quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

GOVERNO HERMES DA FONSECA (1910 - 1914)

Com a eleição do marechal Hermes da Fonseca, o posto máximo da nação voltava a ser ocupado por um militar, em meio à divisão entre as oligarquias: São Paulo, de um lado, e de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, de outro.
Hermes da Fonseca
O presidente envolve-se numa aliança entre militares e jovens políticos vinculados à sua família, que, juntamente com oligarquias locais menores, procuraram alterar a influência política das oligarquias mais tradicionais. Senador pelo Rio Grande do Sul, Pinheiro Machado era o político mais influentes da época, estendendo seu controle inclusive sobre oligarquias do Norte e do Nordeste. Em 1910, no auge de sua carreira política, criou o Partido Republicano Conservador (PRC).

Política das Salvações

No entanto, dentro dessa aliança, podia-se constatar uma grande contradição. Os grupos militares, que se representavam no poder através de Hermes da Fonseca, queriam intervir nos estados para frear o abuso do poder das oligarquias. Esperavam com isso salvar as instituições republicanas, daí o nome salvacionismo, como ficou conhecida tal política. Pinheiro Machado queria fazer o mesmo só que substituindo as velhas oligarquias, principalmente no Nordeste, por outras afinadas aos seus propósitos. Para isso, o líder gaúcho criou o Partido Republicano Conservador.
Uma intervenção desse tipo foi feita em Pernambuco e, depois, no Ceará, onde a disputa pelo poder se transformou numa verdadeira guerra civil. O Ceará dividiu-se: de um lado a velha oligarquia dos Accioli, aliada a Pinheiro Machado, e de outro lado a candidatura militar do coronel Marcos Franco Rabelo. A “guerra” entre as duas forças políticas envolveu o Padre Cícero, conhecido líder místico da região, que apoiava os Accioli. Gozando de grande popularidade entre os habitantes do sertão nordestinos, o padre Cícero era considerado por eles fazedor de milagres e santo. Quando Hermes da Fonseca interveio no Ceará, afastando a oligarquia formada pela família Accioli. Armados, milhares de sertanejos orientados pelo “milagreiro” envolveram-se em uma luta que não era deles, mas sim dos grandes coronéis. A violência foi tal que o governador federal teve de ceder, retirando o interventor e devolvendo o poder à velha oligarquia. O grande vencedor dessa batalha no Ceará foi o velho caudilho gaúcho Pinheiro Machado.
Outra das revoltas enfrentadas pelo governo do marechal Hermes da Fonseca foi a chamada Revolta da Armada. Logo nas primeiras semanas do governo Hermes da Fonseca, os marinheiros dos maiores navios da esquadra amotinaram-se revoltados contra o regime de castigos corporais ainda vigente na Marinha. Qualquer marinheiro faltoso, dependendo da gravidade de sua falta, recebia desde uma pena leve, como prisão numa solitária, por três dias, até a pena de 25 chibatadas, limite raramente respeitado, podendo a violência ser estendida até a inconsciência e a morte do infeliz. A aplicação da chibata era tão frequente que havia até mesmo carrascos designados dentro de cada navio, para a aplicação do castigo.
Apesar de ser bastante popular quando eleito, ao ter de lidar com o primeiro problema grave de sua gestão, a Revolta da Chibata, sua imagem ficou abalada rapidamente. Para conter o movimento ordenou o bombardeio aos portos. Logo outra revolta veio conturbar o seu governo, a Guerra do Contestado, que não chegou a ser debelada até o final de seu governo.

A Revolta do Contestado

O governo Hermes da Fonseca teve de enfrentar um problema semelhante ao de Canudos. Nas regiões limítrofes do Paraná e Santa Catarina, o fanático João Maria, apelidado o Monge, instalara-se na região do Contestado, zona disputada pelos dois Estados. Em pouco tempo milhares de sertanejos sulinos congregaram-se em torno do Monge, repetindo-se o drama dos sertões da Bahia. Diversas expedições militares foram enviadas, sem resultado, para combater os fanáticos. Somente no quadriênio seguinte é que uma divisão composta de mais de 6 000 soldados, sob o comando do general Setembrino de Carvalho, conseguiria dispersar, matando ou expulsando, os seguidores de João Maria. A área era cobiçada por empresas estrangeiras, devido à riqueza em madeira e em erva-mate.

Economia e Política

O desenvolvimento econômico do país sofreu seriamente os efeitos da instabilidade política. Retraíram-se os capitais europeus. O Norte sofreria, impotente, a concorrência da borracha asiática, encerrando-se a efêmera fase do progresso que vivera a Amazônia. Com suas receitas diminuídas, sem exportações, viu-se o governo na contingência de negociar um novo "funding loan", empréstimo que comprometeria ainda mais as abaladas possibilidades financeiras do país.

