domingo, 24 de setembro de 2023
A crise no Império Romano
Aspectos Culturais da Roma Antiga
A urbe romana
Pão e circo
Os balneários
Os trabalhadores da urbe
O Direito Romano
Literatura, arquitetura e arte
Religião
Império Romano e cristianismo
Durante o reinado do imperador Augusto (27 a.C. – 14 d.C.), nasceu na província romana de Belém, na Galileia, Jesus Cristo. Ao completar 30 anos de idade, Jesus percorreu a Palestina, pregando ao povo uma nova doutrina religiosa – o cristianismo -, que se baseava na crença no deus único. Anunciou que era o messias, envido por Deus. Jesus dizia também que todos poderiam ter acesso ao reino de Deus e obter a salvação eterna. Através da salvação, os homens teriam seus pecados perdoados, sendo recompensados, após a morte, com a glória de viver no Paraíso. Por sua vez, os pecadores descrentes e injustos seriam condenados por Deus ao castigo do inferno. “Amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo” é um dos principais fundamentos da mensagem cristã.
As perseguições à nova religião começam com Nero (ano
A ligação entre a Igreja e o Império Romano consolidou-se no reinado de Teodósio, por meio do Edito de Tessalônica (380), que tornou o cristianismo religião oficial do Estado. Se por um lado isso facilitou a propagação da fé cristã, por outro transformou em políticas as divergências religiosas. Qualquer interpretação dos Evangelhos diversa da aceita pelo Imperador e pelo papa passou a ser considerada heresia e seus defensores foram perseguidos.
O Império Romano
A vitória de Otávio sobre Marco Antônio, coroada com a obtenção dos títulos de Imperator, Augustus e Princips, deu a seu governo um controle absoluto sobre as decisões políticas em Roma. Para isso, Otávio Augusto reduziu o Senado a um mero órgão consultivo. Necessitou ainda contar com o apoio da massa plebeia, implementando nesse sentido a política do “pão e circo”.
Tal política consistia na distribuição de trigo à população mais pobre, além de oferecer espetáculos que a divertissem, como jogos, lutas, etc. Assim, Otávio agradava aos pobres sem, contudo, resolver o problema da miséria reinante em Roma.
Além disso, Otávio conseguiu impor a paz nas fronteiras do império, garantindo a hegemonia romana em toda a região que circundava o mar Mediterrâneo: era a pax romana. Com seu governo, tinha início um período denominado Alto Império, no qual Roma atingiu o ápice de seu desenvolvimento.
O Alto Império (séculos I a.C. – III d.C.)
Com Otávio Augusto iniciava-se a fase mais opulenta da história de Roma, marcada por grandes realizações administrativas e culturais.
O século I foi chamado o século de ouro da cidade de Roma. Otávio cuidou de embelezar a cidade, dotando-a de magníficas construções que estivessem à altura de seu poderio. Além disso, incentivou as artes e as letras, especialmente pela atuação de seu ministro Mecenas, que apoiou financeiramente artistas e escritores, como Horácio, Tito Lívio e Virgílio.
Para administrar a cidade de Roma, o imperador criou o cargo de prefeito, funcionário de sua confiança nomeado para realizar melhorias urbanas. Criou ainda a guarda pretoriana, cuja responsabilidade era zelar pela segurança pessoal do imperador.
Ainda durante o governo de Otávio, numa província do Império Romano – Judá – nasceu Jesus Cristo.
O primeiro Imperador romano morreu no ano 14, aos 76 anos de idade, sendo substituído por Tibério. O governo de Tibério e de seus sucessores, pertencentes a dinastia júlio-claudiana (14-68), foi marcado por intrigas, conspirações, perseguições e descontrole moral e político.
Tibério (14-37) manteve a linha governamental de Otávio Augusto, mas permitiu o crescimento da corrupção e da imoralidade. Durante o seu governo é que Jesus Cristo foi crucificado.
Seu sucessor, Calígula (37-41) teve uma atuação política caracterizada principalmente pelo despotismo e desequilíbrio mental. Além das orgias que promovia, chegou a nomear seu cavalo, Incitatus, cônsul romano. Com Calígula, o despotismo imperial ultrapassou todas as fronteiras, beirando a loucura. Seu cavalo, Incitatus, possuía títulos, prestígio e uma magnifica casa.
Durante o governo de Cláudio (41-54), intrigas palacianas e caos moral foram as maiores características; tendo sido o imperador envenenado por sua esposa.
