domingo, 24 de setembro de 2023

Roma Antiga

Origem de Roma

Roma está situada na península Itálica, uma faixa de terra, em forma de bota, que avança pelo mar Mediterrâneo. Ao Norte, a península é limitada por um conjunto de montanhas, os Alpes; a leste, é banhada pelo mar Adriático; a oeste, pelo mar Tirreno; e ao sul, pelo mar Mediterrâneo.
A história romana remonta ao povoamento da Península Itálica, localizada no sul da Europa, onde se estabeleceram vários povos, como italiotas, etruscos e gregos. O povo italiota subdividia-se em tribos como a dos latinos e a dos sabinos.
Existem dúvidas sobre a origem exata de Roma. No entanto, pesquisadores apontam que os italiotas fundaram essa cidade
em meados do século VIII a.C. Posteriormente, Roma cresceu
e se transformou na capital de um Estado poderoso.
A história de Roma Antiga é fascinante em função da cultura desenvolvida e dos avanços conseguidos por esta civilização. De uma pequena cidade, tornou-se um dos maiores impérios da antiguidade. Dos romanos, herdamos uma série de características culturais. O direito romano, até os dias de hoje está presente na cultura ocidental, assim como o latim, que deu origem a língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola.

Explicação mitológica:

Os romanos explicavam a origem de sua cidade através do mito de Rômulo e Remo. Segundo a mitologia romana, os gêmeos foram jogados no rio Tibre, na Itália. Resgatados por uma loba, que os amamentou, foram criados posteriormente por um casal de pastores. Adultos, retornam à cidade natal de Alba Longa e ganham terras para fundar uma nova cidade que seria Roma.

Origem histórica: 

As fontes arqueológicas de que os historiadores dispõem revelam que o território onde Roma surgiu era, no início, ocupado por pastores que construíram suas aldeias no alto das colinas de Lácio. Por volta do século VIII a.C., essas aldeias se uniram formando a Liga das Sete colinas, com o objetivo de se protegerem dos sabinos, um povo estranho ao Lácio, Da união dessas aldeias surgiu a cidade de Roma. Ao adquirir características de cidade, Roma iniciou um processo de organização político-social que resultou na Monarquia.

Periodização da história romana

A história da Roma antiga tem mais de mil anos e costuma ser dividida em três grandes períodos.
Monarquia (753 a.C.-509 a.C.) – período em que Roma era ainda uma pequena cidade. A organização econômica e política dessa sociedade foi influenciada pelos etruscos e gregos, povos que já viviam na Península Itálica.
República (509 a.C.-27 a.C.) – período em que os romanos
consolidaram suas instituições sociais e econômicas e expandiram seu território. A civilização romana foi tornando-se uma das mais poderosas do mundo antigo.
Império (27 a.C.-476 d.C.) – período em que os domínios romanos atingiram sua máxima expansão. O fim desse período culminou com sucessivas crises que afetaram a porção ocidental do Império Romano.

A MONARQUIA (753–509 a.C.)

Existem poucas evidências históricas sobre o período monárquico e, consequentemente, sobre a vida dos primeiros reis de Roma. Porém, de acordo com lendas apresentadas por escritores como Tito Lívio, os sete reis do período monárquico foram: Rômulo; Numa Pompílio; Tulo Hostílio; Anco Márcio; Tarquínio, o Prisco; Sérvio Túlio; e Tarquínio, o Soberbo. Desses, os três últimos eram de origem etrusca.

Sob domínio etrusco, a cidade de Roma se fortaleceu. Foram construídas redes de esgotos, altas muralhas e uma ponte ligando as duas margens do Tibre. Incentivaram também o artesanato em cerâmica e bronze e ativaram o comércio interno. Além disso, a cultura etrusca contribuiu para o desenvolvimento da metalurgia, do comércio de longa distância e da arquitetura usando arcos e abóbadas. No tempo dos reis, a cidade era apenas o local onde ficavam os templos religiosos, o palácio real e onde os chefes das famílias para discutir assuntos de seu interesse.

Os reis de Roma governavam a cidade com o auxílio do Senado (formado pelos chefes das principais famílias) e de uma assembleia. Já naquele tempo, as diferenças sociais eram acentuadas. Os patrícios, descendentes das famílias mais antigas da cidade eram os donos das maiores e melhores terras e os únicos a possuir direitos políticos. Os plebeus eram em grande parte descendentes dos povos vencidos. Trabalhavam como pequenos agricultores, artesãos ou mercadores. Não tinham direitos e podiam ser escravizados por dívidas.

Alguns plebeus eram clientes das famílias patrícias, ou seja, prestavam serviços a elas e recebiam em troca proteção e auxílio.

No tempo da Monarquia, o número de escravizados em Roma era pequeno: eram prisioneiros de guerra, filhos de pais escravizados ou pessoas condenadas pela justiça.

Política: as instituições

Durante a monarquia, Roma foi governada por rei, Senado e Assembleia Curial. Conheça as funções de cada um deles.

• O rei era juiz, chefe militar e religioso. No desempenho de usas funções, submetia-se a fiscalização da Assembleia Curial e do Senado.

• O Senado era um conselho formado por anciãos que chefiavam as famílias romanas tradicionais. Esse conselho tinha o poder de aprovar ou vetar as leis propostas pelo rei. A palavra “senado” vem do latim senex, que significa “velho ou ancião”.

• A Assembleia Curial compunha-se de cidadãos agrupados em cúrias. Seus membros eram soldados em condições de servir o exército. A Assembleia tinha como principais funções: eleger altos funcionários, aprovar ou rejeitar leis, aclamar o rei e decidiam também sobre as declarações de guerra e de paz.

No período monárquico, a sociedade estava dividida em quatro grupos sociais, descritos a seguir.

• Patrícios: formavam a elite da sociedade, concentrando poder político e econômico. De modo geral, eram ricos e possuíam grandes propriedades de terra e rebanhos de gado. Durante um longo período, apenas os patrícios do sexo masculino tinham direitos políticos e podiam ocupar os principais cargos do governo.

• Plebeus: formavam a maioria da população. Eram um grupo diversificado constituído de pessoas que trabalhavam na agricultura, no artesanato e no comércio. A princípio, os plebeus não tinham o direito de participar do governo. Além disso, caso não pagassem suas dívidas, podiam ser escravizados.

• Clientes: população livre e pobre que prestava diversos serviços aos patrícios em troca de proteção e ajuda econômica.

• Escravizados: população que perdia sua liberdade, constituída pelos prisioneiros de gue rra e por pessoas que não conseguiam pagar suas dívidas. Os escravizados não tinham direitos políticos. Podiam ser vendidos, alugados ou receber castigos de seu senhor.

Economia

Nessa fase, a economia tinha base agropastoril e girava em torno de uma indústria doméstica (armas e utensílios). Era suficiente para atender às necessidades mais imediatas da população, e toda a produção era dirigida para o controle local.

Fim da realeza

São conhecidos sete reis romanos: Rômulo, Numa Pompílio, Túlio Hostílio, Anco Márcio, Tarquínio Prisco (o Antigo), Sérvio Túlio e Tarquínio (o Soberbo). Provavelmente deve ter existidos outros reis, porém não há comprovação histórica. Dos reis citados acima quatro eram italiotas e os três últimos eram etruscos.

Para se fortalecerem, os reis etruscos procuraram diminuir o poder dos patrícios, apoiando-se nos plebeus. As famílias patrícias que formavam o Senado, temerosas de perder seu poder diante da tirania dos reis, reagiram promovendo uma revolta que derrubou o último rei etrusco de Roma, Tarquínio, o Soberbo, e fundaram a República romana em 509 a.C. 

Esta se baseava em três órgãos: o Senado, os magistrados e as Assembleias.

REPÚBLICA ROMANA (509 a.C.-27 a.C.)

Os patrícios que se revoltaram implantaram, em Roma, uma república oligárquica que se estendeu até 27 a.C. Com a instalação da Republica, os patrícios organizaram uma estrutura social e administrativa que lhes permitia exercer domínio sobre Roma e desfrutar os privilégios do poder.

