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Roma Antiga

Origem de Roma

Roma está situada na península Itálica, uma faixa de terra, em forma de bota, que avança pelo mar Mediterrâneo. Ao Norte, a península é limitada por um conjunto de montanhas, os Alpes; a leste, é banhada pelo mar Adriático; a oeste, pelo mar Tirreno; e ao sul, pelo mar Mediterrâneo.
A história romana remonta ao povoamento da Península Itálica, localizada no sul da Europa, onde se estabeleceram vários povos, como italiotas, etruscos e gregos. O povo italiota subdividia-se em tribos como a dos latinos e a dos sabinos.
Existem dúvidas sobre a origem exata de Roma. No entanto, pesquisadores apontam que os italiotas fundaram essa cidade
em meados do século VIII a.C. Posteriormente, Roma cresceu
e se transformou na capital de um Estado poderoso.
A história de Roma Antiga é fascinante em função da cultura desenvolvida e dos avanços conseguidos por esta civilização. De uma pequena cidade, tornou-se um dos maiores impérios da antiguidade. Dos romanos, herdamos uma série de características culturais. O direito romano, até os dias de hoje está presente na cultura ocidental, assim como o latim, que deu origem a língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola.

Explicação mitológica:

Os romanos explicavam a origem de sua cidade através do mito de Rômulo e Remo. Segundo a mitologia romana, os gêmeos foram jogados no rio Tibre, na Itália. Resgatados por uma loba, que os amamentou, foram criados posteriormente por um casal de pastores. Adultos, retornam à cidade natal de Alba Longa e ganham terras para fundar uma nova cidade que seria Roma.

Origem histórica: 

As fontes arqueológicas de que os historiadores dispõem revelam que o território onde Roma surgiu era, no início, ocupado por pastores que construíram suas aldeias no alto das colinas de Lácio. Por volta do século VIII a.C., essas aldeias se uniram formando a Liga das Sete colinas, com o objetivo de se protegerem dos sabinos, um povo estranho ao Lácio, Da união dessas aldeias surgiu a cidade de Roma. Ao adquirir características de cidade, Roma iniciou um processo de organização político-social que resultou na Monarquia.

Periodização da história romana

A história da Roma antiga tem mais de mil anos e costuma ser dividida em três grandes períodos.
Monarquia (753 a.C.-509 a.C.) – período em que Roma era ainda uma pequena cidade. A organização econômica e política dessa sociedade foi influenciada pelos etruscos e gregos, povos que já viviam na Península Itálica.
República (509 a.C.-27 a.C.) – período em que os romanos
consolidaram suas instituições sociais e econômicas e expandiram seu território. A civilização romana foi tornando-se uma das mais poderosas do mundo antigo.
Império (27 a.C.-476 d.C.) – período em que os domínios romanos atingiram sua máxima expansão. O fim desse período culminou com sucessivas crises que afetaram a porção ocidental do Império Romano.

A MONARQUIA (753–509 a.C.)

Existem poucas evidências históricas sobre o período monárquico e, consequentemente, sobre a vida dos primeiros reis de Roma. Porém, de acordo com lendas apresentadas por escritores como Tito Lívio, os sete reis do período monárquico foram: Rômulo; Numa Pompílio; Tulo Hostílio; Anco Márcio; Tarquínio, o Prisco; Sérvio Túlio; e Tarquínio, o Soberbo. Desses, os três últimos eram de origem etrusca.

Sob domínio etrusco, a cidade de Roma se fortaleceu. Foram construídas redes de esgotos, altas muralhas e uma ponte ligando as duas margens do Tibre. Incentivaram também o artesanato em cerâmica e bronze e ativaram o comércio interno. Além disso, a cultura etrusca contribuiu para o desenvolvimento da metalurgia, do comércio de longa distância e da arquitetura usando arcos e abóbadas. No tempo dos reis, a cidade era apenas o local onde ficavam os templos religiosos, o palácio real e onde os chefes das famílias para discutir assuntos de seu interesse.

Os reis de Roma governavam a cidade com o auxílio do Senado (formado pelos chefes das principais famílias) e de uma assembleia. Já naquele tempo, as diferenças sociais eram acentuadas. Os patrícios, descendentes das famílias mais antigas da cidade eram os donos das maiores e melhores terras e os únicos a possuir direitos políticos. Os plebeus eram em grande parte descendentes dos povos vencidos. Trabalhavam como pequenos agricultores, artesãos ou mercadores. Não tinham direitos e podiam ser escravizados por dívidas.

