quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Cultura digital

Com a globalização, difundiu-se um novo modo de vida. Tecnologias – como microcomputador, televisão a cabo, internet e telefone celular – geraram novos padrões de comportamento. Embora a tecnologia digital só tenha se massificado no século XXI, muitos jovens têm dificuldades em imaginar a vida sem esses aparelhos, pois nasceram na era digital. Nesse contexto, formou-se a noção de inclusão digital, que se torna, cada vez mais, condição para o exercício da cidadania.

Atualmente, agências como a ONU monitoram a inclusão digital em diferentes países. Se, por um lado, a cultura virtual permite conexão fácil com quem está distante; por outro, por vezes distancia pessoas que estão próximas. É fácil encontrar um casal à mesa em um restaurante sem conversar, acessando a internet pelo celular. A conexão virtual também pode gerar ansiedade e dificuldade de concentração. Na pandemia de covid-19, a internet foi ao mesmo tempo fator de integração, trabalho e entretenimento e de muita angústia, sobretudo no setor educacional, com muitas aulas on-line e tarefas que desgastaram estudantes, professores e familiares.

Informação e poder

A internet democratizou o acesso à informação. Se alguém quer consultar informações sobre um tema, por exemplo, encontra várias fontes, em que são expressos diferentes pontos de vista. A internet, contudo, envolve outros fatores. A informação representa, ao mesmo tempo, dinheiro e poder. Os sites que você visita são registrados e usados por empresas para produzir publicidade direcionada. Falsários e golpistas utilizam dados pessoais para cometer diferentes crimes.

A internet também serve para espionar pessoas. Em 2013, um ex-analista da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, Edward Snowden, divulgou um vasto esquema de espionagem do governo estadunidense. Os alvos da vigilância estatal incluíam cidadãos do país, empresas grandes e pequenas e governos de outros países. A revelação de Snowden causou mal-estar diplomático entre os Estados Unidos e outras nações, como a Alemanha e o próprio Brasil, visto que a Petrobras esteve entre as empresas espionadas.

Em 2018 ocorreu outro escândalo mundial envolvendo a quebra de privacidade de dados, quando a empresa que administra a maior rede social virtual do mundo foi acusada de vazar informações de seus usuários para influenciar campanhas eleitorais e votações importantes em diversos países (incluindo Reino Unido, Estados Unidos e Brasil). No mesmo período, diversas redes sociais já vinham sofrendo pesadas críticas por serem veículos para fácil difusão de boatos e notícias falsas.

Nos anos seguintes, as chamadas fake news se tornaram um problema particularmente grave durante a pandemia de covid-19, na medida em que confundiam a população com a difusão de informações sem base científica a respeito das medidas de proteção sanitária, dos possíveis tratamentos contra a doença e mesmo atacavam os esforços públicos em favor da vacinação.
Ativismo on-line e movimentos sociais no Brasil A expansão do uso da internet por meio de smartphones não ampliou apenas a circulação de fake news. Os movimentos sociais também se articularam e passaram a usar esse espaço para mobilizar pessoas e ampliar o debate público sobre temas urgentes. O uso das redes possibilita uma estratégia de atuação que tem como características a participação autônoma e a ocupação das ruas e dos espaços virtuais. 
Nos últimos anos, a luta das mulheres pela igualdade, por exemplo, vem ganhando espaço sobretudo com o ativismo on-line. Esse processo vem se desenvolvendo desde a década de 2000, quando plataformas e redes sociais passaram a ser utilizadas como espaços de denúncia e também de organização dos movimentos feministas e de demandas legais, como os abaixo-assinados organizados virtualmente. 
A força dessas mídias pôde ser sentida na criação de canais de comunicação como o Blogueiras Feministas, em 2010, e o Blogueiras Negras, em 2012. A internet também tem sido uma forte aliada dos grupos LGBTQIA+ para o reconhecimento de seus direitos. Contribuiu, por exemplo, para o financiamento coletivo de projetos como a Casa 1, na cidade de São Paulo (SP), um centro de acolhida, assistência social e centro cultural voltado para o público LGBTQIA+. 
Apesar desses avanços, permanecem ainda muitos desafios. De acordo com o Atlas da Violência publicado em 2021, em 2019 a taxa de mortalidade de mulheres negras era 65,8% superior à de mulheres não negras. Isso revela um aumento de 17,3% em relação aos dados de 2009, apontando a vulnerabilidade desse segmento da sociedade. Além disso, destaca-se a violência contra praticantes de religiões, principalmente, de matrizes africanas. O Comitê de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) do Rio de Janeiro (RJ), por exemplo, informou que em 2019 foram registrados 201 ataques a locais de prática de religiões afro-brasileiras na cidade, o dobro do número registrado no ano anterior.

