quarta-feira, 31 de julho de 2024

Setor primário: pecuária e agricultura

A agricultura e a disseminação de plantas cultivadas

Enquanto o extrativismo vegetal corresponde a um conjunto de atividades por meio das quais o ser humano retira ou extrai recursos da natureza sem participar do processo de sua criação ou reprodução, a agricultura é uma atividade em que o ser humano participa ativamente do processo de reprodução de plantas, pelo plantio de sementes e de mudas. A prática do extrativismo é historicamente mais antiga que a da agricultura. Desde que o ser humano surgiu, há milhares de anos, ele realiza a caça e a pesca (extrativismo animal) e a coleta de frutas, raízes e folhas (extrativismo vegetal). A agricultura e a criação de animais surgiram por volta de 10 mil anos atrás – admite-se que a criação de animais surgiu antes da domesticação de plantas. Essas duas atividades alteraram as relações entre os seres humanos e o meio geográfico, permitindo que tivessem maior domínio sobre a natureza, que assegurassem fontes de alimento e fixassem-se em certas áreas, construindo habitações e aldeias, o que propiciou o crescimento populacional.

Pecuária

A pecuária, atividade econômica que integra o setor primário, consiste na criação e na reprodução de animais. Com finalidade comercial e lucrativa, fornece matéria-prima para a indústria (couro e lã) e alimento para a população (carne e leite).

Os rebanhos de maior importância econômica no Brasil são: bovinos (bois e vacas), suínos (porcos), ovinos (carneiros e ovelhas), bubalinos (búfalos), caprinos (cabras e bodes) e equinos (cavalos). .

O rebanho bovino é o mais numeroso no mundo, com aproximadamente 1 bilhão e 300 milhões de cabeças de gado. O segundo maior rebanho do mundo — e também do Brasil — é o de suínos.

A pecuária sempre foi responsável pela devastação de áreas de vegetação nativa. Mais recentemente, porém, no Brasil, uma prática que vem sendo desenvolvida em algumas regiões está permitindo a conservação de áreas de vegetação natural. Trata-se da reforma ou recuperação de áreas de pastagens degradadas do Cerrado, incluindo a eliminação do uso de agrotóxicos.

Sistemas de criação

A criação de gado pode ser desenvolvida por meio de dois sistemas:
Pecuária extensiva: geralmente é realizada em grandes áreas em que os animais pastam livremente. O gado sobrevive basicamente à custa do alimento natural, isto é, do capim encontrado na região, mas também é vacinado e geralmente tem acompanhamento de veterinários.
Pecuária intensiva: o gado é criado cercado em estábulos. Para alimentar o rebanho, o pecuarista procura usar tipos de capim mais nutritivos (forrageiras). Além disso, o gado recebe constantemente rações como reforço alimentar. As raças de gado são selecionadas e existe a preocupação de lhes dar boa assistência veterinária.

Agricultura

A agricultura, que integra o setor primário, é caracterizada pelo cultivo e pela colheita de plantas. Ela fornece alimentos para os seres humanos e os animais e matérias-primas para a indústria. Assim como a pecuária, foi uma das primeiras atividades econômicas realizadas pelos seres humanos.
Há aproximadamente dez mil anos, o ser humano passou da coleta de alimentos para o plantio. Descobriu que podia cultivar certas espécies vegetais e obter maior quantidade de alimentos. Passou também a domesticar algumas espécies de animais.
Além de facilitar a sobrevivência dos seres humanos, atividades como a agricultura e a pecuária permitiram sua fixação em um lugar por períodos mais longos. Isso contribuiu para o desenvolvimento das relações sociais e para a transformação do espaço natural.
Para o desenvolvimento das atividades agrícolas, é necessária a combinação de alguns fatores naturais, como o clima, o solo, o relevo e a disponibilidade de água:
Clima: exerce grande influência na agricultura, uma vez que cada vegetal se adapta melhor a determinado tipo de clima. Fatores como temperatura e quantidade de chuvas podem ser determinantes na produção de vegetais.
• Solo: existem solos naturalmente férteis e outros não muito férteis. Os solos férteis (ricos em húmus) são os mais apropriados para o cultivo. Nos solos menos férteis acrescentam-se elementos como os adubos.
• Relevo: o relevo pode facilitar ou dificultar a produção agrícola. Nos terrenos pouco acidentados e planos, o plantio, o uso da água e o emprego  de máquinas na lavoura são mais facilitados.
Nos terrenos mais acidentados, com morros ou montanhas, são necessárias técnicas de plantio em curvas de nível ou de terraceamento em encostas íngremes para diminuir o processo erosivo.
Água: proveniente da chuva ou dos rios, sua falta ou excesso pode inviabilizar a prática da agricultura em determinada área. Em regiões com escassez ou irregularidade de chuvas, o problema pode ser resolvido por meio de irrigação; em áreas com excesso, por meio de sistemas de drenagem. Hoje a maioria das propriedades agrícolas utiliza sistema de irrigação, para que a produção não dependa exclusivamente do regime de chuvas. 
As vantagens e desvantagens da irrigação por aspersão. Além desse sistema, existem inúmeros outros, como a irrigação superficial e a irrigação localizada. 
Na irrigação superficial, muito utilizada na produção de arroz, por exemplo, a água é conduzida até os cultivos diretamente pela superfície do solo, por meio de inundações ou sulcos (fendas). O baixo custo de implantação, manutenção e energia é uma de suas vantagens. Entre as desvantagens, destacam-se a dependência da declividade do terreno e alguns danos provocados nas plantas em decorrência da água parada. Já na irrigação localizada, realizada principalmente por gotejamento, a água é liberada no entorno das raízes das plantas, mantendo-o sempre úmido. Essa técnica tem sido bastante utilizada no cultivo de frutas e hortaliças, especialmente em locais com escassez de água. Como esse recurso é aplicado diretamente nas raízes, ocorrem poucas perdas por evaporação. Outra vantagem é que o vento e a topografia do terreno não limitam a irrigação. O alto custo inicial para a instalação das tubulações, cujos orifícios são vulneráveis a entupimento, é uma das desvantagens apontadas por agrônomos.