Sob o governo de Nero (54-68), Roma conheceu o clímax do desregramento moral e político. Este imperador chegou a atear fogo em Roma e culpar disso os cristãos, pois estes se negavam a adorá-lo como um deus. Com Nero têm início as grandes perseguições aos cristãos, que, depois de presos, eram levados aos circos e, em grandes espetáculos populares, mortos por leões e outros animais selvagem, ou ainda por gladiadores (soldados lutadores). Além de vitimar milhares de cristãos, Nero ordenou a morte de sua mãe, irmãos e esposas.
A morte de Nero causou violenta disputa sucessória, pois também os exércitos das fronteiras do império desejavam escolher o novo soberano. Decidiu-se que o poder seria concedido a Vespasiano, comandante do exército do Oriente, o qual dá início à dinastia dos Flávios (69- 96).
Vespasiano, Tito e Domiciano buscaram a restauração financeira e moral do império, além de reprimirem violentamente os judeus na Palestina, ocasionando a Diáspora. Desejavam com isso restabelecer o poderio romano, perdido durante os excessos do reinado de Nero.
A dinastia dos Antoninos (96-192) teve como representantes Nerva Trajano, Adriano, Antônio Pio, Marco Aurélio e Cômodo. Até o governo de Marco Aurélio, Roma pôde contar com prosperidade material e uma equilibrada relação com o Senado, e sob Trajano, foram realizadas as últimas anexações ao império.
Após esta dinastia, o grande Império Romano entra em irreversível processo de desintegração, devido às invasões estrangeiras.
O último dos antoninos foi assassinado no ano de 192, em meio a uma conspiração senatorial, à qual se seguiram intensas lutas civis pela sucessão do trono. Finalmente, exército e Senado concederam o poder a Sétimo Severo, inaugurando-se, assim, uma nova dinastia.
O período dominado pelos Severos (193-235) correspondeu à decadência da Roma imperial. Multiplicavam-se as invasões, aumentava a usurpação nas áreas provinciais, desorganizava-se a produção agrícola em função da falta de mão-de-obra escrava e de segurança no campo, crescia o descontrole financeiro, o que caracterizava um processo de crise geral. Os imperadores dessa dinastia foram Severo, Caracala, Heliogábala e Alexandre.
O Baixo Império (séculos III-IV)
Após os Severos, a decadência romana acentuou-se progressivamente, iniciando-se um período de caos, de anarquia, e invasões, com governos de exceções. A esse período da história de Roma denominou-se Baixo Império.
O século III correspondeu a um período de anarquia militar, quando simultaneamente, várias legiões do exercito romano proclamaram seus comandantes imperadores, ocasionando conflitos armados que afetaram seriamente a produção agrícola, o comércio, enfim, toda a base da economia imperial. Somente entre os anos 235 e 284, Roma teve 26 imperadores, 25 dos quais morreram assassinados.
O descalabro militar, econômico e administrativo facilitava a penetração dos estrangeiros, denominados pelos romanos de bárbaros, que foram ocupando e dominando, pacífica ou militarmente, vastos territórios do império. O fim das conquistas comprometeu o abastecimento de mão-de-obra escrava, o que atingiu de maneira fatal a economia romana.
Nessa fase do Baixo Império, alguns imperadores merecem ser lembrados. Diocleciano (284-305) dividiu o poder romano entre quatro generais (tetrarquia) a fim de obter a paz social. Conseguiu momentaneamente algum sucesso com o Edito Máximo de 301, o qual estipulava um limite máximo pra os preços e salários. Tal medida provocou o desabastecimento de alimentos e o surgimento de ágio, contribuindo para o agravamento da crise.
A força e a extensão conquistadas pelo cristianismo determinaram seu reconhecimento por parte do Império Romano. Foi Constantino (312-337), considerado o último dos grandes imperadores romanos, quem publicou, em 313, o Edito de Milão, concedendo liberdade de culto aos cristãos.
Em 325, em um concílio celebrado em Nícéia, e do qual participou Constantino, ficaram assentadas as bases da doutrina da nova Igreja.
Constantino fundou, ainda, uma segunda Roma, embelezando a cidade de Bizâncio, que passou a se chamar Constantinopla (hoje Istambul). Visando uma maior proteção da fronteira leste, esta cidade assumiu a função de capital oriental do império.
Para reorganizar a produção agrícola, que sofria de falta de mão-de-obra escrava devido ao grande êxodo para as cidades. Constantino decretou a Lei do Colonato (332). Tal medida obrigava o trabalhador rural a permanecer nas grandes propriedades como colono. A lei fixava o homem à terra, tendo o grande proprietário a incumbência de protegê-lo. Substitui, dessa forma, o trabalho escravo pelo trabalho servil.