Pacto de Ouro Fino

O mandato de Hermes da Fonseca, que terminou em 1914, caracterizou-se no quadro político principalmente pela política das salvações. Os paulistas e os mineiros, que se haviam confrontado na eleição presidencial anterior, pactuam um novo acordo, superando a primeira crise da política do Café-com-Leite.
Temendo as novas lideranças políticas que surgiram no país, e desconfiando das manifestações pinheiristas, o PRP e o PRM, cujas relações haviam sido rompidas no processo sucessório que levou à vitória de Hermes da Fonseca, assinaram o pacto político de Ouro Fino, reatando as relações café-com-leite e apontando um candidato comum: o mineiro Venceslau Brás.
Pinheiro Machado declinou da candidatura e o pinheirismo, em face de seu desgaste e da impossibilidade de enfrentar as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, acabou apoiando Venceslau Brás. Rui Barbosa, candidato da oposição, mais uma vez foi derrotado. A vitória do candidato da situação mostrava a força da política café-com-leite, que novamente iria comandar a vida política nacional até 1930.

GOVERNO NILO PEÇANHA (1909-1910)

Nilo Peçanha, foi eleito vice-presidente da República em 1906 e, com o falecimento de Afonso Pena, assumiu a presidência em 14 de junho de 1909. Sem tempo nem clima político para governar, Nilo Peçanha deixou para a história a criação do Serviço de Proteção aos índios, entregando a sua direção ao até então coronel Cândido Rondon, cujo trabalho junto aos silvícolas credenciavam-no para o cargo. Restaurou o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio e fundou em diversos estados Escolas de Aprendizes Artífices.
Nilo Peçanha
Ele lançou o lema "Paz e Amor" como forma de tentar criar um governo de conciliação das forças políticas que lutavam entre si na época, mas houve muitos protestos e mortes na Capital Federal durante o seu período no Governo.
A campanha sucessória, já quente desde o fim do mandato de Afonso Pena, pegou fogo com a ruptura entre São Paulo e Minas Gerais. O café pendeu para buscar apoio junto à terra do Senhor do Bonfim, enquanto o leite encontrava abrigo nos pampas gaúchos. A política café com leite sofria assim o seu primeiro abalo. Paulistas e mineiros, que durante anos estiveram unidos em torno de um mesmo candidato, fazendo a conhecida "política do café-com-leite", desta vez estavam em lados opostos.
Tornou-se uma acirrada disputa entre os candidatos Hermes da Fonseca, sobrinho do ex-presidente Deodoro da Fonseca e ministro da Guerra do governo de Afonso Pena, e Rui Barbosa. Hermes da Fonseca foi apoiado por Minas Gerais, pelo Rio Grande do Sul e pelos militares, enquanto o candidato Rui Barbosa recebeu o apoio de São Paulo e da Bahia. A campanha de Rui Barbosa ficou conhecida como "campanha civilista", ou seja, como uma oposição civil à candidatura militar de Hermes da Fonseca. O estado de São Paulo proporcionou os recursos financeiros necessários à campanha de Rui Barbosa, que percorreu o país procurando o apoio popular, fato inédito na vida republicana brasileira.
Houve em seu curto período como presidente vários incidentes em comícios e protestos públicos, onde chegaram a ocorrer mortes. Interviu nos Estados da Bahia, Maranhão, Sergipe e Amazonas.
Rui Barbosa pregava a necessidade de reformas políticas e moralização nas eleições, e prometia o antimilitarismo. Sua campanha passou a ser conhecida por Campanha Civilista, gozando de grande popularidade nos principais centros urbanos. O marechal Hermes da Fonseca, por sua vez, tinha grande apoio dos setores mais conservadores das oligarquias contrários às ideias reformistas de Rui Barbosa.
O Marechal Hermes da Fonseca, apoiado pelo presidente Nilo Peçanha, contando com o apoio do exército, respaldado pela sua atuação como Ministro da Guerra, quando reequipou e reforçou a Marinha com compra de dois encouraçados, o Minas Gerais e o São Paulo; do outro, o civilista Rui Barbosa, elogiado pelo brilho da oratória, entretanto, ofuscado pela sua participação na crise do encilhamento.
Embora recebesse grande votação, Rui não conseguiu vencer a máquina oligárquica, que fraudou as eleições, e Hermes da Fonseca tornou-se o sucessor de Nilo Peçanha. A eleição de 1910 foi a primeira a ser realmente disputada durante a República Velha.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 31 de março de 1924.
Fonte: Nelson Campos – Jorge Hélio; História do Brasil; Editora Lowes
Luís Cesar Costa – Leonel Itaussu Melo; História do Brasil; Editora Scipione

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

GOVERNO AFONSO PENA (1906-1909)