A palavra “república” vem do latim res publica, que significa “coisa de todos”. Nessa organização, diferentemente da monarquia, o governo da sociedade não seria predominantemente exercido por uma única pessoa, mas sim por um conjunto de pessoas. No entanto, o que se viu em Roma foi a instalação de um governo dominado pela aristocracia dos patrícios. Na prática, aristocracia não é o “governo dos melhores”, mas sim de um grupo de privilegiados que geralmente herda o controle do poder. Ao longo da República Romana, os plebeus conquistaram direitos políticos que antes eram reservados aos patrícios.

Os patrícios controlavam quase a totalidade dos altos cargos da República. Esses cargos eram exercidos por dois cônsules e outros importantes magistrados. Na chefia da República os cônsules eram auxiliados pelo Senado, composto por trezentos destacados cidadãos romanos. Havia, ainda, a Assembleia dos Cidadãos, manobrada pelos ricos patrícios. 

O APARELHO POLÍTICO: o Senado, os magistrados e as Assembleias.

SENADO – O Senado era indiscutivelmente o centro da política em Roma, reservado aos proprietários de terra, eram à princípio em 300, número que seria aumentado no decorrer de sua história política. Os senadores gozavam de amplos poderes administrativos, financeiros, relativos à política externa e à disposição das províncias e quanto à religião cívica.

MAGISTRATURAS – O poder executivo da República romana era exercido pelas inúmeras magistraturas de caráter eletivo e anual, onde os candidatos aos cargos deveriam ser cidadãos completos e terem exercido outras atividades públicas na seguinte escala:

Cônsules – Em número de dois, comandavam o exército, convocavam o Senado e presidiam os cultos públicos.

Pretor – Responsável pela execução das leis e da justiça.

Censor – Elaborava o censo com base nas riquezas e vigiava as condutas dos cidadãos.

Questor – Responsável pela área financeira.

Edis – Responsáveis pelo policiamento, pelo abastecimento e pela preservação das cidades.

Ditador – Eleito para um mandato de seis meses, em época de guerra. 

ASSEMBLEIAS POPULARES:

Curial – Examinava os assuntos religiosos.

Tribal – Responsável pela nomeação dos Questores e Edis.

Centurial – Composta pelas centúrias, grupos militares encarregados de votar as leis e eleger os magistrados.

Cidadania romana

Atualmente, cidadão é a pessoa que cumpre certas condições jurídicas para exercer direitos e deveres dentro de um Estado. Na Roma antiga, havia diferentes graus de cidadania. Em seu grau pleno, por exemplo, o cidadão podia exercer cargos políticos, votar nas Assembleias, casar-se com outro cidadão e apresentar-se em juízo como sujeito de direito privado.

Na república, patrícios e plebeus eram considerados cidadãos, mas, a princípio, somente patrícios do sexo masculino tinham o direito de ser eleitos para as Magistraturas e votar nas principais Assembleias. Por conta dessa desigualdade, os plebeus passaram a lutar por direitos, ou seja, pela ampliação de sua cidadania.

Ao longo do tempo, a cidadania romana foi estendida, gradativamente, aos súditos de Roma. Assim, foram publicadas leis, como a Lex Plautia Papira, de 89 a.C., que concedeu cidadania aos aliados dos romanos residentes na Península Itálica. Posteriormente, em 212, o imperador Caracala concedeu cidadania a quase todos os habitantes livres do Império. Também havia leis que previam a perda da cidadania. Isso podia acontecer, por exemplo, se um cidadão fosse escravizado ou condenado à deportação. 

Comparada com Atenas, a cidadania romana incluía as mulheres e tornou-se mais ampla, abrangendo pessoas que viviam de acordo com o Direito e a cultura romana.

Mulheres em Roma

Na Roma antiga, os principais papéis atribuídos às mulheres eram os de mãe, esposa e guardiã do lar. Fora do ambiente doméstico, o que predominou na sociedade romana foi uma situação social desfavorável às mulheres. Uma das maiores desigualdades ocorria na política, pois as mulheres não tinham o direito de participar das decisões do governo. Todos os cargos políticos do Estado eram exercidos por homens.

O acesso à educação era um privilégio. Meninas e meninos podiam aprender a ler, escrever e calcular. No entanto, o caminho dos estudos terminava mais cedo para as meninas. Entre as famílias mais ricas, o pai exercia autoridade sobre a esposa, os filhos, os clientes e os escravizados. Era o pai quem decidia sobre o casamento de seus filhos. Os principais objetivos do casamento eram aumentar o patrimônio, estabelecer as alianças políticas e sociais e gerar descendentes.

Apesar dessa tradição, a partir do século I aumentaram os casos de mulheres que participavam da escolha de seus futuros maridos e administravam seus próprios bens. Na vida cotidiana, atividades como cozinhar, tecer e cuidar de crianças eram desempenhadas sobretudo por mulheres. Além dessas atividades, elas realizavam outros trabalhos, por exemplo, na agricultura, no comércio, no artesanato. Também houve mulheres que se dedicaram às atividades religiosas e se tornaram importantes sacerdotisas.

As mulheres participavam de vários eventos públicos, assistindo, por exemplo, às lutas de gladiadores, às apresentações teatrais e aos jogos. De modo geral, alguns historiadores indicam que, em comparação com as mulheres gregas, as romanas tinham mais liberdade e não ficavam tão limitadas ao ambiente doméstico.

Conflitos entre Patrícios e Plebeus

No início da república, embora os plebeus constituíssem a maioria da população, eles não tinham direito de participar das decisões políticas. Eles não podiam, por exemplo, exercer cargos da magistratura ou se casar com patrícios, mas eram obrigados a pagar impostos e a servir no exército. 

A segurança de Roma dependia de um exército forte e numeroso. Os plebeus eram indispensáveis na formação do exército, uma vez que constituíam a maior parte da população. Esses conflitos tiveram início quando os plebeus formaram um exército próprio e retiraram-se para o Monte Sagrado: eles reivindicavam direitos políticos. Os patrícios, por outro lado, precisavam dos plebeus nas atividades da guerra (militares e econômicas). Com isso, os patrícios perceberam que Roma não conseguiria sobreviver sem a participação da plebe e fizeram concessões. 

Por isso, aceitaram as reivindicações dos plebeus e instituíram os tribunos da plebe, que podiam vetar leis que considerassem contrárias aos interesses da classe representada.

A criação deste órgão é considerada a primeira grande conquista da plebe no contexto das lutas sociais, seria uma instituição de defesa dos interesses deste grupo, inicialmente constituída de dois membros e mais tarde por dez representantes que gozariam de imunidade (eleitos por uma assembleia de plebeus). O tribunato poderia intervir nas decisões do patriciado, ganhando progressivamente o direito de vetar decisões dos magistrados e do senado romano.

Outras importantes conquistas obtidas pela plebe foram:

• Lei das Doze Tábuas (450 a.C.): conjunto de leis escritas, que eram válidas para patrícios e plebeus. Embora o conteúdo dessas leis fosse geralmente favorável ao patriciado, o código escrito deu clareza às normas e evitava arbitrariedades dos magistrados patrícios;

• casamento com patrícios (445 a.C.): lei que autorizava o casamento entre plebeus e patrícios. Porém, na prática, só plebeus ricos conseguiam casar-se com patrícios;

• eleição de magistrados (367 a.C.): os plebeus conquistaram o direito de serem eleitos às magistraturas como questor, edil, pretor. Em 367 a.C., foi eleito o primeiro cônsul plebeu que, após o cumprimento de seu mandato, ingressou no Senado;

• proibição da escravização por dívida (366 a.C.): proibição decorrente de muitos plebeus terem sido escravizados pelos patrícios por não conseguirem pagar suas dívidas.

As diversas conquistas não beneficiaram igualmente todos os plebeus. Cargos públicos e privilégios ficaram concentrados entre os plebeus ricos – que, por sua vez, desprezavam a maioria pobre da plebe da mesma maneira que os patrícios. Dessa forma, o povo romano continuou sendo governado por uma oligarquia de ricos poderosos que incluía tanto patrícios quanto plebeus.