Alguns plebeus eram clientes das famílias patrícias, ou seja, prestavam serviços a elas e recebiam em troca proteção e auxílio.

No tempo da Monarquia, o número de escravizados em Roma era pequeno: eram prisioneiros de guerra, filhos de pais escravizados ou pessoas condenadas pela justiça.

Política: as instituições

Durante a monarquia, Roma foi governada por rei, Senado e Assembleia Curial. Conheça as funções de cada um deles.

• O rei era juiz, chefe militar e religioso. No desempenho de usas funções, submetia-se a fiscalização da Assembleia Curial e do Senado.

• O Senado era um conselho formado por anciãos que chefiavam as famílias romanas tradicionais. Esse conselho tinha o poder de aprovar ou vetar as leis propostas pelo rei. A palavra “senado” vem do latim senex, que significa “velho ou ancião”.

• A Assembleia Curial compunha-se de cidadãos agrupados em cúrias. Seus membros eram soldados em condições de servir o exército. A Assembleia tinha como principais funções: eleger altos funcionários, aprovar ou rejeitar leis, aclamar o rei e decidiam também sobre as declarações de guerra e de paz.

No período monárquico, a sociedade estava dividida em quatro grupos sociais, descritos a seguir.

• Patrícios: formavam a elite da sociedade, concentrando poder político e econômico. De modo geral, eram ricos e possuíam grandes propriedades de terra e rebanhos de gado. Durante um longo período, apenas os patrícios do sexo masculino tinham direitos políticos e podiam ocupar os principais cargos do governo.

• Plebeus: formavam a maioria da população. Eram um grupo diversificado constituído de pessoas que trabalhavam na agricultura, no artesanato e no comércio. A princípio, os plebeus não tinham o direito de participar do governo. Além disso, caso não pagassem suas dívidas, podiam ser escravizados.

• Clientes: população livre e pobre que prestava diversos serviços aos patrícios em troca de proteção e ajuda econômica.

• Escravizados: população que perdia sua liberdade, constituída pelos prisioneiros de gue rra e por pessoas que não conseguiam pagar suas dívidas. Os escravizados não tinham direitos políticos. Podiam ser vendidos, alugados ou receber castigos de seu senhor.

Economia

Nessa fase, a economia tinha base agropastoril e girava em torno de uma indústria doméstica (armas e utensílios). Era suficiente para atender às necessidades mais imediatas da população, e toda a produção era dirigida para o controle local.

Fim da realeza

São conhecidos sete reis romanos: Rômulo, Numa Pompílio, Túlio Hostílio, Anco Márcio, Tarquínio Prisco (o Antigo), Sérvio Túlio e Tarquínio (o Soberbo). Provavelmente deve ter existidos outros reis, porém não há comprovação histórica. Dos reis citados acima quatro eram italiotas e os três últimos eram etruscos.

Para se fortalecerem, os reis etruscos procuraram diminuir o poder dos patrícios, apoiando-se nos plebeus. As famílias patrícias que formavam o Senado, temerosas de perder seu poder diante da tirania dos reis, reagiram promovendo uma revolta que derrubou o último rei etrusco de Roma, Tarquínio, o Soberbo, e fundaram a República romana em 509 a.C. 

Esta se baseava em três órgãos: o Senado, os magistrados e as Assembleias.

REPÚBLICA ROMANA (509 a.C.-27 a.C.)

Os patrícios que se revoltaram implantaram, em Roma, uma república oligárquica que se estendeu até 27 a.C. Com a instalação da Republica, os patrícios organizaram uma estrutura social e administrativa que lhes permitia exercer domínio sobre Roma e desfrutar os privilégios do poder.

A palavra “república” vem do latim res publica, que significa “coisa de todos”. Nessa organização, diferentemente da monarquia, o governo da sociedade não seria predominantemente exercido por uma única pessoa, mas sim por um conjunto de pessoas. No entanto, o que se viu em Roma foi a instalação de um governo dominado pela aristocracia dos patrícios. Na prática, aristocracia não é o “governo dos melhores”, mas sim de um grupo de privilegiados que geralmente herda o controle do poder. Ao longo da República Romana, os plebeus conquistaram direitos políticos que antes eram reservados aos patrícios.

