quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Unificação de mercados

O colapso do socialismo representou a vitória do sistema capitalista. Desde o final do século XX, esse sistema tem adotado características do neoliberalismo, como a diminuição da intervenção do Estado na economia, a redução dos investimentos públicos em políticas sociais (educação, saúde, habitação), o controle dos gastos estatais, o fortalecimento da economia de mercado, a privatização das empresas públicas e a crescente participação de capitais externos nos mercados financeiros mundiais. No âmbito internacional, uma das características mais marcantes do neoliberalismo é a existência de blocos econômicos regionais, ou seja, associações de países que estabelecem relações econômicas privilegiadas entre si. Entre tais blocos, destacam-se: a União Europeia (UE), que agrupa diversos países do continente europeu; o Bloco do Pacífico, que reúne o Japão, os Tigres Asiáticos (Singapura, Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan) e países do Sudeste Asiático (Indonésia, Tailândia, Filipinas); o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), cujos membros são Estados Unidos, Canadá e México; o Mercado Comum do Sul (Mercosul), constituído por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Criados para garantir mercado aos países-membros e fortalecer suas economias diante da alta competitividade mundial, os blocos econômicos sinalizam com a diminuição ou eliminação das barreiras alfandegárias no comércio entre eles. No entanto, não raro as negociações dos blocos privilegiam os interesses dos países mais industrializados e desenvolvidos que os compõem. Outro aspecto observado é que a cooperação comercial no interior de blocos formados por países em desenvolvimento varia de acordo com a estabilidade das economias nacionais.

Os efeitos sociais do neoliberalismo

Um dos efeitos da vitória do capitalismo no mundo globalizado contemporâneo foi o enfraquecimento dos mecanismos dos Estados para controlar a especulação financeira e a circulação de capitais em grande velocidade pelo planeta. Isso vem contribuindo para fragilizar as economias mundiais, que se tornaram suscetíveis a crises constantes.

A crise financeira de 2008 No final da década de 2000, grandes bancos dos Estados Unidos passaram a realizar empréstimos arriscados visando ao lucro rápido. O governo do país não impôs medidas para conter esses empréstimos, que saíram do controle e começaram a ser feitos sem garantia de pagamento. Em 2007, muitos bancos começaram a quebrar pela falta de pagamento dos empréstimos. Em pouco tempo, a crise estadunidense afetou diversos países. Os efeitos sociais dessa crise ainda estão presentes: redução de salários, aumento do desemprego, crescimento do número de pessoas empobrecidas e significativo aumento das desigualdades sociais.

Nesse contexto, muitos países passaram a adotar novas medidas neoliberais com o objetivo de superar a crise, como reformar leis trabalhistas e diminuir direitos sociais dos cidadãos. Isso fez com que, em diversos países, os trabalhadores perdessem direitos e sofressem reduções salariais. Além disso, muitos governos diminuíram os recursos aplicados em políticas públicas, como forma de cortar os gastos do Estado e possibilitar investimentos para retomar o crescimento econômico, abalado pela crise. Essas medidas agravaram os efeitos da crise e contribuíram para o crescimento da pobreza em muitas regiões do mundo. Contudo, isso não afeta todos os setores da mesma forma, e uma pequena parcela de indivíduos ampliou suas riquezas.

Organizações internacionais indicam que, em 2015, apenas 1% da população mundial concentrava mais de 99% das riquezas do planeta. Além disso, de 1988 até 2011, a renda dos 10% mais pobres do planeta aumentou cerca de 65 dólares, enquanto a renda do 1% mais rico aumentou cerca de 11 800 dólares – ou seja, 182 vezes mais.

Ditadura Civil-Militar no Brasil

A crise política brasileira, desencadeada em 2014 por denúncias de corrupção, provocou o descrédito de parte da sociedade em relação aos governantes e aos agentes públicos. Esse cenário produziu um fenômeno social insólito no qual alguns segmentos sociais clamam por medidas autoritárias e chegam a reivindicar a recondução dos militares ao poder. Esses segmentos alegam que a Ditadura Civil-Militar que vigorou no país foi uma fase de crescimento econômico. Esse posicionamento recebe críticas por minimizar o fato de que esse crescimento foi desfrutado somente pelas elites e empresas estrangeiras. Também porque desconsidera que o Estado se sobrepôs aos cidadãos, negando-lhes o direito de participar e decidir os rumos do país; impôs rigoroso controle sobre ações, ideias e informações; encobriu desmandos, torturas e práticas de corrupção.