As diversas conquistas da plebe, entretanto, não beneficiaram igualmente a todos os membros da plebe. Os cargos políticos e os privilégios ficaram concentrados nas mãos da nobreza plebeia, que passou a desprezar o homem pobre da plebe da mesma maneira que um elevado patrício.

As conquistas romanas

No momento em que se deu a unificação da Itália pelos romanos, duas grandes potências dominavam o Mediterrâneo: no Ocidente, Cartago (império marítimo); no Oriente, Macedônia (império continental).

Durante a república, Roma participou de várias guerras para defender e ampliar seu poder, território e riqueza. Entre os séculos V a.C. e III a.C., por exemplo, os exércitos romanos passaram a controlar toda a Península Itálica.

Após a conquista da península, o interesse maior de Roma era controlar todo o Mediterrâneo, e o seu maior empecilho era Cartago (antiga colônia fenícia localizada ao norte da África) sua grande rival. Cartago tinha o solo bastante fértil e bem cultivado. Eles haviam alcançado alto nível tecnológico no setor produtivo agrário, artesanal e comercial, o que lhes permitiu prosperidades econômicas. O seu comércio era desenvolvido em várias regiões do Mediterrâneo.

E foi para destruir esse poderio econômico que os romanos fizeram as chamadas Guerras Púnicas, que duraram mais de cem anos. Esses confrontos, ocorreram entre 264 a.C. e 146 a.C. A palavra “púnico” vem do latim e quer dizer “fenício”, em referência ao povo que fundou Cartago. As batalhas das Guerras Púnicas foram longas e violentas, sacrificando ambos os povos em combate. Ao final, em 146 a.C., os romanos derrotaram os cartagineses.

Primeira Guerra Púnica – Teve início em 264 a.C. e se estendeu até 241 a.C., devido à ameaça de invasão cartaginesa à cidade grega de Messina, na Ilha de Sicília. Roma saiu vitoriosa, e Cartago teve que pagar uma pesada indenização de guerra.

Segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.) – Teve como objeto a Espanha e como Palco a Itália. O general Amílcar Barca, de Cartago, conquistou a Espanha, interessado em suas riquezas naturais. Após a tomada de Segundo, cidade litorânea espanhola, Roma declarou guerra à Cartago. Os cartagineses venceram algumas batalhas dos romanos. Mas o general romano Cipião, “o Africano”, derrotou e expulsou o exército cartaginês da Espanha e depois invadiu Cartago.

Terceira Guerra Púnica (149-146 a.C.) – Terminou com a vitória romana; Cartago foi anexada como província da África. Roma conquistou a Grécia, a Macedônia, a Ásia Menor, o Pérgamo e, no Ocidente da Península Ibérica, fundou as Gálias. Assim, Roma transformou-se no maior império do Mundo Antigo. As regiões conquistadas, transformadas em províncias, foram obrigadas a pagar impostos.

Além disso, ao longo dos séculos II a.C. e I a.C., o exército romano lutou e conquistou diversas regiões, como a da Macedônia, da Grécia, da Gália, da Hispânia, do Egito, da Capadócia e da Judeia. Com as conquistas, os novos territórios foram transformados em províncias de Roma.

Consequências das conquistas militares

No plano social, o desemprego aumentou por causa do aproveitamento dos prisioneiros de guerra como escravos. A mão-de-obra escrava provocou a concentração das terras nas mãos da aristocracia (provocando a ruína dos pequenos proprietários de terras que foram forçados a migrar para as cidades).

Na economia, surgiu uma nova camada de comerciantes e militares (homens novos ou cavaleiros) que enriqueceram com as novas atividades surgidas com as conquistas (cobrança de impostos, fornecimento de alimentos para o exército, construção de pontes e estradas, etc.).

Além disso, sociedade romana também sofreu forte influência da cultura grega e helenística:

- A alimentação ganhou requintes orientais

- A roupa ganhou enfeites

- Homens e mulheres começaram a usar cosméticos

- Influência da religião grega

- Escravos vindos do oriente introduziram suas crenças e práticas religiosas

- Influência grega na arte e na arquitetura

- Escravos gregos eram chamados de pedagogos, pois ensinavam para as famílias ricas a língua e a literatura grega.

Essas influências geraram graves consequências sobre a moral: multiplicou-se a desunião entre casais e as famílias ricas evitavam ter muitos filhos.

Tais transformações foram exploradas pelos grupos que lutavam pelo poder e esse fato desencadeou uma série de lutas políticas. A sociedade romana dividiu-se em dois partidos: o partido popular (formado pelos homens novos e desempregados) e o partido aristocrático (formado pelos grandes proprietários rurais). Essas lutas caracterizaram a fase de decadência da República Romana.

Crise e fim da Republica 

A crise social e as tentativas de reforma agrária dos irmãos Graco:

Os irmãos Tibério e Caio Graco, eleitos sucessivamente tribunos da plebe, procuraram solucionar a crise da República, através da realização de reformas que atendessem às reivindicações dos desempregados e dos cavaleiros. Diante do clima de tensão, os irmãos Tibério e Caio Graco, tentaram promover uma reforma social (133-132 a.C.) para melhorar as condições de vida da massa plebeia. Entre outras medidas, propuseram a distribuição de terras entre camponeses plebeus e limitações ao crescimento dos latifúndios. A violenta reação da aristocracia impediu, entretanto, a concretização dessas reformas populares.

Sofreram então forte oposição do Senado romano. Acabaram sendo assassinados a mando dos nobres, que se sentiram ameaçados pelo apoio popular que os irmãos vinham recebendo.

Ditaduras de Mário e Sila (107-79 a. C)

Mário, ligado à classe dos cavaleiros, é eleito Cônsul em 107 a. C; dentre suas realizações, temos:

- profissionalização do exército, que criou uma maior devoção do soldado ao comandante do que à República;

- implantação uma ditadura, com o apoio do exército;

- redução o poder do Senado e dos privilégios da aristocracia;

- concessões aos cavaleiros.

Mário morre em 86 a.C. e é sucedido por Sila. Este, apoiado pelo Senado, liderará a reação da aristocracia, restabelecendo seus direitos e caçando os direitos dos cavaleiros. Morre em 79 a.C., deixando Roma mergulhada em uma profunda crise social e política, que se reflete nas diversas rebeliões que se instaurarão neste período, das quais destacam-se:

- Rebelião do Sertório - ocorrida em 78 a.C., na Espanha, e vencida pelo Gen. Pompeu.

- Rebelião de Espártaco - ocorrida em 73 a.C. no sul da Itália, foi uma rebelião de escravos, tendo à frente um gladiador de grande prestígio (Espártaco), reuniu cinqüenta mil escravos e foi vencida por Crasso em 71 a.C;

- Conspiração de Catilina - O líder do partido popular arquitetava um golpe. Foi descoberto, denunciado e morto, junto com três mil seguidores na região de Pistóia.

Os Triunviratos e a Ditadura de César

Em 60 a.C. estabeleceu-se o Primeiro Triunvirato, formado por Crasso, Júlio César e Pompeu para governar Roma. Pouco tempo depois de assumir o poder, Crasso foi assassinado. Surgiu, então, séria rivalidade entre Pompeu e Julio César. Após vários conflitos, Júlio César tornou-se ditador (com o apoio do Senado) e apoiado pelo exército e pela plebe urbana, começou a acumular títulos concedidos pelo Senado. Tornou-se Pontífice Máximo e passou a ser: Ditador Perpétuo (podia reformar a Constituição), Censor vitalício (podia escolher senadores) e Cônsul Vitalício, além de comandar o exército em Roma e nas províncias.

Tantos poderes lhe davam vários privilégios: sua estátua foi colocada nos templos e ele passou a ser venerado como um deus (Júpiter Julius).

Com tanto poder nas mãos, começou a realizar várias reformas e conquistou enorme apoio popular.

