quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Revoltas no Segundo Reinado

A reação conservadora que ocorre na primeira década do reinado de dom Pedro II estimula o surgimento de movimentos de oposição liberal. Conflitos explodem em vários pontos do país. Alguns evoluem para lutas armadas, como a Revolução Liberal, em São Paulo, e a Rebelião Praieira, em Pernambuco. No final do Império, crescem os levantes de caráter popular urbano, as rebeliões e fugas de escravos e o movimento republicano.

· Revolução liberal

Em São Paulo, a oposição à legislação conservadora do governo central evolui para uma rebelião armada. A revolução liberal, como fica conhecida, eclode na capital em 17 de maio de 1842. É liderada por Rafael Tobias de Aguiar, aclamado presidente da Província. Os rebeldes conseguem o apoio do padre Diogo Feijó e da população de algumas vilas, entre elas Itapetininga, Itu, Porto Feliz e Capivari. Tentam avançar sobre a capital e são derrotados pelo Exército, sob o comando de Luís Alves de Lima e Silva, o barão de Caxias. Padre Feijó é preso em Sorocaba, em 21 de junho, mas Tobias de Aguiar consegue escapar. Os liberais mineiros também rebelam-se. No final de julho, Caxias chega a Minas e vence os liberais num violento combate travado em Santa Luzia, dia 20 de agosto. Os principais chefes são presos e, em março de 1844, anistiados pelo imperador.

· Rebelião praieira

As lutas de caráter político, nascidas no período regencial, começariam a se esgotar com o fim da Farroupilha em 1845. Entretanto este ciclo de movimentos provinciais só seria encerrado quando a Revolta Praieira foi sufocada.
A partir de 1840 dois partidos políticos revezam-se no poder: liberais e conservadores. Vitoriosos nas eleições do ano de 1841, os liberais voltaram ao Governo. Entretanto, permaneceram por pouco tempo. Foram sucedidos pelos conservadores que mantiveram-se no poder de 1841 a 1844. Após novas eleições os liberais retornaram formando, novamente, o Ministério. Tomaram várias medidas entre elas: adoção do protecionismo alfandegário por meio da Tarifa Alves Branco (1844); reforma para elevar o censo eleitoral diminuindo o número de eleitores (1846); criação do cargo de presidente do Conselho de Ministros (1847). Esta última facilitaria a prática parlamentarista, contribuindo para o poder do Ministério e, conseqüentemente, da autoridade do Governo do Estado imperial.
Em 1848, a saída dos liberais do Governo provocaria a eclosão da Praieira na Província de Pernambuco. Aquele ano foi agitado por uma série de fatos ocorridos na Europa que influenciaram os acontecimentos no Brasil. A Revolução de Fevereiro na França, trouxera perspectivas de uma vida melhor, vista como a "primavera dos povos". O político e jornalista José Tomás Nabuco de Araújo registrara que "a proclamação da república na França havia agitado o nosso mundo político em suas profundezas". Este ano marcante assinalara o encontro de idéias liberais com as ideias socialistas - de autores franceses como Proudhon, Fourier e do inglês Owen.
Em 1848, a Rebelião Praieira é deflagrada sob o comando do capitão de artilharia Pedro Ivo Veloso da Silveira. Começa em Olinda e espalha-se rapidamente por toda a Zona da Mata pernambucana. Em janeiro de 1849, os praieiros lançam o Manifesto ao Mundo, síntese de seu programa revolucionário: voto livre e universal, plena liberdade de imprensa, trabalho como garantia de vida para o cidadão brasileiro, efetiva independência dos poderes constituídos e a extinção do poder moderador. Conseguem a adesão da população urbana pobre, de pequenos arrendatários, boiadeiros, mascates e negros libertos. Chegam a congregar cerca de 2 mil combatentes. A luta prolonga-se por mais de um ano. São derrotados em março de 1852.
Para os historiadores, com a derrota da Rebelião Praieira desaparecem os últimos resquícios do liberalismo radical e democrático surgido durante o processo de independência. Seu fim facilita a política de conciliação entre liberais e conservadores, característica do segundo reinado.

Levantes populares

Os últimos anos do Império são sacudidos por vários levantes das populações urbanas pobres. A carestia de vida é o principal motivo dessas revoltas. Também multiplicam-se pelo país manifestações populares e comícios em favor da abolição da escravatura, e da República.

· Quebra-Quilos

O Brasil adere oficialmente ao Sistema Métrico em 1862, mas, em todo o país, permanecem em uso os sistemas tradicionais de medidas. Em 1874 a tentativa de adotar os padrões do sistema métrico provoca uma revolta popular violenta na Paraíba, conhecida como Quebra-Quilos. Para as autoridades da época, o movimento é insuflado pelo clero, em briga com o governo. A rebelião é contida, vários revoltosos são presos, inclusive padres.

· Revolta do Vintém

Em 1880, a população pobre do Rio de Janeiro se rebela contra o aumento das passagens dos bondes, ainda puxados por burros e trens. A chamada Revolta do Vintém explode dia 1º de janeiro. A polícia tenta contê-la e os manifestantes respondem quebrando bondes, arrancando trilhos e virando os veículos. A revolta só pára com a intervenção do Exército, que abre fogo contra a multidão e mata várias pessoas.

Decadência do Império no Brasil

 As transformações socioeconômicas da segunda metade do século XIX apressam o fim da monarquia. Federalistas, abolicionistas e positivistas se opõem ao excesso de centralização de poder e convergem para a solução republicana. O desgaste aumenta quando o imperador perde o apoio da Igreja e do Exército. A adesão da família real à abolição mina as relações com os fazendeiros.

Questão religiosa

No final do Império, um incidente de pouca relevância acaba tomando uma dimensão inesperada: o padre Almeida Martins é suspenso pelo bispo do Rio de Janeiro por ter participado de uma solenidade maçônica. Na época, católicos e maçons convivem sem problema na cena política brasileira. Contrariando essa tradição, os bispos de Olinda, Gonçalves de Oliveira, e do Pará, Macedo Costa, proíbem a participação de maçons em confrarias e irmandades católicas. Dom Pedro II interfere e manda suspender a medida. Os bispos mantêm suas posições e, em 1874, são presos e condenados a trabalhos forçados. Recebem a solidariedade dos demais bispos e do Vaticano. Mais tarde são anistiados, mas a Igreja não perdoa dom Pedro e retira-lhe o apoio.

Oposição republicana

Ideias republicanas aparecem no Brasil desde o período colonial. Estão presentes em movimentos como a Inconfidência Mineira, de 1789, ou na Revolução Pernambucana, de 1817. Após a independência, ressurgem na Confederação do Equador, de 1824, na Guerra dos Farrapos, de 1835 a 1845, e nos vários levantes liberais e populares. Voltam à cena nos anos 60, bancadas principalmente por setores do Partido Liberal.

Manifesto republicano

Em dezembro de 1870 surge no Rio de Janeiro o jornal A República, que publica o Manifesto Republicano, texto de referência para os republicanos brasileiros. Defende o federalismo em oposição ao unitarismo do Império, prega o fim da união Estado-Igreja e do Senado vitalício. Essas idéias ganham força em Províncias importantes, como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, onde são formados partidos republicanos regionais, uma novidade frente aos partidos até então constituídos, de caráter nacional.

Fundação do PRP

João Tibiriçá Piratininga e José Vasconcelos de Almeida Prado, ricos fazendeiros da região de Itu, em São Paulo, e adeptos do liberal-republicanismo, dão início ao processo de organização do Partido Republicano Paulista. Convocam a Convenção de Itu, em 18 de abril de 1873, com 133 convencionais – 78 fazendeiros, 12 negociantes, 10 advogados, 8 médicos e 25 de outras profissões – e fundam o PRP, em 1º de julho, num congresso de delegados eleitos em 29 municípios. Dominado pelos grandes cafeicultores do oeste paulista, o PRP não se define sobre a abolição da escravatura até 1887.

Oposição nas cidades

A oposição ao regime se estende aos industriais de São Paulo e do Rio de Janeiro e às classes médias urbanas. Os industriais querem reduzir as importações, reivindicação que não tem acolhida no Parlamento, dominado pela aristocracia agrária. As camadas médias urbanas reivindicam maior representação social. Exigem o fim do sistema eleitoral indireto e censitário que, nas eleições de 1876, permite que apenas 0,25 da população tenha direito ao voto.

Reforma eleitoral

Parte das reivindicações da população urbana é atendida pela Lei Saraiva, elaborada por Rui Barbosa em 9 de janeiro de 1881, que reforma a legislação eleitoral. Estabelece as eleições diretas, a elegibilidade para os não-católicos e escravos libertos. Mas mantém a exigência de renda anual superior a 200 mil-réis para a qualificação dos eleitores.

Aristocracia agrária dividida

Os republicanos se beneficiam das divergências profundas dentro da aristocracia agrária. Os representantes da lavoura açucareira e da cafeicultura tradicional do vale do Paraíba são maioria no Parlamento, mas já não têm poder econômico para garantir seu domínio político. Os representantes do progressista oeste paulista organizados no PRP são minoria, mas detêm o poder econômico. Com ideais liberais e republicanos tornam-se líderes das camadas urbanas que começam a rejeitar o Império.

Clubes e imprensa republicana

O crescimento do movimento republicano é rápido. Em 1889 existem 273 clubes e 77 publicações republicanas espalhados por todo o país. Entre elas, destacam-se os jornais: A República, no Rio de Janeiro; A Federação, no Rio Grande do Sul, A Província de S. Paulo, atual O Estado de S. Paulo, e O Radical Paulistano, na capital paulista.