Tipos de agricultura

Conforme o objetivo do cultivo dos produtos ou o destino que se dá a eles, são praticados dois tipos de agricultura:
Agricultura de subsistência: é aquela em que parte da produção agrícola destina-se ao sustento do agricultor e de sua família, mesmo que a outra parte seja comercializada. Geralmente é praticada em estabelecimentos familiares, não muito grandes, com o cultivo de vários produtos em uma mesma propriedade ou em um mesmo local (policultura). Mas também há a prática de policultura em escala comercial. 
Agricultura comercial: praticada com fins comerciais visando à obtenção de lucro com a venda do que foi cultivado. Nela, em geral, utilizam-se mais tecnologias e máquinas e é muito comum a prática da monocultura, ou seja, o cultivo de um único produto em grandes extensões de terra e propriedades (latifúndios).

Os sistemas agrícolas

Desde que se iniciou a prática da agricultura, a humanidade foi acumulando conhecimentos sobre o solo, o clima e a época certa de plantio. Esses conhecimentos foram transmitidos por várias gerações. Os conhecimentos acumulados pelos agricultores e as técnicas de cultivo recebem o nome de sistemas agrícolas.

O sistema de roça

No sistema de roça, a primeira medida adotada é derrubar a mata e roçar (limpar) a área onde se pretende plantar. Depois de derrubada a mata, o agricultor realiza a queimada para eliminar troncos e galhos. Em seguida, prepara o solo e planta diretamente sobre as cinzas. A cultura de determinado produto agrícola dura certo tempo, até o esgotamento do solo, quando o agricultor tem de mudar de área e repetir o processo.
Os instrumentos de trabalho usados pelo agricultor nesse sistema são bastante simples: machado, foice e enxada. O sistema de roça continua sendo muito praticado nos países menos desenvolvidos da América, da África e da Ásia, por requerer poucos recursos.
Como se trata de agricultura de subsistência, os produtos plantados são os de maior necessidade para a alimentação diária: feijão, milho, mandioca e, às vezes, abóbora e arroz.

O sistema de plantation

O sistema agrícola de plantation foi introduzido por colonizadores europeus, principalmente nas áreas tropicais da América (séculos XVI-XVII), da Ásia e da África (séculos XVIII-XIX). Na época, era praticado com a finalidade de explorar a terra em benefício dos países europeus (metrópoles) e de seus interesses comerciais. Tinha como características principais a monocultura, a utilização de latifúndios (grandes áreas), técnicas rudimentares e a mão de obra escrava. Hoje, a plantation continua sendo praticada, mas com o uso de máquinas e tecnologias avançadas; a mão de obra escrava foi substituída por mão de obra assalariada.
O sistema de plantation trouxe graves problemas aos países colonizados pelos europeus. Ainda hoje esses problemas apresentam reflexos na organização do espaço rural desses países. Neles, verificam-se grande concentração de terras nas mãos de poucos proprietários e a preocupação de produzir apenas produtos agrícolas para exportação (como café, soja, laranja e cana-de-açúcar), de menor valor do que os bens industrializados.

Agricultura moderna

A agricultura moderna é bastante praticada nos países mais ricos e desenvolvidos e em alguns países em desenvolvimento, entre eles o Brasil.
Nesse sistema, a agricultura é bastante mecanizada. É feita a seleção de sementes e são usados adubos, fertilizantes, pesticidas, inseticidas e outros tipos de agrotóxicos. A produção da agricultura moderna destina-se tanto ao mercado interno como ao externo. Sobretudo nos países desenvolvidos, esse tipo de agricultura conta com boa estrutura de armazéns para as colheitas e uma rede eficiente de transportes para escoar a produção. Nesses países, é muito comum os agricultores fazerem rotação de cultura e promoverem a integração da agricultura com a pecuária.