- Acabou com as guerras civis

- Construiu obras publicas

- Reorganizou as finanças

- Obrigou proprietários a empregar homens livres

- Promoveu a fundação de colônias

- Reformou o calendário dando seu nome ao sétimo mês

- Introduziu o ano bissexto

- Estendeu cidadania romana aos habitantes das províncias

- Nomeava os governadores e os fiscalizava para evitar que espoliassem as províncias.

Em compensação, os ricos (que se sentiram prejudicados) começaram a conspirar. No dia 15 de março de 44 a.C., Júlio César foi assassinado por uma conspiração organizada por membros do Senado.

Em 43 a.C., estabeleceu-se o Segundo Triunvirato, composto por Marco Antônio, Otávio e Lépido. O poder foi dividido entre os três: Lépido ficou com os territórios africanos, mas depois foi forçado a retirar-se da política; Otávio ficou responsável pelos territórios ocidentais; e Marco Antônio assumiu o controle dos territórios do Oriente. Surgiu intensa rivalidade entre Otavio e Marco Antônio, que se apaixonara pela rainha Cleópatra, do Egito. Declarando ao Senado que Marco Antônio pretendia formar um império no Oriente, Otavio conseguiu o apoio dos romanos para derrotá-lo. Assim, tornou-se o grande senhor de Roma.

IMPÉRIO ROMANO

A partir do reinado do Imperador Otávio Augusto, Roma adotou de novo a monarquia. A principal característica do Império Romano é a centralização do poder nas mãos de um só governante. O longo período das guerras civis contribuiu para enfraquecer o Senado e fortalecer o exército.

Caio Otávio será o primeiro imperador de Roma e receberá uma série de títulos, tais como: Augusto (honra dada somente aos deuses), Tribuno da Plebe vitalício e Príncipe (o primeiro cidadão do Senado).

Otávio, primeiro imperador, governou de 27 a.C. a 14 d.C. Suas primeiras medidas tinham por finalidade reestruturar a administração do novo Estado imperial: restringiu as funções do Senado; criou uma nova ordem administrativa, as prefeituras; melhorou as formas de cobranças de impostos; e instituiu a guarda pretoriana com a função de garantir a proteção do imperador. Na economia, Otávio incentivou a produção e protegeu as rotas comerciais. Empreendeu a construção de várias obras públicas, o que gerou muitos empregos aos plebeus.

Para ganhar popularidade, Otávio adotou a política do pão e circo: distribuição de trigo para a população pobre e organização de espetáculos públicos de circo. Após o governo de Otávio, o Império Romano foi governado por várias dinastias:

Sucessores de Augusto

Nomeado por Augusto como seu sucessor, Tibério Júlio César assume o império em 14 d.C. Tibério reforça o caráter oligárquico do poder, passa ao Senado a prerrogativa de eleger os magistrados e enfrenta conspirações palacianas que resultam em processos de lesa-majestade, execuções e suicídios.

Calígula - Caio César Germânico é o sucessor de Tibério em 37 d.C. Fica conhecido por Calígula, diminutivo do tipo de sandália usada pelos soldados. Transforma o principado em monarquia teocrática inspirada no estilo oriental. Persegue os senadores ricos e fica famoso por suas críticas ao Senado nomeando cônsul seu cavalo Incitatus. É assassinado pela guarda pretoriana em 41.

Cláudio - Retoma a tradição administrativa de Augusto e conquista o sul da Britânia e a Trácia. É assassinado em 54 por sua segunda mulher, Agripina, que coloca seu filho Nero no trono.

Nero - Déspota que desencadeia uma série de assassinatos, incluindo o da própria mãe, Agripina. Incendeia Roma e inicia a perseguição aos cristãos. É deposto pelo Senado e suicida-se em 68. A ele sucedem-se quatro imperadores durante o ano de 69, substituídos pela dinastia Flávia (Vespasiano, Tito e Domiciano), entre 69 e 96.

 Antoninos - É a denominação dada aos imperadores adotivos, que chegam ao trono por adoção ou eleição, a partir de 96. Começa com a nomeação de Nerva, pelo Senado. Em 98, depois de um motim dos pretorianos, é eleito Trajano, governador da Alta Gemânia, que com suas conquistas faz com que o Império Romano alcance sua extensão máxima. Seu sucessor é Adriano, governador da Síria, em 117, que reestrutura a administração e o exército, ordena a primeira codificação do Direito Romano, funda inúmeras cidades e pacifica os territórios do império. Morre em 138 e é sucedido por Antonino Pio (138 a 161), Marco Aurélio (161 a 180) e Cômodo (180 a 192). A partir do reinado de Marco Aurélio reativam-se as guerras de povos dominados.

Dinastia dos Severo - Iniciada com o acesso de Sétimo Severo ao trono, em 193. Sucedem-lhe Caracala, Helio Elagábalo e Alexandre Severo, até 235. Além da redução dos poderes do Senado e do fomento da germanização do exército, o ato mais importante do período é a concessão da plena cidadania romana a todos os provincianos livres e estabelece a unidade jurídica do império. Excluindo Sétimo Severo, todos os imperadores dessa dinastia são assassinados. 

CRISE E DECADÊNCIA DO IMPÉRIO 

O Dominato era uma monarquia despótica e militar, semelhante ao helenístico, ou seja, o poder do governante tinha uma fundamentação religiosa. O nome dessa instituição derivou de Dominus (senhor), que foi como passaram a se intitular os imperadores a partir de Diocleciano.

No governo de Diocleciano, foi criada a Tetrarquia. Para melhorar a defesa das fronteiras, principalmente com a pressão dos bárbaros, o Império foi dividido em quatro partes, cada uma delas com governo próprio. Na economia, Diocleciano tentou reduzir a inflação, por meio do Edito Máximo, que consistia na criação dos preços máximos para os produtos comercializados e um limite de ganhos sobre a jornada de trabalhos.

Em 313, Constantino assumiu o poder e restabeleceu a unidade imperial. Defensor de que a base do Império provinha das províncias do Oriente, estabeleceu, em 330, sua capital na antiga colônia grega de Bizâncio, rebatizada com o nome de Constantinopla. Além disso, ele instituiu o Edito de Milão, no qual reconheceu a religião cristã e transformou-a na religião mais importante de Roma. Ainda no século IV, os bárbaros iniciaram as invasões em busca de terras férteis. Em 378, os visigodos investiram contra o Império Romano, vencendo-o na batalha de Adrianópolis.

Teodósio foi o último imperador uno. Esse imperador instituiu o Edito de Tessalônica, em 330, pelo qual a religião cristã se tornava a religião oficial do Império. Por ocasião da morte de Teodósio (395), o Império foi divido em Ocidente, governado por Honório, e Oriente, governado por Arcádio, ambos filhos do Imperador.



A cultura grega

Os gregos acreditavam que a verdadeira sabedoria pertencia aos deuses, mas que o ser humano poderia – e devia – procurar e amar essa sabedoria. Ao fazer isso, tornava-se um filósofo.

A procura pela sabedoria é, talvez, o principal legado dos gregos à nossa cultura.

Perguntar, pensar, questionar, inquirir, organizar o conhecimento. Desejar saber como são os animais, as plantas, as doenças, os fenômenos da natureza, o comportamento das pessoas. Nesse desejo dos gregos em desvendar o ser humano e o mundo está a origem de grande parte de nosso conhecimento atual. Sem a filosofia dos gregos talvez não existissem a história, a medicina, a matemática, a física, a química.

Isso seria o suficiente para destacar a importância dos gregos para a nossa cultura. Mas deles herdamos ainda o teatro e os jogos olímpicos.

A Religião Grega

A religião grega caracterizou-se pelo politeísmo antropomórfico, ou seja, os gregos acreditavam em vários deuses que se assemelhavam aos homens, tendo as mesmas fraquezas, paixões e virtudes do gênero humano. O que distinguia os deuses dos homens era a imortalidade, que se devia ao alimento do qual se nutriam – a ambrosia.

Muitos deuses habitavam o Monte Olimpo, de onde comandavam os destinos humanos. A população grega possuía uma série de mitos – lendas e histórias – a respeito de seus deuses e heróis. Os principais personagens da mitologia grega, além dos deuses, são Hércules, famoso por sua força extraordinária, e Teseu, que livrou a Grécia da opressão do Minotauro.