Entretanto, as medidas de Constantino foram insuficientes para pôr termo à séria crise pela qual passava a economia romana. A constância dos ataques bárbaros levou as propriedades rurais a produzir somente o necessário para o seu consumo, convertendo-se em unidades autossuficientes. Constituem, assim, lentamente, uma nova ordem econômica.
Depois de Constantino, voltou a acentuar-se a decadência romana. Com Teodósio (379-395), promoveu-se a divisão do Império Romano: o do Ocidente, com capital em Roma, ficou a cargo de Honório, enquanto o do Oriente, cuja capital era Constantinopla, foi atribuído a Arcádio. Teodósio fez do cristianismo a religião oficial do império, com o Edito de Tessalônica (em 380).
O processo expansionista dos bárbaros determinou o fim do Império Romano do Ocidente em 476, quando a tribo dos hérulos, chefiadas por Odoacro, derrubou Rômulo Augusto do trono imperial romano. No Oriente, porém, o império manteve-se até 1453, quando sua capital. Constantinopla, foi tomada pelos turcos otomanos.
A REPÚBLICA ROMANA (509 a.C.-27 a.C.)
A substituição da Monarquia pela República foi um ato reacionário dos patrícios, que afastaram a realeza, cada vez mais comprometida com as classes empobrecidas. O monopólio do poder voltou às mãos dos patrícios, com as instituições romanas assegurando a manutenção do poder. Plebeus e escravos continuaram sem direitos políticos, mas alguns plebeus enriquecidos com o comércio, chegaram a ter certos privilégios resultantes de sua condição de clientes. Entretanto, dependiam inteiramente dos benefícios concedidos pelos patrícios.
A base da República Romana era o Senado, formado por trezentos patrícios, com a responsabilidade de propor leis. Os cargos eram vitalícios, abrigando outras funções: garantir a integridade da tradição e da religião, supervisionar as finanças públicas, conduzir a política externa e administrar as províncias. A presidência do senado era exercida pelo magistrado, que o convocava, podendo ser um cônsul, um pretor ou um tribuno.
Existiam duas assembleias encarregadas de votar as leis sugeridas pelo senado. A Assembleia Curiata, que perdeu quase toda a sua importância durante a República, e a Assembleia Centuriata, formada pelas centúrias (divisões políticas e militares compostas por cem cidadãos), a quem cabia de fato discutir e votar as propostas.
O poder executivo era exercido pelos magistrados, pertencentes, na maioria das vezes, à classe dos patrícios. Com exceção do censor, todos os magistrados eram eleitos pela Assembleia Centuriata para um mandato de um ano. Coletivas, as magistraturas exigiam a presença de dois ou mais magistrados para cada cargo.
Os magistrados eram os seguintes:
- Cônsules: Detinham o maior poder, equivalente ao dos antigos reis. Eram dois, eleitos para um período de um ano. Tinham como atribuições comandar o exército, convocar o Senado e presidir os cultos. Nos períodos de crise, indicavam um ditador, que exercia o poder de forma absoluta durante o período máximo de seis meses.
- Pretores: Ministravam a justiça, existindo dois: um para as cidades, chamado de urbano, e outro para o campo e para estrangeiros, chamado de peregrino.
- Censores: Sua função era fazer o recenseamento dos cidadãos. Calculavam o nível de riqueza de cada um e vigiavam a conduta moral do povo.
- Questores: Encarregados de administrar as finanças públicas.
- Tribunos da plebe: Surgiram em decorrência das lutas da plebe por seus direitos. Os tribunos podiam vetar todas as leis contrárias aos interesses da plebe, menos em épocas de guerras, ou de graves perturbações sociais, quando todas as leis ficavam sob o controle exclusivo do ditador. Os tribunos da plebe eram considerados invioláveis e quem os agredisse era condenado à morte.
AS LUTAS DE CLASSE NA REPÚBLICA
Embora os plebeus constituíssem a maioria da população eram marginalizados desde os tempos da Monarquia continuando até na República. Como consequência, os plebeus sofriam sérias discriminações. Nas guerras ficavam com os piores despojos; quando se endividavam e não podiam pagar suas dívidas, tornavam-se escravos. Nessa época, as leis não eram escritas, mas orais, baseadas na tradição, o que concedia grandes privilégios aos patrícios devido à sua complexa interpretação.
Os plebeus não tinham direito de participar das decisões políticas. Tinham deveres a cumprir: lutar no exército, pagar impostos, etc. A segurança de Roma dependia de um exército forte e numeroso. Os plebeus eram indispensáveis na formação do exército, uma vez que constituíam a maior parte da população. Conscientes disso e cansados de tanta exploração, os plebeus recusaram-se a servir ao exército, o que representou um duro golpe na estrutura militar de Roma.