Os patrícios controlavam quase a totalidade dos altos cargos da República. Esses cargos eram exercidos por dois cônsules e outros importantes magistrados. Na chefia da República os cônsules eram auxiliados pelo Senado, composto por trezentos destacados cidadãos romanos. Havia, ainda, a Assembleia dos Cidadãos, manobrada pelos ricos patrícios. 

O APARELHO POLÍTICO: o Senado, os magistrados e as Assembleias.

SENADO – O Senado era indiscutivelmente o centro da política em Roma, reservado aos proprietários de terra, eram à princípio em 300, número que seria aumentado no decorrer de sua história política. Os senadores gozavam de amplos poderes administrativos, financeiros, relativos à política externa e à disposição das províncias e quanto à religião cívica.

MAGISTRATURAS – O poder executivo da República romana era exercido pelas inúmeras magistraturas de caráter eletivo e anual, onde os candidatos aos cargos deveriam ser cidadãos completos e terem exercido outras atividades públicas na seguinte escala:

Cônsules – Em número de dois, comandavam o exército, convocavam o Senado e presidiam os cultos públicos.

Pretor – Responsável pela execução das leis e da justiça.

Censor – Elaborava o censo com base nas riquezas e vigiava as condutas dos cidadãos.

Questor – Responsável pela área financeira.

Edis – Responsáveis pelo policiamento, pelo abastecimento e pela preservação das cidades.

Ditador – Eleito para um mandato de seis meses, em época de guerra. 

ASSEMBLEIAS POPULARES:

Curial – Examinava os assuntos religiosos.

Tribal – Responsável pela nomeação dos Questores e Edis.

Centurial – Composta pelas centúrias, grupos militares encarregados de votar as leis e eleger os magistrados.

Cidadania romana

Atualmente, cidadão é a pessoa que cumpre certas condições jurídicas para exercer direitos e deveres dentro de um Estado. Na Roma antiga, havia diferentes graus de cidadania. Em seu grau pleno, por exemplo, o cidadão podia exercer cargos políticos, votar nas Assembleias, casar-se com outro cidadão e apresentar-se em juízo como sujeito de direito privado.

Na república, patrícios e plebeus eram considerados cidadãos, mas, a princípio, somente patrícios do sexo masculino tinham o direito de ser eleitos para as Magistraturas e votar nas principais Assembleias. Por conta dessa desigualdade, os plebeus passaram a lutar por direitos, ou seja, pela ampliação de sua cidadania.

Ao longo do tempo, a cidadania romana foi estendida, gradativamente, aos súditos de Roma. Assim, foram publicadas leis, como a Lex Plautia Papira, de 89 a.C., que concedeu cidadania aos aliados dos romanos residentes na Península Itálica. Posteriormente, em 212, o imperador Caracala concedeu cidadania a quase todos os habitantes livres do Império. Também havia leis que previam a perda da cidadania. Isso podia acontecer, por exemplo, se um cidadão fosse escravizado ou condenado à deportação. 

Comparada com Atenas, a cidadania romana incluía as mulheres e tornou-se mais ampla, abrangendo pessoas que viviam de acordo com o Direito e a cultura romana.

Mulheres em Roma

Na Roma antiga, os principais papéis atribuídos às mulheres eram os de mãe, esposa e guardiã do lar. Fora do ambiente doméstico, o que predominou na sociedade romana foi uma situação social desfavorável às mulheres. Uma das maiores desigualdades ocorria na política, pois as mulheres não tinham o direito de participar das decisões do governo. Todos os cargos políticos do Estado eram exercidos por homens.

O acesso à educação era um privilégio. Meninas e meninos podiam aprender a ler, escrever e calcular. No entanto, o caminho dos estudos terminava mais cedo para as meninas. Entre as famílias mais ricas, o pai exercia autoridade sobre a esposa, os filhos, os clientes e os escravizados. Era o pai quem decidia sobre o casamento de seus filhos. Os principais objetivos do casamento eram aumentar o patrimônio, estabelecer as alianças políticas e sociais e gerar descendentes.

