domingo, 11 de dezembro de 2022

O Apartheid na África do Sul

A União da África do Sul foi criada em 1910 a partir de uma composição política entre regiões dominadas pelos bôeres (descendentes dos antigos colonos holandeses estabelecidos na região desde o século XVII) e por colonos britânicos. tratava-se de um Estado semi-independente que continuava fazendo parte da Comunidade Britânica e reconhecia a monarquia sediada em Londres.
O regime de segregação racial seria oficializado em 1948, com a chegada ao poder do Partido Nacional. A África do sul passou a desenvolver um das políticas mais violentas que o mundo conheceu: o apartheid.
Política de segregação étnica oficializada na África do Sul entre o período de 1948 a 1990. A palavra "apartheid" significa literalmente "separação", em relação à divisão estabelecida entre a minoria branca no comando político do país e a maioria racial dos negros e minorias mestiças e asiáticas. Em sua origem, tal política excluía as populações negras, mestiças e amarelas da participação política, que formavam uma grande maioria de 80% da população total sul-africana. 
Tal política antidemocrática, tendo base legal sofreu poucas transformações ao longo de sua história, caracterizando-se uma tentativa de perpetuação da minoria branca no poder, formada em sua maior parte por descendentes de holandeses (os chamados africâneres) em detrimento da total supressão dos direitos civis da maioria étnica. As disparidades entre os grupos étnicos da África do Sul foi bem anterior à oficialização legal do segregacionismo. 
o governo sul-africano transformou tal separação em um elaborado sistema legal de segregação e estabelecia a existência de quatro grupos: brancos, negros, mestiços e asiáticos. o apartheid atingia a habitação, o emprego, a educação e os serviços públicos. Foi implantado para favorecer a permanência no poder da minoria branca.
As leis do apartheid determinavam:
- negros não podiam ter participação política, ou seja, eram proibidos de votar e serem eleitos;
- negros não tinham direito à propriedade e eram obrigados a viver em terras reservadas. e nas cidades habitariam em bairros separados dos brancos;
- eram proibidos casamentos mistos;
- brancos e negros estavam proibidos de frequentarem juntos qualquer estabelecimento comercial, exceto se tivesse autorização oficial;
- os trabalhadores negros eram obrigados a obter autorização para circular nas zonas reservadas aos brancos.
Em 1961, a África do sul obteve sua independência completa e desligou-se da Coroa britânica. Daí em diante, a política do apartheid foi radicalizada. Outra leis aprovadas classificavam os negros em diversos grupos étnicos e linguísticos. Com essas leis foram criados, em 1971, Estados étnicos em terras reservadas para os negros africanos. Esses territórios reservados, denominado bantustões, que significa "pátria dos bantos", eram justamente as terras menos férteis e sem riquezas minerais. Somente nos miseráveis bantustões os negros teriam direito a cidadania.
Nas grandes cidades os negros eram obrigados a morar na periferia dos centros industriais, as townships. Eram bairros enormes e pobres, sem transporte público, sem os serviços básicos, como água encanada, eletricidade ou asfalto. Os trabalhadores negros eram obrigados a usar passaporte para transitar nas áreas dos brancos. O governo estabeleceu o uso separado de bibliotecas, parques, praias e transporte públicos.
A oposição ao regime segregacionista tomou corpo na década de 1960, quando o Congresso Nacional Africano (CNA), uma campanha de desobediência civil.
A indignação mundial levou diversos países a romper relações diplomáticas e econômicas com a África do Sul. A economia do país entrou em crise, por causa das sanções internacionais adotadas para pressionar o governo sul-africano. Os protestos prosseguiam nas ruas das principais cidades. Ao mesmo tempo, ampliavam-se os apoios ao movimento pela libertação do principal líder da luta contra o apartheid: Nelson Mandela.
O Congresso Nacional Africano já havia sido formado em 1912, três décadas e meia antes do apartheid, tendo como bandeira política a luta contra as restrições políticas e civis desde então impostas aos negros. Após o apartheid, todas as organizações políticas negras foram consideradas ilegais pelo governo minoritário branco. Nelson Mandela, o líder do então legalmente extinto Congresso Nacional Africano, assim como vários outros membros das organizações negras, passaram a ser perseguidos e presos. Na prisão de Nelson Mandela em 1962, este recebeu a sentença de 5 anos. Porém, sob acusações posteriores de sabotagem e traição, foi sentenciada a prisão perpétua ao líder político negro. 
Diante das pressões internacionais contra o segregacionismo étnico. Em 1990, sob o governo de Frederick Willem de Klerk, Nelson Mandela foi libertado e o fim do apartheid foi formalizado oficialmente, tendo a volta das organizações políticas negras à legalidade e a abertura do Parlamento à participação política dos negros, assim como a extensão irrestrita dos direitos civis a todos os cidadãos sul-africanos. 
O presidente de Klerk e Mandela ganharam conjuntamente o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Apesar do fim do apartheid, permanecem os grandes contrastes sociais entre as populações brancas e negras, tendo estas últimas permanecido em condições de miséria por durante séculos desde a colonização europeia da África.