As principais divindades eram: Zeus, senhor de todos os deuses; Hera, esposa de Zeus, protetora das mulheres e do casamento; Atena, filha de Zeus, deusa da razão e da sabedoria, protetora da cidade de Atenas, em cuja homenagem foi construído o Partenon, na época de Péricles; Apolo, deus da luz e das artes; Afrodite, deusa do amor; Hermes, mensageiro dos deuses e deus do comércio; Dionísio, deus do vinho; Posseidon, deus das águas; Hades, senhor dos infernos.

Os deuses que habitavam o Olimpo formavam uma família, e, em sua honra, a cada 4 anos, os gregos celebravam os jogos olímpicos, dos quais participavam atletas de toda a Grécia. Festas e sacrifícios também eram realizados em favor dos deuses. Nos oráculos, os deuses revelavam aos homens suas vontades, por intermédio de uma sacerdotisa. O mais conhecido localizava-se em delfos e era dedicado ao deus Apolo.

As artes na Grécia Antiga

A cultura grega é célebre pela riqueza de sua arte. Várias formas de expressão artística desenvolveram-se, especialmente na época de Péricles.

O teatro foi uma das áreas artística que mais se destacou. As tragédias e as comédias atestam a genialidade da cultura grega.

O teatro nasceu durante as festividades em honra do deus Dionísio, as chamadas dionisíacas. Durante esse evento, realizava-se o comos, que em grego significa “procissão alegre” e o trags, que quer dizer “canto”. O comos deu origem a comédia, enquanto o trags é a matriz da tragédia.

O teatro era ao ar livre e os atores usavam máscaras. Somente aos homens era permitido participar das representações, nas quais eram discutidos os problemas eternos do ser humano, como o destino, as paixões e a justiça, e também satirizados os comportamentos humanos, os costumes, a própria sociedade. Entre os teatrólogos gregos, os que mais se destacaram foram:

• Ésquilo, considerado o “pai da tragédia”, autor de Prometeu acorrentado, Os persas e Os sete contra Tebas;

• Sófocles, respeitado como o mais importante teatrólogo; escreveu Édipo rei, Electra e Antígona, entre outras;

• Eurípedes, autor de Medéia, As troianas e As bacantes;

• Aristófanes, satírico autor de As nuvens, As rãs e As vespas.

A efervescência cultural grega, ligada ao desenvolvimento econômico, às guerras e ao avanço político com a democracia, exigiu dos gregos um entendimento mais apurado do seu passado, originando a pesquisa histórica e um trato mais criterioso com os acontecimentos passados.

Aparecem assim, os primeiros historiadores empenhados, especialmente, em atender a realidade grega, seus problemas e possíveis desdobramentos. Heródoto, “o pai da História, descreveu com pormenores as Guerras Médicas, encarando-as como desígnios de Zeus. Já Tucídides, autor de A guerra do Peloponeso, buscou esclarecer os fatores políticos que determinavam os acontecimentos históricos.

Também a literatura celebrizou os gregos. A poesia épica foi o gênero mais significativo dessa literatura, com destaque para Ilíada e Odisseia, cuja autoria é atribuída a Homero, e Teogonia e Os trabalhos e os dias, de Hesíodo. Na poesia lírica destacou-se Píndaro, com suas Odes à vitória.

Arquitetura, escultura e pintura

A principal inspiração dos artistas gregos eram os deuses e os heróis. Em homenagem a eles, foram construídos templos em todo o mundo grego.


A arquitetura da Grécia Antiga destacou-se por três estilos principais: o dórico, caracterizado pela sobriedade das linhas e pela solidez das construções; o jônico, um estilo elegante e leve; e o corinto, caracterizado por um capitel ornamentado em forma de folhas.

O mais notável conjunto arquitetônico era o da Acrópole de Atenas, templo da deusa Atena, construído no período Arcaico. No século V a.C., com Péricles a arquitetura ateniense alcançou grande destaque. Dessa época, destaca-se o Partenon.

Na escultura além da temática religiosa, os gregos inspiraram-se em temas rurais, nos sentimentos humanos, em cenas desportivas e em muitos aspectos da vida diária. Os escultores que mais se destacaram foram Fídias e Miron.

Em muitos objetos de cerâmica, como pratos e vasos, eram feitas pinturas representando cenas mitológicas e costumes gregos.

A cultura helenística 

A cultura helenística caracterizou-se por apresentar uma arte mais realista, exprimindo violência e dor, componentes constantes dos novos tempos de guerras. Na arquitetura predominavam o luxo e a grandiosidade, reflexo da imponência do Império Macedônio. Na escultura, turbulência e agitação eram traços significativos.

Nas ciências, vale destacar o avanço na matemática com Euclides, criador da geometria, da física com Arquimedes de Siracusa, da geografia com Erastóstenes da astronomia com Aristarco, Hiparco e Ptolomeu, este último defensor do geocentrismo, teoria que seria aceita universalmente até o início dos Tempos Modernos (séculos XV-XVI).

O helenismo originou ainda novas correntes filosóficas, tais como:

• Estoicismo, fundada por Zenão, defendia a felicidade como equilíbrio interior, o qual oferecia ao homem a possibilidade de aceitar, com serenidade, a dor e o prazer, a ventura e o infortúnio;

• Epicurismo, fundada por Epicuro de Atenas, pregava a obtenção do prazer, a base da felicidade humana, e defendia o alheamento dos aspectos negativos da vida;

• Ceticismo, fundada por Pirro, caracterizava-se, essencialmente, pelo negativismo e defendia que a felicidade consiste em não julgar coisa alguma.

O helenismo acrescentou à cultura grega o despotismo, segundo o qual a autoridade do governante era inquestionável.

A divisão do Império Macedônio e as lutas internas resultaram no enfraquecimento político, o que possibilitou a conquista romana, concretizada durante os séculos II a.C. e I a.C. Entretanto, mesmo conquistando a Grécia, Roma teve de se curvar ao esplendor da civilização grega, assimilando muitos de seus valores culturais.

A vida na Grécia Antiga

 Educação na Grécia

As meninas não recebiam qualquer educação formal, mas aprendiam os ofícios domésticos e os trabalhos manuais com as mães. Principal objetivo da educação grega era preparar o menino para ser um bom cidadão. Os gregos antigos não contavam com uma educação técnica para preparar os estudantes para uma profissão ou negócio.

Em Esparta a educação era organizada em modos militares e dava-se ênfase à educação física. Os meninos viviam em casernas dos 7 anos 30 anos e sua educação incluía intermináveis exercícios de ginástica e atletismo. Os professores surravam os alunos, às vezes, seriamente, a fim de reforçar a disciplina. Os espartanos alcançavam a maturidade em ótimas condições físicas, mas em geral eram ignorantes; somente alguns sabiam ler e escrever.

A educação em Atenas contrastava acentuadamente com àquela que era adotada em Esparta. Eles acreditavam que sua cidade-estado tornar-se-ia a mais forte se cada menino desenvolvesse integralmente as suas melhores aptidões individuais. O governo não controlava os alunos e as escolas. Um garoto ateniense entrava na escola aos 6 anos e ficava confiado a um pedagogo. Ele estudava aritmética, literatura, música escrita e educação física; além disso, decorava muitos poemas e aprendia a tomar parte nos cortejos públicos e religiosos. Os meninos tinham feriados apenas nos dias de festas religiosas. O governo recrutava para treinamento militar durante 24 meses, todos os jovens quando atingiam a idade de 18 anos.

A Religião Grega

Os gregos adoravam vários deuses, e os representavam sob a forma humana. Portanto, sua religião era politeísta e antropomórfica. Os deuses habitavam o monte Olimpo. Veja alguns dos principais:

Zeus - Deus do céu e Senhor do Olimpo;

Héstia - Deusa do lar;

Hades - Deus do mundo subterrâneo (inferno);

Deméter - Deusa da agricultura;

Hera - Deusa do casamento;

Posêidon - Deus dos mares;

Ares - Deus da guerra;

Atena - Deusa da inteligência e da sabedoria;

Afrodite - Deusa do amor e da beleza;

Dionísio - Deus do vinho, do prazer e da aventura;

Apolo - Deus do Sol, das artes e da razão;

Hefestos - Deus do fogo;

Hermes - Deus do comércio e das comunicações. 

