No contexto da guerra civil síria, que eclodiu em 2011, um novo grupo ganhou proeminência, o Estado Islâmico (EI). Essa agrupação fundamentalista, originalmente denominada Estado Islâmico do Iraque e do Levante, também conhecida pela sigla Daesh, surgiu como uma dissidência do Al Qaeda, em 2003. Com a guerra civil da Síria, após a Primavera Árabe, o EI conquistou ainda mais territórios na região.
O Estado Islâmico adota uma interpretação radical do Corão
e das profecias de Maomé. Seu objetivo é combater os infiéis
(categoria que abrange judeus, cristãos, muçulmanos xiitas,
entre outros) e estabelecer um grande califado islâmico com
as mesmas fronteiras do antigo Império Árabe medieval.
O grupo EI se fortaleceu a partir de 2013, com a Guerra da Síria. Em
2014, divulgou o objetivo de formar um califado nos territórios sob
seu controle e consolidar um regime político derivado da interpretação da Lei Islâmica, a sharia, instituindo a ilegalidade da homossexualidade, rígidas normas de conduta para as mulheres e a execução
daqueles considerados apóstatas. Entre 2014 e 2015, a área controlada pelo Estado Islâmico se estendia do oeste do Iraque ao leste da Síria.
Para ampliar sua área de influência e contando com o apoio dos
iraquianos sunitas e de opositores de Bashar al-Assad, na Síria, o EI
controlou várias cidades na Síria e no Iraque, espalhando o terror com
a execução de integrantes de grupos étnicos, religiosos e minorias,
como homossexuais e muçulmanos xiitas, além de escravizar mulheres e crianças, chegando a trocá-las por recursos e armamento.
Uma das principais estratégias utilizadas pelo EI foi a promoção
do medo e do terrorismo. Assim, o grupo articulou diversos ataques
no Oriente Médio. No ocorrido em Bagdá, no Iraque, em 2016, por
exemplo, integrantes do EI provocaram a explosão de um carro-bomba, matando muitas pessoas.
Os atentados foram direcionados também a países do Ocidente,
com o objetivo de retaliar a participação deles nos conflitos na
Síria. Assim, em novembro de 2015, o grupo promoveu uma série
de atentados com bombas e metralhadoras em Paris, na França.
O mesmo se deu no aeroporto de Bruxelas, na Bélgica, em 2016,
quando ocorreram ataques suicidas. Ambos os ataques ocasionaram muitas vítimas.
Contudo, a partir de 2017, o Estado Islâmico começou a
perder territórios. Até junho daquele ano, o grupo havia perdido 60% da área que anteriormente controlava e 80% de sua
receita. De modo geral, isso ocorreu após ter sido expulso de
duas importantes cidades que anteriormente ocupava: Mossul,
no Iraque, e Raqqa, na Síria. Com isso, o grupo enfraqueceu.
Segundo estudiosos, o financiamento do grupo dependia do
controle de vastas áreas, cobrando impostos das populações
dominadas e saqueando antiguidades.
O “califado” autoproclamado pelo Estado Islâmico na Síria só foi oficialmente derrotado em 2019, quando milícias curdo-árabes eliminaram os últimos terroristas no povoado
sírio de Baguz, na fronteira com o Iraque.
Até 2022 o EI ainda controlava vastas áreas no leste do país, e frequentemente entra em conflito com o exército sírio. Em 2021, logo após a saída das tropas estadunidenses, quando o Talibã assumiu o controle oficial do Afeganistão, uma facção do EI, o Estado Islâmico Khorasan, manteve o controle sobre uma parte do território afegão, e a guerra civil continua no país.
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