmamento (baseado sobretudo na construção de mísseis de médio alcance e na iniciativa de defesa estratégica/SDI).
Para atender seu eleitorado, formado basicamente pela parcela mais rica do país. Reagan colocou em prática uma política econômica conservadora, conhecida como reaganomics, que se caracterizou por: cortes nos gastos públicos, especialmente nos serviços previdenciários; diminuição de impostos, que atingiram o nível mais baixo desde a Segunda Guerra Mundial; liberação das importações, estimuladas pela supervalorização do dólar.
A princípio essa orientação levou ao aumento do produto nacional bruto (PNB) e à redução do desemprego, provocando euforia na sociedade norte-americana.
Em 1987, já no segundo mandato de Reagan, a violenta queda da Bolsa de Valores de Nova York mostrou uma dura realidade: a economia norte-americana não estava tão sólida quanto anunciava o governo. Ao contrário, o Estado gastava muito mais do que arrecadava com os impostos, criando um déficit orçamentário superior a 160 bilhões de dólares. Paralelamente, as facilidades de importação não só geraram uma balança de comércio desequilibrada, como desestimularam o investimento produtivo em vários setores da economia.
Diante disso e na tentativa de sanar a economia norte-americana, o governo procurou: adotar medidas protecionistas para incentivar a retomada do desenvolvimento industrial interno; reduzir os gastos militares; manter a política de juros altos para continuar atraindo investimentos externos.
Política externa
Anticomunista, seguiu inicialmente uma política de confronto com os Estados do bloco comunista e com os regimes revolucionários do Terceiro Mundo, especialmente na América Central (por exemplo, a Nicarágua).
Como Reagan representasse a ala mais conservadora do Partido Republicano, logo no início do seu mandato a guerra fria foi retomada. Os recursos militares americanos foram ampliados com o objetivo de efetivar a controvertida Iniciativa de Defesa Estratégica (conhecida como projeto Guerra nas Estrelas), um programa para desenvolver um escudo espacial destinado a tornar o país invulnerável. Os mísseis inimigos seriam eliminados por sofisticados canhões a laser, instalados em satélites, antes de atingir seu alvo em terra. Esse projeto foi intensamente criticado pela União Soviética, o que dificultou ainda mais as relações entre as duas potências.
Contudo, com as transformações incentivadas por Mikhail Gorbachev na União Soviética, tanto na política externa como na interna, Reagan tornou-se um firme defensor do fim do confronto entre os dois blocos. Procurou a aproximação com a União Soviética, o que possibilitou o fim da Guerra Fria. Para alguns especialistas, essa aproximação causou também o desmantelamento da URSS.
Se internamente Reagan se viu diante de graves problemas, principalmente econômicos, na política externa seu governo também foi bastante agitado. Isso porque os Estados Unidos, devido à sua posição de líder do mundo capitalista, mantém tropas em várias partes do globo para garantir seus investimentos econômicos e seus acordos políticos, acabando por se envolver em diversos conflitos.
Em 1986, Reagan autorizou uma intervenção militar na Líbia, acusando este país de patrocinar atentados terroristas e de ser o patrocinador do terrorismo internacional.
Foram frequentes os conflitos entre o governo americano e o presidente líbio Muamar Kadafi. As relações conflituosas entre Estados Unidos e Líbia antecederam o governo Reagan, porém com sua posse, as provocações se multiplicaram, de ambas as partes.
O caso mais grave tiveram início em abril de 1986, quando foi atribuído aos líbios um atentado à bomba que destruiu uma discoteca em Berlin Ocidental, frequentada por soldados norte-americanos. Dois deles foram mortos e 204 pessoas saíram feridas. Em represália, os Estados Unidos bombardearam Trípoli e Bengazi, na Líbia, fazendo inúmeras vítimas civis, entre elas uma filha adotiva de Kadafi, de 16 meses. Em janeiro de 1989, dois caças da Marinha norte-americana atingiram dois caças da MIG da Líbia, alegando que estes faziam voo suspeitos, já em espaço aéreo internacional.
Em novembro de 1986 veio a público, em denúncia da imprensa, que armas norte-americanas eram vendidas ao governo extremista do aiatolá Khomeini, em troca da libertação de reféns americanos, presos por xiitas. O dinheiro dessa transação era desviado ilegalmente para ajudar os "contras", grupo de direita que lutava para derrubar o governo sandinista da Nicarágua, na América Central. O escândalo abalou o prestígio de Reagan, ficando claro para o mundo que ele não só tinha conhecimento dessas transações, como também as autorizara. Uma comissão do Congresso norte-americano acabou inocentando o presidente, que recebeu apenas uma reprimenda por não ter controle efetivo sobre seus assessores.
De forma ilegal, o governo Reagan manteve, com armas, equipamentos e assessoria militar, o grupo dos "contras", que tentava derrubar, sem sucesso, o governo de Daniel Ortega. Com o escândalo Irã/"contras", o Congresso norte-americano passou a negar verbas ao governo para continuar sustentando a guerrilha de direita.
Os acordos para a eliminação do armamento nuclear de médio alcance na Europa (1987) e a reunião com Mikhail Gorbachev em 1988 foram passos fundamentais para a implantação de uma nova ordem na política mundial. Foi sucedido por George Bush.