Praticavam ainda, os gregos, o culto dos heróis, eram seres mitológicos considerados pelos gregos, como seus antecessores, fundadores de suas cidades, às quais davam proteção: Teseu, Épido, Perseu, Belerofonte e Hércules.

O culto aos deuses era tão desenvolvido entre os gregos, que chegaram a erigir soberbos templos as suas divindades, nos quais realizavam suas orações. Consideravam que os oráculos eram meios utilizados pelos deuses para se comunicarem com eles.

Diversos jogos periódicos eram promovidos pelos gregos em homenagem aos deuses, como os Jogos Olímpicos, dedicados a Zeus, na cidade Olímpia. Os Jogos Olímpicos eram praticados de quatro em quatro anos. Durante sua realização, sustavam-se as guerras, e respeitavam-se como as pessoas sagradas os seus participantes.

O Povo Grego

Os gregos são um povo animado, que se diverte com as conversas e a companhia dos outros. As classes da sociedade grega variavam de uma cidade-Estado para outra.

Os antigos gregos falaram vários dialetos diferentes durante centenas de anos. Depois de 330 anos a.C., um dialeto comum chamado coiné desenvolveu-se a partir do primitivo dialeto falado em Atenas. Vários invasores penetraram na Grécia Antiga, mudando a língua e os costumes gregos.

"Na Grécia, a pobreza é sempre uma hóspede" (Heródoto). O povo levava uma vida simples, começando na moradia, que eram de pedra ou de tijolos secos ao sol e cobertos com estuque. A maioria dos gregos fazia apenas duas refeições por dia. O almoço, ariston, muitas vezes consistia somente de um prato de feijão ou de ervilhas e de uma cebola crua ou um nabo cozido. Ao cair da noite havia o deipnon, a refeição principal que incluía pão, queijo, figos, azeitonas e por vezes um pedaço de carne ou queijo.

Os gregos não conheciam o açúcar, porém serviam-se do mel para adoçar seus alimentos. Usavam o azeite para passar no pão, além de empregarem-no como óleo de cozinha e sabão. A maioria dos gregos bebiam uma mistura de vinho e água; eles consideravam o leite próprio apenas para os animais e os bárbaros.

Os gregos desenvolveram um belo e gracioso traje. Homens e mulheres usavam um quitão, túnica que descia até os joelhos ou tornozelos; um cinto estreito prendia na cintura o quitão feminino. Grande parte dessas túnicas eram feitas de lã; apenas os mais ricos podiam tê-la de algodão ou linho. O povo usava quitões de cor marrom para o trabalho e de cor branca nas ocasiões formais.

Tanto os homens como as mulheres trajavam também himátions, mantos que eles arranjavam com pregas sobre os ombros e os braços. Os moços por vezes usavam uma clâmide, pequeno manto preso no ombro. As mulheres podiam vestir também um péblos, que era uma variação do quitão. Dentro de casa os gregos habitualmente andavam descalços; na rua muitos usavam sandálias. A maioria dos gregos andava com as cabeças descobertas.

Cada vila ou cidade contava com ginásio ao ar livre onde os homens podiam praticar exercícios ou vários tipos de jogos com bola. As crianças geralmente rolavam aros ou brincavam com bonecas. Os homens mais velhos sentavam-se na ágora (mercado), onde ficavam jogando damas ou conversando. A mulher grega trabalhava quase que todo o tempo e tinha poucos divertimentos. As caçadas eram passatempos prediletos nas propriedades rurais.

 

 

Esparta: cidade dos guerreiros

Esparta era uma polis fechada, guerreira, de vida extremamente simples, rude e de poucas palavras. Situada em uma região chamada Lacônia, os hábitos ríspidos de sua população deram origem ao adjetivo lacônico, que caracteriza a pessoa de pouca conversa e de respostas curtas. Até quando falamos de uma vida espartana, estamos nos se referindo a uma vida extremamente dura e difícil.
Esparta é um caso particular dentro do estudo da civilização grega, fundada pelos dórios, sua arquitetura não era tão refinada como a de outras cidades-estados, seus cidadãos não manifestavam grande preocupação com as artes ou a filosofia e seu processo de urbanização não foi sequer concluído. A grande característica dos espartanos seria a sua extrema especialização militar, preocupavam-se em enrijecer os músculos e o espírito e em realizar operações de guerra simuladas. O filósofo grego Platão afirmara certa ver que quando visitou Esparta não teve a sensação de estar em uma cidade, mas em um “Acampamento militar”.

Estrutura Legislativa: As leis que vigoraram nesta cidade são creditadas a um lendário legislador chamado Licurgo que, segundo a tradição oral, as teria recebido do deus Apolo. O autor da constituição espartana teria em seguida partido para um exílio voluntário, afirmando que o conteúdo do código não deveria ser alterado na sua ausência. Entendemos que o envolvimento com o sagrado no processo de construção da constituição espartana é um importante fator ideológico para a sua manutenção, pois dificultava a sua contestação pela população da cidade.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL

Na composição da estrutura social espartana percebemos a existência de três grupos, provavelmente estabelecidos um pouco depois da efetivação da conquista dórica, são eles:

ESPARTANOS: Também chamados por alguns autores de esparciatas, representam a única camada social que detinha a cidadania espartana, concentravam as suas forças em duas atividades fundamentais: a guerra e a política. Segundo uma característica bem comum entre os segmentos mais abastados das sociedades antigas, os espartanos se recusavam a realizar trabalhos agrícolas e outras tarefas consideradas inferiores.
PERIECOS: Camada intermediária, composta de homens livres que não detinham o direito de cidadania. Viviam na periferia do núcleo urbano de Esparta, atuando no artesanato e num discreto comércio, sendo obrigados a pagar tributos ao Estado.
HILOTAS: Compunham a maioria esmagadora da população espartana (cerca de 80%). Podemos identificar tanto características de escravo quanto de servo em um hilota, já que embora o seu trabalho se assemelhasse ao servil (entregava uma parte da produção aos espartanos), era considerado propriedade estatal. Ao longo da história, os hilotas protagonizaram, com certa frequência, inúmeras tentativas de levantes, sempre duramente reprimidas pelo exército. Tal situação fez com que os soldados ficassem sobre constante estado de alerta, mantendo os hilotas sobre pesada vigilância e realizando as kríptias.

ORGANIZAÇÃO POLÍTICA

a) A Oligarquia Espartana: A vida política dos espartanos não sofreu variações significativas ao longo dos séculos, mantendo a estrutura oligárquica, na qual a terra e os escravos pertenciam ao Estado, sendo usufruto dos cidadãos.

b) Formação do Cidadão: Direitos políticos e civis eram para poucos, apenas para a camada dos espartanos, a esmagadora maioria da população estava totalmente desprovida de qualquer benefício jurídico oferecido pelo Estado. A definição de um cidadão espartano toca necessariamente em duas questões, a origem do indivíduo e as práticas de guerra, já que podiam receber a educação militar somente os filhos de espartanos. Aos 30 anos a formação do soldado seria concluída, a partir deste momento conquistariam o direito de casar e de participar politicamente. De fato, até os sessenta anos, a vida do homem era dedicada ao estado e à guerra.

c) O Aparelho Político

DIARQUIA: Realeza dual e eletiva. Os dois reis eram escolhidos dentre as principais famílias da cidade, tendo atribuições militares e religiosas. Em tempos de guerra, um se deslocava com as tropas enquanto o outro permanecia na cidade. A existência dupla de reis deve-se, provavelmente, ao receio de que ocorresse um regime autocrático na cidade.

GERÚSIA: Conselho de anciãos. Composto por 28 gerontes, chegava a 30 quando os reis participavam das reuniões. A Gerúsia tinha caráter vitalício e mantinha atribuições legislativas e consultivas, além de escolher os reis.

