Após a Segunda Guerra, o mundo se bipolarizou: de um lado, estavam os países que passaram a seguir o modelo soviético; do outro, os que continuaram sob influência norte-americana. Eram dois sistemas distintos – o socialismo e o capitalismo –, que as superpotências representavam e defendiam. Sem travar um confronto bélico direto, Estados Unidos e União Soviética viveram momentos de tensão durante a Guerra Fria clássica, opuseram seus sistemas econômicos durante a Coexistência Pacífica e, já na década de 70, iniciaram uma política de "afrouxamento" – a Détente. Enquanto isso, vários presidentes e líderes estiveram à frente dessas superpotências.
O primeiro país a adotar o socialismo como forma de governo e de organização da sociedade foi a união soviética, com a Revolução de 1917. Nas décadas de 20 e 30 fortaleceram-se os Partidos Comunistas de vários países, mas suas tentativas revolucionárias, como na Hungria em 1926, fracassaram. Só após a Segunda Guerra Mundial é que a maioria dos países do leste europeu se tornou comunista.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os comunistas se destacaram nos movimentos de resistência contra a ocupação nazista. À medida que o exército soviético avançava, libertando a Europa da ocupação alemã, governos comunistas iam sendo instalados nos países dessa região. Em alguns países, o socialismo se implantou nos anos seguintes ao fim da guerra. Em 1948 já tinham governo socialista a Albânia, a Bulgária, a Tchecoslováquia, a Hungria, a Polônia, a Romênia e a Iugoslávia.
Expansão soviética
Apesar das perdas humanas e materiais, a URSS sai da guerra como grande potência econômica e militar. Aumenta a centralização política, a pretexto de uma rápida recuperação econômica e do perigo de uma nova guerra, desta vez contra as potências ocidentais, tendo os Estados Unidos à frente. A economia é restaurada através da planificação centralizada, com prioridade para a indústria pesada. Em 1950 a produção industrial e agrícola atinge os níveis anteriores à guerra. As regiões industriais no oeste do país são reconstruídas e tem início a exploração da Sibéria. Intensifica-se a mecanização agrícola e as áreas de cultivo são ampliadas. Entra em execução um plano de massificação do ensino básico e técnico e tem início o rearmamento. O V Plano Quinquenal, entre 1951 e 1955, é voltado para a realização de obras energéticas e de irrigação e transporte fluvial. São executados projetos de armas modernas, centradas em artefatos nucleares e foguetes, e começa a pesquisa espacial.
Governo Stálin: o fim do ideário socialista.
Na disputa pela sucessão no governo russo, após a morte de Lênin, Stálin obteve vitória e passou a controlar a União Soviética. Durante seu governo ele tomou medidas que centralizaram diversos papéis nas mãos do Estado. Com esse inchaço de atribuições do governo, os ideais socialistas foram se perdendo com o passar do tempo. Além disso, Stálin foi responsável por exercer forte repressão sobre seus inimigos políticos.
Primeiramente, Stálin aboliu a NEP e criou os planos quinquenais. Neles eram estabelecidas as metas da economia russa em um prazo de cinco anos. De forma geral, Stálin priorizou o desenvolvimento industrial dando maior ênfase na expansão das indústrias de base (mineração, máquinas e energia). Com o alcance de números positivos, os planos quinquenais posteriores buscaram desenvolver os demais aspectos da indústria nacional.
No campo, a socialização das terras foi parcialmente adotada. Dividindo atribuições, as terras cultiváveis foram subdivididas em sovkhozes (fazendas do Estado) e kolkhozes (fazendas cooperativas). Muitos camponeses tiveram suas terras apropriadas pelo governo de Stálin, o que gerou alguns conflitos no meio rural. Aqueles que se negaram a entregar suas terras eram mortos ou deportados para a Sibéria e a Ásia Central.
Sob o aspecto político, Stálin exerceu forte controle sobre as atividades do Partido Comunista. Os setores intelectuais e políticos da época só tinham espaço na medida em que concordavam com as ideologias stalinistas. Dessa forma, o stalinismo se firmou com trações claramente ditatoriais que contrariavam as ideias libertárias e igualitárias do socialismo.
A ditadura stalinista prendia e torturava seus opositores, mandando para trabalhos forçados na Sibéria, internando-os em hospitais psiquiátricos ou fuzilando-os. Além disso, manteve rígida censura sobre os meios de comunicação.
Em 1953, depois de governar o país por 29 anos, Stálin morreu e foi sucedido por Nikita Kruschev.