Chile: da democracia ao golpe

Os anos 1970 foram extremamente difíceis também para outros países da América Latina. Muita violência política aconteceu no Chile, onde o presidente socialista Salvador Allende foi derrubado por um golpe militar, em 1973. Tanto no Brasil como no Chile, o rumo dos acontecimentos foi acompanhado de perto por Washington. Na visão da Casa Branca, a imposição de ditaduras militares nos países latino-americanos fazia parte da luta contra o comunismo.
No Chile, a CIA colaborou com um golpe de Estado contra o presidente Salvador Allende, em 1973. Eleito democraticamente em 1970, Allende estava realizando a reforma agrária e promovendo uma série de programas sociais, como alfabetização e melhoria do sistema de saúde e do saneamento básico. Além disso, estava nacionalizando diversas empresas norte-americanas.
A sociedade chilena, que não votara majoritariamente em Allende, dividia-se diante das nacionalizações e estatizações de bancos, empresas estrangeiras e, sobretudo, da exploração de minérios, base da economia do país. A alta burguesia chilena e os militares começaram a se mobilizar contra o avanço dos setores populares e da participação mais intensa de operários e camponeses no controle da produção.
As pressões estrangeiras sobre o governo de Allende, principalmente do governo norte-americano, aumentaram. Países com governos militares, incluindo o Brasil, auxiliavam silenciosamente a preparação do golpe. 
Boicotes e a diminuição acentuada de investimentos provocaram a queda da produção industrial e o desabastecimento. Nas ruas aumentaram os protestos da classe média, que acusava o governo pelas dificuldades enfrentadas pelo país.
Em conseqüência, Allende passou a sofrer uma campanha de desestabilização estimulada por Washington, que resultou no golpe militar de setembro de 1973. Depois de confrontos armados, o presidente foi encontrado morto no Palácio de La Moneda, sede oficial do governo chileno. O poder passou às mãos de uma junta militar chefiada pelo general Augusto Pinochet. Num clima de forte repressão, Pinochet dissolveu os partidos políticos e perseguiu os adversários do novo regime. O Estádio Nacional foi transformado em campo de concentração, lotado de presos políticos. Muitos deles desapareceram. Houve casos de prisioneiros torturados até a morte, como o cantor Victor Jara, muito querido entre o povo chileno por suas canções sobre os ideais de justiça e solidariedade.
Estrangeiros que viviam no Chile e que não conseguiram fugir a tempo ou refugiar-se dentro de embaixadas ou consulados de países estrangeiros também foram perseguido pelas tropas que apoiavam Pinochet.
A direita civil chilena, que se opunha a Allende e apoiou o golpe, não teve o espaço que esperava no governo militar. Após o terror da repressão dos primeiros anos, o regime de Pinochet passou a adotar medidas liberais de reorganização da economia e a desnacionalizar parte significativa da economia. Pinochet devolveu aos antigos proprietários a maioria das empresas nacionalizadas por Allende. Promoveu a privatização dos setores estatizados durante o governo de Allende e ampliou o ingresso de capital estrangeiro no país. Acelerou o crescimento econômico e superou a crise do período anterior.
Governou com poderes absolutos e impôs, em 1980, uma nova Carta Magna institucionalizando o regime autoritário. Apesar da repressão, a ditadura começou a declinar a partir de 1983, com as manifestações contra os planos econômicos recessivos do governo, que comprimiram os salários, cortaram subsídios à saúde e educação e geraram desemprego. A repressão policial já não era suficiente para intimidar os manifestantes. No final dos anos 1980, porém, a América Latina atravessou uma fase de redemocratização e as pressões internas e externas ao Chile pelo fim da ditadura cresceram.
Em 1988, o general sofreu uma séria derrota política. Num plebiscito sobre sua permanência no poder por mais oito anos, 55% dos votantes disseram não à proposta. O resultado forçou a transição do país para a democracia. As oposições se uniram para eleger à presidência o democrata cristão Patrício Aylwin, em dezembro de 1989. O general Pinochet, no entanto, assegurou sua permanência como chefe das Forças Armadas. Com isso, evitou seu próprio julgamento e o de militares acusados de tortura e de responsabilidade na morte de mais de 2.200 presos políticos durante o regime militar. Em março de 1998, Pinochet deixou o cargo e tornou-se membro vitalício do Senado, em meio a fortes protestos de políticos e de setores da opinião pública chilena.
Se dentro do Chile Pinochet não sofreu nenhuma punição pelos crimes do governo que liderava, fora do país (na Espanha) foi processado por crimes contra a humanidade e chegou a ser preso durante uma viagem à Inglaterra, em 1999. Sua idade avançada e o estado de saúde precário, juntamente com a indisposição do governo inglês de entrega-lo à justiça espanhola, permitiram que fosse libertado e retorna-se ao Chile, onde morreu no final de 2006.


