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O Império Romano

Em Roma, a principal característica do governo Imperial foi a concentração do poder político nas mãos do imperador, o qual se colocava acima de todas as instituições políticas da época, inclusive do Senado. Nesse momento, o personalismo do governo acabou por se impor sobre a vida dos romanos, determinando as feições que os diversos setores da existência romana deveriam assumir.

A vitória de Otávio sobre Marco Antônio, coroada com a obtenção dos títulos de Imperator, Augustus e Princips, deu a seu governo um controle absoluto sobre as decisões políticas em Roma. Para isso, Otávio Augusto reduziu o Senado a um mero órgão consultivo. Necessitou ainda contar com o apoio da massa plebeia, implementando nesse sentido a política do “pão e circo”.

Tal política consistia na distribuição de trigo à população mais pobre, além de oferecer espetáculos que a divertissem, como jogos, lutas, etc. Assim, Otávio agradava aos pobres sem, contudo, resolver o problema da miséria reinante em Roma.

Além disso, Otávio conseguiu impor a paz nas fronteiras do império, garantindo a hegemonia romana em toda a região que circundava o mar Mediterrâneo: era a pax romana. Com seu governo, tinha início um período denominado Alto Império, no qual Roma atingiu o ápice de seu desenvolvimento.

O Alto Império (séculos I a.C. – III d.C.)

Com Otávio Augusto iniciava-se a fase mais opulenta da história de Roma, marcada por grandes realizações administrativas e culturais.

O século I foi chamado o século de ouro da cidade de Roma. Otávio cuidou de embelezar a cidade, dotando-a de magníficas construções que estivessem à altura de seu poderio. Além disso, incentivou as artes e as letras, especialmente pela atuação de seu ministro Mecenas, que apoiou financeiramente artistas e escritores, como Horácio, Tito Lívio e Virgílio.

Para administrar a cidade de Roma, o imperador criou o cargo de prefeito, funcionário de sua confiança nomeado para realizar melhorias urbanas. Criou ainda a guarda pretoriana, cuja responsabilidade era zelar pela segurança pessoal do imperador.

Ainda durante o governo de Otávio, numa província do Império Romano – Judá – nasceu Jesus Cristo.

O primeiro Imperador romano morreu no ano 14, aos 76 anos de idade, sendo substituído por Tibério. O governo de Tibério e de seus sucessores, pertencentes a dinastia júlio-claudiana (14-68), foi marcado por intrigas, conspirações, perseguições e descontrole moral e político.

Tibério (14-37) manteve a linha governamental de Otávio Augusto, mas permitiu o crescimento da corrupção e da imoralidade. Durante o seu governo é que Jesus Cristo foi crucificado.

Seu sucessor, Calígula (37-41) teve uma atuação política caracterizada principalmente pelo despotismo e desequilíbrio mental. Além das orgias que promovia, chegou a nomear seu cavalo, Incitatus, cônsul romano. Com Calígula, o despotismo imperial ultrapassou todas as fronteiras, beirando a loucura. Seu cavalo, Incitatus, possuía títulos, prestígio e uma magnifica casa.

Durante o governo de Cláudio (41-54), intrigas palacianas e caos moral foram as maiores características; tendo sido o imperador envenenado por sua esposa.

Sob o governo de Nero (54-68), Roma conheceu o clímax do desregramento moral e político. Este imperador chegou a atear fogo em Roma e culpar disso os cristãos, pois estes se negavam a adorá-lo como um deus. Com Nero têm início as grandes perseguições aos cristãos, que, depois de presos, eram levados aos circos e, em grandes espetáculos populares, mortos por leões e outros animais selvagem, ou ainda por gladiadores (soldados lutadores). Além de vitimar milhares de cristãos, Nero ordenou a morte de sua mãe, irmãos e esposas.

A morte de Nero causou violenta disputa sucessória, pois também os exércitos das fronteiras do império desejavam escolher o novo soberano. Decidiu-se que o poder seria concedido a Vespasiano, comandante do exército do Oriente, o qual dá início à dinastia dos Flávios (69- 96).

Vespasiano, Tito e Domiciano buscaram a restauração financeira e moral do império, além de reprimirem violentamente os judeus na Palestina, ocasionando a Diáspora. Desejavam com isso restabelecer o poderio romano, perdido durante os excessos do reinado de Nero.

A dinastia dos Antoninos (96-192) teve como representantes Nerva Trajano, Adriano, Antônio Pio, Marco Aurélio e Cômodo. Até o governo de Marco Aurélio, Roma pôde contar com prosperidade material e uma equilibrada relação com o Senado, e sob Trajano, foram realizadas as últimas anexações ao império.