Apesar dessa tradição, a partir do século I aumentaram os casos de mulheres que participavam da escolha de seus futuros maridos e administravam seus próprios bens. Na vida cotidiana, atividades como cozinhar, tecer e cuidar de crianças eram desempenhadas sobretudo por mulheres. Além dessas atividades, elas realizavam outros trabalhos, por exemplo, na agricultura, no comércio, no artesanato. Também houve mulheres que se dedicaram às atividades religiosas e se tornaram importantes sacerdotisas.

As mulheres participavam de vários eventos públicos, assistindo, por exemplo, às lutas de gladiadores, às apresentações teatrais e aos jogos. De modo geral, alguns historiadores indicam que, em comparação com as mulheres gregas, as romanas tinham mais liberdade e não ficavam tão limitadas ao ambiente doméstico.

Conflitos entre Patrícios e Plebeus

No início da república, embora os plebeus constituíssem a maioria da população, eles não tinham direito de participar das decisões políticas. Eles não podiam, por exemplo, exercer cargos da magistratura ou se casar com patrícios, mas eram obrigados a pagar impostos e a servir no exército. 

A segurança de Roma dependia de um exército forte e numeroso. Os plebeus eram indispensáveis na formação do exército, uma vez que constituíam a maior parte da população. Esses conflitos tiveram início quando os plebeus formaram um exército próprio e retiraram-se para o Monte Sagrado: eles reivindicavam direitos políticos. Os patrícios, por outro lado, precisavam dos plebeus nas atividades da guerra (militares e econômicas). Com isso, os patrícios perceberam que Roma não conseguiria sobreviver sem a participação da plebe e fizeram concessões. 

Por isso, aceitaram as reivindicações dos plebeus e instituíram os tribunos da plebe, que podiam vetar leis que considerassem contrárias aos interesses da classe representada.

A criação deste órgão é considerada a primeira grande conquista da plebe no contexto das lutas sociais, seria uma instituição de defesa dos interesses deste grupo, inicialmente constituída de dois membros e mais tarde por dez representantes que gozariam de imunidade (eleitos por uma assembleia de plebeus). O tribunato poderia intervir nas decisões do patriciado, ganhando progressivamente o direito de vetar decisões dos magistrados e do senado romano.

Outras importantes conquistas obtidas pela plebe foram:

• Lei das Doze Tábuas (450 a.C.): conjunto de leis escritas, que eram válidas para patrícios e plebeus. Embora o conteúdo dessas leis fosse geralmente favorável ao patriciado, o código escrito deu clareza às normas e evitava arbitrariedades dos magistrados patrícios;

• casamento com patrícios (445 a.C.): lei que autorizava o casamento entre plebeus e patrícios. Porém, na prática, só plebeus ricos conseguiam casar-se com patrícios;

• eleição de magistrados (367 a.C.): os plebeus conquistaram o direito de serem eleitos às magistraturas como questor, edil, pretor. Em 367 a.C., foi eleito o primeiro cônsul plebeu que, após o cumprimento de seu mandato, ingressou no Senado;

• proibição da escravização por dívida (366 a.C.): proibição decorrente de muitos plebeus terem sido escravizados pelos patrícios por não conseguirem pagar suas dívidas.

As diversas conquistas não beneficiaram igualmente todos os plebeus. Cargos públicos e privilégios ficaram concentrados entre os plebeus ricos – que, por sua vez, desprezavam a maioria pobre da plebe da mesma maneira que os patrícios. Dessa forma, o povo romano continuou sendo governado por uma oligarquia de ricos poderosos que incluía tanto patrícios quanto plebeus.

As diversas conquistas da plebe, entretanto, não beneficiaram igualmente a todos os membros da plebe. Os cargos políticos e os privilégios ficaram concentrados nas mãos da nobreza plebeia, que passou a desprezar o homem pobre da plebe da mesma maneira que um elevado patrício.

As conquistas romanas

No momento em que se deu a unificação da Itália pelos romanos, duas grandes potências dominavam o Mediterrâneo: no Ocidente, Cartago (império marítimo); no Oriente, Macedônia (império continental).

Durante a república, Roma participou de várias guerras para defender e ampliar seu poder, território e riqueza. Entre os séculos V a.C. e III a.C., por exemplo, os exércitos romanos passaram a controlar toda a Península Itálica.