A pandemia da covid-19 no mundo e no Brasil

O avanço dos meios de transporte, que propicia maior integração entre diferentes nações e uma enorme circulação de pessoas no mundo, também possibilita a rápida difusão de doenças infectocontagiosas em escala global. Em dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi notificada sobre uma doença pulmonar inédita na cidade de Wuhan, na China.

Denominada covid-19, a moléstia era provocada pelo vírus SARS-CoV-2. Em janeiro de 2020, quando a doença já se espalhava pela Europa e pelos Estados Unidos, a OMS decretou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, em razão do risco representado pela covid-19. Dois meses depois, quando a covid-19 alcançara praticamente todo o mundo, a OMS a reconheceu como pandemia, ou seja, doença disseminada por vastas áreas do planeta. Até janeiro de 2022, o mundo registrou mais de 330 milhões de infectados e quase 6 milhões de mortos. O país com maior número de casos eram os Estados Unidos, com quase 50 milhões de infectados e 800 mil mortos.

A China, polo inicial da pandemia e o país mais populoso do mundo, não figurava entre os dez países com maior número de infectados e mortos, entre os quais estavam Índia, México, Rússia, Irã e Reino Unido. No caso dos Estados Unidos, um dos fatores para a alta incidência de covid-19 foi que o então presidente, Donald Trump, contrariou as orientações da comunidade médico-científica para o controle da pandemia.

No Brasil, uma onda negacionista também tomou conta de parte da sociedade civil e científica gerando dúvidas e críticas às prescrições médico-científicas. Com isso, até janeiro de 2022 a covid-19 infectou cerca de 22 milhões de pessoas, das quais mais de 620 mil faleceram. Outro dado importante da covid-19 no Brasil é que o risco de morte entre negros e pardos é 1,5 vez maior do que entre brancos e que 57% das crianças mortas pela pandemia no país eram negras, de baixa renda, moradoras de favelas ou cidades pequenas, sem adequada cobertura hospitalar. Por fim, a taxa de letalidade da covid-19 também é particularmente alta entre as crianças indígenas, com 28% de vítimas entre os menores infectados.