Históricos e revolucionários

Os republicanos históricos, ou evolucionistas, são liderados pelo político e jornalista Quintino Bocaiúva. Contam com o apoio de um setor da aristocracia agrária do oeste paulista e esperam alcançar a República através de várias reformas paulatinas. Os revolucionários, ligados às camadas médias urbanas, são liderados pelo também jornalista Antônio da Silva Jardim. Admitem lançar mão da luta armada para derrubar o Império.

Oposição militar

Desde a Guerra do Paraguai as relações dos militares com o poder civil não são boas. O Exército transforma-se numa instituição organizada e coesa. O contato com os Exércitos da Argentina e do Uruguai, países republicanos, e a adesão de muitos oficiais à doutrina positivista, os leva a lutar pela República.

Positivismo no Exército

Depois da Guerra do Paraguai, o positivismo, doutrina elaborada pelo filósofo francês Augusto Comte (1798-1857), encontra forte eco no Exército. Segundo o positivismo, o desenvolvimento da humanidade ocorre em três estágios: o estágio teológico ou fictício; o estágio metafísico ou abstrato e o terceiro, o estágio científico ou positivo. Para atingir o estágio positivo, as sociedades modernas deveriam se organizar em bases científicas e conciliar a ordem e o progresso, mesmo que para isso fosse preciso usar a violência, como na Revolução Francesa. Os militares brasileiros identificam o estágio positivo com os ideais republicanos. Vários oficiais sentem-se encarregados de uma "missão salvadora": organizar uma espécie de "ditadura republicana", único caminho para corrigir os vícios da organização política e social do país.

Ordem e progresso

O lema "ordem e progresso" da atual bandeira brasileira expressa os ideais positivistas elaborados por Augusto Comte: "Nenhuma ordem legítima poderá daqui em diante estabelecer-se e, principalmente, durar, se não for plenamente compatível com o progresso. Nenhum grande progresso poderá se realizar eficazmente se não tender em última análise para a evidente consolidação da ordem".

Questão militar

Em 1875 o Parlamento aprova o Regulamento Disciplinar do Exército, que proíbe os militares de manifestar publicamente suas divergências e posições políticas. Em 1884, a punição do capitão Antônio de Sena Madureira por apoiar publicamente o fim da escravatura detona o enfrentamento entre os militares e o governo. Uma segunda punição pelo mesmo motivo ao oficial Ernesto Augusto da Cunha Matos agrava a crise. Manifestações políticas de militares eclodem por todo o país, apesar das tentativas do governo de sufocá-las. Em fevereiro de 1887, mais de 200 oficiais se reúnem no Rio de Janeiro com o marechal Deodoro da Fonseca, herói da Guerra do Paraguai e figura de grande prestígio, para exigir o fim das punições. O governo cede, mas não consegue apaziguar os militares.

Crise final

O próprio governo colabora para a adesão do marechal Deodoro à conspiração ao nomear o visconde de Ouro Preto para organizar um novo gabinete, em junho de 1889. Ouro Preto propõe algumas reformas liberais: democratização do voto, diminuição dos poderes do Conselho de Estado, implantação do federalismo com maior autonomia para as Províncias e medidas de estímulo ao desenvolvimento econômico. Mas também tenta restaurar a disciplina no Exército e reorganizar a Guarda Nacional – medidas entendidas como interferência pelos militares. Deodoro adere primeiro à conspiração para derrubar Ouro Preto. No início de novembro de 1889, ele e o almirante Eduardo Wandenkolk também aderem ao movimento republicano e à conspiração contra o Império, já em curso.

Atentado

Em 15 de julho de 1889 dom Pedro II sofre um atentado na saída do Teatro Santana. Ouve-se um grito de "Viva a República" e um tiro é disparado quando o monarca e a imperatriz já estão em sua carruagem. O autor do atentado, Adriano do Vale, um português de 20 anos, não tem qualquer ligação com os republicanos ou com os militares que combatem o governo. Dom Pedro II não dá importância ao fato e perdoa o agressor.

Proclamação da República

O golpe militar para derrubar o governo é preparado para 20 de novembro. O governo organiza-se para combater o movimento. Temendo uma possível repressão, os rebeldes antecipam a data para o dia 15. Com algumas tropas sob sua liderança, Deodoro cerca o edifício, consegue a adesão de Floriano Peixoto, chefe da guarnição que defende o ministério, e prende todo o gabinete. Dom Pedro II, que se encontra em Petrópolis, tenta contornar a situação: nomeia um novo ministro, Gaspar Martins, velho inimigo do marechal Deodoro. A escolha acirra ainda mais os ânimos dos militares. Na tarde do dia 15, a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, em sessão presidida por José do Patrocínio, declara o fim da monarquia e proclama a República. Dois dias depois a família real embarca para Portugal, em sigilo.

Cultura no Segundo Reinado

Na segunda metade do século XIX, as manifestações culturais mantêm as influências europeias, principalmente a francesa, mas cresce a presença de temas nacionais.

O imaginário de nação

No século XIX, o governo e uma geração de intelectuais ajudaram a construir a identidade e o imaginário nacional. Historiadores, escritores, pintores, militares, músicos, professores, médicos e sacerdotes participaram dessa construção nacionalista. Para consolidar o Brasil como uma nação, era necessário que os brasileiros se reconhecessem como membros de uma sociedade unida por laços culturais.

No plano artístico, a construção do imaginário nacional se expressou, sobretudo, pelo Romantismo. Esse movimento envolveu a literatura, a música, a pintura, a escultura etc.

Entre as características do Romantismo, podemos destacar:

• nacionalismo – valorização das culturas populares e eruditas do país, das belas paisagens geográficas, da história e de seus heróis;

• liberdade de expressão – valorização da originalidade dos artistas, da imaginação criativa, da personalidade individual, dos sonhos e dos ideais.

Na literatura, os autores ligados ao Romantismo exaltavam, entre outros aspectos, a natureza exuberante e os indígenas como símbolos da nação. Apesar de serem exaltados nas artes, os povos originários continuaram excluídos da sociedade nacional no século XIX. Além disso, a imagem romântica idealizada sobre eles ajudou a consolidar preconceitos e estereótipos que repercutem até os dias atuais.

Literatura

O romantismo é marcante na literatura até o final do século XIX, quando cede lugar para o realismo. A prosa de ficção romântica se alterna entre o nacionalismo indigenista e o relato de costumes tipicamente brasileiros. José de Alencar representa bem essas duas tendências, com destaque para Lucíola, Iracema e O guarani. Na poesia, o maior expoente é Gonçalves Dias, autor de I-Juca Pirama e Os timbiras. Surgem também os poetas estudantes, com uma produção marcada pelo pessimismo e pelo sentimentalismo extremo, como Álvares de Azevedo em A noite da taverna e Macário. No realismo, a descrição objetiva da realidade e das ações dos personagens substitui a visão romântica. Aluísio Azevedo é um dos mais completos autores do período, com suas obras O mulato, Casa de pensão e O cortiço. A estética antirromântica se expressa na poesia pelo parnasianismo, com ênfase no formalismo da métrica, do ritmo e da rima. Seu maior representante é Olavo Bilac.

Artistas românticos

No século XIX, entre os autores românticos brasileiros, destacaram-se escritores e poetas como o maranhense Gonçalves Dias, o paulista Álvares de Azevedo, o baiano Castro Alves e o cearense José de Alencar. Este último escreveu três romances importantes com temáticas indianistas: O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874). Os três romances retratam os povos originários como heróis e representantes da identidade nacional brasileira.
Os romances de José de Alencar serviram de inspiração para músicos como o compositor Carlos Gomes, autor da ópera O Guarani, que estreou no Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1870, em homenagem ao aniversário do imperador. Uma obra de José de Alencar também inspirou a pintura Iracema (1881), de José Maria de Medeiros, que retrata a protagonista do romance como uma mulher indígena bela e serena.

Crítica social

O maior representante da crítica social na literatura é Machado de Assis. Seus romances Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memórias póstumas de Brás Cubas, ou os contos, como O alienista, refletem de maneira sutil, irônica e mordaz as transformações sociais e a crise de valores dos últimos tempos do Império. Junto com outros intelectuais, Machado de Assis funda a Academia Brasileira de Letras, em 1876, da qual é o primeiro presidente. Na poesia, destaca-se Castro Alves, que, por sua dedicação à causa abolicionista, é um dos primeiros representantes da arte engajada no Brasil.

Teatro e música

O ator João Caetano funda no Rio de Janeiro a primeira companhia nacional de teatro. Em suas performances, procura substituir o estilo rígido da apresentação clássica por uma nova naturalidade e liberdade de interpretação. A música popular também se diversifica no período. Surgem o samba e a marcha, tocados por grupos de "chorões", conjuntos compostos por flauta, violão e cavaquinho, presença indispensável nos saraus das populações urbanas de baixa renda.