Após a conquista da península, o interesse maior de Roma era controlar todo o Mediterrâneo, e o seu maior empecilho era Cartago (antiga colônia fenícia localizada ao norte da África) sua grande rival. Cartago tinha o solo bastante fértil e bem cultivado. Eles haviam alcançado alto nível tecnológico no setor produtivo agrário, artesanal e comercial, o que lhes permitiu prosperidades econômicas. O seu comércio era desenvolvido em várias regiões do Mediterrâneo.

E foi para destruir esse poderio econômico que os romanos fizeram as chamadas Guerras Púnicas, que duraram mais de cem anos. Esses confrontos, ocorreram entre 264 a.C. e 146 a.C. A palavra “púnico” vem do latim e quer dizer “fenício”, em referência ao povo que fundou Cartago. As batalhas das Guerras Púnicas foram longas e violentas, sacrificando ambos os povos em combate. Ao final, em 146 a.C., os romanos derrotaram os cartagineses.

Primeira Guerra Púnica – Teve início em 264 a.C. e se estendeu até 241 a.C., devido à ameaça de invasão cartaginesa à cidade grega de Messina, na Ilha de Sicília. Roma saiu vitoriosa, e Cartago teve que pagar uma pesada indenização de guerra.

Segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.) – Teve como objeto a Espanha e como Palco a Itália. O general Amílcar Barca, de Cartago, conquistou a Espanha, interessado em suas riquezas naturais. Após a tomada de Segundo, cidade litorânea espanhola, Roma declarou guerra à Cartago. Os cartagineses venceram algumas batalhas dos romanos. Mas o general romano Cipião, “o Africano”, derrotou e expulsou o exército cartaginês da Espanha e depois invadiu Cartago.

Terceira Guerra Púnica (149-146 a.C.) – Terminou com a vitória romana; Cartago foi anexada como província da África. Roma conquistou a Grécia, a Macedônia, a Ásia Menor, o Pérgamo e, no Ocidente da Península Ibérica, fundou as Gálias. Assim, Roma transformou-se no maior império do Mundo Antigo. As regiões conquistadas, transformadas em províncias, foram obrigadas a pagar impostos.

Além disso, ao longo dos séculos II a.C. e I a.C., o exército romano lutou e conquistou diversas regiões, como a da Macedônia, da Grécia, da Gália, da Hispânia, do Egito, da Capadócia e da Judeia. Com as conquistas, os novos territórios foram transformados em províncias de Roma.

Consequências das conquistas militares

No plano social, o desemprego aumentou por causa do aproveitamento dos prisioneiros de guerra como escravos. A mão-de-obra escrava provocou a concentração das terras nas mãos da aristocracia (provocando a ruína dos pequenos proprietários de terras que foram forçados a migrar para as cidades).

Na economia, surgiu uma nova camada de comerciantes e militares (homens novos ou cavaleiros) que enriqueceram com as novas atividades surgidas com as conquistas (cobrança de impostos, fornecimento de alimentos para o exército, construção de pontes e estradas, etc.).

Além disso, sociedade romana também sofreu forte influência da cultura grega e helenística:

- A alimentação ganhou requintes orientais

- A roupa ganhou enfeites

- Homens e mulheres começaram a usar cosméticos

- Influência da religião grega

- Escravos vindos do oriente introduziram suas crenças e práticas religiosas

- Influência grega na arte e na arquitetura

- Escravos gregos eram chamados de pedagogos, pois ensinavam para as famílias ricas a língua e a literatura grega.

Essas influências geraram graves consequências sobre a moral: multiplicou-se a desunião entre casais e as famílias ricas evitavam ter muitos filhos.

Tais transformações foram exploradas pelos grupos que lutavam pelo poder e esse fato desencadeou uma série de lutas políticas. A sociedade romana dividiu-se em dois partidos: o partido popular (formado pelos homens novos e desempregados) e o partido aristocrático (formado pelos grandes proprietários rurais). Essas lutas caracterizaram a fase de decadência da República Romana.