Iniciaram um longa luta política contra os patrícios, que perdurou por mais de um século. Lutaram para conquistar direitos, como o de participar das decisões políticas, exercer cargos da magistratura ou casar-se com os patrícios.
Para retornar ao serviço militar, os plebeus fizeram várias exigências aos patrícios e conquistaram direitos. Entre eles encontrava-se a criação de um comício da plebe, presidido por um tribuno da plebe. O tribuno podia vetar todas as leis contrárias aos interesses da plebe, menos em épocas de guerras, ou de graves perturbações sociais, quando todas as leis ficavam sob o controle exclusivo do ditador. Ele era considerado inviolável e quem o agredisse era condenado à morte.
Outras importantes conquistas obtidas pela plebe foram:
Leis das Doze Tábuas (450 a.C.) – juízes especiais (decênviros) decretariam leis escritas válidos para patrícios e plebeus. Embora o conteúdo dessas leis fosse favorável aos patrícios, o código escrito serviu para dar clareza às normas, evitando arbitrariedades.
Lei Canuléia (445 a.C.) – autorizava o casamento entre patrícios e plebeus. Mas na prática só os plebeus ricos conseguiam casar-se com os patrícios.
Lei Licínia – Aboliu a escravidão por dívidas e ainda concedeu aos plebeus a participação no consulado.
Lei Ogúlnia (300 a.C.) – Com essa lei os plebeus adquiriram o direito de exercer a Magistratura de Pontífice Máximo.
Lei Ortênsia – Os plebeus conseguiram que as leis aprovadas pela Assembleia da Plebe (Comitia Plebis) tivessem validade para todo o Estado. Essas decisões foram chamadas de plebiscito, o que significa "a plebe aceita".
Embora os progressos alcançados pelas conquistas da plebe tivessem sido grandes, essas leis, na prática, continuaram a beneficiar apenas os plebeus ricos, principalmente os comerciantes, que, por casamento, podiam almejar os melhores cargos da república. A exploração dos pobres, no entanto, continuou não havendo a mínima condição de alcançarem o poder
Apesar disso, por volta do século III a.C., a República Romana se caracterizava pelo equilíbrio de poder entre a classes, o que no fundo, escondia o fato de que havia um Estado Patrício e um Estado Plebeu.
EXPANSÃO TERRITORIAL – IMPERIALISMO ROMANO
A República romana foi marcada por conquistas que expandiram seu domínio por toda a Bacia do Mediterrâneo. Em Roma escravos e terras constituíam riqueza, e a forma de os grandes proprietários, e comerciantes romanos consegui-los era por meio de guerras e conquistas. Assim, o imperialismo romano manifestou-se como uma política de conquista de novos territórios, para aumentar a mão-de-obra escrava e atender aos interesses dos grandes proprietários de terras e de escravos.
As primeiras evidências da expansão militar consistiram no domínio completo da Península Itálica. Mais tarde, tiveram início as guerras contra Cartago (cidade no norte da África), conhecidas como Guerras Púnicas. Posteriormente veio a expansão pelo mundo antigo.
Cartago, colônia fundada pelos fenícios no século VII a.C., era a grande rival de Roma na região do Mediterrâneo Ocidental. Os mercadores cartaginês dominavam o comércio, transformando Cartago num grande entreposto, que contava com uma poderosa força naval e um eficiente exército composto de mercenários.
Primeira Guerra Púnica: Os cartaginenses ocupavam parte da Sicília. Aproveitando-se de uma disputa que envolveu piratas italiotas e habitantes cartaginenses da Sicília, Roma entrou em guerra contra Cartago em 264 a.C. Depois de várias lutas, que duraram 23 anos, Roma venceu a batalha decisiva, realizada na ilha de Égales. Lideradas por Amílcar Barca, as forças cartaginenses tiveram que pagar um pesado tributo aos vencedores e entregar a Roma as ilhas da Sicília, da Córsega e da Sardenha.
Segunda Guerra Púnica: Para compensar as perdas no mar Tirreno, Cartago passou a explorar intensamente as minas de prata da Espanha, Era uma forma de conseguir recursos para a desforra. Na tentativa de evitar novas guerras, uma delegação romana chegou a ser enviada a Cartago, como o objetivo de delimitar as áreas de influência dos dois contendores. Mas a iniciativa foi frustrada e, em 216 a.C., Aníbal Barca, filho de Amílcar, partiu de Cartago com uma formidável força de sessenta mil homens, mais dez mil cavalos e grande número de elefantes.