Mineiro, Afonso Augusto Moreira Pena assumiu a presidência com o apoio dos fazendeiros e exportadores de café. Embora sonhasse com a industrialização do Brasil, esqueceu rapidamente tais sonhos e empenhou-se a fundo na valorização do café.
Afonso Pena
Afonso Pena recebeu o governo numa época de relativa prosperidade econômica, conquanto persistissem velhos problemas nacionais como a miséria das classes proletárias, a corrupção política e a formação de oligarquias provinciais. A antiga aristocracia rural da cana-de-açúcar decaíra completamente; os patriarcais fazendeiros de café começaram a sofrer a concorrência das novas classes urbanas e industriais que procuravam afirmar-se na direção política.
Apesar de ter sido eleito com base na chamada política do café-com-leite, Pena realizou uma administração que não se prendeu de tudo a interesses regionais. Incentivou a criação de ferrovias, e interligou a Amazônia ao Rio de Janeiro pelo fio telegráfico, por meio da expedição de Cândido Rondon.
Seus ministérios eram ocupados por políticos jovens e que respeitavam muito a autoridade de Afonso Pena. Com exceção do Barão do Rio Branco e dos ministros militares; da marinha Almirante Alexandrino Faria de Alencar e do exército o Marechal Hermes da Fonseca, seus outros ministros em geral eram jovens e desconhecidos do público; porém eram dinâmicos, obedientes a suas diretrizes e sem compromissos com as oligarquias regionais. Isso lhe valeu alguns embaraços; as oposições criticavam o seu ministério, chamando de Jardim de Infância.
Foi implementado o Convênio de Taubaté, firmado no final do governo Rodrigues Alves. Fez a primeira compra estatal de estoques de café, transferindo assim, os encargos da valorização do café para o Governo Federal, que antes era praticada regionalmente, apenas por São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que haviam assinado o Convênio de Taubaté. Ele consistia num programa de defesa dos cafeicultores, em detrimento das finanças governamentais. O governo garantiu a compra do excedente, estabelecendo preços mínimos, emprestou 15 milhões de libras, e estimulou a exportação, por meio de uma desvalorização cambial. Tratava-se de uma nítida influência do poder econômico regional (SP, MG e RJ) sobre o interesse nacional.
Cabe a Afonso Pena o mérito de ter apoiado o programa ferroviário desenvolvido pelo ministro Miguel Calmon. Completam-se as ligações São Paulo - Rio Grande do Sul - Rio de Janeiro - Espírito Santo. Afonso Pena deu continuidade ao programa iniciado por seu antecessor, Rodrigues Alves, de reaparelhamento das ferrovias e dos portos, e implementou a reorganização do Exército, sob a supervisão do ministro da Guerra, general Hermes da Fonseca. Compreendendo a importância do elemento europeu no desenvolvimento do país, acelerou a imigração. Em 1908 perto de 100 000 colonos espalhavam-se pelo Sul do país, destacando-se os italianos.
Melhorou-se a esquadra com a aquisição de várias unidades navais entre as quais os couraçados Minas Gerais e São Paulo. O exército modernizou-se. Em 1908 o serviço militar obrigatório tornou-se obrigatório, para a felicidade dos patriotas e decepção dos humanistas.
Realizou-se em 1908 a grande Exposição Nacional, que, comemorando o centenário da lei da abertura dos portos do Brasil, procurava propagandear o "progresso" do país. Em virtude de seu afastamento dos interesses tradicionais das oligarquias, Afonso Pena enfrentou uma crise por ocasião da sucessão. 
Afonso Pena havia indicado para a sucessão seu ministro da Fazenda Davi Campista que, apesar do apoio dos paulistas, não foi aceito pela maioria do Partido Republicano Mineiro. O Rio Grande do Sul, através do senador Pinheiro Machado, que tinha grande influência política, sugeriu outros nomes, dentre os quais o do marechal Hermes da Fonseca, então Ministro da Guerra. A oligarquia mineira logo endossou o nome do militar.
Para barrar a candidatura de Hermes, São Paulo desencadeou uma campanha antimilitarista e lançou o nome de Rui Barbosa. A candidatura era apropriada, pois o mesmo já havia se manifestado contra o serviço militar obrigatório, instituído pelo ministro da guerra. Iniciou-se a campanha civilista, lançada por Ruy Barbosa. 
Afonso Pena morre de pneumonia após 3 anos de governo. Assumiu, assim, seu Vice Nilo Peçanha por um mandato de mais um ano e 5 meses.


GOVERNO RODRIGUES ALVES (1902-1906)