O Estado Islâmico

No contexto da guerra civil síria, que eclodiu em 2011, um novo grupo ganhou proeminência, o Estado Islâmico (EI). Essa agrupação fundamentalista, originalmente denominada Estado Islâmico do Iraque e do Levante, também conhecida pela sigla Daesh, surgiu como uma dissidência do Al Qaeda, em 2003. Com a guerra civil da Síria, após a Primavera Árabe, o EI conquistou ainda mais territórios na região. 
O Estado Islâmico adota uma interpretação radical do Corão e das profecias de Maomé. Seu objetivo é combater os infiéis (categoria que abrange judeus, cristãos, muçulmanos xiitas, entre outros) e estabelecer um grande califado islâmico com as mesmas fronteiras do antigo Império Árabe medieval. 
O grupo EI se fortaleceu a partir de 2013, com a Guerra da Síria. Em 2014, divulgou o objetivo de formar um califado nos territórios sob seu controle e consolidar um regime político derivado da interpretação da Lei Islâmica, a sharia, instituindo a ilegalidade da homossexualidade, rígidas normas de conduta para as mulheres e a execução daqueles considerados apóstatas. Entre 2014 e 2015, a área controlada pelo Estado Islâmico se estendia do oeste do Iraque ao leste da Síria. 
Para ampliar sua área de influência e contando com o apoio dos iraquianos sunitas e de opositores de Bashar al-Assad, na Síria, o EI controlou várias cidades na Síria e no Iraque, espalhando o terror com a execução de integrantes de grupos étnicos, religiosos e minorias, como homossexuais e muçulmanos xiitas, além de escravizar mulheres e crianças, chegando a trocá-las por recursos e armamento.
Uma das principais estratégias utilizadas pelo EI foi a promoção do medo e do terrorismo. Assim, o grupo articulou diversos ataques no Oriente Médio. No ocorrido em Bagdá, no Iraque, em 2016, por exemplo, integrantes do EI provocaram a explosão de um carro-bomba, matando muitas pessoas.
Os atentados foram direcionados também a países do Ocidente, com o objetivo de retaliar a participação deles nos conflitos na Síria. Assim, em novembro de 2015, o grupo promoveu uma série de atentados com bombas e metralhadoras em Paris, na França. O mesmo se deu no aeroporto de Bruxelas, na Bélgica, em 2016, quando ocorreram ataques suicidas. Ambos os ataques ocasionaram muitas vítimas.
Contudo, a partir de 2017, o Estado Islâmico começou a perder territórios. Até junho daquele ano, o grupo havia perdido 60% da área que anteriormente controlava e 80% de sua receita. De modo geral, isso ocorreu após ter sido expulso de duas importantes cidades que anteriormente ocupava: Mossul, no Iraque, e Raqqa, na Síria. Com isso, o grupo enfraqueceu. Segundo estudiosos, o financiamento do grupo dependia do controle de vastas áreas, cobrando impostos das populações dominadas e saqueando antiguidades.
O “califado” autoproclamado pelo Estado Islâmico na Síria só foi oficialmente derrotado em 2019, quando milícias curdo-árabes eliminaram os últimos terroristas no povoado sírio de Baguz, na fronteira com o Iraque. 
Até 2022 o EI ainda controlava vastas áreas no leste do país, e frequentemente entra em conflito com o exército sírio. Em 2021, logo após a saída das tropas estadunidenses, quando o Talibã assumiu o controle oficial do Afeganistão, uma facção do EI, o Estado Islâmico Khorasan, manteve o controle sobre uma parte do território afegão, e a guerra civil continua no país.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

A EUROPA EM CRISE

Na Europa, milhares de manifestantes saíram às ruas nas cidades de Bruxelas, Madrid, Barcelona, Roma e Londres para protestar contra a crise econômica iniciada nos Estados Unidos em 2008. Por causa dessa crise, muitos países europeus, como Grécia, Portugal e Itália, ficaram com excessivas taxas de endividamento ou, como a Irlanda, com bancos em situação precária. O crescimento da economia desses países ficou em níveis mínimos, com cortes de gastos públicos e ameaças de calote de dívidas públicas. No entanto, a principal consequência da crise de 2008 na Europa foram o desemprego e sérios problemas sociais. Em 2017, autoridades da União Europeia anunciaram que julgavam superada aquela que consideraram ter sido a pior crise financeira vivida desde o período pós-Segunda Guerra Mundial. As economias tinham voltado a crescer e o desemprego havia diminuído na maioria dos países europeus. Contudo, em 2020, a economia dos países europeus foi afetada pelos impactos da pandemia de covid-19. Após mais de dois anos de restrições, a aplicação em massa de vacinas possibilitou a redução dos índices de mortalidade e uma tímida retomada econômica.

O BREXIT

Além da crise econômica, outra importante questão enfrentada pela União Europeia foi a decisão do Reino Unido de sair do bloco político-econômico, aprovada em plebiscito pela maioria da população britânica em 2016. Em 2020, iniciou-se o processo transitório de saída do Reino Unido da União Europeia, que foi concluído oficialmente no início do ano seguinte. A resolução enfraqueceu politicamente a União Europeia, e muitos políticos e estudiosos argumentaram que o maior perdedor em longo prazo, do ponto de vista econômico, será o próprio Reino Unido.