Os problemas ambientais na agricultura moderna

Se, por um lado, a prática da agricultura moderna é justificada pela necessidade de produzir grandes quantidades de alimentos para a população mundial,
por outro ela vem causando graves problemas ambientais:
• intensificação da erosão e perda da qualidade do solo;
• compactação do solo pelo uso intensivo de pesadas máquinas agrícolas;
• poluição do solo, dos rios e das águas subterrâneas e envenenamento das plantas pelo uso excessivo de agrotóxicos, pesticidas, inseticidas e herbicidas, que também podem provocar danos aos animais e à saúde humana;
• assoreamento de rios;
• desmatamento de vegetações nativas.

Agroindústrias e agronegócio

As atividades agropecuárias estão cada vez mais integradas à indústria. A esse tipo de associação entre agropecuária e indústria dá-se o nome de agroindústria.
São exemplos de agroindústrias as grandes usinas de cana-de-açúcar, que produzem álcool combustível, aguardente e açúcar; as indústrias de torrefação, que produzem café e café solúvel; as indústrias que compram diversos tipos de grãos, como soja e milho, e os industrializam; e os frigoríficos.
O conjunto de negócios relacionados à grande produção agrícola e pecuarista recebe o nome de agronegócio. Dele também fazem parte as indústrias que produzem máquinas e equipamentos agrícolas; as que produzem agrotóxicos e fertilizantes; as que fornecem bens de produção para a agricultura, as feiras e as exposições agropecuárias. Ou seja, todas as etapas que compõem a rede de produção agropecuária.
O agronegócio tem contribuído para ampliar o volume de exportações brasileiras e apresenta uma participação importante na geração de riquezas em nosso país.
A expansão do agronegócio, porém, trouxe problemas para o espaço geográfico brasileiro devido à enorme dimensão de sua produção. Algumas das principais consequências foram: a devastação de ecossistemas do Cerrado e da Floresta Amazônica,
além da poluição das águas e do solo; a ampliação de áreas de monocultura, com produtos mais voltados para a exportação; e a diminuição de algumas áreas destinadas à produção de alimentos consumidos pela população brasileira.

Agronegócio e concentração de renda

Além dos problemas já citados, o agronegócio tem intensificado a concentração da propriedade rural nas mãos de poucas pessoas. Essa grande desigualdade na distribuição de terras provoca uma série de problemas sociais, como:
• os conflitos pela posse de terras;
• a exploração da mão de obra, com baixíssimos salários;
• a saída de pessoas do campo para as cidades, que foi muito intensa principalmente na segunda metade do século XX.
Quase metade das terras no Brasil está concentrada nas mãos de grandes proprietários rurais, os latifundiários, e muitas dessas propriedades são improdutivas.
Os pequenos proprietários (os que possuem menos de dez hectares) têm uma parcela muito reduzida das terras. Diante disso, há uma enorme quantidade de trabalhadores rurais sem-terra, que, muitas vezes, não têm opção senão procurar emprego nas cidades ou aceitar os baixos salários pagos pelos grandes fazendeiros.
Parte dos lavradores que trabalham em fazendas monocultoras são boias-frias. Em geral, eles moram na periferia das cidades e suas condições de trabalho são precárias. Eles são contratados para trabalhar apenas durante um período do ano, que pode ser a época do plantio ou da colheita. No restante do ano, tentam arranjar trabalho em outros locais. Muitas vezes, porém, ficam um período sem rendimento algum.
É por esse motivo, entre outros, que se discute a necessidade de uma reforma agrária mais ampla e em ritmo mais acelerado, visando à melhor distribuição das propriedades rurais no Brasil. Além de assegurar o direito à terra, a reforma
agrária deve garantir condições para os trabalhadores desenvolverem as atividades agropecuárias, como financiamentos, amparo técnico e estímulo à formação de cooperativas. Dessa forma, terras improdutivas podem ser usadas por quem necessita, criando oportunidades de emprego, fixando as pessoas no campo e melhorando sua qualidade de vida.

A AGROPECUÁRIA E OS RECURSOS HÍDRICOS 

Os recursos hídricos – rios, represas, aquíferos – são fundamentais para a vida e para o desenvolvimento de todas as atividades das sociedades, tanto nas áreas urbanas como nas rurais. São eles que fornecem água para: 
• o consumo direto, como beber, preparar os alimentos, fazer a higiene pessoal, a limpeza dos ambientes etc.; 
• a agropecuária, a fim de irrigar as culturas e dar de beber aos animais; 
• a produção industrial (para aplicação direta nos produtos ou no resfriamento de maquinário); 
• o uso como vias de transporte; 
• a geração de energia hidrelétrica. No entanto, a ação antrópica vem impactando de forma negativa a qualidade das fontes de água (superficiais e subterrâneas). No campo, uma das causas da poluição dos recursos hídricos está ligada ao uso intensivo de agrotóxicos. 
Esses insumos agrícolas contaminam os solos, os lençóis freáticos e os rios. Outra causa de poluição no ambiente rural é o despejo de efluentes (resíduos) sem tratamento, provenientes da criação de animais e do esgoto doméstico, nos cursos de água. O desmatamento – de maneira geral, mas, sobretudo, o responsável pela retirada da mata ciliar – favorece os processos erosivos e a deposição de sedimentos nos rios, causando o assoreamento dos seus leitos. 