Rodrigues Alves servira à monarquia como Presidente de sua província natal e fora ministro da Fazendo no governo de Floriano Peixoto. Eleito senador duas vezes (em 1897 e 1916) pelo Estado de São Paulo, como representante do Partido Republicano Paulista. Foi eleito Presidente duas vezes, cumpriu o primeiro mandato (1902 a 1906), mas faleceu antes de assumir o segundo (que deveria se estender de 1918 a 1922).
Rodrigues Alves 
Rodrigues Alves foi o negociador da consolidação dos empréstimos externos com os banqueiros ingleses Rotschild. Durante seu governo modificou-se o aspecto acanhado e provinciano do Rio de Janeiro, O engenheiro Pereira Passos foi nomeado prefeito da cidade do Rio de Janeiro, com plenos poderes para a implementação das reformas de modernização. O porto foi ampliado, os antigos quarteirões com seus cortiços foram demolidos e os moradores transferidos para a periferia, abrindo espaço para o alargamento de ruas e a construção de novas avenidas, entre elas a avenida Central, atual avenida Rio Branco.
Alargaram-se praças, destruíram-se pardieiros, modernizou-se a capital da República. É de se assinalar, todavia, que tais obras acarretaram a expulsão, com enorme violência, da população carente para a periferia da cidade ou para os morros. A modernização era benéfica apenas para a elite econômica que controlava o governo.
Durante o governo de Rodrigues Alves libertou-se o Rio da febre amarela, que todos os verões ceifavam vidas. O grande plano de erradicação do terrível mal foi executado pelo médico e cientista brasileiro Osvaldo Cruz. Aperfeiçoando os processos usados pelos americanos em Cuba e nas Filipinas, Osvaldo Cruz conseguiu em1906, praticamente, livrar a cidade da doença, muito embora mais uma vez fossem utilizados métodos opressivos contra a população.
Revolta da Vacina (1904) - Houve também, durante o Governo de Rodrigues Alves, uma campanha pela obrigatoriedade da vacina de varíola. A população, manipulada pela oposição, revoltou-se contra a lei da vacinação obrigatória proposta por Osvaldo Cruz. Na verdade, a revolta deveu-se muito mais à desinformação da população e ao medo que esta tinha do governo, uma vez que estava acostumada a ser sempre agredida. Pensou-se que, em vez de vacina, o governo estaria injetando um vírus ou uma bactéria com o fito de matar os miseráveis. O governo, contudo, ao invés de esclarecer tais fatos, preferiu atacar violentamente os líderes do movimento.
A política exterior - A maior figura do ministério escolhido pelo presidente Rodrigues Alves foi, sem dúvida, José Maria Silva Paranhos Jr., o célebre Barão de Rio Branco. Filho do visconde de Rio Branco, já exercia a diplomacia quando sobreveio a República, a quem serviu, não obstante sua indisfarçada preferência pela monarquia.
A atuação de Rio Branco na Pasta das Relações Exteriores foi marcada, principalmente pela solução de uma grave pendência relativa à fronteira Brasil-Bolívia, compreendendo a vasta região do Acre. A região, pertencente à Bolívia foi ocupada por trabalhadores brasileiros durante o "Ciclo da Borracha". Nesse período atingiu o apogeu a exportação de borracha. O território acreano praticamente só continha brasileiros, vez que a região havia permanecido desabitada pelos bolivianos. Pelo Tratado de Petrópolis, assinado a 17 de novembro de 1903, foi incorporada definitivamente ao nosso país a região acreana. O Brasil pagou uma indenização à Bolívia, mas que poderia recuperar em alguns anos, com a cobrança de impostos regulares na região.
Em seu governo, foi também solucionada a Questão Pirara, lide surgida contra a Inglaterra. O arbitramento foi feito pela Itália, e o embaixador brasileiro responsável foi mais uma vez o Barão de Rio Branco.
Disparidades Regionais - Embora algumas obras fossem iniciadas em Belém, Recife e Salvador, estas cidades não conseguiram acompanhar o surto do progresso sulino. O eixo econômico e político deslocara-se completamente para o sul. Em 1872 ainda se equilibravam as populações das duas grandes zonas geográficas. Em 1900 haviam triplicado as populações de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, contando a população meridional com uma diferença de 3 milhões de habitantes sobre a população setentrional.