Em contrapartida, diversos movimentos sociais vêm se organizando para ampliar a democracia no país, trazendo à discussão demandas identitárias e propostas políticas para inclusão social, redução das desigualdades e combate a quaisquer manifestações de preconceito e violência. O panorama de embates entre essas diferentes visões reflete, de forma mais ampla, a crise global do sistema capitalista e das democracias ocidentais, com o crescimento de partidos ultraconservadores e a ascensão de governos autoritários. Impõe-se, assim, o que talvez seja o maior desafio do século XXI: tornar as sociedades mais plurais e democráticas.

A frágil democracia

Em agosto de 1961, a renúncia de Jânio Quadros à Presidência da República criou um cenário político conturbado no país. O Congresso Nacional, temeroso de que o vice-presidente João Goulart, o Jango, fizesse um governo de inspiração comunista, adotou o parlamentarismo. Por isso, quando ele tomou posse em setembro, seus poderes estavam diminuídos. Em seu governo, elaborou o Plano Trienal, que visava à recuperação econômica do país com investimentos na indústria, controle da inflação e diminuição do déficit público. Criou o 13o salário para manter o apoio das classes trabalhadoras, que reivindicaram também reajuste de 100% no salário-mínimo. Jango idealizou as Reformas de Base, amplo programa que previa a reforma agrária, fiscal, administrativa, educacional, bancária e eleitoral. As classes trabalhadoras rurais e urbanas apoiaram essas medidas, enquanto os latifundiários, empresários e as Forças Armadas se opuseram a elas.

Os setores conservadores consideravam essas reformas uma demonstração da tendência comunista do presidente. Entretanto, elas não visavam ao fim do capitalismo nem ameaçavam os interesses capitalistas, como faziam crer seus opositores. Jango participara dos governos Vargas, Kubitschek e Quadros e seguia as diretrizes políticas deles. Sua simpatia pelas causas trabalhistas era uma forma de controlar as massas populares; com seu nacionalismo, pretendia fortalecer o empresariado brasileiro; suas propostas de reforma agrária visavam diminuir as tensões no campo e evitar revoltas sociais que ameaçassem a ordem vigente.

Do plebiscito ao golpe

Em fins de 1962, o governo Jango deu início aos preparativos para realizar o plebiscito em que a população escolheria entre a continuidade do parlamentarismo ou o retorno ao presidencialismo, conforme previsto na Constituição.

Em janeiro de 1963, o povo foi às urnas e 82% dos eleitores optaram pelo retorno do país ao sistema presidencialista. Contudo, isso não representou a estabilidade do governo. Jango se chocava com os interesses estrangeiros e aumentava a desconfiança daqueles que temiam o “perigo vermelho” ao nacionalizar refinarias de petróleo e restringir as remessas de lucros ao exterior. Crescia também a desconfiança dos empresários nacionais, que criticavam a falta de crédito, o 13o salário e a reforma agrária. Em março de 1964, ocorreu em São Paulo a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, uma manifestação contra o governo organizada por setores das classes médias e pela burguesia industrial, com cerca de 500 mil pessoas.

Dias depois, um grupo de mais de mil marinheiros organizou um levante contra punições disciplinares na Marinha. Goulart anistiou os rebeldes, provocando reação do alto comando das Forças Armadas, que considerou essa medida muito tolerante. As Forças Armadas estavam cientes de que a política do governo desagradava a elite financeira, industrial e agrária, bem como setores das classes médias, e tinham respaldo de parte da sociedade brasileira para tomar o poder. Além disso, contavam com a declarada simpatia dos Estados Unidos, que preferiam ter à frente dos governos latino-americanos lideranças alinhadas com seus interesses.

Nesse contexto, Goulart foi deposto por um golpe de Estado em 31 de março de 1964, e a presidência foi assumida pelo general Castelo Branco. Sob o pretexto de restabelecer a ordem e o desenvolvimento econômico, os militares assumiram o poder e imprimiram sua marca na história recente do país.