Problemas ambientais decorrentes da irrigação 

Atualmente, as preocupações com o uso dos recursos hídricos têm sido crescentes. A prática da agricultura irrigada, quando realizada de maneira não adequada, pode afetar a disponibilidade e a qualidade da água, ocasionando impactos negativos de ordem econômica, social e ambiental. Imagine o que acontece, por exemplo, quando uma área é irrigada em excesso: a água não aproveitada pelas culturas pode retornar aos corpos de água superficiais e subterrâneos, carregando fertilizantes e defensivos agrícolas, causando poluição e comprometendo a qualidade da água para outros usos. O acúmulo de fertilizantes em rios, lagos e represas provoca o desenvolvimento de algas e bactérias que, por meio da fotossíntese, consomem o oxigênio dissolvido na água. Como consequência, a oxigenação da água diminui, o que coloca em risco a vida de peixes e outros seres que vivem nessa água. Esse fenômeno, chamado eutrofização, causa grande desequilíbrio nos ecossistemas aquáticos. Outros impactos ambientais negativos podem ocorrer com a instalação de infraestruturas, como barragens, reservatórios e canais, que causam mudanças no regime de vazão de cursos de água e podem afetar a fauna e a flora. Além desses problemas, é importante conhecer a eficiência do sistema de irrigação empregado e realizar a manutenção adequada dos equipamentos para evitar perdas ou grande diferença entre o volume de água captado e o volume de água consumido pelas plantas. Conheça, nas páginas seguintes, as vantagens e as desvantagens de alguns dos métodos e sistemas de irrigação mais usados.

Métodos e sistemas de irrigação 

Existem diferentes técnicas de irrigação empregadas para fornecer água aos cultivos agrícolas. Elas variam de acordo com a forma como a água é aplicada no solo e podem ser agrupadas em quatro métodos principais: irrigação de superfície, irrigação localizada, irrigação subterrânea e irrigação por aspersão. Para cada método de irrigação existem diversos sistemas de funcionamento, que apresentam vantagens e desvantagens. A escolha por um método exige a avaliação das características socioeconômicas e ambientais da área em que será instalado, considerando-se a disponibilidade da água, a necessidade de cada cultivo, o clima, o relevo, o solo, entre outros fatores.

Rotação de culturas 

A rotação de culturas consiste em alternar, periodicamente, o cultivo de espécies vegetais em uma mesma área de terra. As vantagens dessa técnica são variadas: produção diversificada de alimentos e matérias-primas vegetais, melhoria das características do solo e favorecimento do controle de plantas daninhas, pragas e doenças. Ao contrário da rotação de culturas, que permite a produção de vários vegetais, a monocultura – cultura de um só vegetal – é apontada por especialistas como prejudicial ao solo. Ao retirar os mesmos nutrientes do solo, a monocultura esgota-o, exigindo que sejam aplicadas quantidades enormes de fertilizantes, fato que aumenta o custo de produção. Além disso, a monocultura reduz a biodiversidade, facilitando a instalação de pragas, e consome grandes quantidades de água e agrotóxicos, que contaminam o solo, a água e os seres vivos. A rotação de culturas permite a recuperação do solo após a colheita de culturas que demandam grandes quantidades de nutrientes (como trigo e soja), por meio da alternância com culturas que contribuem para o enriquecimento do solo e proporcionam sua aeração – circulação do ar. Segundo alguns estudiosos, é adequado que um cultura não se repita no mesmo campo de cultivo em um período de pelo menos 3 anos.

Plantio direto 

O plantio direto, ou plantio na palha, consiste em usar a palha resultante da colheita para cobrir o solo e protegê-lo da erosão, aproveitando-a também para produzir húmus. Durante a colheita, os restos da cultura, como a palha, são picados e deixados sobre o solo, protegendo-o contra o impacto das gotas de chuva, diminuindo a erosão. A palha sobre o solo também dificulta o crescimento de plantas invasoras em decorrência da falta de luz, o que resulta em economia de herbicidas e menor poluição. Além disso, a cobertura da palha faz diminuir a evaporação da água contida no solo e retém a umidade do orvalho. Para a realização de um novo plantio, faz-se uma abertura entre os restos de palha e a semente é colocada nos sulcos abertos no solo. Em caso de necessidade, também é realizada a aplicação de fertilizantes.

Outras técnicas 

A partir da década de 1950, o desenvolvimento científico e tecnológico permitiu grandes avanços na agricultura e na pecuária. Entre esses avanços, é possível destacar: o aperfeiçoamento de tratores e implementos agrícolas (muitos hoje são equipados com instrumentos que realizam análise de solos, umidade etc.); a criação de sementes geneticamente modificadas, resultantes dos avanços da biotecnologia; e o uso de drones, que permitem detectar doenças nas plantações e falhas no plantio, avaliar a irrigação, realizar a contagem dos rebanhos e localizar animais perdidos.