Rodrigues Alves servira à monarquia como Presidente de sua província natal e fora ministro da Fazendo no governo de Floriano Peixoto. Durante seu governo modificou-se o aspecto acanhado e provinciano do Rio de Janeiro, construiu-se a grande Avenida Central (hoje Av. Rio Branco) paralelamente ao início das obras do porto. Alargaram-se praças, destruíram-se pardieiros, modernizou-se a capital da República. É de se assinalar, todavia, que tais obras acarretaram a expulsão, com enorme violência, da população carente para a periferia da cidade ou para os morros. A modernização era benéfica apenas para a elite econômica que controlava o governo.
O governo Rodrigues Alves enfrentou a primeira greve geral na capital da República em 15 de agosto de 1903, iniciada pelos operários da indústria têxtil que reivindicavam aumento de salários e jornada diária de oito horas para todas as categorias de trabalhadores.
Durante o governo de Rodrigues Alves libertou-se o Rio da febre amarela, que muitas ceifavam vidas. O grande plano de erradicação do terrível mal foi executado pelo médico e cientista brasileiro Osvaldo Cruz, que até então dirigira o Instituto Manguinhos, foi nomeado diretor-geral de Saúde Pública, implementando o combate às epidemias, como a peste bubônica e a febre amarela. Aperfeiçoando os processos usados pelos americanos em Cuba e nas Filipinas, Osvaldo Cruz conseguiu em1906, praticamente, livrar a cidade da doença, muito embora mais uma vez fossem utilizados métodos opressivos contra a população. Em 1904, a obrigatoriedade de vacinação contra a varíola levou a população carioca ao protesto nas ruas, no dia 10 de fevereiro, movimento que ficou conhecido como a Revolta da Vacina.
Revolta da Vacina (1904) - Houve também, durante o Governo de Rodrigues Alves, uma campanha pela obrigatoriedade da vacina de varíola. A população, manipulada pela oposição, revoltou-se contra a lei da vacinação obrigatória proposta por Osvaldo Cruz. Na verdade, a revolta deveu-se muito mais à desinformação da população e ao medo que esta tinha do governo, uma vez que estava acostumada a ser sempre agredida. Pensou-se que, em vez de vacina, o governo estaria injetando um vírus ou uma bactéria com o fito de matar os miseráveis. O governo, contudo, ao invés de esclarecer tais fatos, preferiu atacar violentamente os líderes do movimento.
A política exterior - A maior figura do ministério escolhido pelo presidente Rodrigues Alves foi, sem dúvida, José Maria Silva Paranhos Jr., o célebre Barão de Rio Branco. Filho do visconde de Rio Branco, já exercia a diplomacia quando sobreveio a República, a quem serviu, não obstante sua indisfarçada preferência pela monarquia.
A atuação de Rio Branco na Pasta das Relações Exteriores foi marcada, principalmente pela solução de uma grave pendência relativa à fronteira Brasil-Bolívia, compreendendo a vasta região do Acre. A região, pertencente à Bolívia foi ocupada por trabalhadores brasileiros durante o "Ciclo da Borracha". Nesse período atingiu o apogeu a exportação de borracha. O território acreano praticamente só continha brasileiros, vez que a região havia permanecido desabitada pelos bolivianos. Pelo Tratado de Petrópolis, assinado a 17 de novembro de 1903, foi incorporada definitivamente ao nosso país a região acreana. O Brasil pagou uma indenização à Bolívia, mas que poderia recuperar em alguns anos, com a cobrança de impostos regulares na região.
Em seu governo, foi também solucionada a Questão Pirara, lide surgida contra a Inglaterra. O arbitramento foi feito pela Itália, e o embaixador brasileiro responsável foi mais uma vez o Barão de Rio Branco.
Disparidades Regionais - Embora algumas obras fossem iniciadas em Belém, Recife e Salvador, estas cidades não conseguiram acompanhar o surto do progresso sulino. O eixo econômico e político deslocara-se completamente para o sul. Em 1872 ainda se equilibravam as populações das duas grandes zonas geográficas. Em 1900 haviam triplicado as populações de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, contando a população meridional com uma diferença de 3 milhões de habitantes sobre a população setentrional.
No último ano de governo, apesar da oposição de Rodrigues Alves, foi concluído o Convênio de Taubaté, com apoio do Congresso Nacional. Assinado pelos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o convênio instituiu a estabilização cambial e a proteção aos cafeicultores, cabendo ao governo central comprar as safras com recursos financeiros externos e estocá-las para vendê-las no momento oportuno.
Eleito, pela segunda vez, presidente da República em 1918, não tomou posse por motivo de saúde. Faleceu no Rio de janeiro, em 16 de janeiro de 1919.