A GUERRA NA UCRÂNIA

A tensão entre a Rússia e a Ucrânia vinha crescendo desde a anexação da Crimeia pelos russos em 2014. Incentivados pelo governo russo, grupos separatistas ucranianos se insurgiram até tomar o poder das cidades Donetsk e Luhansk. Nas eleições de 2019, na Ucrânia, Volodymyr Zelensky saiu vitorioso com uma plataforma de não alinhamento ao Kremlin, o que ampliou as tensões entre os dois países. Em 2021, a diplomacia ucraniana dava sinais de aproximação com a Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan). Para Vladimir Putin, essa possível aproximação foi tida como um avanço do Ocidente à sua suposta zona de influência. Diante disso, o presidente russo ordenou o deslocamento de suas tropas para as fronteiras da Ucrânia. Apesar de o presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão Olaf Scholzs se encontrarem com Putin em Moscou, todos os esforços diplomáticos desses países não foram suficientes para garantir a paz no Leste Europeu e a Rússia invadiu a Ucrânia, cercando e bombardeando em poucos dias as principais cidades ucranianas.

O 11 DE SETEMBRO DE 2001

Em 1979, durante a Guerra Fria, a União Soviética invadiu o Afeganistão, na Ásia, para garantir que o governo socialista que tinha se instalado naquele país no ano anterior se mantivesse no poder. Em resposta, os Estados Unidos ofereceram armas e treinamento aos guerrilheiros que se opunham à União Soviética. Entre esses guerrilheiros, acredita-se, estava Osama bin Laden, líder islâmico que comandava uma organização paramilitar. Dez anos após a invasão, a União Soviética se retirou do Afeganistão, e diferentes grupos armados passaram a disputar o poder. Depois de uma sangrenta guerra civil, em 1996, o governo afegão foi controlado pelo grupo fundamentalista islâmico Talibã, que estabeleceu uma ditadura teocrática e antiocidental. Ao mesmo tempo, consolidava-se a organização terrorista Al Qaeda, chefiada por Bin Laden, que tinha o objetivo, em nível global, de combater a influência da cultura ocidental sobre os países islâmicos. No dia 11 de setembro de 2001, as torres gêmeas do World Trade Center (símbolos do poder econômico estadunidense), em Nova York, e o Pentágono (símbolo do poder militar estadunidense), em Washington D.C., foram atingidos por três aviões sequestrados por membros da Al Qaeda naquele dia. Os ataques deixaram quase 3 mil mortos e a nação em choque.

OS ESTADOS UNIDOS APÓS OS ATAQUES

Após os ataques de 11 de setembro, o governo do então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, aprovou leis que, entre outras medidas, permitiam aos Estados Unidos atacar outros países sob a justificativa de combater o terrorismo. Essa política ficou conhecida como Doutrina Bush. Em outubro de 2001, as forças militares dos Estados Unidos e de seus aliados iniciaram um ataque ao Afeganistão, com o objetivo de prender Bin Laden, eliminar a Al Qaeda e depor o governo do Talibã. O passo seguinte, em março de 2003, foi invadir o Iraque, governado por Saddam Hussein, alegando que o país dispunha de armas de destruição em massa e que estaria compactuando com os terroristas. Embora essas armas nunca tenham sido encontradas e a ligação do governo iraquiano com a Al Qaeda não tenha sido comprovada, a invasão militar do Iraque durou cerca de quarenta dias e matou mais de 100 mil civis.

Em 2004, George W. Bush reelegeu-se, apesar do grande descontentamento popular com os efeitos da Doutrina Bush, principalmente as mortes de soldados estadunidenses no Afe ganistão e as acusações de violações dos direitos humanos nas prisões de acusados de terrorismo. Ao longo de seu segundo governo, essa insatisfação se agravou, devido a uma profunda crise econômica que atingiu seu ápice em 2008, poucos meses antes da eleição presidencial daquele ano. A principal razão da crise foi a falta de regulamentação das atividades bancárias, o que permitiu que os bancos dos Estados Unidos emprestassem dinheiro a quem não podia pagar, criando lucros inexistentes.

A impopularidade de Bush ajudou o candidato de oposição a seu governo, o democrata Barack Obama, a se eleger em 2008. Obama tinha o compromisso de mudar as políticas públicas no país com algumas medidas: retirar as tropas estadunidenses do Oriente Médio, controlar o sistema financeiro, proteger o em - prego e a renda dos trabalhadores e criar um sistema público de saúde eficiente. Nem todos os compromissos firmados na cam - panha foram cumpridos por Obama, mas, mesmo assim, ele foi reeleito em 2012.