A população economicamente ativa e os setores da economia

A população que exerce atividade remunerada constitui a população economicamente ativa (PEA) de um país. Os desempregados que estão à procura de emprego também fazem parte da PEA.

Os estudantes que não trabalham, as crianças de modo geral, as donas de casa, os aposentados e os idosos que não trabalham constituem o grupo chamado população economicamente inativa (PEI).

A população economicamente ativa de um país distribui-se por três grandes setores econômicos de atividades:

setor primário: reúne as pessoas que trabalham na agricultura, na pecuária e nos extrativismos vegetal, mineral e animal;

setor secundário: abrange os trabalhadores da indústria e da
construção civil (prédios, viadutos, usinas, entre outros estabelecimentos);

setor terciário: é composto de atividades como comércio e serviços (transportes, bancos, meios de comunicação, administração pública, saúde, educação, entre outros).

A soma de tudo o que é produzido ou gerado nos três setores da economia de um país recebe o nome de Produto Interno Bruto (PIB).

O uso dessa classificação nos setores primário, secundário e terciário vem sendo questionado porque a economia atual é muito complexa e envolve níveis de produção que perpassam mais de um setor, extrapolando a classificação em apenas três setores. Algumas atividades do setor primário, como a produção de soja, estão bastante mecanizadas e poderiam ser classificadas como atividades semi-industriais ou industriais, ou seja, do setor secundário. Há também as atividades exercidas na indústria que se enquadrariam melhor no setor terciário. São exemplos: o atendimento ao consumidor, o marketing, as pesquisas para novas tecnologias e as aplicações financeiras.

O trabalho e o espaço geográfico

O trabalho

Nos últimos séculos, as maiores modificações nas paisagens não ocorreram por fatores naturais, mas pela atividade humana, sendo o trabalho uma atividade fundamental nesse processo de exploração e transformação da natureza. 
O trabalho humano, que corresponde a um dos agentes do espaço geográfico, possui papel fundamental no processo de transformação das paisagens. É o caso das atividades no campo, onde a retirada da vegetação original visa preparar o solo para a produção agrícola ou para a criação de animais.
Os seres humanos são capazes de adaptar-se a diferentes regiões do planeta, com suas características próprias, como clima, relevo e tipo de solo. Para isso, produzem diversos tipos de bens materiais que possibilitam essa adaptação.
Para produzir esses bens, são necessários vários recursos, obtidos por meio da exploração e da transformação da natureza. Ao fazer isso, as pessoas executam uma atividade fundamental para a sua sobrevivência: o trabalho.
O trabalho humano faz parte do espaço geográfico. Alguns tipos de trabalho transformam diretamente a paisagem. É o caso, por exemplo, da extração de minérios e da construção de edifícios, estradas e usinas hidrelétricas. Outros não alteram diretamente as formas da paisagem, apesar de ocuparem um espaço transformado. São exemplos os funcionários que trabalham dentro do prédio de uma indústria ou de um hospital (médicos, enfermeiros, atendentes, entre outros).
Em todos os casos, as atividades são realizadas por pessoas que se inter-relacionam e fazem parte da sociedade. Elas também estabelecem relação nos espaços onde realizam suas atividades cotidianas.
A escola foi construída por profissionais da construção civil, que, com seu trabalho, promoveram alteração na paisagem do lugar, utilizando diversas matérias-primas, elaboradas a partir de recursos naturais. Esse lugar fez parte, portanto, da vida desses trabalhadores durante o período de construção da escola. Essas pessoas trocaram sua força de trabalho por uma remuneração (salário).
Depois de pronta, a escola começou a ser utilizada por alunos, professores e outros funcionários, que passaram a realizar suas atividades nesse lugar, estabelecendo relações entre si. A escola e tudo o que se relaciona à sua construção e utilização fazem parte do espaço geográfico.
O trabalho é o meio pelo qual as pessoas modificam a natureza, constroem o espaço geográfico e se desenvolvem. Por meio do trabalho, obtemos diferentes produtos. Os objetos e os serviços que utilizamos, por exemplo, são resultado do trabalho humano. Ele permite que as pessoas satisfaçam as suas necessidades: alimentação, vestuário, moradia, transporte, educação, saúde, lazer, entre outras.

