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O mundo romano - Monarquia (753 a 509 a.C.)

Os romanos deixaram marcas culturais e políticas que ajudaram a moldar o mundo contemporâneo. Muitos traços da história romana estão presentes em nossa vida cotidiana.

Em primeiro lugar, na língua. O português é derivado direto do latim, a língua dos romanos. Também do latim derivam o espanhol, o francês, o italiano e o romeno.

Na política, igualmente, a ideia de república (que quer dizer res publica, a “coisa pública”) se aprimorou, com os partidos políticos, o Senado e as assembleias, com a representação popular (plebeia) e aristocrática (patrícia).

Na construção das cidades, com suas funções bem planejadas, já despontava nossa civilização do Ocidente. Na arquitetura, na rede de estradas que ligava o extenso mundo abrangido pelos romanos, nas artes em geral, pode-se notar a força de uma cultura que soube se apropriar das anteriores - da grega em especial - e criar sua própria identidade.

Na filosofia, no direito civil (de civitas, “cidadania”; o direito do cidadão), na literatura, os romanos deixaram traços fortes, que o tempo não apagou.

Mas a verdade é que, a partir do solo romano, surgiu um povo que dominou o mundo, construindo o Império Romano. Para consolidar sua dominação, os romanos desenvolveram uma complexa “máquina estatal”, responsável por grandes contribuições no setor administrativo, militar, legislativo e jurídico. Além disso, difundiram um modo de vida que influenciou profundamente toda a história ocidental até os nossos dias. Talvez, por isso, ainda hoje, costuma-se dizer que “todos os caminhos levam a Roma”.

Origem de Roma

Desde o 2º Milênio a.C. a península itálica foi habitada por pastores e agricultores, chamados italiotas. Eram vários grupos, destacando-se entre eles os moradores da região do Lácio, os latinos. A língua falada por esse povo, o latim, tornou-se a língua dos romanos.

Segundo a lenda muito antiga, Roma foi fundada por dois irmãos, Rômulo e Remo. Abandonados logo após o nascimento, eles só não morreram por que foram amamentados por uma loba, até que anos mais tarde, fundaram uma pequena cidade na região montanhosa de Roma, a qual governaram por algum tempo. Após uma dissidência entre os dois, Rômulo matou seu irmão e passou a governar a cidade sozinho, chamando-a Roma.

Lendas à parte, segundo pesquisas históricas, Roma foi fundada pelos latinos, no século VIII a.C. e no ano seguinte, foi dominada pelos etruscos.

Muitos povos invasores transitaram pela Itália antes mesmo da formação do reino de Roma, ocupando diferentes partes da península itálica em épocas distintas e convivendo ali durante muitos anos. Entre os séculos XII a.C. e VI a.C., o local sofreu duas grandes invasões, perpetradas pelos gregos e pelos etruscos, que imigraram para a Itália, onde construíram pequenas cidades. Toda essa miscigenação cultural teria, anos mais tarde, influência fundamental na cultura do Império Romano.

A História de Roma dividiu-se em três períodos: Monárquico; Republicano e Imperial.

A Monarquia ou Realeza Romana (753 a 509 a.C.) 

A Monarquia ou Realeza foi a primeira forma de governo. Devido à ausência de documentos escritos sobre esse período, seu estudo é feito com base em pesquisas arqueológicas e nas interpretações de lendas. Este período abrange a fundação de Roma em meados do século VIII a.C., até o fim de período monárquico, com a deposição do último rei etrusco, Tarquínio O soberbo e consequentemente o estabelecimento da República.

Neste tempo, Roma foi governada por reis etruscos e latinos, que cuidavam de seu país movidos pelo grande interesse na autoridade máxima e na estabilidade política. Sob os reis etruscos, Roma adquiriu o aspecto de cidade. Foram realizadas muitas obras públicas importantes: drenagem de pântanos, construção de sistemas de esgoto, templos etc.

A sociedade neste período baseava-se nos genos (ou gens) que tinham como características a propriedade coletiva dos bens e o patriciado. De acordo com a tradição o conjunto de dez genos formava a Cúria Romana (organização social, com práticas religiosas próprias e militar). A reunião de 10 cúrias formava uma tribo – comandada por um chefe eleito, com funções religiosas e militares. Da integração das tribos formava-se o povo romano (populus).

O crescimento populacional, a prosperidade econômica e a expansão territorial são fatores que explicam a desintegração da comunidade gentílica. Com o tempo as famílias mais fortes foram se apropriando das terras mais férteis, surgindo a propriedade privada e os proprietários de terras, que se tornaram a classe dominante em Roma, os patrícios.