sábado, 10 de dezembro de 2022

A revolução sandinista


Nem só de golpes de direita viveu a América Latina nos anos da Guerra Fria. Em 1979, um pequeno país da América Central desafiou o poderio norte-americano e fez sua revolução nitidamente popular chegar à vitória: a Nicarágua. A revolução sandinista marcou mais um capítulo na longa história de luta da Nicarágua pela sua soberania. A ingerência dos Estados Unidos sobre a vida política da Nicarágua vem desde o século XIX. No começo do século XX, o governo de Washington ampliou sua influência, interessado em proteger seu monopólio sobre o canal entre os oceanos Atlântico e Pacífico, inaugurado no vizinho Panamá em 1914.A ostensiva presença norte-americana na Nicarágua gerou a criação de movimentos nacionalistas de resistência.
O principal líder guerrilheiro, Augusto César Sandino, foi morto em 1934 por ordem do então comandante da Guarda Nacional nicaraguense, Anastásio Somoza Garcia. Em 1936, Somoza venceu as eleições presidenciais e inaugurou uma ditadura dinástica que atravessaria quatro décadas. Em 62, três anos depois da revolução cubana, o intelectual marxista Carlos Fonseca lançou o movimento guerrilheiro Frente Sandinista de Libertação Nacional, FSLN, com o objetivo de derrubar a ditadura da família Somoza e implantar um regime socialista no país. Em poucos anos a Frente Sandinista conquistou a simpatia da população, especialmente dos camponeses, que viviam em condições miseráveis e permanentemente aterrorizados pela Guarda Nacional Somozista. Nos anos 70, com a exacerbação da tirania e da corrupção do governo, até mesmo os setores burgueses e da classe média começaram a manifestar simpatia pelos sandinistas.
A crise atingiu um dos pontos mais altos em 1978, quando o jornalista Pedro Joaquín Chamorro, diretor do jornal La Prensa, foi assassinado por agentes de Somoza. Foi o estopim de uma insurreição nacional liderada pelos sandinistas. Os guerrilheiros derrotaram a Guarda Nacional e tomaram o poder em julho de 79. Anastásio Somoza Debayle, ditador desde 1967, conseguiu fugir do país, mas seria morto num atentado em 1980 em Assunção, no Paraguai.
O novo governo, encabeçado por Daniel Ortega e formado por sandinistas e setores liberais, expropriou todos os bens da família Somoza, nacionalizou bancos e companhias de seguro e passou grande parte da economia para o controle do Estado. A convivência pacífica de liberais e sandinistas duraria pouco. Em 1980, Violeta Chamorro e Alfonso Robelo, os dois liberais da junta, romperam com o governo e passaram para a oposição. Estava cada vez mais claro que os sandinistas caminhavam na direção de um regime socialista simpático a Cuba e à União Soviética.