EFORATO: O mais importante órgão do aparelho político dos espartanos. Composto por um total de cinco membros, os éforos tinham um mandato anual e eram responsáveis pela organização das reuniões na Apela e na Gerúsia, podendo vetar leis e denunciar indivíduos que comprometessem a ordem espartana.

APELA: Assembleia popular. Todos os cidadãos espartanos podiam participar, reuniam-se com a finalidade de votar leis e decidir sobre questões de política externa. Suas reuniões não primavam pelos longos debates, a votação era feita pelo levantar simples dos braços.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

a) A questão militar: Praticamente todas as atividades promovidas pelo Estado e pelos espartanos estavam diretas ou indiretamente ligadas à guerra, o ambiente era sempre marcado por jogos, exercícios, treinamentos e preparação para os confrontos. Era hábito comum aos soldados abandonar suas mulheres em casa para almoçarem todos juntos no quartel, reforçando deste modo à união da tropa.

b) Patriotismo Inflamado: O mais alto valor para um espartano deveria ser Esparta, sua pátria.

c) Xenofobia: Poucos estrangeiros circulavam pela cidade e não eram vistos com bons olhos pelos espartanos que receavam a espionagem.

d) Eugenia: Os espartanos tinham uma preocupação obsessiva com o que se entendia ser a “qualidade” de sua raça. A necessidade de se constituir um exército forte acabaria requerendo um material humano de primeira linha, dessa maneira, mantinham um acompanhamento cuidadoso na gravidez de suas mulheres que eram levadas para fazer exercícios que possibilitassem uma melhor gestação. Ao nascer a criança era avaliada por uma comissão de anciãos que buscava observar se o recém-nascido apresentava saúde perfeita, caso contrário ocorreria a sua execução (infanticídio).

e) Educação: Oferecida pelo Estado, a educação espartana era voltada para a preparação dos soldados. Desde muito cedo, aos sete anos de idade, os filhos dos cidadãos eram entregues aos cuidados do ensino estatal e recebiam o pouco do conhecimento letrado que sua formação lhe dispensaria. Durante a maior parte de seu tempo, os aprendizes realizariam pesadíssimas cargas de exercícios físicos e diversas atividades que visavam enrijecer o corpo e a personalidade. As meninas recebiam uma intensa preparação física e moral, para que na idade adulta pudessem gerar filhos sadios e, consequentemente, fortes guerreiros para o Estado espartano. Quando nascia uma criança fraca e doente, que não podia ser um futuro guerreiro, ela era atirada a um precipício, pois não atendia aos interesses do grupo dominante.

f) Laconismo: Ao contrário dos atenienses, que desde muito cedo realizavam estudos de retórica e eloqüência com o objetivo de aprimoramento de seus discursos, os espartanos caracterizavam-se pelo hábito de falar pouco, ou somente o indispensável. Compreendemos que a redução da oratória nesta cidade provoca um controle da capacidade crítica entre os espartanos e, com isso, debates e questionamentos não seriam comuns no cotidiano de Esparta. Este laconismo contribuiria muito para o conservadorismo político e institucional.

g) Kríptias: Consistia numa matança periódica de hilotas. Já mencionamos aqui o medo presente entre os espartanos de uma grande rebelião deste segmento social, neste sentido, seria de suma importância controlar o seu crescimento populacional eliminado de tempos em tempos uma parcela de hilotas. As kríptias também teriam uma grande importância na formação dos soldados, já que através delas, os jovens aprendizes poderiam viver a experiência de matar homens, necessidade constante de qualquer sociedade belicosa.

h) A Mulher Espartana: No mundo antigo, de um modo geral, as mulheres eram percebidas como inferiores aos homens, permanecendo sujeitas a sua vontade do nascimento até a morte. Em Esparta, especificamente, o gênero feminino apresentava pequenas regalias em relação ao restante da Grécia. Por ser responsável pela procriação – fornecimento de novos soldados, portanto -, a mulher de um cidadão era tratada com certos cuidados, praticando inúmeros exercícios físicos e recebendo o acompanhamento adequado. Acompanhe nas palavras de Xenofonte: “Licurgo achava que a tarefa principal das mulheres livres deveria ser a maternidade. Para tanto, ele prescreveu exercícios e corridas, tanta para as mulheres quanto para os homens. Estava convencido de que, se os dois sexos fossem ambos vigorosos, eles teriam filhos mais robustos”.


Atenas: democracia escravista

Diferentemente de Esparta, um verdadeiro quartel em tamanho gigante, Atenas se destacou pela vida intensa e rica, urbana e aberta para as novidades. Situada em uma região relativamente rica em minérios e portos, pôde desenvolver-se através de um intenso comércio realizado com diversos povos. Era uma cidade de navegadores, filósofos, poetas e artistas.

I - O PERÍODO ARISTOCRÁTICO

O primeiro momento da história política de Atenas desenvolveu-se concomitante ao início da pólis, era uma espécie de monarquia onde o poder estava nas mãos de um Basileu. Com o fortalecimento dos eupátridas percebemos uma crescente contestação aos poderes do Basileu, as pressões sofridas pelo soberano fizeram com que este lentamente perdesse força em benefício dos grandes proprietários de terras atenienses.

Tal fato marcaria o início do período aristocrático, que iremos estudar neste primeiro tópico.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL

A sociedade ateniense era constituída na fase aristocrática pelos seguintes grupos, basicamente:

EUPÁTRIDAS: Donos das grandes propriedades de terra em Atenas constituíam a “aristocracia de nascimento”, eram os únicos a possuir o título de cidadãos atenienses durante este período, podendo ocupar cargos públicos e tendo os direitos civis assegurados.

GEORGÓIS: Pequenos proprietários de terra, não possuíam direitos civis, não sendo, portanto, considerados cidadãos. 

THETAS: A imensa camada de homens livres expropriados, sujeitos à escravização por endividamento.

Ao longo do desenvolvimento histórico de Atenas, novas camadas sociais foram ocupando posições de destaque em seu cotidiano, especialmente a partir da colonização – que estudaremos adiante -, dentre os novos personagens destacamos:

DEMIURGOS: De origens diversas – e controversas –, seriam os comerciantes e artesãos atenienses, compondo a princípio um segmento intermediário.

METECOS: Denominação dada aos estrangeiros que habitavam na cidade. Convém recordar que a ideia de forasteiro entre os gregos está relacionada com qualquer indivíduo oriundo do exterior da cidade, fosse grego ou não.

ESCRAVOS: Eram inicialmente poucos, mas acabaram crescendo em número e importância dentro desta sociedade. Estudaremos o tema mais detalhadamente em um tópico posterior.

ORGANIZAÇÃO POLÍTICA:

A sociedade era dominada pelos eupátridas, grandes proprietários de terras que detinham o controle sobre o governo. A origem era o fator decisivo para a definição de direitos na Atenas aristocrática, fato que, conforme já dissemos, beneficiava apenas os eupátridas que detinham o controle de todos os órgãos políticos.

ARCONTADO: Com o declínio da autoridade do Basileu, seus poderes foram fracionados entre nove arcontes que seriam eleitos anualmente.

AREÓPAGO: Conselho formado com a finalidade de indicar os arcontes e fiscalizar as suas atividades. 

A COLONIZAÇÃO ATENIENSE

O que se convencionou chamar de colonização entre os gregos também pode ser entendido como uma 2ª diáspora. Tendo em vista que a ruína do sistema gentílica expôs toda a fragilidade do território grego, no que diz respeito ao desenvolvimento da produção da terra, os anos que se seguiram foram marcados por uma verdadeira crise agrária que só poderia ser resolvida a partir da expansão dos domínios das principais cidades para outros pontos do Egeu e do Mediterrâneo.