GOVERNO CAMPOS SALES (1898-1902)

Elegeu-se senador em 1890, mas renunciou ao cargo quatro anos depois para se tornar governador do estado de São Paulo, cargo que exerceu até 1898. Nesse ano foi eleito presidente da república, substituindo Prudente de Morais em uma época que a economia brasileira, baseada na exportação de café e borracha, não ia bem. Julgava que todos os nossos problemas tinham uma única causa: a desvalorização da moeda.
Campos Sales 
A eleição de Campos Sales expressou o triunfo da oligarquia cafeeira paulista, diante do esfacelamento da atividade política dos militares "jacobinos", envolvidos na tentativa de assassinato do presidente Prudente de Morais. Campos Sales concebeu a chamada "política dos governadores", que consistia em apoiar os grupos dominantes aliados ao governo federal em cada estado.
Esse apoio estava condicionado à garantia de eleição, para o Congresso, de candidatos que defendessem o governo central, no que se refere às políticas nacionais, visto que Campos Sales instituiu a Comissão de Verificação pela qual os grupos politicamente dominantes validavam ou não o resultado de uma eleição. Através de relações de clientelismo e favorecimento político entre o governo central, representado por si próprio enquanto presidente, estados, representados pelos respectivos governadores, e municípios, representados pelos coronéis.
Preocupou-se principalmente com as finanças do país, abaladas não só pelas consequências do Encilhamento como também pela agitação política. Para a execução de sua política financeira, tomou Campos Sales algumas providências, antes mesmo de assumir a presidência da República. Negociou com banqueiros estrangeiros (principalmente ingleses) um acordo denominado Funding Loan, pelo qual ficavam suspensos durante algum tempo os pagamentos de juros dos empréstimos anteriores, contraindo-se, para isso, novo empréstimo.
Pelo acordo, que visava a solucionar a dívida externa nacional, mediante a obtenção em Londres de um novo empréstimo, o funding loan - empréstimo para consolidar uma dívida. Esse acordo financeiro suspendeu temporariamente a cobrança de juros dos empréstimos anteriores, possibilitando que os recursos provenientes do novo empréstimo fossem utilizados para a criação de condições materiais para saldar seu débito.
Saneamento Financeiro - Para que o empréstimo fosse efetivado, exigiram os credores que as finanças públicas fossem reorganizadas. Na execução de seu programa financeiro contou Campos Sales com o ministro Joaquim Murtinho. Foram feitos cortes nos gastos públicos, inclusive suspendendo algumas obras, aumentaram-se alguns impostos, desvalorizou-se o câmbio, restringiu-se o crédito e houve "enxugamento monetário", chegando o dinheiro a ser queimado. Tais medidas provocaram queixas amargas e acusações de que se estava retardando o progresso do país. Realmente, tal fato pôde ser constatado posteriormente, com o agravante de que capitais estrangeiros haviam passado a controlar grande parte da economia nacional. Houve desemprego e recessão.
Política dos Governadores - Para tranquilidade de sua administração organizou Campos Sales a chamada "política dos governadores", que consistia no seguinte: os senadores e deputados correligionários dos governadores dos Estados teriam amplo prestígio junto ao Governo Federal. Este receberia em troca o apoio dos governadores estaduais na execução da política geral do país. Diminuía assim, naturalmente, a importância dos partidos, ao mesmo tempo em que se consolidavam as oligarquias locais. Foi nesse período que se consolidou o voto de cabresto, através dos currais eleitorais.
O resultado imediato da política dos governadores foi a formação de oligarquias estaduais que, apossando-se da direção dos Estados, realizariam, daí em diante, eleições nem sempre (para não dizer nunca) isentas de fraudes e sufocariam prontamente tentativas de rebeldia como as surgidas no Mato Grosso, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e Goiás. Ao mesmo tempo, Minas Gerais e São Paulo demograficamente mais fortes, conquistaram o primeiro plano na direção da política republicana.
O órgão responsável por fiscalizar as eleições - uma espécie de Tribunal Superior Eleitoral da época - era a Comissão de Verificação dos Poderes, formada por 5 deputados. Eram indicados sempre aliados do governo, o que impedia qualquer oposição de se instalar. Foram denominadas votações de "eleições a bico-de-pena", vez que a Comissão fraudava qualquer resultado favorável à oposição. Apelidou-se a fraude eleitoral de degola.