Os militares no poder

Ao longo de 21 anos de regime militar, de 1964 a 1985, cinco generais se sucederam no governo e legitimaram a Ditadura Civil-Militar por meio de um discurso anticomunista e de defesa da pátria, da família, do cristianismo e do combate à corrupção. O regime valeu-se do medo difundido entre a população de um eventual levante comunista no país, tal qual ocorrera em Cuba anos antes, e justificou suas ações mais arbitrárias como necessárias à garantia da segurança nacional.

Em 1966, foi criado o Serviço Nacional de Informações (SNI), encarregado de espionar a sociedade para identificar organizações e indivíduos subversivos, dando início aos crimes contra os direitos humanos.

Ao decretar Atos Institucionais, que tinham força de lei, ampliou-se o poder do presidente da República; estabeleceu-se o bipartidarismo, tornando os partidos políticos existentes até então ilegais; estipulou-se eleições indiretas para cargos do Executivo; instituiu-se uma nova Constituição em 1967, que aumentava o controle dos militares sobre o Estado. Em fins de 1968, o governo promulgou o Ato Institucional no 5, conhecido por AI-5, que representou a restrição aos direitos políticos e às liberdades individuais dos cidadãos, tornando-se um instrumento legal contra a oposição.

Nesse cenário, instaurou-se a censura à imprensa e às produções artísticas e culturais, como canções, filmes, livros, espetáculos teatrais. Artistas, intelec tuais e professores universitários foram exilados. Lideranças políticas, sindicais e estudantis tiveram seus direitos políticos cassados; opositores do regime foram presos e muitos deles torturados, especialmente entre 1969 e 1974, considerados os “anos de chumbo” do regime. Em junho de 1968, ocorreu na cidade do Rio de Janeiro a Passeata dos Cem Mil, liderada por artistas e intelectuais, em protesto às medidas repressivas do regime militar. O ato foi a maior manifestação de protesto desde o golpe de Estado, em 1964.

Resistências à Ditadura Civil-Militar

Alguns grupos, formados principalmente por estudantes, intelectuais e militares, passaram a organizar ações radicais visando à luta armada para derrubada do governo. Destacaram-se os assaltos a bancos e a carros-fortes e o sequestro, por parte de líderes estudantis, do embaixador dos EUA Charles Elbrick, que posteriormente foi solto em troca da libertação de presos políticos. No sul do Pará, integrantes do Partido Comunista do Brasil organizaram a Guerrilha do Araguaia. Os guerrilheiros queriam o fim do regime militar e a implantação do socialismo no país. Entre 1972 e 1974, foram enviados cerca de 4 mil soldados para a região, que executaram prisões e torturas, deixando um saldo de 70 mortes. A censura encobria a violência contra os opositores e os problemas socioeconômicos do país. Em paralelo, a propaganda oficial exaltava o Brasil como grande nação utilizando slogans ufanistas. Anos mais tarde, em 2012, foi instituída a Comissão Nacional da Verdade (CNV) para apurar graves violações de direitos humanos ocorridas no Brasil entre 1946 e 1988.

“Milagre brasileiro”: desenvolvimentismo e conflitos com indígenas

O autoritarismo passou a ser justificado pelo grande desenvolvimento econômico do período, chamado de “milagre brasileiro”. Para sustentar o crescimento da economia, o regime militar concedeu abertura ao capital externo, praticou o arrocho salarial e realizou grandes obras de infraestrutura, o que resultou no endividamento do país e na acentuada concentração de renda. A construção de obras públicas, como estradas e hidrelétricas, forçou muitos povos indígenas a abandonar as terras. Nesse processo, agentes do Estado ou jagunços ligados a proprietários de terras locais agiram com violência contra populações nativas inteiras. Em decorrência, lideranças indígenas passaram a se organizar para exigir a demarcação de suas terras e o direito à preservação de suas culturas e línguas. Contudo, o reconhecimento legal dos direitos dos povos indígenas só viria na Constituição de 1988.

Cultura e contracultura

Durante a Ditadura Civil- -Militar, artistas e intelectuais brasileiros se engajaram em um movimento amplo, diversificado e multifacetado de produção cultural. Além da criatividade, tinham em comum a resistência aos modelos culturais impostos pelos órgãos oficiais de censura e a busca por uma cultura nacional com a qual se identificassem.