Artes plásticas

Nas artes plásticas, os românticos brasileiros buscavam inspiração no trabalho dos europeus e produziam obras com temas nacionais, como a natureza, os indígenas e os fatos históricos do país. Entre os pintores, destacaram-se o catarinense Victor Meirelles, o paraibano Pedro Américo, o carioca Estêvão Roberto da Silva e o italiano, mas que vivia no Brasil, Eliseu Visconti.
Victor Meirelles foi um artista protegido pelo imperador dom Pedro II. Ele se destacou, por exemplo, pela obra A primeira missa do Brasil (1860). Esse quadro representa o nascimento do país como um momento de união e de fé.
Estêvão Roberto da Silva era negro, livre e filho de pais africanos. Na década de 1880, ele passou a trabalhar como professor no Rio de Janeiro, atuando no Liceu de Artes e Ofícios da Academia Imperial. Mas sua obra ainda é pouco conhecida pela maioria dos brasileiros.

Cultura popular

O Romantismo brasileiro exaltava os valores da cultura popular, mas os distorcia em função dos ideais românticos. Ao longo do século XIX, a cultura popular continuou vibrante nas festas, na produção de alimentos, no artesanato, nas danças, nas trovas poéticas e nos lundus, choros e maxixes. Ela marcou profundamente a identidade do país, mas ficava à margem dos salões frequentados pelas elites, que se consideravam “a boa sociedade”.
A capoeira é um exemplo de manifestação da cultura popular que envolve brincadeira, dança e luta. Foi desenvolvida há mais de 200 anos por pessoas de origem africana, escravizados e libertos, em cidades como Salvador, Recife e Rio de Janeiro.
No século XIX, o governo considerava as rodas de capoeira uma ameaça à ordem pública e os capoeiristas eram tratados como desordeiros. No entanto, para muitos escravizados e libertos, a capoeira era uma forma de superar as dificuldades do dia a dia.
Por meio dessa prática, eles criavam laços de solidariedade e enfrentavam as violências do regime escravista. Durante o império e no início da república, essa manifestação cultural sofreu repressão das autoridades, até ser enquadrada como crime em 1890. Porém, a capoeira resistiu e foi reconhecida como esporte a partir de 1930.
A capoeira tornou-se um dos símbolos da identidade brasileira e atualmente conta com aproximadamente 10 milhões de praticantes em vários países do mundo. Desde 2014, ela é considerada patrimônio cultural imaterial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Economia no Segundo Reinado

A partir da metade do século XIX, a economia brasileira entra num período de prosperidade e diversificação de atividades. O café torna-se a base da economia do país e a indústria começa a se desenvolver. Outros produtos agrícolas também ganham destaque na pauta de exportações brasileiras.

Diversificação agrícola

O cacau, produzido na Bahia, a borracha, explorada na bacia do rio Amazonas, e o algodão, cultivado em larga escala no Maranhão, Pernambuco e Ceará, passam a ser produtos expressivos na economia brasileira. Em 1860 o algodão chega a ser o segundo produto de exportação nacional. A expansão de sua cultura, nesse período, é conseqüência da Guerra de Secessão norte-americana (1861-1865), que desorganiza a produção algodoeira dos Estados Unidos. A pecuária, embora voltada para o mercado interno, é a mais importante atividade econômica na região centro-sul. Também é responsável pela efetiva ocupação e povoamento do chamado Triângulo Mineiro e sul do Mato Grosso.

Economia cafeeira

Seguindo os caminhos percorridos anteriormente pela cana-de-açúcar, o café atinge o oeste paulista (de Campinas a Ribeirão Preto) em meados do século XIX. Nessa região de terra roxa, desenvolve-se de maneira extraordinária, superando em pouco tempo a produção das áreas tradicionais do vale do Paraíba. Na década de 1860, o porto de Santos torna-se o primeiro centro portuário de exportação do país. As fazendas do Vale do Paraíba, primeiro centro cafeeiro da região Sudeste, não têm mais do que 50 mil pés de café. As do oeste paulista, por sua vez, chegam aos 600 mil ou 800 mil cafeeiros. Nos últimos anos do século XIX, tornam-se empresas modernas e mecanizadas – utilizam equipamentos aperfeiçoados, como ventiladores, despolpadores e separadores de grãos. Em conseqüência, surgem várias tarefas especializadas em seu interior, aumenta a divisão do trabalho e a produtividade.

A Expansão Cafeeira para o Oeste Paulista

A extinção do tráfico negreiro coincidiria com a alta do preço do café junto aos mercados externos. Deficitário durante o período que vai de 1840 a 1844, o comércio deste produto ganharia outro impulso a partir de 1845.
Em torno de 1850, no Vale do Paraíba, a economia cafeeira encontrara um destino lucrativo. Em trajetória ascendente, o café alcançara o auge. Sobressaíam-se as cidades de Cantagalo e Vassouras, esta considerada a capital do café na parte fluminense do Vale. Na região paulista destacavam-se Areias e Bananal, e na chamada Zona da Mata Mineira, Cataguases, Juiz de Fora, Leopoldina, Carangola e Muriaé.
Entretanto, a economia cafeeira da região do Vale do Paraíba - controlada pelos históricos "barões do café" e que chegara a deter 78% da produção nacional - entra em declínio a partir das duas décadas finais do século XIX. Terras esgotadas, erodidas, a escassez de mão-de-obra escrava, a dificuldade na incorporação de novas áreas, entre outras razões, explicam tal declínio. Se por um lado isto ocorria naquela região, por outro o café entrava em expansão em uma nova área chamada de Oeste Paulista. Localizada no interior de São Paulo, abrangia a área de Campinas a Rio Claro, São Carlos, Araraquara, Catanduva. Alcançava, também, a região de Campinas para Piraçununga, Casa Branca e Ribeirão Preto, onde os fazendeiros substituíam as lavouras de cana-de-açúcar, em queda de preço, pelo café em expressiva ascensão.

O Oeste Paulista

Inúmeros fatores proporcionaram o crescimento acentuado do setor cafeeiro no Oeste Paulista. Existia grande disponibilidade de terras pouco exploradas, especialmente na região do Rio Paraná, na divisa com Mato Grosso. Esta região de planalto possuía um terreno com inclinações suaves, adequado à prática agrícola. Além do clima temperado favorável, ali se encontrava a terra roxa, de alta produtividade. O nome da terra foi dado pelos imigrantes italianos, que chamavam de "rossa" (vermelha), em sua língua natal, daí roxa. A existência de excedente de capital, oriundo dos negócios da exportação do açúcar e do algodão, também contribuiu muito para o crescimento do Novo Oeste, já que o investimento cafeeiro inicial foi realizado, em grande parte, sem empréstimos. Deste capital também vieram as máquinas de beneficiamento, como o despolpador, que promoveu uma verdadeira revolução na técnica de descascamento dos grãos.
Em 1868 surgiria a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, empresa financiada com capitais dos fazendeiros do Novo Oeste. A construção das linhas férreas vinculava-se ao êxito da empresa cafeeira, já que o porto do Rio de Janeiro, que escoava a produção, era distante. Assim, surgiram várias estradas de ferro, como a que ligava Campinas a Jundiaí, obra da Companhia Paulista de Estradas de Ferro (a "Paulista"), sem qualquer financiamento do Estado imperial ou de empresas estrangeiras. Sertão adentro, acompanhando o café, iam sendo criadas cada vez mais ferrovias como a Sorocabana (1871), a Mogiana e a Ituana (1872).
Outras condições externas vieram facilitar o crescimento da região do Novo Oeste Paulista. Uma praga destruiu os extensos cafezais do Ceilão, então possessão inglesa. Os Estados Unidos da América, por sua vez, suprimiram as taxas de importação do café. Isto ocorrera porque, após a Independência (1776), os americanos substituíram o chá, importado da Inglaterra, pelo café. Como o Haiti, principal fornecedor, estava em guerra para libertar-se do domínio espanhol, os americanos passaram a comprar café do Brasil.

Os Fazendeiros do Oeste Paulista

Politicamente, a situação configurava-se com os fazendeiros do Oeste paulista fazendo escolhas diversas das que haviam feito os fazendeiros do Vale do Paraíba. A área cafeeira do Vale, que precedeu a do Oeste Paulista, assentava-se no sistema escravista. Quando ocorreu a extinção do tráfico aqueles fazendeiros, que davam sustentação ao Estado imperial, foram dele se afastando gradualmente. Esta separação se completaria com a Abolição, em 1888. Quanto aos fazendeiros do Novo Oeste paulista, após as opções políticas e econômicas que fizeram, especialmente aprovando a Lei dos Sexagenários, caminharam pelo apoio ao movimento republicano e o abandono do trabalho escravo.
Este grupo de proprietários, em função dos aspectos físicos e sociais que o cercavam, era federalista, pois entendia que a centralização política imperial entrava em choque com os seus interesses. O federalismo permitia a descentralização político-administrativa, pela qual cada Província daria rumo às suas questões. Estes paulistas eram mais federalistas que republicanos, mas, de qualquer forma, preferiam ser federalistas na República.
Por outro lado, perceberam que como a alternativa do escravo desaparecia, era preciso dar uma solução para o problema. A utilização do imigrante respondia à questão, apesar de até o início de 1880 não ter sido suficiente, em números, a entrada de trabalhadores de que a produção cafeeira necessitava. Isto explicava porque a mão-de-obra escrava, até a Abolição, permaneceu sendo utilizada nas fazendas do Novo Oeste paulista. Em 1887, segundo dados citados pelo historiador Bóris Fausto, São Paulo contava com 107.329 escravos, apenas superado pelo Rio de Janeiro (162.421) e Minas Gerais (191.952).
As transformações naquela região paulista aconteceram, aos poucos, nas últimas décadas do século XIX. A acumulação de excedentes, oriunda da produção cafeeira, com o tempo entrelaçara-se a outras atividades, como, por exemplo, comércio, bancos e ferrovias. Esta diversificação da economia acarretou a formação de núcleos urbanos no interior, entre os quais: Jaú (1858), Ribeirão Preto (1870), Barretos (1874), São José do Rio Preto (1879) e Bauru (1880). Estas cidades tornaram-se centros de produção industrial e de consumo consolidados a partir de 1880, ano que marca o início da "grande imigração".