O exército cartaginês rumou na direção norte e, depois de atravessar os Alpes, derrotou os romanos, conseguindo chegar perto de Roma. Entretanto, a rebelião das cidades gregas contra a Macedônia privou Aníbal de um precioso aliado. Aos poucos, o Exército romano foi reconquistando posições, até que, na Batalha de Zama, em 202 a.C., os cartagineses foram finalmente vencidos. O resultado da guerra foi doloroso para os cartagineses: perderam a Espanha e o resto da Península Ibérica e tiveram que entregar sua esquadra naval aos romanos.
Terceira Guerra Púnica: Na terceira e última guerra (150-146 a.C.), um exército de oitenta mil homens, liderados pelo general Cipião Emiliano, foi enviado a África e reduziu Cartago a uma simples província. A cidade foi totalmente destruída, seus quarenta mil habitantes escravizados e as terras conquistadas divididas entre os invasores. Assim, Roma completou seu domínio sobre todo o Mediterrâneo Ocidental
Eliminada a rival (Cartago), os romanos abriram caminho para a dominação de regiões do Mediterrâneo Ocidental (península Ibérica, Gália) e oriental (Macedônia, Grécia, Ásia Menor). O mar Mediterrâneo foi inteiramente controlado pelos romanos, que o chamavam de nare nostrum ("nosso mar").
Consequências do Imperialismo
O domínio romano na bacia do Mediterrâneo resultou em grandes transformações econômicas, sociais e políticas, que conduziram à crise e ao fim da República, formando-se o Império.
A economia passou a se fundamentar na venda de escravos capturados entre os povos vencidos e na cobrança de tributos das regiões conquistadas. Um dos reflexos dessa mudança foi a formação de uma classe de ricos comerciantes, os cavaleiros.
O trabalho escravo passou a ocupar todas as atividades profissionais, sobretudo nas grandes propriedades, que chegavam a atingir a extensão de 80.000 hectares. Enquanto na Grécia, durante o período clássico, o escravismo coincidiu com estabilização da pequena propriedade e a formação de um grupo de cidadãos composto principalmente por pequenos proprietários, em Roma o resultado foi o latifúndio e o domínio de uma poderosa aristocracia.
A sociedade também sofreu transformações. Os ricos nobres romanos, em geral pertencentes ao Senado, tornaram-se donos de grandes latifúndios, que eram cultivados pelos escravos. Obrigados a servir no exército romano, muitos plebeus regressaram à Itália de tal modo empobrecidos que, para sobreviver, passaram a vender seus bens. Sem terras, inúmeros camponeses plebeus emigraram para a cidade, passando a viver em torno de Roma com o pão e o circo fornecidos pelo Estado.
A crise da República
As mudanças, resultantes da exploração imperialista, abriram um novo quadro em Roma, marcado por violentas lutas políticas e sociais. Inicialmente ocorreram conflitos entre patrícios e plebeus e, depois entre patrícios e cavaleiros, que reivindicavam o direito de ocupar cargos na magistratura e no Senado, pois isso lhes aumentaria o poder econômico. Essas lutas iriam destruir as bases da República Romana e formar o Império.
A reforma dos Graco
Diante do clima de tensão, os irmãos Tibério e Caio Graco, que eram tribunos da plebe, tentaram promover uma reforma social (133-132 a.C.) para melhorar as condições de vida da massa plebeia. Entre outras medidas, propuseram a distribuição de terras entre os camponeses plebeus e limitações ao crescimento dos latifúndios. Sofreram então uma forte oposição do Senado romano. Acabaram sendo assassinados a mando dos nobres, que se sentiram ameaçados pelo apoio popular que os irmão Graco vinham recebendo.
Fracassadas as reformas sociais dos irmão Graco, a política, a economia e a sociedade romana, entraram num período de grande instabilidade.
A LUTA ENTRE PATRÍCIOS E PLEBEUS
A aliança entre cavaleiros e patrícios era frágil, principalmente porque existia, entre eles, uma incansável luta pelo poder. Depois da morte dos irmãos Graco, a plebe órfã de liderança política, aliou-se ao Partido Democrata, formado por ricos comerciantes – os cavaleiros -, que lutavam para tirar o poder dos patrícios.
Os patrícios, por sua vez, eram incapazes de resolver os graves problemas que ameaçavam a República. Enquanto isso, generais vitoriosos em inúmeras batalhas alcançavam enorme popularidade e usavam seu prestígio para fazer carreira política.
Mário era um exemplo desse novo homem político. Depois de vencer muitas batalhas na África, aliou-se à facção radical do Partido Democrata, o Partido Popular, elegendo-se ilegalmente cônsul por seis vezes consecutivas. (105-100 a.C.). Devido a sua origem plebeia, Mário era detestado pelo Senado. Mas sua popularidade cresceu ainda mais depois da vitória sobre os teutões.