Cultura digital

Com a globalização, difundiu-se um novo modo de vida. Tecnologias – como microcomputador, televisão a cabo, internet e telefone celular – geraram novos padrões de comportamento. Embora a tecnologia digital só tenha se massificado no século XXI, muitos jovens têm dificuldades em imaginar a vida sem esses aparelhos, pois nasceram na era digital. Nesse contexto, formou-se a noção de inclusão digital, que se torna, cada vez mais, condição para o exercício da cidadania.

Atualmente, agências como a ONU monitoram a inclusão digital em diferentes países. Se, por um lado, a cultura virtual permite conexão fácil com quem está distante; por outro, por vezes distancia pessoas que estão próximas. É fácil encontrar um casal à mesa em um restaurante sem conversar, acessando a internet pelo celular. A conexão virtual também pode gerar ansiedade e dificuldade de concentração. Na pandemia de covid-19, a internet foi ao mesmo tempo fator de integração, trabalho e entretenimento e de muita angústia, sobretudo no setor educacional, com muitas aulas on-line e tarefas que desgastaram estudantes, professores e familiares.

Informação e poder

A internet democratizou o acesso à informação. Se alguém quer consultar informações sobre um tema, por exemplo, encontra várias fontes, em que são expressos diferentes pontos de vista. A internet, contudo, envolve outros fatores. A informação representa, ao mesmo tempo, dinheiro e poder. Os sites que você visita são registrados e usados por empresas para produzir publicidade direcionada. Falsários e golpistas utilizam dados pessoais para cometer diferentes crimes.

A internet também serve para espionar pessoas. Em 2013, um ex-analista da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, Edward Snowden, divulgou um vasto esquema de espionagem do governo estadunidense. Os alvos da vigilância estatal incluíam cidadãos do país, empresas grandes e pequenas e governos de outros países. A revelação de Snowden causou mal-estar diplomático entre os Estados Unidos e outras nações, como a Alemanha e o próprio Brasil, visto que a Petrobras esteve entre as empresas espionadas.

Em 2018 ocorreu outro escândalo mundial envolvendo a quebra de privacidade de dados, quando a empresa que administra a maior rede social virtual do mundo foi acusada de vazar informações de seus usuários para influenciar campanhas eleitorais e votações importantes em diversos países (incluindo Reino Unido, Estados Unidos e Brasil). No mesmo período, diversas redes sociais já vinham sofrendo pesadas críticas por serem veículos para fácil difusão de boatos e notícias falsas.

Nos anos seguintes, as chamadas fake news se tornaram um problema particularmente grave durante a pandemia de covid-19, na medida em que confundiam a população com a difusão de informações sem base científica a respeito das medidas de proteção sanitária, dos possíveis tratamentos contra a doença e mesmo atacavam os esforços públicos em favor da vacinação.
Ativismo on-line e movimentos sociais no Brasil A expansão do uso da internet por meio de smartphones não ampliou apenas a circulação de fake news. Os movimentos sociais também se articularam e passaram a usar esse espaço para mobilizar pessoas e ampliar o debate público sobre temas urgentes. O uso das redes possibilita uma estratégia de atuação que tem como características a participação autônoma e a ocupação das ruas e dos espaços virtuais. 
Nos últimos anos, a luta das mulheres pela igualdade, por exemplo, vem ganhando espaço sobretudo com o ativismo on-line. Esse processo vem se desenvolvendo desde a década de 2000, quando plataformas e redes sociais passaram a ser utilizadas como espaços de denúncia e também de organização dos movimentos feministas e de demandas legais, como os abaixo-assinados organizados virtualmente. 
A força dessas mídias pôde ser sentida na criação de canais de comunicação como o Blogueiras Feministas, em 2010, e o Blogueiras Negras, em 2012. A internet também tem sido uma forte aliada dos grupos LGBTQIA+ para o reconhecimento de seus direitos. Contribuiu, por exemplo, para o financiamento coletivo de projetos como a Casa 1, na cidade de São Paulo (SP), um centro de acolhida, assistência social e centro cultural voltado para o público LGBTQIA+. 
Apesar desses avanços, permanecem ainda muitos desafios. De acordo com o Atlas da Violência publicado em 2021, em 2019 a taxa de mortalidade de mulheres negras era 65,8% superior à de mulheres não negras. Isso revela um aumento de 17,3% em relação aos dados de 2009, apontando a vulnerabilidade desse segmento da sociedade. Além disso, destaca-se a violência contra praticantes de religiões, principalmente, de matrizes africanas. O Comitê de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) do Rio de Janeiro (RJ), por exemplo, informou que em 2019 foram registrados 201 ataques a locais de prática de religiões afro-brasileiras na cidade, o dobro do número registrado no ano anterior.