Em 2016, a empresário Donald Trump, do Partido Re publicano, venceu as eleições presidenciais. No governo, Trump estabeleceu medidas para reverter a reforma no sistema de saúde promovida no governo Obama e diminuir os fluxos de importação e adotou maior rigidez no controle das fronteiras. A controversa política adotada por Trump para conter os impactos da pandemia de covid-19 levou à redução de sua popularidade. Nas eleições de 2020, Trump foi derrotado pelo ex-vice-presidente Joe Biden, que assumiu o governo no ano seguinte.

O Brasil no cenário da globalização

A globalização levou a uma nova realidade econômica, vinculada às ofertas e às demandas internacionais. Os Estados nacionais tiveram de promover regulações internas para que não fossem deixados de lado nessas articulações globais. Nesse sentido, o Brasil precisou repensar sua política externa. Durante a ditadura militar, os esforços brasileiros estiveram focados no desenvolvimento nacional. No entanto, desde a redemocratização e, sobretudo, a partir dos anos 1990, a situação alterou-se profundamente. O Ministério das Relações Exteriores (ou Itamaraty) e a presidência da República passaram a refletir sobre o lugar do Brasil no mundo globalizado.
Com o fim da ditadura, como você já sabe, uma Assembleia Nacional Constituinte foi instalada no Congresso Nacional, em Brasília, no dia 1o de fevereiro de 1987. A nova Constituição foi promulgada em setembro de 1988. Todo o processo de redemocratização no Brasil, assim como a elaboração da Constituição Federal de 1988, também chamada de “Constituição Cidadã”, foi marcado por muita esperança: o desejo dos cidadãos e cidadãs brasileiros, naquele momento, era o de vivenciar a democracia. No entanto, podemos considerar que a redemocratização no país é até o momento um processo em construção. O Brasil, mantendo um regime democrático há mais de três décadas, enfrenta alguns desafios no aperfeiçoamento de suas instituições e na ampliação dos direitos sociais e da cidadania plena a toda a população. 
No início do século XXI, o país alcançou avanços importantes, com a diminuição das desigualdades, com a ampliação do acesso a diversos direitos por grupos sociais marginalizados, como indígenas, negros, mulheres, homossexuais, camponeses e pobres. No entanto, muitas das conquistas de direitos sociais e avanços econômicos entraram em uma fase de retração após a crise que se iniciou no país com a pandemia da covid-19, com o recente aumento da pobreza, do desemprego e das desigualdades. Atualmente, ainda são grandes os desafios para o amplo desenvolvimento humano, econômico e social no Brasil.

AS POLÍTICAS ECONÔMICAS NA AMÉRICA LATINA

O conceito América Latina é usado para fazer referência à quase totalidade dos países da América do Sul e da América Central, além do México, na América do Norte. Entre os países da América Latina estão Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Peru, Colômbia e Cuba.
Em novembro de 1989, foi realizada na cidade de Washington uma reunião convocada por algumas instituições financeiras, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos da América, com o objetivo de definir um conjunto de medidas econômicas voltado aos países em desenvolvimento, colocando em prática os princípios das políticas neoliberais. Esse evento ficou conhecido como o Consenso de Washington. Durante a década de 1990, a política oficial do FMI para os países em desenvolvimento baseou-se nesse consenso neoliberal. A instituição só realizava empréstimos para os países que seguissem suas recomendações. O Chile foi o país pioneiro na implementação de uma política neo liberal, ainda durante o regime militar de Augusto Pinochet. No entanto, a reunião realizada em Washington visava discutir e promover esses princípios também em outros países da América Latina, como Argentina, Brasil, México, Peru, Venezuela, Bolívia e Colômbia.
Com o início do processo de globalização, na década de 1990, se de um lado ocorreu um aumento da integração entre os países, de outro ocorreu a dependência econômica entre eles.
Nesse contexto, ocorreu a formação de blocos econômicos e acordos de comércio entre diferentes regiões do mundo. No continente americano, os principais blocos formados foram o Mercado Comum do Sul (Mercosul), estabelecido entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai em 1991, e o North Free Trade Agreement (Nafta), assinado entre Estados Unidos, Canadá e México, em 1994.
Com o Nafta, intensificou-se a exploração da força de trabalho dos mexicanos pelos estadunidenses por meio da maquila, um regime industrial no qual fábricas dos EUA são instaladas na fronteira com o México com o objetivo de não pagar impostos e obter mão de obra barata. Essas fábricas, chamadas de maquiladoras, já existiam desde a década de 1960, mas se espalharam pelo México com o processo e globalização.