Sila, grande rival de Mário e seu subalterno na África, tornou-se famoso quando, a serviço dos patrícios reprimiu com grande violência as guerras sociais que eclodiram em toda a Itália. Da rivalidade entre os dois resultou uma violenta guerra civil que só terminaria com a morte de Mário, em 86 a.C. Com o apoio do Senado, Sila alcançou um poder quase absoluto. Entretanto, o domínio de Sila durou pouco. Depois de derrotar os últimos partidários de Mário abandonou a vida pública.
As guerras que envolveram Roma, desde Sila e Mário, demonstraram que a República dos patrícios chegava ao fim e que surgiam novos instrumentos do poder, como a plebe urbana e o exército profissional.
O PRIMEIRO TRIUNVIRATO
Na década de 70 a.C., Roma enfrentou uma grande crise: na Espanha, os partidários de Mário agruparam-se, rebelados, em torno de Sertório, a província que buscava separação do Império; no Oriente Mitríades novamente se rebelou; na Itália ocorreu uma grande rebelião de escravos, chefiada por Espártaco. A atuação de Pompeu e Crasso nos acontecimentos projetou-os na vida política. Assim como eles, começou a se projetar Júlio Cesar, ligado ao partido popular. Hábil e audacioso, César assumiu a liderança do Partido Popular, após o fracasso da Conjuração de Catilina. Aproveitando-se do descontentamento de Pompeu e Crasso contra o Senado Júlio César uniu-se a eles e formou o Primeiro Triunvirato. Em consequência desta união elegeu-se César para o Consulado cujas medidas adotadas forneceu-lhe apoio popular. Leis agrárias. Obteve grandes vitórias militares em virtude das conquistas territoriais, fortalecendo o exército e aumentando a riqueza de Roma.
Com a morte de Crasso na Ásia e Júlio César governando a Gália, Pompeu ficou sozinho em Roma. Temendo o fortalecimento de César, o Senado conspirou com Pompeu e o elegeu cônsul e "confiou-lhe a defesa da República contra as ambições de César". A atitude do Senado precipitou uma guerra civil. Apoiado pelo exército César marchou sobre Roma e venceu Pompeu que fugiu para o Egito, onde morreu assassinado. Assim, César tornou-se Ditador Vitalício.
REFORMAS EMPREENDIDAS DURANTE A DITADURA DE CÉSAR
- Divisão das terras e criação de novas colônias;
- Anulação do poder do Senado e limitou os poderes dos tribunos e das assembleias;
- Determinou que os latifundiários seriam obrigados a empregar em suas terras 1/3 dos trabalhadores livres;
- Limitou os poderes dos governadores das províncias;
- Reforma do calendário – Calendário Juliano.
A República passava a possuir um caráter de Monarquia Militar. César se intitulou Imperador. As reformas feitas por César, levaram a aristocracia e o senado a conspirar contra ele, o que resultou em seu assassinato em 44 a.C. Entretanto, os conspiradores não conseguiram tomar o poder nem restaurar o poder senatorial. Após a morte de Júlio César forma-se o Segundo Triunvirato – acordo legal entre Marco Antônio, Lépido e Otávio Augusto em 43 a.C.
O SEGUNDO TRIUNVIRATO
O governo da República foi dividido. Otávio ficou com o Ocidente, Marco Antônio com o oriente e Lépido com a África. As disputas entre os três integrantes do novo governo pela supremacia do poder geraram mudanças. Lépido aos poucos foi sendo afastado, Marco Antônio acabou rompendo com Otávio. Marco Antônio com o apoio de Cleópatra, rainha do Egito, fortaleceu-se tornando inevitável o choque com Otávio. Otávio venceu Marco Antônio na Batalha de Actium em 31 a.C. e após a derrota, Marco Antônio suicidou-se juntamente com Cleópatra e o Egito foi anexado a Roma.
Com a vitória no Egito e a posse dos imensos tesouros do Faraó, Otávio acumulou uma fortuna que lhe permitiu formar um poderoso exército, composto por setenta legiões, e abastecer de trigo a plebe romana.
Tendo sobre seu controle as principais fontes de poder (o Exército e a plebe), Otávio começou a estabelecer uma nova forma de governo. Mais cuidadoso do que César, procurou disfarçar seu próprio poder, mantendo nas aparências o Regime Republicano.