As relações de trabalho

Nas empresas de todos os tipos (indústrias, lojas, bancos, prestadoras de serviços), nos órgãos públicos (secretarias estaduais, municipais ou federais), nas escolas e hospitais, nas propriedades rurais, etc., os trabalhadores desenvolvem diferentes funções e tarefas. As relações entre esses diferentes trabalhadores determinam as relações de trabalho. A cada uma delas corresponde o desempenho de uma função ou uma tarefa no processo produtivo, na prestação de serviços ou no comércio.
Por exemplo, em uma indústria, há operários que produzem bens e outros que supervisionam essa produção. Há também os que trabalham nos setores administrativo e financeiro, de compras, de vendas (comercial), entre outros — além do dono ou empresário. Ocorre, portanto, uma divisão de tarefas em que cada profissional desenvolve uma função específica. Essa é uma característica muito comum das sociedades contemporâneas.
As pessoas envolvidas no processo produtivo e na realização de serviços recebem um rendimento, enquanto os donos das empresas ou das propriedades rurais (empresários) ficam com o lucro da empresa. O rendimento dos empregados (trabalhadores) é geralmente chamado de salário e varia conforme a tarefa ou a função exercida pelo funcionário, sua competência e sua experiência.
Em alguns países, a diferença entre os rendimentos dos que ganham mais e os dos que ganham menos não é tão grande. Já em outros, como o Brasil, ela é significativa, ou seja, o valor recebido não necessariamente equivale ao quanto a pessoa produz nem é calculado da mesma forma para todos os trabalhadores.
Isso gera uma expressiva desigualdade entre as condições de vida das pessoas. Quando isso ocorre, dizemos que há concentração de renda ou que há uma distribuição muito desigual das riquezas.

Desemprego

Você viu que é por meio do trabalho que a maior parte das pessoas consegue o dinheiro necessário para viver. Por causa disso, o trabalho é um direito de todos. No entanto, tanto no Brasil como no mundo existe um grande número de pessoas desempregadas, ou seja, que perderam o emprego e estão à procura de outro.
Existem várias causas possíveis para o desemprego e, muitas vezes, elas estão interligadas, ou seja, uma situação acaba determinando outra. Basicamente, o desemprego depende de fatores conjunturais e estruturais.
Fatores conjunturais: são aqueles ligados às crises econômicas, que provocam recessões nos países, caracterizadas pela queda na economia, queda nas produções e consequente perda de postos de trabalho.
Fatores estruturais: são aqueles ligados aos avanços tecnológicos (mecanização e robotização), que acabam substituindo a mão de obra humana.

Nos últimos anos, a economia mundial vem passando por sucessivas crises que — aliadas ao maior uso de tecnologia — agravaram ainda mais a situação dos trabalhadores. Para tentar diminuir o impacto do desemprego na vida da população, algumas medidas são tomadas pelos governos. No Brasil, por exemplo, o trabalhador que, após um ano e meio de trabalho com carteira assinada, for dispensado de seu emprego sem justa causa recebe do governo o seguro-desemprego, uma ajuda financeira temporária com um valor mensal de acordo com o salário que o trabalhador recebia.
Se, por um lado, os avanços tecnológicos (mecanização e automação, por exemplo) estão fazendo desaparecer muitas profissões, como fresadores, tipógrafos, datilógrafos e ferramenteiros, por outro eles criam uma demanda por novos profissionais, como programadores, web designers, operadores de telemarketing, entre outros.

A economia informal e o subemprego

Chamamos de economia formal o conjunto de atividades econômicas que cumprem com as obrigações legais e fiscais, ou seja, arrecadam impostos, registram seus funcionários, emitem notas fiscais, entre outras. Já a economia informal, muito comum nos países em desenvolvimento, corresponde a um conjunto de atividades econômicas realizadas sem registros oficiais (contrato social de empresa, emissão de notas ou cupons fiscais, recolhimento de tributos, etc.).
Nos países em que é grande a quantidade de desempregados, como no Brasil, é significativo também o número de pessoas que vivem em condições de pobreza, e até de indigência, ou seja, de miséria. Como não possuem escolaridade e formação adequadas, muitos não conseguem trabalho fixo e acabam exercendo atividades de subemprego. São exemplos dessas atividades: pequenos serviços esporádicos ou eventuais, como consertos e reformas em residências; vendas de mercadorias nas ruas; lavagem de automóveis; serviços temporários nas plantações em propriedades rurais, entre outros.
Os rendimentos das pessoas que sobrevivem de atividades de subemprego são incertos. Além disso, os subempregados não têm as garantias das leis trabalhistas, como direito a férias remuneradas e 13º salário, já que, na maioria das vezes, a pessoa trabalha por conta própria.


sexta-feira, 26 de julho de 2024

Os Tigres Asiáticos

Os países que originalmente colocaram em prática esse modelo agressivo de desenvolvimento ficaram conhecidos como Tigres Asiáticos e, ao longo do tempo, conquistaram avanços sociais e políticos importantes. A seguir, conheça alguns aspectos desses países.