Crise e fim da Republica 

A crise social e as tentativas de reforma agrária dos irmãos Graco:

Os irmãos Tibério e Caio Graco, eleitos sucessivamente tribunos da plebe, procuraram solucionar a crise da República, através da realização de reformas que atendessem às reivindicações dos desempregados e dos cavaleiros. Diante do clima de tensão, os irmãos Tibério e Caio Graco, tentaram promover uma reforma social (133-132 a.C.) para melhorar as condições de vida da massa plebeia. Entre outras medidas, propuseram a distribuição de terras entre camponeses plebeus e limitações ao crescimento dos latifúndios. A violenta reação da aristocracia impediu, entretanto, a concretização dessas reformas populares.

Sofreram então forte oposição do Senado romano. Acabaram sendo assassinados a mando dos nobres, que se sentiram ameaçados pelo apoio popular que os irmãos vinham recebendo.

Ditaduras de Mário e Sila (107-79 a. C)

Mário, ligado à classe dos cavaleiros, é eleito Cônsul em 107 a. C; dentre suas realizações, temos:

- profissionalização do exército, que criou uma maior devoção do soldado ao comandante do que à República;

- implantação uma ditadura, com o apoio do exército;

- redução o poder do Senado e dos privilégios da aristocracia;

- concessões aos cavaleiros.

Mário morre em 86 a.C. e é sucedido por Sila. Este, apoiado pelo Senado, liderará a reação da aristocracia, restabelecendo seus direitos e caçando os direitos dos cavaleiros. Morre em 79 a.C., deixando Roma mergulhada em uma profunda crise social e política, que se reflete nas diversas rebeliões que se instaurarão neste período, das quais destacam-se:

- Rebelião do Sertório - ocorrida em 78 a.C., na Espanha, e vencida pelo Gen. Pompeu.

- Rebelião de Espártaco - ocorrida em 73 a.C. no sul da Itália, foi uma rebelião de escravos, tendo à frente um gladiador de grande prestígio (Espártaco), reuniu cinqüenta mil escravos e foi vencida por Crasso em 71 a.C;

- Conspiração de Catilina - O líder do partido popular arquitetava um golpe. Foi descoberto, denunciado e morto, junto com três mil seguidores na região de Pistóia.

Os Triunviratos e a Ditadura de César

Em 60 a.C. estabeleceu-se o Primeiro Triunvirato, formado por Crasso, Júlio César e Pompeu para governar Roma. Pouco tempo depois de assumir o poder, Crasso foi assassinado. Surgiu, então, séria rivalidade entre Pompeu e Julio César. Após vários conflitos, Júlio César tornou-se ditador (com o apoio do Senado) e apoiado pelo exército e pela plebe urbana, começou a acumular títulos concedidos pelo Senado. Tornou-se Pontífice Máximo e passou a ser: Ditador Perpétuo (podia reformar a Constituição), Censor vitalício (podia escolher senadores) e Cônsul Vitalício, além de comandar o exército em Roma e nas províncias.

Tantos poderes lhe davam vários privilégios: sua estátua foi colocada nos templos e ele passou a ser venerado como um deus (Júpiter Julius).

Com tanto poder nas mãos, começou a realizar várias reformas e conquistou enorme apoio popular.

- Acabou com as guerras civis

- Construiu obras publicas

- Reorganizou as finanças

- Obrigou proprietários a empregar homens livres

- Promoveu a fundação de colônias

- Reformou o calendário dando seu nome ao sétimo mês

- Introduziu o ano bissexto

- Estendeu cidadania romana aos habitantes das províncias

- Nomeava os governadores e os fiscalizava para evitar que espoliassem as províncias.

Em compensação, os ricos (que se sentiram prejudicados) começaram a conspirar. No dia 15 de março de 44 a.C., Júlio César foi assassinado por uma conspiração organizada por membros do Senado.

Em 43 a.C., estabeleceu-se o Segundo Triunvirato, composto por Marco Antônio, Otávio e Lépido. O poder foi dividido entre os três: Lépido ficou com os territórios africanos, mas depois foi forçado a retirar-se da política; Otávio ficou responsável pelos territórios ocidentais; e Marco Antônio assumiu o controle dos territórios do Oriente. Surgiu intensa rivalidade entre Otavio e Marco Antônio, que se apaixonara pela rainha Cleópatra, do Egito. Declarando ao Senado que Marco Antônio pretendia formar um império no Oriente, Otavio conseguiu o apoio dos romanos para derrotá-lo. Assim, tornou-se o grande senhor de Roma.

