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Revoltas no Segundo Reinado

A reação conservadora que ocorre na primeira década do reinado de dom Pedro II estimula o surgimento de movimentos de oposição liberal. Conflitos explodem em vários pontos do país. Alguns evoluem para lutas armadas, como a Revolução Liberal, em São Paulo, e a Rebelião Praieira, em Pernambuco. No final do Império, crescem os levantes de caráter popular urbano, as rebeliões e fugas de escravos e o movimento republicano.

· Revolução liberal

Em São Paulo, a oposição à legislação conservadora do governo central evolui para uma rebelião armada. A revolução liberal, como fica conhecida, eclode na capital em 17 de maio de 1842. É liderada por Rafael Tobias de Aguiar, aclamado presidente da Província. Os rebeldes conseguem o apoio do padre Diogo Feijó e da população de algumas vilas, entre elas Itapetininga, Itu, Porto Feliz e Capivari. Tentam avançar sobre a capital e são derrotados pelo Exército, sob o comando de Luís Alves de Lima e Silva, o barão de Caxias. Padre Feijó é preso em Sorocaba, em 21 de junho, mas Tobias de Aguiar consegue escapar. Os liberais mineiros também rebelam-se. No final de julho, Caxias chega a Minas e vence os liberais num violento combate travado em Santa Luzia, dia 20 de agosto. Os principais chefes são presos e, em março de 1844, anistiados pelo imperador.

· Rebelião praieira

As lutas de caráter político, nascidas no período regencial, começariam a se esgotar com o fim da Farroupilha em 1845. Entretanto este ciclo de movimentos provinciais só seria encerrado quando a Revolta Praieira foi sufocada.
A partir de 1840 dois partidos políticos revezam-se no poder: liberais e conservadores. Vitoriosos nas eleições do ano de 1841, os liberais voltaram ao Governo. Entretanto, permaneceram por pouco tempo. Foram sucedidos pelos conservadores que mantiveram-se no poder de 1841 a 1844. Após novas eleições os liberais retornaram formando, novamente, o Ministério. Tomaram várias medidas entre elas: adoção do protecionismo alfandegário por meio da Tarifa Alves Branco (1844); reforma para elevar o censo eleitoral diminuindo o número de eleitores (1846); criação do cargo de presidente do Conselho de Ministros (1847). Esta última facilitaria a prática parlamentarista, contribuindo para o poder do Ministério e, conseqüentemente, da autoridade do Governo do Estado imperial.
Em 1848, a saída dos liberais do Governo provocaria a eclosão da Praieira na Província de Pernambuco. Aquele ano foi agitado por uma série de fatos ocorridos na Europa que influenciaram os acontecimentos no Brasil. A Revolução de Fevereiro na França, trouxera perspectivas de uma vida melhor, vista como a "primavera dos povos". O político e jornalista José Tomás Nabuco de Araújo registrara que "a proclamação da república na França havia agitado o nosso mundo político em suas profundezas". Este ano marcante assinalara o encontro de idéias liberais com as ideias socialistas - de autores franceses como Proudhon, Fourier e do inglês Owen.
Em 1848, a Rebelião Praieira é deflagrada sob o comando do capitão de artilharia Pedro Ivo Veloso da Silveira. Começa em Olinda e espalha-se rapidamente por toda a Zona da Mata pernambucana. Em janeiro de 1849, os praieiros lançam o Manifesto ao Mundo, síntese de seu programa revolucionário: voto livre e universal, plena liberdade de imprensa, trabalho como garantia de vida para o cidadão brasileiro, efetiva independência dos poderes constituídos e a extinção do poder moderador. Conseguem a adesão da população urbana pobre, de pequenos arrendatários, boiadeiros, mascates e negros libertos. Chegam a congregar cerca de 2 mil combatentes. A luta prolonga-se por mais de um ano. São derrotados em março de 1852.
Para os historiadores, com a derrota da Rebelião Praieira desaparecem os últimos resquícios do liberalismo radical e democrático surgido durante o processo de independência. Seu fim facilita a política de conciliação entre liberais e conservadores, característica do segundo reinado.

Levantes populares

Os últimos anos do Império são sacudidos por vários levantes das populações urbanas pobres. A carestia de vida é o principal motivo dessas revoltas. Também multiplicam-se pelo país manifestações populares e comícios em favor da abolição da escravatura, e da República.

· Quebra-Quilos

O Brasil adere oficialmente ao Sistema Métrico em 1862, mas, em todo o país, permanecem em uso os sistemas tradicionais de medidas. Em 1874 a tentativa de adotar os padrões do sistema métrico provoca uma revolta popular violenta na Paraíba, conhecida como Quebra-Quilos. Para as autoridades da época, o movimento é insuflado pelo clero, em briga com o governo. A rebelião é contida, vários revoltosos são presos, inclusive padres.

· Revolta do Vintém

Em 1880, a população pobre do Rio de Janeiro se rebela contra o aumento das passagens dos bondes, ainda puxados por burros e trens. A chamada Revolta do Vintém explode dia 1º de janeiro. A polícia tenta contê-la e os manifestantes respondem quebrando bondes, arrancando trilhos e virando os veículos. A revolta só pára com a intervenção do Exército, que abre fogo contra a multidão e mata várias pessoas.

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