Gorbatchev e o fim da Guerra Fria

Quando Mikhail Gorbatchev assumiu o comando político da União Soviética, em 1985, era evidente o descompasso entre o bloco socialista e o capitalista, devido ao crescimento econômico e tecnológico desse último. Em países como Estados Unidos, Japão e Alemanha efetivava-se uma dinâmica produtiva fundada na alta tecnologia, na eletrônica, na biotecnologia, na química fina.
Esse novo momento do desenvolvimento capitalista, chamado por muitos de Terceira Revolução Industrial, exigia grande volume de capitais pra manter as intensas e custosas pesquisas, e a rapidez e o dinamismo na produção de bens. Contando com imensas riquezas e o domínio mercado internacional, as grandes potências capitalistas viviam, assim, nos anos 1980, situação bem diferente da lentidão burocrática do regime soviético. A concorrência e a iniciativa privada, características típicas da economia capitalista, deixavam para trás as estruturas de produção planificadas, sob o comando burocrático dos soviéticos.
Para enfrentar esse quadro, Gorbatchev colocou em prática amplo processo de transformações, fundado em três pilares básicos: a distensão internacional, com acordos que pudessem interromper a corrida armamentista; a reestruturação econômica, chamada perestroika; e a abertura política, acabando com o centralismo do poder, denominado glasnost.
No início das reformas, enquanto Gorbatchev intensificava as pressões para o desarmamento, o governo do presidente norte americano Ronald Reagan voltava a estimular a corrida armamentista. Para isso, lançava o projeto Guerra nas Estrelas, uma espécie de escudo aéreo composto por sofisticados aparelhos capazes de destruir qualquer míssil lançado em direção aos Estados Unidos.
No plano interno, Gorbatchev estabeleceu o fim do regime de partido único, provocando o surgimento de novas agremiações. Libertou opositores do regime, viabilizou o abrandamento da censura e permitiu que os problemas fossem discutidos abertamente pela população. Ao mesmo tempo, os burocratas tradicionais, sentindo-se ameaçados em suas funções, prestígio e privilégios, tudo faziam para emperrar ainda mais a produção nacional, ampliando as já enormes dificuldades da população soviética. essa atitude irradiava descontentamento e provocava desprestígio ao governo do líder Gorbatchev.
Nesse embate, formaram-se duas poderosas facções política: os conservadores, contrários às mudanças defendidas por Gorbatchev; e os ultra-reformistas, defensores da aceleração da perestroika. Entre os principais líderes dessa última facção, destacava-se Boris Yeltsin, presidente da Rússia, principal república a formar a União soviética.
Ao mesmo tempo que Gorbatchev enfrentava pressões internas e avançava nos acordos de distensão, suas reformas se espalharam pelo Leste europeu, quebrando a unidade do bloco socialista. As reformas iniciadas em Moscou logo se refletiram na Europa socialista, onde os movimentos democráticos ganharam força para mudar todo o panorama político do antigo bloco soviético. Esse processo iniciado por Gorbatchev culminou no fim da própria União Soviética, em 1991. 
A partir daí, os Estados Unidos, vencedores da Guerra Fria, tornaram-se a única superpotência mundial e encontraram novos inimigos contra os quais lutar, como os fanáticos do Islã, de um lado, e os narcotraficantes, de outro lado. Ou seja, novos elementos para a mesma fórmula do Bem e do Mal dos tempos da Guerra Fria. É um mundo que enfrenta novos problemas, como o ressurgimento de conflitos nacionais e étnicos; a disputa entre blocos econômicos; e as grandes máfias que controlam o crime organizado internacional. 