Com receio de perder seus privilégios, o Senado cumulu Otávio de títulos: Poder Tribunício (que o tornava sacrossanto e inviolável); Imperador Consular (que lhe confiava o comando supremo do exército em todas as províncias); Pontífice Máximo (que o tornou chefe da religião romana); Princeps Senatus (que lhe dava o direito de governar o Senado); Imperador (título reservado aos generais vencedores) e, finalmente, Augusto (título reservado aos deuses). Marcando o início do Império e o final da República, formou-se um regime político caracterizado pelo absolutismo teocrático, muito semelhante aos antigos impérios orientais.
O mundo romano - Monarquia (753 a 509 a.C.)
Os romanos deixaram marcas culturais e políticas que ajudaram a moldar o mundo contemporâneo. Muitos traços da história romana estão presentes em nossa vida cotidiana.
Em primeiro lugar, na língua. O português é derivado direto do latim, a língua dos romanos. Também do latim derivam o espanhol, o francês, o italiano e o romeno.
Na política, igualmente, a ideia de república (que quer dizer res publica, a “coisa pública”) se aprimorou, com os partidos políticos, o Senado e as assembleias, com a representação popular (plebeia) e aristocrática (patrícia).
Na construção das cidades, com suas funções bem planejadas, já despontava nossa civilização do Ocidente. Na arquitetura, na rede de estradas que ligava o extenso mundo abrangido pelos romanos, nas artes em geral, pode-se notar a força de uma cultura que soube se apropriar das anteriores - da grega em especial - e criar sua própria identidade.
Na filosofia, no direito civil (de civitas, “cidadania”; o direito do cidadão), na literatura, os romanos deixaram traços fortes, que o tempo não apagou.
Mas a verdade é que, a partir do solo romano, surgiu um povo que dominou o mundo, construindo o Império Romano. Para consolidar sua dominação, os romanos desenvolveram uma complexa “máquina estatal”, responsável por grandes contribuições no setor administrativo, militar, legislativo e jurídico. Além disso, difundiram um modo de vida que influenciou profundamente toda a história ocidental até os nossos dias. Talvez, por isso, ainda hoje, costuma-se dizer que “todos os caminhos levam a Roma”.
Origem de Roma
Desde o 2º Milênio a.C. a península itálica foi habitada por pastores e agricultores, chamados italiotas. Eram vários grupos, destacando-se entre eles os moradores da região do Lácio, os latinos. A língua falada por esse povo, o latim, tornou-se a língua dos romanos.
Segundo a lenda muito antiga, Roma foi fundada por dois irmãos, Rômulo e Remo. Abandonados logo após o nascimento, eles só não morreram por que foram amamentados por uma loba, até que anos mais tarde, fundaram uma pequena cidade na região montanhosa de Roma, a qual governaram por algum tempo. Após uma dissidência entre os dois, Rômulo matou seu irmão e passou a governar a cidade sozinho, chamando-a Roma.
Muitos povos invasores transitaram pela Itália antes mesmo da formação do reino de Roma, ocupando diferentes partes da península itálica em épocas distintas e convivendo ali durante muitos anos. Entre os séculos XII a.C. e VI a.C., o local sofreu duas grandes invasões, perpetradas pelos gregos e pelos etruscos, que imigraram para a Itália, onde construíram pequenas cidades. Toda essa miscigenação cultural teria, anos mais tarde, influência fundamental na cultura do Império Romano.
A História de Roma dividiu-se em três períodos: Monárquico; Republicano e Imperial.
A Monarquia ou Realeza Romana (753 a 509 a.C.)
A Monarquia ou Realeza foi a primeira forma de governo. Devido à ausência de documentos escritos sobre esse período, seu estudo é feito com base em pesquisas arqueológicas e nas interpretações de lendas. Este período abrange a fundação de Roma em meados do século VIII a.C., até o fim de período monárquico, com a deposição do último rei etrusco, Tarquínio O soberbo e consequentemente o estabelecimento da República.
Neste tempo, Roma foi governada por reis etruscos e latinos, que cuidavam de seu país movidos pelo grande interesse na autoridade máxima e na estabilidade política. Sob os reis etruscos, Roma adquiriu o aspecto de cidade. Foram realizadas muitas obras públicas importantes: drenagem de pântanos, construção de sistemas de esgoto, templos etc.
A sociedade neste período baseava-se nos genos (ou gens) que tinham como características a propriedade coletiva dos bens e o patriciado. De acordo com a tradição o conjunto de dez genos formava a Cúria Romana (organização social, com práticas religiosas próprias e militar). A reunião de 10 cúrias formava uma tribo – comandada por um chefe eleito, com funções religiosas e militares. Da integração das tribos formava-se o povo romano (populus).