IMPÉRIO ROMANO

A partir do reinado do Imperador Otávio Augusto, Roma adotou de novo a monarquia. A principal característica do Império Romano é a centralização do poder nas mãos de um só governante. O longo período das guerras civis contribuiu para enfraquecer o Senado e fortalecer o exército.

Caio Otávio será o primeiro imperador de Roma e receberá uma série de títulos, tais como: Augusto (honra dada somente aos deuses), Tribuno da Plebe vitalício e Príncipe (o primeiro cidadão do Senado).

Otávio, primeiro imperador, governou de 27 a.C. a 14 d.C. Suas primeiras medidas tinham por finalidade reestruturar a administração do novo Estado imperial: restringiu as funções do Senado; criou uma nova ordem administrativa, as prefeituras; melhorou as formas de cobranças de impostos; e instituiu a guarda pretoriana com a função de garantir a proteção do imperador. Na economia, Otávio incentivou a produção e protegeu as rotas comerciais. Empreendeu a construção de várias obras públicas, o que gerou muitos empregos aos plebeus.

Para ganhar popularidade, Otávio adotou a política do pão e circo: distribuição de trigo para a população pobre e organização de espetáculos públicos de circo. Após o governo de Otávio, o Império Romano foi governado por várias dinastias:

Sucessores de Augusto

Nomeado por Augusto como seu sucessor, Tibério Júlio César assume o império em 14 d.C. Tibério reforça o caráter oligárquico do poder, passa ao Senado a prerrogativa de eleger os magistrados e enfrenta conspirações palacianas que resultam em processos de lesa-majestade, execuções e suicídios.

Calígula - Caio César Germânico é o sucessor de Tibério em 37 d.C. Fica conhecido por Calígula, diminutivo do tipo de sandália usada pelos soldados. Transforma o principado em monarquia teocrática inspirada no estilo oriental. Persegue os senadores ricos e fica famoso por suas críticas ao Senado nomeando cônsul seu cavalo Incitatus. É assassinado pela guarda pretoriana em 41.

Cláudio - Retoma a tradição administrativa de Augusto e conquista o sul da Britânia e a Trácia. É assassinado em 54 por sua segunda mulher, Agripina, que coloca seu filho Nero no trono.

Nero - Déspota que desencadeia uma série de assassinatos, incluindo o da própria mãe, Agripina. Incendeia Roma e inicia a perseguição aos cristãos. É deposto pelo Senado e suicida-se em 68. A ele sucedem-se quatro imperadores durante o ano de 69, substituídos pela dinastia Flávia (Vespasiano, Tito e Domiciano), entre 69 e 96.

 Antoninos - É a denominação dada aos imperadores adotivos, que chegam ao trono por adoção ou eleição, a partir de 96. Começa com a nomeação de Nerva, pelo Senado. Em 98, depois de um motim dos pretorianos, é eleito Trajano, governador da Alta Gemânia, que com suas conquistas faz com que o Império Romano alcance sua extensão máxima. Seu sucessor é Adriano, governador da Síria, em 117, que reestrutura a administração e o exército, ordena a primeira codificação do Direito Romano, funda inúmeras cidades e pacifica os territórios do império. Morre em 138 e é sucedido por Antonino Pio (138 a 161), Marco Aurélio (161 a 180) e Cômodo (180 a 192). A partir do reinado de Marco Aurélio reativam-se as guerras de povos dominados.

Dinastia dos Severo - Iniciada com o acesso de Sétimo Severo ao trono, em 193. Sucedem-lhe Caracala, Helio Elagábalo e Alexandre Severo, até 235. Além da redução dos poderes do Senado e do fomento da germanização do exército, o ato mais importante do período é a concessão da plena cidadania romana a todos os provincianos livres e estabelece a unidade jurídica do império. Excluindo Sétimo Severo, todos os imperadores dessa dinastia são assassinados. 

CRISE E DECADÊNCIA DO IMPÉRIO 

O Dominato era uma monarquia despótica e militar, semelhante ao helenístico, ou seja, o poder do governante tinha uma fundamentação religiosa. O nome dessa instituição derivou de Dominus (senhor), que foi como passaram a se intitular os imperadores a partir de Diocleciano.