Indústria e serviços

As atividades industriais, pouco significativas nos primeiros decênios do século XIX, começam a crescer junto com a economia cafeeira, na segunda metade do século XIX. Enquanto de 1841 a 1845 apenas uma patente industrial é expedida, entre 1851 e 1855 esse número sobe para 40. Na década seguinte, são fundadas 62 empresas industriais; 14 bancos; 3 caixas econômicas; 20 companhias de navegação a vapor; 23 companhias de seguro; 4 companhias de colonização; 3 de transportes urbanos; 2 companhias de gás e construídas 8 estradas de ferro. Surgem grandes empreendedores no país, como Irineu Evangelista de Souza, o visconde de Mauá.

Impulso à industrialização

Em 1844 é criada a tarifa Alves Branco, que aumenta as taxas aduaneiras sobre 3 mil artigos manufaturados importados. Seu objetivo é melhorar a balança comercial brasileira, mas acaba impulsionando a substituição de importações e a instalação de inúmeras fábricas no país. Com o fim do tráfico negreiro, os capitais empregados no comércio de escravos também impulsionam a industrialização.
Em 1874 as estatísticas registram a existência de 175 fábricas no país. Dez anos depois, elas já são mais de 600. Concentram-se em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul e empregam mais de 20 mil operários. O capital vem geralmente do setor agrário: vários fazendeiros diversificam seus negócios e transformam-se em capitães de indústria.

Instalação de indústrias

A instalação de indústrias no Brasil foi estimulada por uma série de condições. Entre elas, destacam-se:
• os investimentos feitos pelos produtores de café;
• a Tarifa Alves Branco (1844), que aumentava o preço dos produtos importados, levando os consumidores a procurar mercadorias nacionais.
Na década de 1880, o país contava com 600 indústrias, concentradas no sudeste, onde trabalhavam quase 55 mil operários nos setores têxtil, alimentício, metalúrgico, de móveis e de vestuário. No entanto, as atividades econômicas mais importantes no país ainda eram aquelas ligadas à agricultura de exportação.
Em áreas como a Amazônia e o nordeste e em províncias como Mato Grosso e Goiás, a agricultura, o extrativismo vegetal e a criação de gado eram as principais atividades econômicas.

Os "Melhoramentos Materiais" e O Barão de Mauá

Nos anos 50 do século XIX a interação de diversos fatores resultará em uma fase de melhoramentos materiais no Império do Brasil.
Nesta época crescera a popularidade do Imperador D. Pedro II em meio às medidas que tentavam mudar a fisionomia do país. Por onde passava, o Imperador era cercado de forma calorosa - em clara demonstração de "visibilidade da realeza", conforme afirma a historiadora Lília Moritz Schwarcz -, reinando em um país que, então, caminhava para o que se considerava modernidade.
A extinção do tráfico negreiro, seguida, no mesmo ano de 1850, pela promulgação da Lei de Terras, a centralização da Guarda Nacional e a aprovação do primeiro Código Comercial viabilizaram algumas mudanças importantes.
O Código Comercial, que definia e regulamentava os tipos de companhias que poderiam se instalar no Brasil, e a Lei de Terras tinham como ponto de referência a extinção do tráfico. Esta traria como conseqüência uma grande quantidade de recursos, antes utilizados na comercialização da mão-de-obra escrava africana. Quase que da noite para o dia, abriram-se outras oportunidades de negócios lucrativos.
Neste período, como efeito da Tarifa Alves Branco, de 1844, os produtos importados tiveram um aumento nas suas taxas. Assim, a arrecadação imperial, obtida sobre os produtos vindos do exterior, cresceu significativamente. Também, com o encarecimento das importações, produtos como velas, sabão e tecidos começaram a ser produzidos no Império.
Investiu-se muito na estrutura do país. Bancos, caixas econômicas, companhias de seguro, empresas industriais, companhias de colonização foram se instalando, especialmente na Corte e em algumas cidades mais desenvolvidas. A "boa sociedade" vivenciou admirada as mudanças que iam ocorrendo.
Irineu Evangelista de Souza

Nesse contexto de profundas transformações, possibilitadas especialmente pelo uso da energia a vapor, projetou-se Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, responsável por promover mudanças que causaram forte impacto no Brasil.

Na Inglaterra, em 1840, aos 27 anos, o futuro Barão de Mauá teve os primeiros contatos com as grandes mudanças técnicas que ocorriam na Europa. Isto incluía estabelecimentos de fundição de ferro, fábricas e grandes lojas.
Voltando ao Brasil, desejando colocar em prática o que havia visto, utilizou, como financiamento, recursos que antes eram usados na compra de escravos. Por outro lado, Irineu Evangelista acreditava que a formação de sociedades por ações poderia acelerar o desenvolvimento econômico do Brasil. Assim, buscando novas fontes de recursos, associou-se a capitalistas ingleses.
Reunindo condições favoráveis, montou fundição de ferro e bronze, serralherias, estaleiros, companhias de bonde e de iluminação, introduziu o telégrafo submarino (fazendo contato com a Europa), criou o Banco Mauá McGregor &Cia. (com filiais na Inglaterra, França, Estados Unidos da América, Argentina e Uruguai) e ferrovias.
A alta nos preços do café no mercado internacional, a partir de 1845, proporcionaria um aumento nas vendas em torno de 23%, entre 1850 e 1851. A construção de ferrovias tornou-se uma necessidade para conduzir, até os portos principais do Império, as mercadorias de exportação. Em Pernambuco, visando escoar a safra do açúcar, surgiram empresas inglesas como a Recife-São Francisco, cuja construção iniciou-se em 1855. Também no Centro-Sul, Mauá fez investimentos em estradas de ferro, sendo responsável pelos 14 quilômetros de uma linha entre o porto de Mauá, na Baía de Guanabara, e a estação de Fragoso, na raiz da serra da Estrela (Petrópolis). Pretendia ir mais além, unindo o Rio de Janeiro ao Vale do Paraíba e depois a Minas, em um projeto que interligava os transportes marítimo, ferroviário e rodoviário que, entretanto, não se concretizou. A década de 50 ficou conhecida, por tudo isso, como a "era da estrada de ferro", empreendimento que simbolizava naquele contexto, segundo Lilia Moritz Schwarcz, "o avanço e o progresso das nações".
Das empresas de Mauá, como a de fundição, saíam desde canos de ferro, pregos, sinos, até navios e produtos diversos. Por outro lado, as mudanças que se processaram na chamada "era Mauá", como a iluminação a gás, o sistema de esgotos, além da construção de ferrovias, retiraram os escravos das tarefas antes realizadas por eles nas cidades, onde perderam a "utilidade". Os melhoramentos materiais promovidos por Irineu Evangelista de Souza poupavam a mão-de-obra, que agora fazia-se mais necessária e cara na lavoura, após a extinção do tráfico negreiro.

A Crise nas Empresas Mauá

Nos anos 60 do século XIX as empresas Mauá começaram a viver uma fase crítica, acrescida da pressão estrangeira que nem sempre via com simpatia a atuação do Barão.
O Governo imperial, por outro lado, coagido pelos inúmeros empréstimos contraídos junto ao Governo inglês, aprovou a Tarifa Silva Ferraz que reduziu as taxas de importação sobre máquinas, ferramentas e ferragens. Isto, é claro, foi um golpe para a Fundição Mauá. Muitos comentavam que a aliança com os ingleses sobrevivera enquanto os empreendimentos de Mauá se limitaram a serviços urbanos, transportes e comunicações. Com o choque de interesses, dizia-se, surgiram atos de sabotagem às empresas Mauá. Incêndios nos estaleiros localizados na região da Ponta da Areia, na Baía de Guanabara, ocorrem sem motivo aparente. Projetos de caldeiras, guindastes e tubos sofrem danos sem se que identifiquem suspeitos ou culpados.
Comentava-se que a visão emancipacionista de Mauá, bem como a sua posição contrária à Guerra do Paraguai, pontos polêmicos na época, desagradavam a muitos. O Barão escreveria em sua autobiografia:

"Quanto ao trabalho ressoam ainda aos meus ouvidos (porque sou velho) as palavras de um grande homem de Estado (...): o finado Bernardo Pereira de Vasconcelos, pronunciadas em pleno Senado, (...) 'A civilização vem da África !
Essas palavras levantaram sussurro (...) no entanto (...) o grande político e profundo pensador soltara uma proposição figurada (...) que queria dizer que a única fonte ou mercado de trabalho que o Brasil tinha até então conhecido era o braço africano, que desses braços (...) vinha a produção que, convertida em riqueza, determinava (...) a civilização da nossa pátria.
Não sou suspeito: então, agora e sempre, ambiciono ver desaparecer o elemento escravo da organização social do meu país."
Naquele momento de crise, o Barão de Mauá - em cujo brasão figurava uma locomotiva e um navio a vapor além de quatro lampiões - não contou com o auxílio do Governo imperial. Não resistindo à força do capital estrangeiro, atingido pelas crises financeiras das décadas de 60 e 70, Mauá acabou falindo em 1875. Muitos dos seus empreendimentos passaram para o controle dos ingleses e dos norte-americanos, vendidos por preços mínimos.