O Mercosul 

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é considerado por especialistas latino- -americanos um importante meio de fortalecimento econômico dos países signatários, entre eles, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Para que o Mercosul se consolide de fato como um bloco econômico forte, os especialistas apontam que os líderes desses países precisam agir em prol da efetiva integração e cooperação entre eles. Essa integração seria favorável para que o Mercosul pudesse negociar melhores condições comerciais diante das maiores economias mundiais, como os Estados Unidos, a China e alguns países europeus.

Políticas neoliberais na América Latina 

Na América Latina, o marco fundador do neoliberalismo foram as políticas implementadas pelo governo do ditador Augusto Pinochet, no Chile, entre 1973 e 1990. Em 1981, por exemplo, o Chile foi o primeiro país do mundo a privatizar a previdência. Com isso, cada trabalhador passou a destinar parte do salário para uma caderneta de poupança. No Brasil, a adoção das políticas neoliberais teve início posteriormente, com o governo de Fernando Collor de Mello, em 1990. 
Na Argentina, as políticas neoliberais foram implantadas principalmente no governo de Carlos Menem, entre 1989 e 1999. Esse governo privatizou estatais, enxugou o quadro de funcionários públicos e reduziu gastos em praticamente todos os setores sociais, como o da educação. Apesar de reduzir a inflação e valorizar a moeda em relação ao dólar, as políticas neoliberais no país causaram empobrecimento da população e concentração de renda. 
Em 1974, os mais ricos concentravam 43,7% da renda do país e, em 1998, 53,2%. O neoliberalismo provocou efeitos diversos na América Latina. Analisemos o caso brasileiro como exemplo: expandiu-se o consumo, principalmente de artigos importados, mas em contrapartida o país se tornou cada vez mais dependente da exportação de matérias-primas – as chamadas commodities – em razão da desvalorização da indústria nacional.
O controle fiscal, a abertura econômica e comercial para o capital estrangeiro e a adoção de uma economia de mercado são princípios centrais na experiência neoliberal na América Latina. A privatização de empresas estatais de infraestrutura, de telecomunicações e de mineração foi amplamente instituída no período. No Brasil, por exemplo, foram aplicadas medidas neoliberais com a privatização da empresa Telebrás, responsável pelas telecomunicações brasileiras, e da mineradora Companhia Vale do Rio Doce. O governo argentino de Carlos Menem vendeu cerca de quatrocentas empresas, incluindo a petrolífera Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF). Na Bolívia, companhias elétricas, ferrovias e empresas de abastecimento de água foram privatizadas. Já no México, ocorreram privatizações de bancos, redes de televisão e serviços como portos e estradas.

O impacto das políticas neoliberais foi enorme em todos esses países latino-americanos. Na Argentina, por exemplo, elas levaram a uma crise econômica que culminou na queda do presidente Fernando de la Rúa, em 2002. Como as proteções sociais nesses países eram frágeis, os índices de desemprego aumentaram e a precarização do trabalho se tornou regra. O desemprego também acirrou a concorrência por vagas e a busca de produtividade, excluindo os cidadãos acostumados com o trabalho assalariado formal.

O impacto das políticas neoliberais foi enorme em todos esses países latino-americanos. Na Argentina, por exemplo, elas levaram a uma crise econômica que culminou na queda do presidente Fernando de la Rúa, em 2002. Como as proteções sociais nesses países eram frágeis, os índices de desemprego aumentaram e a precarização do trabalho se tornou regra. O desemprego também acirrou a concorrência por vagas e a busca de produtividade, excluindo os cidadãos acostumados com o trabalho assalariado formal.


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