O crescimento populacional, a prosperidade econômica e a expansão territorial são fatores que explicam a desintegração da comunidade gentílica. Com o tempo as famílias mais fortes foram se apropriando das terras mais férteis, surgindo a propriedade privada e os proprietários de terras, que se tornaram a classe dominante em Roma, os patrícios.
Em 509 a.C., os romanos derrubaram o rei etrusco Tarquínio, o Soberbo, e fundaram uma república. No lugar do rei, elegeram dois magistrados, os cônsules, para governar. Terminou assim o período da monarquia.
Instituições Políticas
A organização política durante a Monarquia estava assim distribuída:
• SENADO – Conselho formado por representantes da aristocracia patrícia. As principais do Senado eram propor leis e fiscalizar a ação do rei, além de decidir sobre a paz e a guerra. Era o principal órgão legislativo e gozava de amplos poderes.
• REI – Não possuía poderes absolutos. Era fiscalizado pela Assembleia e pelo Senado. Exercia as funções militares, religiosas e judiciais. Era escolhido pelos chefes das grandes famílias patrícias.
• ASSEMBLÉIA CURIAL (COMITIVA CURIATA) – Formada por todos os patrícios em idade militar, que votavam as leis propostas pelo senado.
A sociedade romana
O povo romano era formado pelos descendentes das famílias que teriam participado da fundação de Roma. Eles eram os patrícios, descendentes dos pais da cidade. Só eles podiam ocupar os cargos públicos e governar. Além disso, tinham se apossado das melhores terras da região e formavam uma aristocracia de várias famílias ligadas por laços de parentesco. Cada família formava uma gens. Os chefes das gens integravam o Senado romano. Os patrícios romanos se reuniam numa assembleia chamada comício, para propor e votar as leis da cidade. Os patrícios eram classificados em trinta grupos de famílias chamados de cúrias. Os comícios curiados escolhiam os reis e os demais funcionários do governo.
O outro grupo da sociedade romana era constituído pelos plebeus. A plebe era formada pelos estrangeiros e pelos romanos que não tinham um antepassado que houvesse participado da fundação da cidade. Os plebeus viviam livremente em Roma, embora não tivessem direitos e não participassem do governo.
Para melhorar a situação de vida, muitos plebeus se tornavam protegidos ou clientes, de alguma família patrícia. Em troca, tinham de prestar favores a esses patrícios. Roma também contava com um grande número de escravos. Os escravos eram tratados como se fossem coisas. Eles nem existiam na legislação romana.
Os plebeus que não pudessem pagar suas dívidas e os prisioneiros de guerra eram escravizados.
A família romana
A família teve um papel muito importante dentro da sociedade romana. Toda a organização da sociedade girava em torno dos laços de parentesco, e estes laços, por sua vez, estavam ligados à religião.
A família romana era formada por todos aqueles que prestavam homenagem a um antepassado. Isso incluía o pai, a mãe, os filhos, os clientes e até os escravos.
A autoridade do pai era absoluta dentro de casa. Ele tinha poder de vida e morte sobre a mulher e os filhos. A figura da mãe era muito respeitada e gozava de muito prestígio. Apesar disso, a mulher não participava da vida pública nem tinha independência dentro de casa: lá era subordinada ao pai, ao marido ou ao filho mais velho.
A religião
Os romanos eram muito religiosos. Mas eram tão supersticiosos que achavam que tinham de adotar os deuses dos povos com os quais entravam em contato para facilitar a convivência entre ambos. Graças a isso, a religião romana assimilou as crenças de vários povos. O Estado romano propagava uma religião oficial que prestava culto aos grandes deuses de origem grega, porém com nomes latinos, como por exemplo, Júpiter, pai dos deuses; Marte, deus da guerra, ou Minerva, deusa da arte. Em honra desses deuses eram realizadas festas, jogos e outras cerimônias.
Os latinos praticavam o culto doméstico, veneravam os espíritos dos antepassados e os lares, os gênios protetores da casa. O pai da família desempenhava o papel de sacerdote. Cada cidade tinha seu altar com fogo sagrado no templo de Vesta, a deusa protetora do Estado. Lá, as vestais, virgens de famílias importantes, alimentavam o fogo sagrado.
Muitos deuses de regiões conquistadas também foram incorporados aos cultos romanos. Os deuses eram antropomórficos, ou seja, possuíam características (qualidades e defeitos) de seres humanos, além de serem representados em forma humana.
O Edito de Milão de Constantino estabeleceu a liberdade de culto aos cristãos, encerrando as violentas perseguições. No século IV d.C., o cristianismo tornou-se a religião oficial, por determinação do imperador Teodósio.
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