O fim da Escravidão e a Imigração

A escravidão - Inicialmente usavam a mão-de-obra indígena, como escrava. Depois traziam negros da África como escravos, só nós séculos XVI e XVII foram trazidos aproximadamente 1,3 milhões de africanos ao Brasil. Utilizados em todo tipo de trabalho, foram os responsáveis pela riqueza produzida durante o período colonial. A principal razão da adoção do trabalho africano foi o fato de que seu tráfico rendia vultosos lucros para a metrópole portuguesa e para os comerciantes.

Tráfico negreiro - A expansão da escravidão africana no Brasil deveu-se sobre tudo, aos grandes lucros proporcionados pelo tráfico negreiro. Os portugueses eram mais importantes comerciantes de africanos. Os africanos eram capturados em sua terra natal, muitas vezes com ajuda de membros de tribos rivais, e embarcavam em navios que os traziam para a América. As condições que viajavam eram tão ruins que muitos morriam, antes de pisar em solo americano. A escravidão, que não é só culpa do europeu, porque tribos rivais da África entregavam seus rivais para os europeus, isso quer dizer que os negros também tinham culpa, pode ser definida como uma relação em que a pessoa que trabalha é de propriedade de seu patrão. Isso mostra que a escravidão é um coisa errada por essa razão, mesmo que a pessoa não sofresse castigos sem razão. Transformando uma pessoa em coisa.
As condições de vida - Não tinham direito a nenhum tipo de liberdade. Eram expostos no mercado como animais. Muitas escravas eram submetidas aos caprichos sexuais dos senhores. Contrariando a tese "vocação para miscigenação", observamos que as escravas eram apenas usadas sexualmente pelos senhores: elas não eram vistas como parceiras

Fim da Escravidão

Em 1831, pela primeira vez, o comércio de escravizados através do Atlântico para o Brasil foi proibido por lei. No entanto, essa lei foi desobedecida pelos traficantes escravistas, e milhares de africanos continuaram sendo trazidos ilegalmente e escravizados no campo e nas cidades do país. Apenas em 1850, entrou em vigor a Lei Eusébio de Queirós, que proibiu efetivamente o tráfico de escravizados para o Brasil.
Em 1850, Eusébio de Queiroz motivou a lei contra o tráfico negreiro, entre outras coisas, pelo medo de o grande número de negros ( 3.500.000 para 1.500.000 brancos ) viesse a perturbar a ordem estabelecida. Queiroz chegou a propor a contratação de um exército de mercenários estrangeiros para manter submissos os escravos, pois os soldados brasileiros se recusavam a cumprir tal oficio. Na verdade, boa parte dos escravos estavam se insubordinando.
Em 1821, os pretos ocuparam Vila Rica, após sangrentos combates, declarando sua liberdade e igualdades aos brancos. Em 1849, em Queimados, Espíritos Santo, 200 escravos tentaram um levante, visando atingir todo o estado.
A partir da Lei Eusébio de Queirós, aumentou o tráfico interno de escravizados. Os senhores das províncias do sul e do nordeste venderam milhares de cativos para os fazendeiros do centro-sul, onde as plantações de café precisavam de mão de obra. Assim, o preço dos escravizados praticamente duplicou.
Até a extinção do tráfico, os escravizados eram cerca de 33% da população brasileira. Em 1850, eles constituíam quase a metade dos habitantes da cidade do Rio de Janeiro. Vinte anos depois, a participação deles na população dessa cidade diminuiu para menos de 20%.
O dinheiro que era investido no tráfico de escravizados passou a ser usado em outros setores da economia. Parte dele financiou, por exemplo, a vinda de imigrantes, a instalação de indústrias e a construção das primeiras ferrovias no Brasil.
Lei do Ventre Livre - Em 28 de setembro de 1871 o governo conservador do Visconde do Rio Branco promulga a Lei do Ventre Livre. De poucos efeitos práticos, a lei dá liberdade aos filhos de escravos, mas deixa-os sob tutela dos senhores até 21 anos de idade.
Lei dos Sexagenários - Em 28 de setembro de 1885 o governo imperial promulga a Lei Saraiva-Cotegipe, conhecida como Lei dos Sexagenários, que liberta os escravos com mais de 65 anos. A decisão é considerada de pouco efeito, pois a expectativa de vida do escravo não ultrapassa os 40 anos.
Abolição no Ceará - A campanha abolicionista no Ceará ganha a adesão da população pobre. Os jangadeiros encabeçam as mobilizações, negando-se a transportar escravos aos navios que se dirigem ao sudeste do país. Apoiados pela Sociedade Cearense Libertadora, os "homens do mar" mantêm sua decisão, apesar das fortes pressões governamentais e da ação repressiva da polícia. O movimento é bem sucedido: a vila de Acarape (CE), atual Redenção, é a primeira a libertar seus escravos, em janeiro de 1883. A escravidão é extinta em todo o território cearense em 25 de março de 1884. O Brasil foi o último país do continente a abolir formalmente a escravidão mas, a liberdade veio mesmo por motivos econômicos. Entre estes, os historiadores apontam a necessidade da criação de um mercado consumidor para os produtos industrializados, provenientes da Inglaterra. Os portos brasileiros foram, então, abertos aos imigrantes europeus, tendo sido permitido aos escravos alforriados, ou libertos, que retornassem à África. Em 1888, a Princesa Isabel assinou a lei que abolia a escravidão.
Lei Áurea - Em 13 de maio de 1888, o gabinete conservador de João Alfredo apresenta, e a princesa Isabel assina, a Lei Áurea, extinguindo a escravidão no país. A decisão, porém, não agrada aos latifundiários, que exigem indenização pela perda dos "bens". Como isso não acontece, passam a apoiar a causa republicana. Em 1899 partiu o último navio - " o Aliança " - levando de volta à África um grupo de ex -escravos. Uma criança que seguiu para a África naquele navio, Maria Romana da conceição, chegou a visitar o brasil em 1963. A lei Áurea não indenizou os escravos pelo trabalho realizado. Assim, abandonadas a própria sorte, a maioria caiu na miséria da mendicância e vão compor a camada mais miserável das classes populares.

TEORIAS RACISTAS

Diante da possibilidade do fim da escravidão, alguns fazendeiros começaram a pensar em trazer trabalhadores da Europa para cultivar suas terras. Essa ideia era incentivada por teorias raciais vigentes na época, segundo as quais negros e mestiços seriam “inferiores” aos europeus.
De acordo com esse raciocínio, os trabalhadores brasileiros negros ou mestiços eram vistos como seres incultos, incapazes, preguiçosos, além de terem uma moral inferior à disseminada na Europa. Para conseguir mão de obra qualificada, os fazendeiros acreditavam que seria necessário trazer para o Brasil trabalhadores brancos europeus.
Esse projeto de importação de mão de obra não tinha apenas o objetivo de garantir o fornecimento de trabalhadores para as fazendas brasileiras. Ele pretendia, também, promover o branqueamento da população do país. Na época, a grande maioria das pessoas que aqui viviam era negra ou mestiça. O governo brasileiro acreditava que, com a chegada de imigrantes brancos, em algumas gerações a população brasileira seria de maioria branca.
A teoria da inferioridade de negros e mestiços foi rejeitada ao longo do século XX, uma vez que – como comprovado cientificamente – não existem grupos humanos “superiores” ou “inferiores”, pois todos os seres humanos pertencem à mesma espécie, diferenciando-se predominantemente por seus hábitos culturais. Entretanto, no século XIX, essas teorias raciais encontraram grande repercussão e contribuíram para as ações governamentais feitas com o objetivo de trazer imigrantes europeus para o Brasil.