O governo de Kruschev
Durante os onze anos e seu governo (1953-1964), Kruschev deu inicio à desestalinização da União Soviética, ou seja, a anulação gradativa das medidas autoritárias baixadas por Stálin.
No XX Congresso do Partido Comunista, realizado em 1956, Kruschev ousou afirmar que “Stálin era homicida, megalomaníaco e inimigo do povo” e, a seguir, enumerou vários crimes praticados pelo ditador.
No plano externo, Kruschev notabilizou-se por defender a política de coexistência pacífica, segundo a qual os países capitalistas e socialistas deveriam conviver em paz.
Foi também durante o seu governo que o astronauta soviético Iúri Gagárin realizou o primeiro voo em torno da Terra.
O governo Brejnev
Em 1964, Kruschev foi deposto sob acusação de “abuso de poder” e sucedido por Leonid Brejnev, que governou o país até 1982.
Brejnev procurou dar continuidade à aproximação com os Estados Unidos, assinando com esse país importantes acordos do ponto de vista da preservação da paz mundial.
Durante seu mandato, entretanto, o gasto com a produção de armas aumentou enormemente, a KGB (polícia secreta) continuou tão poderosa quanto antes, os funcionários do governo passaram a ter mais privilégios e mordomias e a corrupção alastrou-se pela sociedade.
No plano econômico, a partir de meados da década de 70, o país mergulhou numa grave crise:
· A URSS, um dos maiores produtores de matérias-primas, combustíveis e grãos para alimentação, passou a ter de importá-los, pois houve uma queda acentuada da produção agrícola e industrial;
· A qualidade dos serviços de saúde, educação e transporte decaiu;
· Havia escassez de habitação, empregos qualificados e bens de consumo.
No início dos anos 80, os problemas socioeconômicos continuaram crescendo. Em conseqüência, o alcoolismo, o consumo de drogas e o crime aumentaram.
Com a morte de Brejnev, em 1982, o país foi governado por Andropov e depois por Tchernenko, mas a realidade soviética permaneceu inalterada, com a morte deste último, em 1985, o poder passou às mãos de Mikhail Gorbatchev.
O governo Gorbatchev e a crise soviética
Profundo conhecedor dos problemas soviéticos, Gorbatchev propôs-se a combatê-los por meio de um vasto programa de reformas.
Às reformas econômicas deu o nome de perestroika – palavra que quer dizer reestruturação – e as reformas sociopolíticas e culturais chamou de glasnost, que significa transparência.
A perestroika visava estimular o crescimento e aumentar a eficiência da economia soviética.
Para isso, propunha a descentralização das decisões econômicas (redução da interferência do Estado na economia), autorizava a existência de pequenas empresas privadas no país, permitia a atuação das multinacionais em alguns setores da economia e estimulava a renovação tecnológica e a competitividade entre as empresas.
A glasnost objetivava democratizar a sociedade, combatendo o autoritarismo dos antigos dirigentes políticos, a corrupção e a ineficiência na administração pública.
Os presos políticos foram soltos (vários deles saíram do país), funcionários desonestos foram afastados, a imprensa falada e escrita passou a veicular críticas ao governo, livros proibidos foram publicados... Concedeu-se, enfim, liberdade de pensamento e expressão.
À medida que as reformas de Gorbatchev foram se intensificando, cresciam as divergências entre os conservadores (elementos da “velha guarda” do Partido Comunista, que desejavam o fim das reformas) e os ultra-reformistas, como Boris Ieltsin, que pretendiam o aprofundamento das reformas.
Gorbatchev, que defendia uma posição intermediária, viu-se em meio a um fogo cruzado.
Em agosto de 1991, a “velha guarda” do Partido Comunista da União Soviética desfechou um golpe de Estado, afastando Gorbatchev do poder. Mas a população soviética, liderada por Boris Ieltsin, reagiu e conseguiu recolocá-lo à frente do governo.
Entretanto, Gorbatchev já não conseguia ter controle sobre o processo de reformas que ele próprio iniciara. Assim que reassumiu o governo, defrontou-se com uma nova tempestade: as repúblicas soviéticas reivindicavam independência.
Em 21 de dezembro de 1991, várias dessas ex-repúblicas fundaram a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) da qual fazem parte, por exemplo, Rússia, Ucrânia, Bielo-Rússia, Cazaquistão e Uzbequistão.
Com a criação da CEI, a União Soviética, que existiu por 69 anos, foi oficialmente extinta. Reconhecendo o desmoronamento da União Soviética, Gorbatchev afastou-se do governo em 25 de dezembro de 1991.