A pandemia da covid-19 no mundo e no Brasil

O avanço dos meios de transporte, que propicia maior integração entre diferentes nações e uma enorme circulação de pessoas no mundo, também possibilita a rápida difusão de doenças infectocontagiosas em escala global. Em dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi notificada sobre uma doença pulmonar inédita na cidade de Wuhan, na China.

Denominada covid-19, a moléstia era provocada pelo vírus SARS-CoV-2. Em janeiro de 2020, quando a doença já se espalhava pela Europa e pelos Estados Unidos, a OMS decretou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, em razão do risco representado pela covid-19. Dois meses depois, quando a covid-19 alcançara praticamente todo o mundo, a OMS a reconheceu como pandemia, ou seja, doença disseminada por vastas áreas do planeta. Até janeiro de 2022, o mundo registrou mais de 330 milhões de infectados e quase 6 milhões de mortos. O país com maior número de casos eram os Estados Unidos, com quase 50 milhões de infectados e 800 mil mortos.

A China, polo inicial da pandemia e o país mais populoso do mundo, não figurava entre os dez países com maior número de infectados e mortos, entre os quais estavam Índia, México, Rússia, Irã e Reino Unido. No caso dos Estados Unidos, um dos fatores para a alta incidência de covid-19 foi que o então presidente, Donald Trump, contrariou as orientações da comunidade médico-científica para o controle da pandemia.

No Brasil, uma onda negacionista também tomou conta de parte da sociedade civil e científica gerando dúvidas e críticas às prescrições médico-científicas. Com isso, até janeiro de 2022 a covid-19 infectou cerca de 22 milhões de pessoas, das quais mais de 620 mil faleceram. Outro dado importante da covid-19 no Brasil é que o risco de morte entre negros e pardos é 1,5 vez maior do que entre brancos e que 57% das crianças mortas pela pandemia no país eram negras, de baixa renda, moradoras de favelas ou cidades pequenas, sem adequada cobertura hospitalar. Por fim, a taxa de letalidade da covid-19 também é particularmente alta entre as crianças indígenas, com 28% de vítimas entre os menores infectados.

O Estado Islâmico

No contexto da guerra civil síria, que eclodiu em 2011, um novo grupo ganhou proeminência, o Estado Islâmico (EI). Essa agrupação fundamentalista, originalmente denominada Estado Islâmico do Iraque e do Levante, também conhecida pela sigla Daesh, surgiu como uma dissidência do Al Qaeda, em 2003. Com a guerra civil da Síria, após a Primavera Árabe, o EI conquistou ainda mais territórios na região. 
O Estado Islâmico adota uma interpretação radical do Corão e das profecias de Maomé. Seu objetivo é combater os infiéis (categoria que abrange judeus, cristãos, muçulmanos xiitas, entre outros) e estabelecer um grande califado islâmico com as mesmas fronteiras do antigo Império Árabe medieval. 
O grupo EI se fortaleceu a partir de 2013, com a Guerra da Síria. Em 2014, divulgou o objetivo de formar um califado nos territórios sob seu controle e consolidar um regime político derivado da interpretação da Lei Islâmica, a sharia, instituindo a ilegalidade da homossexualidade, rígidas normas de conduta para as mulheres e a execução daqueles considerados apóstatas. Entre 2014 e 2015, a área controlada pelo Estado Islâmico se estendia do oeste do Iraque ao leste da Síria. 
Para ampliar sua área de influência e contando com o apoio dos iraquianos sunitas e de opositores de Bashar al-Assad, na Síria, o EI controlou várias cidades na Síria e no Iraque, espalhando o terror com a execução de integrantes de grupos étnicos, religiosos e minorias, como homossexuais e muçulmanos xiitas, além de escravizar mulheres e crianças, chegando a trocá-las por recursos e armamento.
Uma das principais estratégias utilizadas pelo EI foi a promoção do medo e do terrorismo. Assim, o grupo articulou diversos ataques no Oriente Médio. No ocorrido em Bagdá, no Iraque, em 2016, por exemplo, integrantes do EI provocaram a explosão de um carro-bomba, matando muitas pessoas.
Os atentados foram direcionados também a países do Ocidente, com o objetivo de retaliar a participação deles nos conflitos na Síria. Assim, em novembro de 2015, o grupo promoveu uma série de atentados com bombas e metralhadoras em Paris, na França. O mesmo se deu no aeroporto de Bruxelas, na Bélgica, em 2016, quando ocorreram ataques suicidas. Ambos os ataques ocasionaram muitas vítimas.
Contudo, a partir de 2017, o Estado Islâmico começou a perder territórios. Até junho daquele ano, o grupo havia perdido 60% da área que anteriormente controlava e 80% de sua receita. De modo geral, isso ocorreu após ter sido expulso de duas importantes cidades que anteriormente ocupava: Mossul, no Iraque, e Raqqa, na Síria. Com isso, o grupo enfraqueceu. Segundo estudiosos, o financiamento do grupo dependia do controle de vastas áreas, cobrando impostos das populações dominadas e saqueando antiguidades.
O “califado” autoproclamado pelo Estado Islâmico na Síria só foi oficialmente derrotado em 2019, quando milícias curdo-árabes eliminaram os últimos terroristas no povoado sírio de Baguz, na fronteira com o Iraque. 
Até 2022 o EI ainda controlava vastas áreas no leste do país, e frequentemente entra em conflito com o exército sírio. Em 2021, logo após a saída das tropas estadunidenses, quando o Talibã assumiu o controle oficial do Afeganistão, uma facção do EI, o Estado Islâmico Khorasan, manteve o controle sobre uma parte do território afegão, e a guerra civil continua no país.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