Após esta dinastia, o grande Império Romano entra em irreversível processo de desintegração, devido às invasões estrangeiras.

O último dos antoninos foi assassinado no ano de 192, em meio a uma conspiração senatorial, à qual se seguiram intensas lutas civis pela sucessão do trono. Finalmente, exército e Senado concederam o poder a Sétimo Severo, inaugurando-se, assim, uma nova dinastia.

O período dominado pelos Severos (193-235) correspondeu à decadência da Roma imperial. Multiplicavam-se as invasões, aumentava a usurpação nas áreas provinciais, desorganizava-se a produção agrícola em função da falta de mão-de-obra escrava e de segurança no campo, crescia o descontrole financeiro, o que caracterizava um processo de crise geral. Os imperadores dessa dinastia foram Severo, Caracala, Heliogábala e Alexandre.

O Baixo Império (séculos III-IV)

Após os Severos, a decadência romana acentuou-se progressivamente, iniciando-se um período de caos, de anarquia, e invasões, com governos de exceções. A esse período da história de Roma denominou-se Baixo Império.

O século III correspondeu a um período de anarquia militar, quando simultaneamente, várias legiões do exercito romano proclamaram seus comandantes imperadores, ocasionando conflitos armados que afetaram seriamente a produção agrícola, o comércio, enfim, toda a base da economia imperial. Somente entre os anos 235 e 284, Roma teve 26 imperadores, 25 dos quais morreram assassinados.

O descalabro militar, econômico e administrativo facilitava a penetração dos estrangeiros, denominados pelos romanos de bárbaros, que foram ocupando e dominando, pacífica ou militarmente, vastos territórios do império. O fim das conquistas comprometeu o abastecimento de mão-de-obra escrava, o que atingiu de maneira fatal a economia romana.

Nessa fase do Baixo Império, alguns imperadores merecem ser lembrados. Diocleciano (284-305) dividiu o poder romano entre quatro generais (tetrarquia) a fim de obter a paz social. Conseguiu momentaneamente algum sucesso com o Edito Máximo de 301, o qual estipulava um limite máximo pra os preços e salários. Tal medida provocou o desabastecimento de alimentos e o surgimento de ágio, contribuindo para o agravamento da crise.

A força e a extensão conquistadas pelo cristianismo determinaram seu reconhecimento por parte do Império Romano. Foi Constantino (312-337), considerado o último dos grandes imperadores romanos, quem publicou, em 313, o Edito de Milão, concedendo liberdade de culto aos cristãos.

Em 325, em um concílio celebrado em Nícéia, e do qual participou Constantino, ficaram assentadas as bases da doutrina da nova Igreja.

Constantino fundou, ainda, uma segunda Roma, embelezando a cidade de Bizâncio, que passou a se chamar Constantinopla (hoje Istambul). Visando uma maior proteção da fronteira leste, esta cidade assumiu a função de capital oriental do império.

Para reorganizar a produção agrícola, que sofria de falta de mão-de-obra escrava devido ao grande êxodo para as cidades. Constantino decretou a Lei do Colonato (332). Tal medida obrigava o trabalhador rural a permanecer nas grandes propriedades como colono. A lei fixava o homem à terra, tendo o grande proprietário a incumbência de protegê-lo. Substitui, dessa forma, o trabalho escravo pelo trabalho servil.

Entretanto, as medidas de Constantino foram insuficientes para pôr termo à séria crise pela qual passava a economia romana. A constância dos ataques bárbaros levou as propriedades rurais a produzir somente o necessário para o seu consumo, convertendo-se em unidades autossuficientes. Constituem, assim, lentamente, uma nova ordem econômica.

Depois de Constantino, voltou a acentuar-se a decadência romana. Com Teodósio (379-395), promoveu-se a divisão do Império Romano: o do Ocidente, com capital em Roma, ficou a cargo de Honório, enquanto o do Oriente, cuja capital era Constantinopla, foi atribuído a Arcádio. Teodósio fez do cristianismo a religião oficial do império, com o Edito de Tessalônica (em 380).

O processo expansionista dos bárbaros determinou o fim do Império Romano do Ocidente em 476, quando a tribo dos hérulos, chefiadas por Odoacro, derrubou Rômulo Augusto do trono imperial romano. No Oriente, porém, o império manteve-se até 1453, quando sua capital. Constantinopla, foi tomada pelos turcos otomanos.


      

       

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