Administração Gerald Ford (1974-1976)

Gerald Ford, vice de Nixon, completou seu mandato, no qual se destacaram a derrota norte-americana na Guerra do Vietnã e a contínua desmoralização do Partido Republicano. A derrota árabe na Guerra de Yom Kippur fez a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) aumentar o preço do barril de petróleo, que gerou a crise do petróleo de 1973 e trouxe um novo componente para o já tenso Oriente Médio. A crise provocou, em especial a partir de 1974, recessão mundial e grandes dificuldades para Ford manter com segurança a hegemonia dos Estados Unidos.


Boris Yeltsin

Boris Yeltsin, político russo, foi o primeiro presidente da Rússia após o desmembramento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Ministro de Mikhail Gorbachev, Yeltsin foi demitido em 1987 por pressionar o governo a acelerar as reformas políticas. Passou para a oposição, acabando por se tornar presidente do Soviete Supremo da Rússia, em 1989.
Em 1991, foi eleito para o recém-criado cargo de presidente da Rússia, defendendo reformas mais radicais que as de Gorbachev, o então secretário-geral do Partido. Yeltsin conduziu o desmembramento da URSS e a formação da Comunidade de Estados Independentes (CEI).
Eleito em 1991 para a presidência da recém-criada Federação Russa, Boris Yeltsin acelerou a transição do socialismo burocrático de Estado para o capitalismo, abolindo os controles de preços e privatizando as empresas estatais. A rapidez e a profundidade das mudanças, entretanto, agravaram os problemas da economia. Entre 1991 e 1998, o PIB registrou quedas sucessivas, o que aconteceu também nos países do Leste europeu.
Enquanto isso cresciam a inflação e o desemprego. A crise levou à rápida expansão do crime organizado. Grupos criminosos se apoderaram de grande parte da economia do país, além de controlar o contrabando, a prostituição e outras atividades ilegais.
Intensificaram-se também as tensões regionais. Em janeiro de 1995, por exemplo, tropas russas invadiram a Chechênia para esmagar uma revolta dos separatistas muçulmanos. O conflito foi suspenso em 1996 por um acordo de paz, mas as tensões étnicas continuaram latentes na região.
Em 1998, A economia russa entrou em colapso, provocando a queda das Bolsas de Valores em todo o mundo. A moeda do país o rublo, foi desvalorizado em 75% e, no ano seguinte, o desemprego chegou a 14,2 %. Em mais uma operação de salvamento, o FMI emprestou ao governo russo cerca de 22 bilhões de dólares, mas a crise não foi totalmente superada, Yeltsin que se reelegera presidente da Rússia em 1996, renunciou no fim de 1999, sendo sucedido por Vladimir Putin.