Taiwan


Em 1949, com a formação da República Popular da China, o líder do partido Kuo-Min-Tang, Chiang Kai-shek, acompanhado de várias divisões do exército nacionalista, atravessou o estreito de Formosa e fixou-se na ilha de Taiwan, estabelecendo a República da China Nacionalista.
A China considera Taiwan uma província rebelde, não a reconhece como Estado-nação (país) e defende uma “reunificação pacífica”. Internacionalmente, Taiwan luta pelo seu reconhecimento como um Estado-nação soberano, uma vez que foi obrigado a se retirar da ONU em 1971, após a entrada da República Popular da China na organização.
O bom desempenho econômico da ilha, no contexto do crescimento dos Tigres Asiáticos, gerou desenvolvimento socioeconômico. A entrada de Taiwan na Organização Mundial do Comércio, em novembro de 2001, deu-se como território, não como país, mas contribuiu para a maior inserção de Taiwan nos mercados internacionais.  
Atualmente, o governo de Taiwan é uma democracia semipresidencialista e a capital, Taipé, se destaca como um importante polo industrial e comercial no leste da Ásia. Cerca de 50% do total mundial dos microchips e nanochips são produzidos nesse país, caracterizando uma importante base para a cadeia global de produção de smartphones, computadores, tablets, entre outras mercadorias.

Coreia do Sul

A partir da década de 1970, a Coreia do Sul transformou sua economia e passou a vivenciar um acelerado desenvolvimento econômico, ajudada por investimentos estadunidenses e também pela ampla participação do Estado, que destinou recursos para a educação e o desenvolvimento de tecnologias.
Atualmente uma república democrática presidencialista, a Coreia do Sul é uma grande potência industrial e um país com alto desenvolvimento socioeconômico.
Grandes empresas transnacionais sul-coreanas (chaebols) se destacam na produção de veículos, chapas de aço, equipamentos para telecomunicações, computadores, navios, produtos eletrônicos e petroquímicos. Entre elas, estão a Hyundai, fabricante de veículos, robôs, navios; a Samsung e a LG, que produzem equipamentos eletroeletrônicos e computadores.

Cingapura

Situado entre o estreito de Malaca (oeste) e o estreito de Cingapura (sudeste), que ligam os oceanos Índico e Pacífico, o Estado-nação Cingapura situa-se em uma área geográfica estratégica, no percurso de rotas marítimas que ligam a Europa ao Extremo Oriente, à Indonésia e à Austrália.
Cingapura é caracterizada como uma cidade-Estado, pois o território do país corresponde quase que inteiramente à cidade de Cingapura, sendo um dos mais diminutos do mundo. Atualmente, o país é uma república parlamentarista, mas seu sistema político é extremamente fechado, com apenas um partido político em atuação no país.
O comércio exterior de Cingapura é muito expressivo. Seus produtos de exportação são basicamente derivados de petróleo, borracha natural e maquinaria elétrica. A zona portuária de Cingapura é a segunda maior do mundo em termos de movimentação de cargas, perdendo somente para o porto de Xangai, na China.

Hong Kong

Hong Kong, que permaneceu entre 1842 e 1997 sob a administração colonial do Reino Unido, é atualmente uma Região Administrativa Especial da China.
O alto desenvolvimento socioeconômico atual é resultado de um processo histórico marcado pelo desenvolvimento da economia de mercado, com uma integração forte ao sistema capitalista internacional, notadamente no leste e sudeste da Ásia.
A cidade de Hong Kong é hoje uma das mais densamente povoadas do mundo, caracterizada como uma metrópole moderna e um dos maiores centros financeiros globais, contando com cerca de 140 grandes bancos e sedes de várias empresas transnacionais – responsáveis por cerca de 80% de toda a renda gerada no território. O porto de Hong Kong, assim como seu aeroporto, figuram entre os maiores e mais importantes do planeta em termos de fluxos de mercadorias e passageiros, respectivamente.

Os Novos Tigres

Os Novos Tigres, como vêm sendo chamados Malásia, Tailândia, Indonésia, Filipinas e Vietnã, se industrializaram recentemente, a partir dos anos 1980. No século XXI, vêm apresentando expressivo crescimento econômico.
Em muitos aspectos, esses países trilharam o caminho de desenvolvimento dos Tigres Asiáticos originais, promovendo grandes incentivos às exportações e atraindo investimentos estrangeiros e indústrias aos seus territórios. Isso foi feito por meio do oferecimento de vantagens comparativas, como mão de obra extremamente barata, isenção de impostos, concessão de terrenos, investimento em infraestrutura (energia, meios de transporte, portos, comunicações) e localização estratégica.
Nesse sentido, destacam-se muitas empresas transacionais que deslocaram suas unidades produtivas dos Tigres Asiáticos – que qualificaram seus trabalhadores e já não apresentam a vantagem de mão de obra barata – para os países que compõem os Novos Tigres, passando a produzir nesses países produtos como televisores, rádios, brinquedos, aparelhos de som, smartphones, computadores e artigos têxteis a um custo menor de produção. 
No Vietnã, por exemplo, nas últimas décadas, foram instaladas empresas transnacionais dos mais diversos ramos (alimentício, informática, eletroeletrônicos, automobilístico, etc.), além de cerca de cinquenta bancos estrangeiros.
Outro aspecto interessante nesse processo de transformação dos Novos Tigres é o grande volume de investimentos provenientes dos quatro Tigres Asiáticos originais e também do Japão.