Em 509 a.C., os romanos derrubaram o rei etrusco Tarquínio, o Soberbo, e fundaram uma república. No lugar do rei, elegeram dois magistrados, os cônsules, para governar. Terminou assim o período da monarquia.

Instituições Políticas 

A organização política durante a Monarquia estava assim distribuída:

• SENADO –   Conselho formado por representantes da aristocracia patrícia. As principais do Senado eram propor leis e fiscalizar a ação do rei, além de decidir sobre a paz e a guerra. Era o principal órgão legislativo e gozava de amplos poderes.

• REI – Não possuía poderes absolutos. Era fiscalizado pela Assembleia e pelo Senado. Exercia as funções militares, religiosas e judiciais. Era escolhido pelos chefes das grandes famílias patrícias.

• ASSEMBLÉIA CURIAL (COMITIVA CURIATA) – Formada por todos os patrícios em idade militar, que votavam as leis propostas pelo senado. 

A sociedade romana 

O povo romano era formado pelos descendentes das famílias que teriam participado da fundação de Roma. Eles eram os patrícios, descendentes dos pais da cidade. Só eles podiam ocupar os cargos públicos e governar. Além disso, tinham se apossado das melhores terras da região e formavam uma aristocracia de várias famílias ligadas por laços de parentesco. Cada família formava uma gens. Os chefes das gens integravam o Senado romano. Os patrícios romanos se reuniam numa assembleia chamada comício, para propor e votar as leis da cidade. Os patrícios eram classificados em trinta grupos de famílias chamados de cúrias. Os comícios curiados escolhiam os reis e os demais funcionários do governo.

O outro grupo da sociedade romana era constituído pelos plebeus. A plebe era formada pelos estrangeiros e pelos romanos que não tinham um antepassado que houvesse participado da fundação da cidade. Os plebeus viviam livremente em Roma, embora não tivessem direitos e não participassem do governo.

Para melhorar a situação de vida, muitos plebeus se tornavam protegidos ou clientes, de alguma família patrícia. Em troca, tinham de prestar favores a esses patrícios. Roma também contava com um grande número de escravos.  Os escravos eram tratados como se fossem coisas. Eles nem existiam na legislação romana.

Os plebeus que não pudessem pagar suas dívidas e os prisioneiros de guerra eram escravizados. 

A família romana 

A família teve um papel muito importante dentro da sociedade romana. Toda a organização da sociedade girava em torno dos laços de parentesco, e estes laços, por sua vez, estavam ligados à religião.

A família romana era formada por todos aqueles que prestavam homenagem a um antepassado. Isso incluía o pai, a mãe, os filhos, os clientes e até os escravos.

A autoridade do pai era absoluta dentro de casa. Ele tinha poder de vida e morte sobre a mulher e os filhos. A figura da mãe era muito respeitada e gozava de muito prestígio. Apesar disso, a mulher não participava da vida pública nem tinha independência dentro de casa: lá era subordinada ao pai, ao marido ou ao filho mais velho. 

A religião 

Os romanos eram muito religiosos. Mas eram tão supersticiosos que achavam que tinham de adotar os deuses dos povos com os quais entravam em contato para facilitar a convivência entre ambos. Graças a isso, a religião romana assimilou as crenças de vários povos. O Estado romano propagava uma religião oficial que prestava culto aos grandes deuses de origem grega, porém com nomes latinos, como por exemplo, Júpiter, pai dos deuses; Marte, deus da guerra, ou Minerva, deusa da arte. Em honra desses deuses eram realizadas festas, jogos e outras cerimônias.

Os latinos praticavam o culto doméstico, veneravam os espíritos dos antepassados e os lares, os gênios protetores da casa. O pai da família desempenhava o papel de sacerdote.  Cada cidade tinha seu altar com fogo sagrado no templo de Vesta, a deusa protetora do Estado. Lá, as vestais, virgens de famílias importantes, alimentavam o fogo sagrado.

Templo de Vesta

Muitos deuses de regiões conquistadas também foram incorporados aos cultos romanos. Os deuses eram antropomórficos, ou seja, possuíam características (qualidades e defeitos) de seres humanos, além de serem representados em forma humana.

O Edito de Milão de Constantino estabeleceu a liberdade de culto aos cristãos, encerrando as violentas perseguições. No século IV d.C., o cristianismo tornou-se a religião oficial, por determinação do imperador Teodósio. 

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