Revolução Chinesa

Com cerca de 400 milhões de habitantes a china no final do século XIX era um país submetidos aos interesses das principais potências imperialistas. Essa sujeição era tão intensa que, nas praças públicas das cidades chinesas, os ocidentais davam-se o direito de fincar cartazes onde se lia. “É proibida a entrada de cães e de chineses no jardim.” Cobiçada por suas riquezas naturais, pela grande população e pelo potencial de matérias-primas, a China acabou subjugada pelas potências capitalistas no século XIX com guerras e tratados desiguais. Após a Guerra do Ópio e a assinatura do Tratado de Nanquim, Hong Kong passou a ser controlada pelos britânicos em 1842. A cidade representava um ponto fundamental de ligação entre a Europa e a China.
Para exercer sua dominação, as nações imperialistas contavam com o apoio de uma propaganda massiva e a conivência dos imperadores chineses da dinastia Manchu, que dominavam o país desde o século XVII.
Esse contexto marcado por privilégios e humilhações levou inúmeros chineses a organizares atos de rebeldia. Em 1900, por exemplo, os Boxers, membros de uma sociedade secreta que praticava o boxe sagrado, iniciaram uma revolta nacional contra os estrangeiros, mas acabaram massacrados pelos exércitos das potências ocidentais que haviam se unido contra eles. Os Boxers foram vencidos. A semente, porém, estava lançada.
Aos poucos, as camadas populares foram se engajando na luta pela democracia. Finalmente, em 1911, o antigo império chinês desabou. A revolta que pôs fim à monarquia chinesa foi liderada por Sun Yat-sem, nomeado então presidente da República recém proclamada. Sun Yat-sem, junto com seus seguidores, fundou o Kuomintag, Partido Nacional do Povo.
A República chinesa, no entanto, não conseguiu fazer frente às potências estrangeiras e nem aos chefes militares locais, chamados “os senhores da guerra”. Eles possuíam enorme poder nas províncias e controlavam, juntamente com outros grandes proprietários de terra, cerca de 88% das terras produtivas.
Em 1921, com a disposição de organizar os operários, os artesãos e os 30 milhões de collies existentes no país, foi criado o Partido Comunista Chinês (PCC). Seus principais fundadores foram o intelectual Chen-Tu-xiu, o educador Peng-Pai e o ativista político Mao Tse-tung. A princípio, esse partido aliou-se ao Partido Nacional do Povo. Essa aliança, porém durou pouco.

Disputas pelo poder

Em 1927, o general Chiang Kai-shec assumiu o comando das tropas do Partido Nacional do Povo, disposto a submeter os chefes militares locais e impor-se ao país todo. Durante as lutas que então se travavam. Chiang Kai-shec voltou-se também contra os comunistas, ordenando que os massacrassem. A partir daí, a união entre os nacionalistas e os comunistas cedeu lugar a uma guerra entre eles.
Um dos episódios marcantes dessa guerra foi a Longa Marcha, uma caminhada de 10 mil quilômetros que o principal líder comunista, Mao Tse-tung, empreendeu com mais de 100 mil pessoas em direção ao noroeste do país com o objetivo de escapar ao cerco inimigo. Durante a caminhada, muitas pessoas morreram, outras ficaram pelo caminho organizando os camponeses, que haviam se transformado na principal base de apoio dos comunistas. Apenas 9 mil chegaram ao destino final, a província de Shensi, onde se ergueu o quartel-general das tropas maoístas.
A prolongada guerra entre nacionalistas e comunistas foi interrompida apenas duas vezes. A primeira, em 1937, quando se uniram para lutar contra o Japão que havia invadido a Manchúria, no norte do país. A segunda, durante a Segunda Guerra Mundial, para enfrentar as forças nazifascistas.
Com o final da Segunda Guerra, os japoneses foram expulsos do território chinês e as tropas de Chiang Kai-shec, com o apoio bélico dos Estados Unidos, lançaram uma ofensiva contra os “vermelhos” de Mao Tse-tung, reiniciando, então, o conflito armado.
A revolução popular liderada por Mao criou um modelo socialista independente, tendo os camponeses como base. Mesmo sem a ajuda da maior potência comunista, a União Soviética, dirigida na época por Stálin, as forças de Mao conseguiram a vitória.
Os comunistas venceram os nacionalistas e, em 1949, conquistando o poder e proclamaram a República Popular da China. Chiang Kai shec e o que restava de seu governo, refugiaram-se na ilha de Formosa (Taiwan), onde instalaram a China Nacionalista.


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