O estabelecimento das colônias em outros pontos do mundo antigo foi de uma importância tremenda para a história ateniense, pois favoreceu uma série de transformações expressas em diversos níveis. No plano econômico, houve um certo alívio na questão do abastecimento de gêneros agrícolas, um comércio intenso foi desenvolvido com as colônias e outros centros, ampliando assim o contato entre Atenas e as sociedades do Mar Mediterrâneo. No plano cultural tivemos um notável incremento, impulsionado a partir do intercâmbio com as regiões conquistadas e com aquelas que Atenas mantinha relações comerciais, tal fato transformou esta cidade numa referência obrigatória em termos de produção intelectual.

O incremento do comércio ainda favoreceria os demiurgos, que de meros coadjuvantes se transformaram em coprotagonistas da vida econômica de Atenas. Gradualmente, o enriquecimento dos comerciantes funcionaria como um estímulo para que passassem a reivindicar uma participação política igual a dos eupátridas.

O aumento do número de escravos foi outra importante consequência da colonização. A expansão foi muitas vezes imposta e desta maneira, acabou fornecendo inúmeros prisioneiros de guerra. O aumento do fluxo de escravos dificultava o aproveitamento da mão-de-obra livre, forçando os thetas a contrair dívidas junto aos cidadãos, de modo que não conseguindo quitar seus empréstimos acabavam escravizados. Os georgóis também foram vitimados por esta situação.

AS LUTAS SOCIAIS

É impossível negar que as mudanças geradas pela colonização ateniense provocaram em demiurgos, georgóis e thetas, cada qual por um fator específico, um anseio por transformações de ordem política, social e jurídica. Este panorama daria início a um período de confrontações que acabaria provocando mudanças.

OS REFORMADORES ATENIENSES    

O ambiente das lutas sociais em Atenas acabou por forçar os eupátridas a permitir algumas reformas que promoveriam mudanças internas a partir de propostas elaboradas pelos legisladores.

O primeiro legislador foi Drácon, a quem coube, em 621 a.C., redigir as leis que, até então, eram transmitidas apenas oralmente. A severidade das punições foi a marca da legislação draconiana, tanto que draconiano se tornou um adjetivo caracterizador de tudo o que é duro e cruel. Tal severidade, porém, não foi suficiente para diminuir a violência dos conflitos sociais em Atenas.

Em 594 a.C., Sólon tentou resolver o problema, decretando o fim da escravidão por dívidas, antiga reivindicação popular, devolvendo as terras confiscadas aos endividados. Além disso, estabeleceu que o critério para a participação na vida política passaria a ser a renda do indivíduo. Inaugurou, dessa forma, uma república censitária, na qual apenas os que possuíam poder econômico conquistavam o direito de participar nas decisões do governo. Apesar do avanço em direção às reivindicações populares, também a legislação de Sólon não foi suficiente para acabar com as tensões.

II - A TIRANIA

Conforme vimos no tópico anterior, as reformas de Sólon embora tenham produzido alguns avanços também tiveram limitações, além disso, não foram do agrado de todos os habitantes desta pólis. Os eupátridas sentiram-se prejudicados pela perda do monopólio político e da possibilidade de usar o próprio credor como calção pelo empréstimo concedido. As camadas populares esperavam por reformas bem mais profundas, como a redistribuição da propriedade privada da terra, estes fatores faziam com que as disputas tivessem prosseguimento.  A ineficácia das reformas legislativas em conter as disputas sociais fez com que alguns indivíduos tomassem o controle do governo pela força e passassem a exercer o poder de maneira pessoal, estabelecendo a chamada tirania.

Psístrato (560-527 a.C.) um aristocrata que assumiu o poder com o apoio das camadas populares, foi o maior dos tiranos gregos. Líder do partido diacriano, Psístrato é visto por alguns historiadores como um político demagogo que fez uso do discurso favorável às massas como uma ferramenta capaz de sublevá-los contra os eupátridas. Durante seu governo, incentivou o desenvolvimento marítimo-comercial e deu início à construção de inúmeras obras públicas.

Seus sucessores, Hípias e Hiparco, porém, não conseguiram dar continuidade ao seu trabalho, ocorrendo um acirramento dos conflitos entre diferentes interesses da sociedade como um todo. Hiparco foi assassinado, e Hípias, expulso da cidade.   

III - A DEMOCRACIA ATENIENSE

A situação era bastante delicada quando, em 510 a.C., Clístenes, político de origem nobre, assumiu o governo de Atenas, disposto a implementar reformas políticas profundas. Durante seu governo, instaurou-se a democracia, ampliando a possibilidade de participação nas decisões políticas a todos cidadãos ateniense, independentemente da sua renda.

As reformas de Clístenes

Contando com um amplo apoio popular Clístenes iniciaria a criação de uma série de reformas que resultariam na implementação do regime democrático ateniense, este é indiscutivelmente o momento mais importante da história de Atenas. Observemos as principais medidas de Clístenes:

Reforma Urbana: Para conter os conflitos sociais entre os diferentes espaços da cidade – litoral, planície e montanha, Clístenes substitui a antiga divisão em quatro tribos de origem gentílica por dez novas, tomando o cuidado para que em cada uma delas haja um setor para cada uma das três partes e depois, subdivide as tribos em número variável de demos – áreas administrativas. Com tal atitude o reformador pretendia anular as bases de segregação de Atenas.

Reforma Cívica: Abre possibilidades maiores para que um indivíduo tenha direito à cidadania ateniense, entendendo que os critérios necessários seriam: pertencer ao gênero masculino, ser maior de dezoito anos, ter nascido em Atenas e ser filhos de pais atenienses. Nasceria aqui o princípio da isonomia ateniense, segundo o qual todos os cidadãos seriam iguais perante a lei.

Reforma Política: Para adequar o aparelho político ateniense às reformas que vinha empreendendo, Clístenes reformulou as atribuições e competências aos órgãos políticos da cidade, dentre os quais mereciam destaque o Bule e a Eclésia. O primeiro receberia o acréscimo de cem membros, sendo transformado de Conselho dos Quatrocentos em Conselho dos Quinhentos, onde cada uma das dez tribos deveria indicar 50 representantes, cuja função seria a preparação de projetos de lei. O segundo se tornaria mais importante órgão da democracia ateniense, pois sendo a assembleia popular da cidade, englobava todos os cidadãos que reunidos na Ágora (praça pública) aprovavam as leis e decidiam as questões importantes.

Ostracismo: Seria uma penalidade imputada a todo e qualquer cidadão que constituísse uma ameaça ao regime democrático ateniense, consistia no banimento pelo período de dez anos, no qual o acusado perderia todos os seus direitos políticos e a permissão para estar em Atenas. Os condenados ao ostracismo recebiam esta punição após uma votação sigilosa (voto dentro de uma ostra, daí o nome) ocorrida na Eclésia. Esta seria uma maneira para evitar qualquer perigo de levante ou conspiração.

O Século de Péricles

Embora Clístenes tenha sido o líder do levante e o autor das primeiras reformas que instituíram a democracia, muitos autores consideram que o pai deste regime inventado pelos gregos tenha sido Péricles, uma vez que no período em que este esteve como estratego (dirigente supremo da Atenas democrática), a cidade alcançou o seu “período de ouro”, verdadeiramente o seu apogeu militar, intelectual e político.

Embora a experiência democrática de Atenas tenha sido uma inovação para o seu tempo, mesmo que alguns autores de gerações posteriores, e até contemporâneos, exaltem o valor deste sistema político, é preciso que se observe que este apresentava contradições e limitações. Em seguida apresentaremos alguns dos aspectos mais evidentes destas imperfeições.

A palavra “democracia” seria traduzida como um “governo para a maioria”. No entanto, observamos que mulheres, menores de 18 anos, estrangeiros e escravos não apresentavam direitos políticos, estes personagens históricos somados formariam a esmagadora maioria da população, mas ainda assim atenienses importantes do porte de um Péricles defendiam a isonomia universal.

Democracia e escravismo são duas palavras filosoficamente contraditórias, como admitir que uma sociedade que exaltava sua capacidade de tratar todos os cidadãos como “iguais” estivesse alicerçada no uso do trabalho escravo, uma forma de trabalho que o cativo está absolutamente desprovido de liberdade, sofre castigos frequentes, é tratado como uma peça pelo seu senhor.

 

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