Imigrantes

Após a proibição do tráfico transatlântico de pessoas escravizadas, os cafeicultores optaram por contratar a mão de obra de imigrantes europeus para o trabalho na lavoura. Ao mesmo tempo, também por preconceitos raciais, não queriam empregar trabalhadores negros livres ou libertos e ter que pagar salários a eles.
Embora vinculada ao problema da abolição, a imigração estrangeira para o Brasil tem outros condicionamentos externos. O esgotamento das terras na Europa, as tensões entre trabalhadores e grandes proprietários, as crises agrícolas, a opressão fiscal, o desflorestamento, a política comercial, o desemprego, as deficiências dos sistemas econômicos, incapazes de garantir trabalho para todos, o grande "negócio" em que a imigração transformou-se para o Estado, a expectativa de melhoria de vida na América, as flutuações do mercado mundial de trabalho, entre outras causas, determinam o fluxo imigratório para o nosso país.
Da parte do Brasil contribuem para o estímulo à imigração toda uma gama de causas mais imediatas, que vão da propaganda, particularmente das companhias de navegação, interessadas no transporte dos imigrantes, até as notícias enviadas pelos emigrados, excitando a imaginação dos parentes e amigos, a demanda de mão-de-obra graças à expansão da lavoura, provocada pelos preços compensadores, as facilidades concedidas pelo governo, o interesse dos grandes proprietários, etc.
Embora as primeiras notícias sobre imigrantes vindos para o Brasil datem de 1817, somente na década de 1850 é que há maior incremento da imigração.
O primeiro fazendeiro a trazer imigrantes europeus para o trabalho na cafeicultura foi o senador paulista Nicolau de Campos Vergueiro. Nas décadas de 1840 e 1850, portugueses, alemães, suíços e belgas chegaram ao país. Eles foram levados à Fazenda Ibicaba, no interior de São Paulo (atual município de Cordeirópolis), que pertencia ao senador Vergueiro. Mesmo com a contratação de imigrantes, ainda havia milhares de negros escravizados trabalhando nas fazendas de café.
Por motivos de ordem externa e interna, a política imigratória adotada pelo Brasil não conseguia índices regulares nesse deslocamento demográfico.
Na lavoura cafeeira, as dificuldades encontradas pelos imigrantes, no seu processo de adaptação, chegavam a ser até de ordem natural: exuberância do solo, com plantas de extraordinário e rápido vigor, etc.
Uma viagem desconfortável e com restrições a bordo. Chegavam ao porto brasileiro, onde permaneciam algum tempo praticamente confinados, sendo objeto de "negociações", intermediadas por intérpretes, entre os fazendeiros interessados ou seus prepostos e os colonos e suas famílias.
Não transcorria em melhores condições a viagem dos imigrantes do porto de desembarque no Brasil até a fazenda onde iriam trabalhar. As estradas eram precárias e o que se chamava de albergues para pernoitar não eram mais do que simples ranchos desabrigados. Embora a fazenda pudesse fornecer carros-de-boi ou tropas para o transporte dos colonos, não era raro terem que caminhar a pé, quando então as crianças, em grupos de 4, eram acomodadas em cestas que as mulas carregavam. Para os velhos e doentes também eram reservados animais ou carros-de-boi.
Como os imigrantes recebiam rações de alimentos durante a viagem, havia parada para as refeições, que eram preparadas por eles próprios. Geralmente eram compostas de carne, arroz, feijão, café, açúcar e toucinho. O preparo da comida exigia a busca de lenha e água, o que resultava em não pouco trabalho. À noite não era raro dormirem no chão, em leitos de folhas. Os mais afortunados traziam arranjos de cama, o que permitia relativo conforto. Havia fazendas que forneciam, à chegada, esses arranjos, bem como os trens necessários ao estabelecimento da família dos colonos. Claro que tudo era debitado em suas contas. Sem entender muito o que se passava, famintos e cansados, tomavam conhecimento do "regulamento da fazenda", do qual geralmente recebiam cópia. Esse documento tratava dos direitos e deveres de cada colono, compreendendo desde os negócios até os festejos.
Na fazenda, a vida dos colonos era objeto de toda uma série de normas, que restringiam os próprios movimentos. A obediência às normas era sob pena de multa, que muitas fazendas faziam reverter para uma caixa em benefício dos colonos.
A distribuição de moradias era feita por sorteio, sendo que muitas casas por terminar exigiam dos colonos esse trabalho, em troca de certas compensações. Para os padrões de moradia do camponês europeu, as residências no Brasil eram bem deficientes. Dependendo do contrato, a moradia era cedida gratuitamente por certo período, ou então cobrava-se aluguel desde o início.

Sistema de parceria

Os imigrantes eram contratados por meio do sistema de parceria. Nesse sistema, os trabalhadores davam uma parte da colheita ao dono das terras e ficavam com a outra parte, que geralmente era vendida para o próprio fazendeiro.
Pelo sistema de parceria, a maioria dos imigrantes já chegava às fazendas com dívidas. Primeiro, deviam os custos da viagem (a passagem de navio da Europa ao Brasil e a passagem do trem até as fazendas). Depois, acumulavam despesas com alimentação e ferramentas de trabalho. Além disso, tinham de pagar aluguel das casas onde moravam. Essa política de imigração representava uma espécie de “escravidão por dívidas”.
Como eram bastante explorados pelos fazendeiros, os imigrantes frequentemente se revoltavam. Assim, o sistema de parceria fracassou.

Sistema de colonato

A partir da década de 1870, os imigrantes passaram a trabalhar pelo sistema de colonato. As famílias dos colonos viviam em casas que pertenciam ao fazendeiro e deviam cuidar de certo número de pés de café. O colono recebia um salário fixo para cuidar do plantio e outra remuneração que variava conforme a colheita. Para se manter, o colono podia plantar legumes e verduras e vender o excedente.
Entre 1872 e 1889, entraram no Brasil cerca de 625 mil estrangeiros. Nos anos que se seguiram, esse número aumentou. A maioria vinha da Itália, de Portugal, da Espanha e da Alemanha. Mas também vieram de países como Suíça, Polônia, Ucrânia, entre outros.

A herança de muitos povos

A imigração não significou apenas mudanças econômicas. Além de contribuir para o desenvolvimento do país, os imigrantes influenciaram a cultura brasileira.
Cada grupo tinha a própria cultura, hábitos alimentares, diferentes modos de vida etc. Assim, à medida que esses imigrantes se integravam à nova sociedade, contribuíam para modificar hábitos culturais brasileiros com seus idiomas, suas tradições, sua culinária etc.
Um exemplo marcante da herança de outro povo é o hábito de dizer “tchau” ao se despedir. Essa expressão vem da palavra ciao, que os imigrantes italianos trouxeram consigo. É comum encontrarmos na região Sul locais onde as casas mostram nítida influência da arquitetura alemã; em outras regiões do país, não faltam em muitas mesas alimentos árabes, japoneses ou chineses. Várias festas religiosas ou folclóricas de origem estrangeira acontecem todos os anos em diversas cidades brasileiras.
A herança da imigração se misturou, assim, com hábitos já existentes no Brasil, somando-se às culturas indígenas, africanas, europeias e de seus descendentes. Nesse processo, formamos uma cultura rica e variada em nosso país.


O Segundo Reinado

Inicia-se em 1840 com Dom Pedro II governando o Brasil sendo que foi preciso antecipar sua maioridade para herdar o trono de seu pai Dom Pedro I. Seu governo permanece até 15 de novembro de 1889, quando é deposto por militares durante a Proclamação da República.

Seu governo foi longo e, nesse período, o Brasil passou por muitas transformações – o café se tornou um importante produto de nossa economia, foram instaladas as primeiras estradas de ferro, chegaram ao Brasil grandes levas de imigrantes e, como resultado de muita pressão, a escravidão foi abolida. Ainda assim, o Brasil continuou um país desigual, com a riqueza concentrada nas mãos de uma elite econômica e política.

O GOLPE DA MAIORIDADE

As revoltas provinciais foram interpretadas por parcelas das elites como um sinal de que era preciso antecipar a maioridade do príncipe Pedro de Alcântara e coroá-lo imperador, antes mesmo de ele completar 18 anos. Segundo esses setores, somente um governante com autoridade “legítima”, como o jovem D. Pedro, poderia restaurar a paz no império.

O debate sobre essa questão começou na Assembleia Geral, mas logo foi para as ruas. Em diversas ocasiões, a imprensa e setores da população manifestaram apoio à antecipação da maioridade. O próprio príncipe D. Pedro era simpático à ideia.

Depois de muitos debates, em julho de 1840, a Assembleia Geral declarou que Pedro de Alcântara, aos 14 anos, já era maior de idade e, dessa maneira, foi proclamado imperador do Brasil com o título de D. Pedro II. Esse processo ficaria conhecido como Golpe da Maioridade.

O jogo Político
A aclamação do Imperador: D. Pedro II assume o poder

A Assembleia Nacional, entretanto, tinha poderes para antecipar a maioridade de D. Pe­dro. Foi, então, fundado o Clube da Maioridade, organização política cujo objetivo era lutar pela antecipação da maioridade do príncipe a fim de que ele pudesse assumir o trono.
O Clube da Maioridade teve o apoio das classes dominantes e uniu políticos progressistas e parte dos regressistas. Em 1840, a Assembleia Nacional aprovou a antecipação da idade do príncipe Pedro de Alcântara. Era a vitória do Clube da Maioridade.
Assim, o jovem Pedro foi aclamado impera­dor, como título de D. Pedro II, em 23 de julho de 1840. Iniciava-se o Segundo Reinado, período que durou quase meio século (1840 a 1889).

As disputas entre liberais e conservadores

Por volta de 1840, os políticos regressistas criaram o Partido Conservador. E os progressistas constituíram o Partido Liberal. Esses dois grupos dominaram a vida pública brasileira durante todo o Segundo Reinado (1840-1889).
Devido à exigência de rendas, só 1% da população brasileira tinha direito ao voto.
Os liberais e conservadores desenvolveram uma fórmula que trouxe estabilidade política ao Segundo Reinado.

A violência e a fraude nas eleições

Após assumir o poder, D. Pedro II escolheu para o seu primeiro ministério do governo políticos do Partido Liberal, que tinham lutado pela antecipação de sua maioridade. Como participavam ­do ministério os irmãos Andrada e os ir­mãos Cavalcanti, ele ficou conhecido como Mi­nistério dos Irmãos.
Bandos de capangas contratados pelos libe­rais invadiram os locais de votação, distribuindo cacetadas e ameaçando de morte os adversários políticos. Além disso, houve muita fraude na apuração dos Votos, substituindo-se urnas autenticas por outras com votos falsos. Os liberais venceram na base da fraude e do espancamento. As eleições ficaram conhecidas como eleições do cacete.
Em São Paulo e Minas Gerais, em 1842, os políticos do Partido Liberal revoltaram-se. Os líderes dos liberais eram Tobias de Aguiar e Diogo Antônio Feijó (em São Paulo) e Teófilo Ottoni (em Minas Gerais).
O governo imperial, por meio das tropas comandadas por Luís Alves de Lima e Silva, o futuro duque de Caxias, derrotou essa revolta li­beral e prendeu os líderes do movimento. Só em 1844 esses líderes foram anistiados.