Campos Sales criou o Instituto de Manguinhos, voltado, entre outras atribuições, para a fabricação de vacinas contra a peste bubônica. Faleceu na cidade de Santos, estado de São Paulo, em 28 de junho de 1913.

GOVERNO PRUDENTE DE MORAIS (1894-1898)

Eleito em 1º de março de 1894, tomou posse a 15 de novembro, Prudente José de Morais e Barros. Terceiro presidente do Brasil e primeiro civil a assumir este cargo. Prudente de Morais representava a ascensão da oligarquia cafeicultora ao poder nacional, após um período em que essa oligarquia mantinha-se dominando apenas o legislativo.
Prudente de Morais
Após integrar a junta governativa de São Paulo, estabelecida com a proclamação da República, assume o governo de São Paulo de 1889 à 1890. Como senador por São Paulo exerce a presidência da Assembleia Nacional Constituinte - 1890-1891 e a vice-presidência do Senado em 1891. Disputam, no mesmo ano, a presidência da República com Deodoro da Fonseca e perde a eleição indireta por uma pequena margem de votos. Torna-se presidente do Senado até 1894, em substituição a Floriano Peixoto – titular da casa – quando este assumiu a presidência da República. Pela eleição direta passa a exercer a presidência da República em 15 de novembro de 1894.
Assumiu a presidência da República em uma época de crise: forte depressão econômica resultante do encilhamento, sérias sobrevivências do antagonismo político que ensanguentara o quadriênio anterior e a desordem administrativa avultavam entre os grandes problemas que teria de solucionar.
Em plena crise econômica, em decorrência da política do "encilhamento", Prudente de Morais enfrentou intensa oposição política, liderada por militares florianistas e pelo grupo dos "jacobinos" que lutavam pela consolidação do poder republicano; pelo Partido Monarquista, que buscava se reorganizar; e por parcela dos setores médios da população, descontente com o governo de um presidente civil.
Durante seu governo, abandonou uma a uma as medidas inovadoras de Floriano Peixoto. Essa cautela de Prudente foi necessária, já que os florianistas ainda tinham uma certa força, principalmente no Exército. Além disso, o vice-presidente estava ligado às ideias de Floriano. Resumindo, Prudente de Morais imprime uma direção ao governo que atende mais aos cafeicultores, onde subiram ao poder as oligarquias agrárias de Minas e São Paulo, que controlariam o Estado brasileiro por meio da chamada Política dos Governadores, do voto de cabresto e de outros instrumentos políticos, durante toda a primeira República.
Desejando encerrar a fase revolucionária que enfraquecera a República, conseguiu Prudente de Morais pacificar o Rio Grande do Sul, ainda conturbado pela Revolução Federalista. Seriam anistiados os comprometidos no movimento. Outros fatos importantes marcariam seu governo; enquanto Rodrigues Alves, Ministro da Fazenda, tentava a recuperação financeira do país, discutiam-se e resolviam-se alguns problemas importantes com outras nações.
Em fevereiro de 1895 resolvia-se com o arbitramento do Presidente dos Estados Unidos, Grover Cleveland, a questão de limites com a Argentina (a questão das Palmas); no mês seguinte reatavam-se relações diplomáticas com Portugal, rompidas um ano antes, quando dois navios portugueses deram asilo político a Saldanha da Gama e a outros participantes da Revolta Armada. Sob arbitramento do governo português, solucionou-se o caso da Ilha da Trindade, ocupada desde dezembro de 1895 pelos ingleses, sob a alegação de não existirem ali marcos indicativos da posse brasileira.
Porém, o maior problema com que se deparou o governo de Prudente de Morais, foi a sangrenta campanha de Canudos. Antônio Conselheiro, líder messiânico, pregava entre jagunços a restauração da monarquia no Brasil. Canudos não representava um reduto monarquista, mas sim um modelo de sociedade alternativo ao que vinha se impondo à população. Ao invés da exclusão e das desigualdades, surgiu o modelo canudense, mais equitativo. A atração provocada nas populações dos arredores levou o governo a não aceitar tal sociedade alternativa. Na verdade, a guerra ocorrida em Canudos poderia ter sido evitada com um mínimo de assistência social. Mas o governo preferiu causar um longo extermínio da cidade, povoada com pessoas que em verdade desconheciam a diferença entre Monarquia e República.
Sob a proteção do estado de sítio, rapidamente autorizado pelo Congresso, pôde então Prudente de Morais, com razoável energia, dedicar seu último ano de governo aos problemas da Administração Pública.
Terminado o mandato, Prudente de Morais retirou-se para Piracicaba, onde exerceria a advocacia por alguns anos. Faleceu devido a uma tuberculose em 1902.