No governo de Diocleciano, foi criada a Tetrarquia. Para melhorar a defesa das fronteiras, principalmente com a pressão dos bárbaros, o Império foi dividido em quatro partes, cada uma delas com governo próprio. Na economia, Diocleciano tentou reduzir a inflação, por meio do Edito Máximo, que consistia na criação dos preços máximos para os produtos comercializados e um limite de ganhos sobre a jornada de trabalhos.

Em 313, Constantino assumiu o poder e restabeleceu a unidade imperial. Defensor de que a base do Império provinha das províncias do Oriente, estabeleceu, em 330, sua capital na antiga colônia grega de Bizâncio, rebatizada com o nome de Constantinopla. Além disso, ele instituiu o Edito de Milão, no qual reconheceu a religião cristã e transformou-a na religião mais importante de Roma. Ainda no século IV, os bárbaros iniciaram as invasões em busca de terras férteis. Em 378, os visigodos investiram contra o Império Romano, vencendo-o na batalha de Adrianópolis.

Teodósio foi o último imperador uno. Esse imperador instituiu o Edito de Tessalônica, em 330, pelo qual a religião cristã se tornava a religião oficial do Império. Por ocasião da morte de Teodósio (395), o Império foi divido em Ocidente, governado por Honório, e Oriente, governado por Arcádio, ambos filhos do Imperador.



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  Os ‘materiais curriculares’ e outros recursos didáticos O PAPEL DOS MATERIAIS CURRICULARES Os materiais curriculares, corno variável metodologicamente são menosprezados, apesar de este menosprezo não ser coerente, dada a importância real que têm estes materiais. Uma olhada, mesmo superficial, permite que nos demos conta de que os materiais curriculares chegam a configurar, e muitas vezes a ditar, a atividade dos professores. A existência ou não de determinados meios, o tipo e as características formais, ou o grau de flexibilidade das propostas que veiculam são determinantes nas decisões que se tomam na aula sobre o resto das variáveis metodológicas. A organização grupai será cie um tipo ou de outro conforme a existência ou não de suficientes instrumentos de laboratório ou de informática; as relações interativas em classe serão mais ou menos cooperativas conforme as caraterísticas dos recursos; a organização dos conteúdos dependerá da existência de materiais com estruturações disc

A Revolução Francesa

O Antigo Regime – ordem social que garantia os privilégios do clero e da nobreza – foi sendo abalado e destruído lentamente por uma série de fatores, como as revoluções burguesas na Inglaterra, o Iluminismo, a Revolução Industrial e a Independência dos Estados Unidos da América. Mas o fator que aboliu de vez o Antigo Regime foi a Revolução Francesa (1789-1799), uma profunda transformação sócio-política ocorrida no final do século XVIII que continua repercutindo ainda hoje em todo o Ocidente. O principal lema da Revolução Francesa era “liberdade, igualdade e fraternidade”. Por sua enorme influência, a Revolução Francesa tem sido usada como marco do fim da Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea. Embora não tenha sido a primeira revolução burguesa ocorrida na Europa, foi, com certeza, a mais importante. 1. Situação social, política e econômica da França pré-revolucionária a) Sociedade A França pré-revolucionária era um país essencialmente agrícola. O clero e a nobreza possuíam en

SIMBOLISMO EM PORTUGAL E NO BRASIL

  O Simbolismo, assim como o Realismo-Naturalismo e o Parnasianismo, é um movimento literário do final do século XIX. No Simbolismo , ao contrário do Realismo , não há uma preocupação com a representação fiel da realidade, a arte preocupa-se com a sugestão. O Simbolismo é justamente isso, sugestão e intuição. É também a reação ao Realismo/Naturalismo/Parnasianismo, é o resgate da subjetividade, dos valores espirituais e afetivos. Percebe-se no Simbolismo uma aproximação com os ideais românticos, entretanto, com uma profundidade maior, os simbolistas preocupavam-se em retratar em seus textos o inconsciente, o irracional, com sensações e atitudes que a lógica não conseguia explicar. Veja as comparações: Parnasianismo 1. Preocupação formal que se revela na busca da palavra exata, caindo muitas vezes no preciosismo; o parnasiano, confiante no poder da linguagem, procura descrever objetivamente a realidade. 2. Comparação da poesia com as artes plásticas, sobretudo com a escultura. 3. Ativid