O parlamentarismo no Brasil

Em 1847, a criação do cargo de presidente do Conselho de Ministros assinala o começo do parlamentarismo no Segundo Reinado. Esse presidente seria o primeiro-ministro, isto é, che­fe do ministério e encarregado de organizar o Gabinete do governo.
Como funcionava o parlamentarismo no Brasil?
Após a realização de uma eleição, D. Pe­dro II nomeava para o cargo de primeiro-ministro um líder político do partido vencedor. Este líder montava o Gabinete ministerial que, em seguida, era apresentado à Câmara dos Deputados em busca de um voto de confiança (aprovação pela maioria dos parlamentares). ­

A REVOLUÇÃO PRAIEIRA (PERNAMBUCO- 1848/1850)

Movimento que ocorreu na província de Pernambuco, e está relacionado aos levantes liberais de 1848, período conhecido como Primavera dos Povos.
As causas do movimento podem ser encontradas no controle do poder político pela família dos Cavalcanti e no monopólio do comércio exercido pelos estrangeiros, principalmente portugueses e que não empregavam trabalhadores brasileiros, desenvolvendo um forte sentimento antilusitano.
O porta-voz da rebelião era o Diário Novo, jornal dos liberais que estava instalado na Rua da Praia - daí a denominação de praieiros aos rebeldes - que no ano de 1848 publicou o "Manifesto ao Mundo", redigido por Borges da Fonseca. O manifesto, fortemente influenciado pelas idéias do socialismo utópico, reivindicava o voto livre e universal, a liberdade de imprensa, autonomia dos poderes, liberdade de trabalho, federalismo, nacionalização do comércio varejista, extinção do poder Moderador e do Senado vitalício e a abolição do trabalho escravo.
Entre as lideranças do movimento, que contou com forte apoio popular, encontram-se Nunes Machado e Pedro Ivo. Embora reprimida com muita facilidade, foi um movimento contra a aristocracia fundiária e está inserida no quadro geral das revoluções populares que ocorreram na Europa de 1848.
O quadro econômico
No decorrer do século XIX, principalmente no período de 1850 a 1900, o Brasil viveu grandes transformações:

· O centro econômico do país deslocou-se das velhas áreas agrícolas do nordeste para o centro-sul.
· O café tornou-se o principal produto agrícola do país. Superou todos os demais produtos como açúcar, tabaco, algodão e cacau.
· Nas fazendas de café de São Paulo o trabalho do escravo foi sendo substituído pelo trabalho assalariado do imigrante europeu (italianos, alemães etc.).
· O dinheiro obtido com a venda do café foi aplicado na industrialização do Brasil. Surgiram inicialmente indústrias alimentares, de vestuário e de madeira.
· As cidades se desenvolveram e surgiram importantes serviços urbanos (iluminação das ruas, bondes, ferrovias, bancos, teatros, etc.).

Café: o novo ouro brasileiro

O café foi introduzido no Brasil por volta de 1727. A princípio, era um produto sem grande valor comercial. Utilizava-se o café como bebida destinada apenas ao consumo local. Entretanto, a partir do início do século XIX, o hábito de beber café alcançou grande popularidade na Europa e nos Estados Unidos. E crescia rapidamente o número de consumidores in­ternacionais do café.
O clima e o tipo de solo do sudeste brasileiro favoreciam amplamente o desenvolvimento da lavoura cafeeira. O país tinha disponibilidade de novas terras e já contava com a mão-de-obra escrava, que foi deslocada para a cafeicultura.
Com todos esses recursos, o Brasil tornou-se em pouco tempo o principal produtor mundial de café. De 1830 até o fim do século, o café foi o principal produto exportado pelo Brasil.
No começo do século XIX, as plantações de café concentravam-se na província (atual estado) do Rio de Janeiro. Em seguida, avançaram pelo Vale do Paraíba, entre Rio de Janeiro e São Paulo. Mais tarde, o café chegou ao Oeste Paulista, acentuando o processo de deslocamento da economia brasileira da região Nordeste do país para a região Sudeste.
Muitos fazendeiros do Rio de Janeiro, de São Paulo e, posteriormente, de Minas Gerais enriqueceram com o café. Com o enriquecimento, muitos foram agraciados com títulos de nobreza pelo imperador, originando a expressão que passou a designá-los: barões do café.
Os grandes lucros gerados pela exportação do café possibilitaram a recuperação econômica do Brasil, que tinha suas finanças abaladas des­de o período da Independência, devido à queda das exportações agrícolas. A riqueza do café fez dos cafeicultores a classe social mais poderosa da sociedade brasileira. Eles passaram a exercer grande influência na vida econômica e política do país.
A cafeicultura provocou mudanças importantes na sociedade da região: cidades e vilas começaram a crescer, surgindo em tais localidades teatros, jornais e associações literárias. Anos depois, já no século XX, a riqueza dos cafeicultores promoveu um processo de grande industrialização no Sudeste. A principal região foi o atual estado de São Paulo que, na época, concentrava as mais importantes lavouras cafeeiras.
Inicialmente, o trabalho nas fazendas de café era feito por africanos escravizados. Já nas últimas décadas do século XIX, quando a escravidão se aproximava de seu final, alguns fazendeiros começaram a substituir gradualmente os cativos por trabalhadores imigrantes livres vindos da Europa.

Industrialização: o início da modernização

As grandes somas de dinheiro vindas das exportações do café não só foram aplicadas na expansão da própria cafeicultura como também financiaram a instalação de indústrias e a mo­dernização do país.
Além do dinheiro da cafeicultura, duas importantes medidas favoreceram o crescimento da indústria: a tarifa Alves Branco e a extinção do tráfico de escravos.
Começaram a surgir indústrias de sabão, vela, chapéu, cigarro, cerveja, tecido de algodão etc. Surgiram também bancos, empresas de na­vegação, ferrovias, companhias de seguros, mineradoras etc. Na última década do império (1880-1889), o Brasil já contava com 600 indústrias, que empregavam quase 55 mil operários nos setores têxtil, alimentar, químico, de madeira, vestuário e metalurgia.

A elevação de impostos sobre importados

Em 1844, o ministro da Fazenda, Manuel Alves Branco decretou uma nova tarifa alfandegária sobre os produtos importados A elevação da tarifa aumentou o preço dos produtos importados, forçando o consumidor brasileiro a pro­curar um produto semelhante nacional.
Antes de 1844, os produtos importados pagavam só 15% sobre seu valor nas alfândegas brasileira. Com a Tarifa Alves Branco, a maioria dos produtos importados tinha que pagar 30% de imposto. Mas se houvesse a fabricação no Brasil de produto nacional semelhante, o artigo importado passava a pagar 60% de imposto.

A abolição da escravatura

Uma exigência do capitalismo industrial e do desenvolvimento do país.
A pressão político militar da Inglaterra as­sociada à pressão de políticos progressistas brasileiros determinaram que fosse promulgada, em 4 de setembro de 1850, a lei Eusébio de Queirós. Com essa medida, o comércio de escravos importados foi definitivamente reprimido.

As etapas da campanha abolicionista

Após a extinção do tráfico negreiro (1850), cresceu no país a campanha abolicionista, que foi um movimento público pela libertação dos escravos. A abolição conquistou o apoio de vários setores da sociedade brasileira: parlamenta­res, imprensa, militares, artistas e intelectuais. Mas os defensores da escravidão ainda conseguiram sustentá-la por bom tempo. No Brasil, o sistema escravista foi sendo extinto lentamente, de maneira a não prejudicar os proprietários de escravos.
A abolição não foi obra só desta elite de in­telectuais. O fim da escravidão era uma exigência do capitalismo industrial e do desenvolvimento econômico do país.

As principais leis publicadas nesse sentido foram:

· Lei do Ventre Livre (1871): declarava livres todos os filhos de escravos nascidos no Brasil.
· Lei dos Sexagenários (1885):declarava livres os escravos com mais de 65 anos, o que significava libertar os donos de escravos da "inútil" obrigação de sustentar alguns raros negros velhos que conseguiram sobreviver à brutal exploração de seu trabalho.
Com leis desse tipo, que não resolviam o problema da escravidão, os proprietários de escravos conseguiram ganhar tempo e adiar, ao máximo, a abolição final. Somente em 13 de maio de 1888, com a Lei Áurea promulgada pela princesa Isabel, filha de D. Pedro II, a escravidão foi extinta no Brasil.

Como ficaram os negros?

Depois da Lei Áurea, a situação social dos negros continuou extremamente difícil. Não ti­nham dinheiro para trabalhar por conta pró­pria, não tinham estudo para conseguir um melhor emprego, não tinham qualquer ajuda do governo. Muitos dos ex-escravos ficaram trabalhando nas mesmas fazendas em que já estavam. E nelas o negro continuou sendo explorado de maneira cruel e desumana.

Política externa

Os conflitos internacionais do Brasil durante o Segundo Reinado

O Brasil envolveu-se em alguns conflitos in­ternacionais durante o Segundo Reinado. Com a Inglaterra houve o episódio que ficou conhecido como Questão Christie. Os dois países chegaram a romper relações diplomáticas (1863-1865).
Para preservar interesses econômicos e políticos, o império também entrou em luta contra os países platinos. Primeiro foi a In­tervenção contra Oribe e Rosas (1851-1852), presidentes do Uruguai e Argentina, respectivamente. Depois, a Guerra contra Aguirre (1864-1865), presidente do Uruguai. Mas o conflito mais grave foi a Guerra do Paraguai (1865-1870).