O Governo Floriano Peixoto (1891/1894)

Formado na Escola Militar, foi o segundo presidente do Brasil (1891-1894), sendo considerado um dos consolidadores da República. A determinação com que debelou as sucessivas rebeliões que marcaram os primeiros anos da República valeram ao presidente Floriano Peixoto o cognome de "marechal de ferro".
Presidente Floriano Peixoto 
Ao que tudo indica, Floriano não participou das conspirações republicanas. O marechal Deodoro da Fonseca, no entanto, contava com sua solidariedade. E, de fato, na noite de 15 de novembro de 1889 Floriano se recusou a cumprir ordens do visconde de Ouro Preto para dispersar os corpos rebeldes reunidos no Campo de Santana. Em 1890, foi nomeado ministro da Guerra. Candidato a vice-presidente, elegeu-se pelo Congresso Constituinte em 25 de fevereiro de 1891.
Com a renúncia de Deodoro, em 23 de novembro, assumiu o poder. Seu primeiro ato foi destituir, com exceção de um, todos os governadores estaduais que haviam apoiado a dissolução do Congresso decretada por Deodoro. Em seguida, adotou medidas drásticas para combater os oposicionistas que exigiam novas eleições. A reivindicação baseava-se no artigo da constituição republicana que determinava a convocação de eleições em caso de vaga na presidência antes do decurso de dois anos de mandato. Em 6 de abril de 1892, 13 generais e almirantes assinaram um manifesto pela renúncia do governo. Floriano demitiu e reformou todos os signatários, em meio à agitação popular. Em 10 de abril as garantias constitucionais foram suspensas por 72 horas e o governo ordenou prisões e desterros em massa. Pressionado, o Congresso aprovou medida que legitimava o mandato presidencial até 15 de novembro de 1894 e Floriano decretou uma anistia geral.
As várias e graves crises políticas que agitaram a gestão do Marechal Floriano Peixoto na presidência devem ser entendidas no quadro político geral da consolidação das novas instituições republicanas. Esta consolidação foi obtida através da aplicação de um Executivo forte, da defesa de uma centralização autoritária e propiciando, por um lado, o apoio social necessário para a manutenção da República e, por outro, a ascensão da aristocracia cafeeira.
Os primeiros atos do novo governo, restabelecendo o Congresso Nacional e suspendendo o Estado de Sítio, receberam apoio generalizado. Porém, entre novembro de 1891 e março de 1892, procedeu-se à derrubada dos governadores estaduais que haviam apoiado o golpe de Deodoro, ou seja, todos menos Lauro Sodré, do Pará. Eles foram substituídos por partidários de Floriano, oriundos das próprias oligarquias estaduais ou por jovens militares.
Articulações políticas respaldavam as medidas que buscavam a legitimação da presidência. Os “republicanos históricos”, principalmente os paulistas, prestavam indispensável apoio a Floriano, e foram figuras exponenciais do poderoso Partido Republicano Paulista (PRP) que exerceram a presidência da Câmara Federal (Bernardino de Campos e do Senado (Prudente de Morais).
A derrubada dos governos estaduais deve ser entendida como uma busca de apoio dos setores sociais que, contrários ao governo anterior, não viam suas aspirações atendidas. Desta forma, atraiu o apoio das baixas camadas médias urbanas, especialmente as do Rio de Janeiro.
Desde a década dos oitenta, essas baixas camadas médias (empregados do comércio, funcionários públicos, artesãos e mesmo a incipiente classe operária) vinham expressando seu descontentamento através de movimentos de tipo urbano. Porém, esses protestos eram difusos e desorientados, sem uma efetiva direção política. Contando com a adesão de intelectuais e profissionais liberais, este setor social foi ativo divulgador do republicanismo.
A proclamação da República e o governo de Deodoro da Fonseca desapontaram o radicalismo pequeno-burguês expresso nessas baixas camadas médias. No entanto, este radicalismo foi perfeitamente incorporado por Floriano, de tal forma que o jacobinismo emprestou uma forte coloração popular ao regime, necessária para sua manutenção.
O comportamento dessa pequena burguesia radical era chamado “jacobino” devido a analogias formais com o comportamento revolucionário no discurso e na ação. O contexto histórico brasileiro não permitia a existência de tal movimento.
Várias medidas, nos planos social e econômico, foram tomadas pelo marechal para satisfazer às baixas camadas médias, melhorando suas condições de vida. Logo nos primeiros dias decretou a baixa nos aluguéis das casas operárias, interveio no mercado de carne, concedendo isenções de imposto sobre a carne à venda nos açougues, promovendo, assim, a queda dos preços.
Com Floriano Peixoto inicia-se um longo período de instabilidade. A classe senhorial oligárquica fora suficientemente forte para derrubar Rui Barbosa e Deodoro, mas não para evitar o jacobinismo florianista. Floriano atendeu interesse das baixas camadas sociais urbanas (empregados do comércio, funcionários públicos, consumidores em geral e o nascente operariado) do Rio de Janeiro. Isto deu ao governo Floriana um caráter popular e por isso ficou conhecido como República Jacobina (referência à Revolução Francesa).
Para a oligarquia cafeicultora interessava sobremaneira o fim do domínio militar. As bases do florianismo eram formadas pelos grupos de classe média que se movimentavam para resistir à pressão quase insuportável da oligarquia. O poder adquirido pelos militares era, para a oligarquia ligada à exportação, um obstáculo à criação de instrumentos de defesa da concentração de renda. A luta contra Floriano não foi uma tentativa de desmantelamento da República, e sim uma tentativa da oligarquia de despojar do poder os militares e voltar a utilizar o aparelho do Estado para a defesa de seus interesses.
Em fevereiro de 1893 eclodiu no Sul a revolução federalista. A tensão política era particularmente grave no Rio Grande do Sul, onde os partidários do líder republicano, Júlio de Castilhos, conhecidos por “pica-paus”, vinham perseguindo violentamente os oposicionistas pertencentes ao Partido Federalista e apelidados de “maragatos”.
A Revolução Federalista durou trinta e um meses e nela morreram dez mil soldados; componentes de grande selvageria contribuíram para tornar a revolta tristemente célebre. Concomitantemente à Revolução Federalista tivemos a ocorrência da Revolta da Armada que teve como suas causas: a rivalidade existente entre a Marinha e o Exército, derivada da origem de classes de seus oficiais. as articulações dos políticos antiflorianistas que viam na Marinha um importante instrumento para a derrubada do Marechal; as ambições políticas do Almirante Custódio de Melo, que aspirava à sucessão de Floriano e se viu preterido pelo lançamento da candidatura de Prudente de Morais.
Com a revolta da armada, no Rio de Janeiro. Os dois movimentos acabaram por se unir, com o objetivo de depor o "marechal de ferro" e restaurar a monarquia. Os oficiais monarquistas dominaram os navios de guerra e bombardearam a capital da república.
Floriano rejeitou a oferta de apoio naval estrangeiro na baía de Guanabara e rendeu os rebeldes com a chegada de uma nova esquadra, recém adquirida nos Estados Unidos e na Europa.
No Paraná e em Santa Catarina, foi implacável a repressão aos revoltosos, com centenas de fuzilamentos. A dupla rebelião (da Armada e Federalista) foi esmagada com energia pelo “marechal de ferro”. Floriano, contra a vontade dos seus partidários que queriam a sua permanência no poder, entregou o governo ao presidente eleito Prudente de Morais, membro da oligarquia cafeeira paulista.
Concluído o mandato, o marechal Floriano seguiu para uma estação de repouso em Cambuquira (MG), por recomendação médica. De lá, transferiu-se para Divisa (hoje Floriano), no município de Barra Mansa (RJ), onde morreu em 29 de junho de 1895.
Fonte: Fonte: Antônio Pedro / Lizânias de Lima; História do Brasil; FTD.
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