A EUROPA EM CRISE

Na Europa, milhares de manifestantes saíram às ruas nas cidades de Bruxelas, Madrid, Barcelona, Roma e Londres para protestar contra a crise econômica iniciada nos Estados Unidos em 2008. Por causa dessa crise, muitos países europeus, como Grécia, Portugal e Itália, ficaram com excessivas taxas de endividamento ou, como a Irlanda, com bancos em situação precária. O crescimento da economia desses países ficou em níveis mínimos, com cortes de gastos públicos e ameaças de calote de dívidas públicas. No entanto, a principal consequência da crise de 2008 na Europa foram o desemprego e sérios problemas sociais. Em 2017, autoridades da União Europeia anunciaram que julgavam superada aquela que consideraram ter sido a pior crise financeira vivida desde o período pós-Segunda Guerra Mundial. As economias tinham voltado a crescer e o desemprego havia diminuído na maioria dos países europeus. Contudo, em 2020, a economia dos países europeus foi afetada pelos impactos da pandemia de covid-19. Após mais de dois anos de restrições, a aplicação em massa de vacinas possibilitou a redução dos índices de mortalidade e uma tímida retomada econômica.

O BREXIT

Além da crise econômica, outra importante questão enfrentada pela União Europeia foi a decisão do Reino Unido de sair do bloco político-econômico, aprovada em plebiscito pela maioria da população britânica em 2016. Em 2020, iniciou-se o processo transitório de saída do Reino Unido da União Europeia, que foi concluído oficialmente no início do ano seguinte. A resolução enfraqueceu politicamente a União Europeia, e muitos políticos e estudiosos argumentaram que o maior perdedor em longo prazo, do ponto de vista econômico, será o próprio Reino Unido.

A GUERRA NA UCRÂNIA

A tensão entre a Rússia e a Ucrânia vinha crescendo desde a anexação da Crimeia pelos russos em 2014. Incentivados pelo governo russo, grupos separatistas ucranianos se insurgiram até tomar o poder das cidades Donetsk e Luhansk. Nas eleições de 2019, na Ucrânia, Volodymyr Zelensky saiu vitorioso com uma plataforma de não alinhamento ao Kremlin, o que ampliou as tensões entre os dois países. Em 2021, a diplomacia ucraniana dava sinais de aproximação com a Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan). Para Vladimir Putin, essa possível aproximação foi tida como um avanço do Ocidente à sua suposta zona de influência. Diante disso, o presidente russo ordenou o deslocamento de suas tropas para as fronteiras da Ucrânia. Apesar de o presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão Olaf Scholzs se encontrarem com Putin em Moscou, todos os esforços diplomáticos desses países não foram suficientes para garantir a paz no Leste Europeu e a Rússia invadiu a Ucrânia, cercando e bombardeando em poucos dias as principais cidades ucranianas.