A QUESTÃO CHRISTIE (1863)

A influência da Inglaterra no Brasil está presente desde antes da nossa independência. Com a assinatura dos tratados de 1810, a Inglaterra ganha privilégios econômicos. Com a independência do Brasil, em 1822, a Inglaterra impõe como forma de reconhecer a independência, a renovação dos tratados de 1810. Ademais, o Brasil era dependente financeiramente da Grã-Bretanha.
Durante o Segundo Reinado, as relações entre Brasil e Inglaterra conhecem sucessivos atritos que culminaram com o rompimento das relações diplomáticas entre os dois países.
As hostilidades entre Brasil e Inglaterra começaram em 1844, com a aprovação da tarifa Alves Branco, que acabou com as vantagens comerciais que a Inglaterra tinha no Brasil. A resposta do governo britânico foi a aprovação do Bill Aberdeen, decreto que proibia o tráfico negreiro e outorgava o direito, aos ingleses, de aprisionar qualquer navio negreiro.
Respondendo às pressões inglesas, no ano de 1850 foi promulgada a Lei Euzébio de Queiróz, que extinguia definitivamente o tráfico negreiro no Brasil. No ano de 1861, o navio inglês Prince of Walles afundou nas costas do Rio Grande do Sul e sua carga foi pilhada. O embaixador inglês no Brasil, William Christie, exigiu uma indenização ao governo imperial. No ano de 1862, marinheiros britânicos embriagados foram presos no Rio de Janeiro e o embaixador Christie exigiu a demissão dos policiais e desculpas oficiais do governo brasileiro à Inglaterra.
O Brasil recusou-se a aceitar as exigências de Christie. Alguns navios brasileiros foram aprisionados pela Inglaterra; o governo brasileiro pagou a indenização referente ao roubo da carga do navio inglês naufragado.
Em 1863, sob a mediação de Leopoldo I, rei de Bélgica, ficou estabelecido que a Inglaterra deveria pedir desculpas ao governo brasileiro, pelo ocorrido com os marinheiros na cidade do Rio de Janeiro.
Diante da negativa da Inglaterra, D. Pedro I resolveu romper relações diplomáticas com a Inglaterra.

AS CAMPANHAS BRASILEIRAS NO PRATA.

Entre 1851 e 1870, o governo brasileiro realiza intervenções militares na região platina - formada pela Argentina, Uruguai e Paraguai. Os motivos destas intervenções eram as disputas territoriais, a tentativa de impedir a formação de um Estado poderoso e rival e garantir a livre navegação nos rios da bacia do Prata ( Paraná, Paraguai e Uruguai ).

Campanha contra Oribe (1851)

O Uruguai possuía dois partidos políticos: o Blanco, liderado por Manuel Oribe, aliado dos argentinos; e o Colorado, liderado por Frutuoso Rivera, apoiado pelo Brasil. A aliança entre Manuel Oribe, então presidente do Uruguai, com o governo argentino de Juan Manuel Rosas, trouxe a tona a idéia de restauração do antigo vice - reinado do Prata. Procurando garantir a livre navegação no rio da Prata, D. Pedro II envia uma tropa militar - sob o comando de Caxias. Esta tropa recebe o apoio das tropas militares de Rivera que, juntas, depuseram Manuel Oribe do poder.

Campanha contra Rosas (1851)

Como Rosas apoiava os blancos, o governo imperial organizou uma expedição e invadiu a Argentina. Os brasileiros venceram, na batalha de Monte Caseros, depuseram Rosas e, em seu lugar colocaram o general Urquiza, auxiliar do Brasil na campanha contra Oribe. No ano de 1864, outro conflito na região, desta vez envolvendo o Paraguai.

A GUERRA DO PARAGUAI (1864/1870).

Desde sua independência, em 1811 o Pa­raguai começou a se desenvolver de um modo diferente de todos os países latino-americanos. Seu primeiro presidente, José Gaspar Rodrigues de Francia criou uma estrutura de produção voltada para os interesses internos da população paraguaia.
O Paraguai se constituiu em uma exceção na América Latina, durante o século XIX, em virtude de seu desenvolvimento econômico autônomo. Durante os governos de José Francia (1811/1840) e Carlos López (1840/1862) houve um relativo progresso econômico, com construção das estradas de ferro, sistema telegráfico eficiente, surgimento das indústrias siderúrgicas, fábricas de armas e a erradicação do analfabetismo.
As atividades econômicas essenciais eram controladas pelo Estado e a balança comercial apresentava saldos favoráveis, garantindo a estabilidade da moeda, criando as condições para um desenvolvimento auto-sustentável, sem recorrer ao capital estrangeiro.
Solano Lópes, presidente do Paraguai a partir de 1862, inicia uma política expansionista, procurando ampliar o território paraguaio. O objetivo desta política era conseguir acesso ao oceano Atlântico, para garantir a continuidade do desenvolvimento econômico da nação. A expansão territorial do Paraguai deu-se com a anexação de regiões da Argentina, do Uruguai e do Brasil.

O descontentamento inglês

O desenvolvimento do Paraguai desagrada­va profundamente a Inglaterra, que queria manter todos os países latino-americanos como sim­ples fornecedores de matérias-primas e consumidores dos seus produtos industrializados.
Como o Paraguai não se enquadrava no es­quema do capitalismo industrial inglês, para a Inglaterra ele representava um "mau exemplo que precisava ser destruído. Então, a Inglaterra ajudou o Brasil, a Argentina e o Uruguai na luta contra o Paraguai.
Mais do que motivos políticos ou reivindicações territoriais, o que verdadeiramente ali­mentou a Guerra do Paraguai foram questões econômicas.
Para o Brasil, o episódio que deu início à guerra, foi o aprisionamento, pelo governo pa­raguaio do navio brasileiro Marquês de Olinda, em novembro de 1864.
O navio brasileiro navegava pelo rio Paraguai, próximo a Assunção, com destino à província de Mato Grosso. O aprisionamento do navio brasileiro foi uma reação do Paraguai contra a invasão brasileira do Uruguai e a derrota do presidente Aguirre (que era apoiado por Solano López).
Brasil, Argentina e Uruguai formaram a Tríplice Aliança contra o Paraguai e deram início ao mais longo e sangrento conflito arma­do já ocorrido na América do Sul.

A violência do conflito

Iniciada em 1865, a Guerra do Paraguai durou cinco anos terminando em 1870. Nas Batalhas de Riachuelo e Tuiuti, as forças paraguaias foram derrotadas; após a nomeação de Caxias no comando das tropas brasileiras (no lugar do general Osório), houve sucessivas vitórias nas batalhas de Humaitá, Itororó, Avaí, Lomas Valentinas e Angostura. Solano López foi morto em 1870, na batalha de Cerro Corá.
Para se ter uma ideia da extrema crueldade que caracterizou Guerra do Paraguai, basta dizer que, do lado brasileiro, morreram aproximadamente 100 mil combatentes. Do lado para­guaio, muito mais vidas foram sacrificadas. Antes da guerra, a população total do Paraguai era de 800 mil pessoas. Depois da guerra, essa população reduziu-se a 194 mil pessoas, isto é, 75,7% dos paraguaios foram exterminados.

CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA DO PARAGUAI.

A guerra serviu para destruir o modelo econômico do Paraguai, tornando-o um dos países mais pobres do mundo, sua população sofreu uma drástica redução (cerca de 75% dela morreu na guerra). Para o Brasil, a participação na guerra contribuiu para o aumento da dívida externa e a morte de aproximadamente 40 mil homens.
A Inglaterra foi a grande beneficiada com a guerra, pois acabou com a experiência econômica do Paraguai na região, e seus empréstimos reafirmaram a dependência financeira do Brasil, Argentina e Uruguai.
A guerra do Paraguai marca o início da decadência do Segundo Reinado, em razão do fortalecimento político do Exército, que se torna um foco abolicionista e republicano.

O IMPÉRIO E OS INDÍGENAS

O governo de D. Pedro II elaborou poucas leis voltadas à proteção aos indígenas, mesmo que eles continuassem sofrendo ataques e invasões a suas terras. A única lei criada exclusivamente para essa população foi aprovada em 1845, ainda nos primeiros anos do Segundo Reinado. Conhecida como Regulamento das Missões, sustentou a ideia de que os indígenas deveriam ser mantidos em aldeamentos e estabeleceu uma estrutura administrativa para essas aldeias.
Pela lei, cada aldeamento indígena deveria ser administrado por um diretor, que contaria também com um grupo de funcionários e de missionários para catequização, bem como para organizar e disciplinar o dia a dia dos nativos. Essa determinação revela que o governo brasileiro pretendia que os indígenas ficassem sob o controle do Estado e permanecessem confinados em pequenas extensões de terra. Ou seja, não havia a preocupação com a manutenção de suas
crenças, tradições e práticas socioculturais.
Vigorava a noção de que, aos poucos, aconteceria a completa “assimilação dos indígenas” à sociedade brasileira. Assim, com o tempo, eles abandonariam seus hábitos e costumes e passariam a adotar os hábitos e costumes dos não indígenas. A legislação, portanto, refletia o conceito etnocêntrico de que os indígenas faziam parte de uma civilização inferior à dos brancos.

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