O 11 DE SETEMBRO DE 2001

Em 1979, durante a Guerra Fria, a União Soviética invadiu o Afeganistão, na Ásia, para garantir que o governo socialista que tinha se instalado naquele país no ano anterior se mantivesse no poder. Em resposta, os Estados Unidos ofereceram armas e treinamento aos guerrilheiros que se opunham à União Soviética. Entre esses guerrilheiros, acredita-se, estava Osama bin Laden, líder islâmico que comandava uma organização paramilitar. Dez anos após a invasão, a União Soviética se retirou do Afeganistão, e diferentes grupos armados passaram a disputar o poder. Depois de uma sangrenta guerra civil, em 1996, o governo afegão foi controlado pelo grupo fundamentalista islâmico Talibã, que estabeleceu uma ditadura teocrática e antiocidental. Ao mesmo tempo, consolidava-se a organização terrorista Al Qaeda, chefiada por Bin Laden, que tinha o objetivo, em nível global, de combater a influência da cultura ocidental sobre os países islâmicos. No dia 11 de setembro de 2001, as torres gêmeas do World Trade Center (símbolos do poder econômico estadunidense), em Nova York, e o Pentágono (símbolo do poder militar estadunidense), em Washington D.C., foram atingidos por três aviões sequestrados por membros da Al Qaeda naquele dia. Os ataques deixaram quase 3 mil mortos e a nação em choque.

OS ESTADOS UNIDOS APÓS OS ATAQUES

Após os ataques de 11 de setembro, o governo do então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, aprovou leis que, entre outras medidas, permitiam aos Estados Unidos atacar outros países sob a justificativa de combater o terrorismo. Essa política ficou conhecida como Doutrina Bush. Em outubro de 2001, as forças militares dos Estados Unidos e de seus aliados iniciaram um ataque ao Afeganistão, com o objetivo de prender Bin Laden, eliminar a Al Qaeda e depor o governo do Talibã. O passo seguinte, em março de 2003, foi invadir o Iraque, governado por Saddam Hussein, alegando que o país dispunha de armas de destruição em massa e que estaria compactuando com os terroristas. Embora essas armas nunca tenham sido encontradas e a ligação do governo iraquiano com a Al Qaeda não tenha sido comprovada, a invasão militar do Iraque durou cerca de quarenta dias e matou mais de 100 mil civis.

Em 2004, George W. Bush reelegeu-se, apesar do grande descontentamento popular com os efeitos da Doutrina Bush, principalmente as mortes de soldados estadunidenses no Afe ganistão e as acusações de violações dos direitos humanos nas prisões de acusados de terrorismo. Ao longo de seu segundo governo, essa insatisfação se agravou, devido a uma profunda crise econômica que atingiu seu ápice em 2008, poucos meses antes da eleição presidencial daquele ano. A principal razão da crise foi a falta de regulamentação das atividades bancárias, o que permitiu que os bancos dos Estados Unidos emprestassem dinheiro a quem não podia pagar, criando lucros inexistentes.

A impopularidade de Bush ajudou o candidato de oposição a seu governo, o democrata Barack Obama, a se eleger em 2008. Obama tinha o compromisso de mudar as políticas públicas no país com algumas medidas: retirar as tropas estadunidenses do Oriente Médio, controlar o sistema financeiro, proteger o em - prego e a renda dos trabalhadores e criar um sistema público de saúde eficiente. Nem todos os compromissos firmados na cam - panha foram cumpridos por Obama, mas, mesmo assim, ele foi reeleito em 2012.

Em 2016, a empresário Donald Trump, do Partido Re publicano, venceu as eleições presidenciais. No governo, Trump estabeleceu medidas para reverter a reforma no sistema de saúde promovida no governo Obama e diminuir os fluxos de importação e adotou maior rigidez no controle das fronteiras. A controversa política adotada por Trump para conter os impactos da pandemia de covid-19 levou à redução de sua popularidade. Nas eleições de 2020, Trump foi derrotado pelo ex-vice-presidente Joe Biden, que assumiu o governo no ano seguinte.

Geografia da Paraíba

    Localização e Área Territorial  da Paraíba     A população paraibana chegou a 4.059.905 em 2021, segundo nova estimativa divulgada pelo ...