Condições socioeconômicas

Atualmente, levando em consideração o desenvolvimento socioeconômico, existem contrastes significativos entre os Tigres Asiáticos e os Novos Tigres.
Os Tigres Asiáticos originais se aproveitaram do crescimento econômico e promoveram importantes avanços na área social, elevando seus valores de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Todos eles (com exceção de Taiwan, que não é considerado pelo Pnud na elaboração do IDH) apresentam desenvolvimento humano considerado muito alto e, consequentemente, indicadores sociais de países desenvolvidos.
Além de oferecerem uma boa qualidade de vida às suas populações, os Tigres Asiáticos dinamizaram suas economias – hoje bastante diversificadas – e se tornaram potências industriais, exportando bens industrializados de alta tecnologia e valor agregado para os mercados internacionais. Altamente urbanizados, esses países também se beneficiam de suas modernas metrópoles, que são polos financeiros globais; e, no caso da Coreia do Sul, da atuação de grandes grupos empresariais que competem com empresas transnacionais da
Europa e dos Estados Unidos nos mais diversos setores.
Os Novos Tigres, por outro lado, ainda são economias que se aproveitam da mão de obra barata e de vantagens comparativas para aumentar sua produção industrial, mas, de modo geral, ainda são muito dependentes de investimentos e tecnologias estrangeiras, sobretudo do Japão, da China e dos
Tigres Asiáticos.
Além disso, esses países apresentam indicadores sociais bem inferiores aos do Japão e dos quatro Tigres Asiáticos originais, menores taxas de urbanização e uma elevada porcentagem de mão de obra empregada em atividades primárias, como a agricultura e o extrativismo.

Crise e retomada do crescimento

O espetacular crescimento das economias dos Tigres Asiáticos – que se manteve por cerca de 30 anos (desde meados da década de 1960 a 1997) – resultou na conquista de mercados mundiais e no expressivo aumento do PIB, aproximadamente 700% no período em questão. No entanto, essa realidade não permaneceu sem variações.
Após apresentarem uma relativa desaceleração no crescimento econômico no início dos anos 1990, os Tigres e os Novos Tigres acabaram mergulhando em uma profunda crise econômica na segunda metade da década de 1990.
A ocorrência da crise se explica por uma série de fatores, entre eles, o crescimento do endividamento de curto prazo dos países e das empresas; o aumento crescente e irreal do preço dos imóveis; e a desaceleração da economia global em 1996, que provocou uma queda nas exportações e reduziu bastante a produção industrial.
No entanto, já no fim do século XX, os Tigres e os Novos Tigres, em média, retomaram um ritmo acelerado de crescimento. A crise provocada pela pandemia da covid-19, em 2020, voltou a interromper esse crescimento, o qual tem sido gradualmente retomado desde então. Nesse cenário, os Novos Tigres têm se destacado, com países como Filipinas, Indonésia e Vietnã apresentando um ritmo de crescimento econômico entre os mais rápidos do mundo, inclusive superiores aos dos Tigres Asiáticos originais.

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Indústria 4.0

Para alguns pesquisadores, as transformações relacionadas à inserção de novas tecnologias nos setores produtivos representam o início de uma nova revolução, a Quarta Revolução Industrial, ou Indústria 4.0 - Introdução de novas tecnologias: IoT, IA, nuvem, Big Data, sistemas ciber-físicos. A Indústria 4.0 irá provocar grandes mudanças no mundo do trabalho e elas não ficarão restritas apenas às indústrias. A previsão é que nos próximos anos surjam até 30 novas profissões nos diferentes setores da economia. 

As etapas de produção e distribuição da Indústria 4.0 são controladas digitalmente, englobando tecnologias de automação e troca de dados. É possível, por exemplo, controlar os estoques, aumentar ou diminuir o ritmo de produção, entre outras ações, além de aumentar a produtividade e reduzir os custos. No entanto, para implementar a Indústria 4.0, é necessária a adoção de um conjunto de tecnologias. Os países mais desenvolvidos já avançaram nesse sentido e os países emergentes estão fazendo essa transição de forma gradual.

No Brasil, a maior parte das indústrias ainda guarda características dos modelos produtivos da Segunda e da Terceira Revolução Industrial. Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que o custo de implantação dessas tecnologias foi apontado como a principal barreira para sua adoção. Além disso, o Brasil ainda precisa promover ampliações na infraestrutura digital e capacitação profissional.

Em 2018, o governo brasileiro lançou a Agenda Brasileira para a Indústria 4.0, com o objetivo de garantir a competitividade da indústria do país no cenário internacional, além de aumentar a eficiência e reduzir os custos de manutenção de equipamentos e de energia. Entre as ações do governo, destaca-se a criação de linhas de crédito para as empresas que pretendem adotar ou desenvolver novas tecnologias.

A pegada ecológica

A produção e o consumo de alimentos, bens e serviços e a realização de obras de infraestrutura são exemplos de atividades que demandam uso direto ou indireto dos recursos naturais biológicos renováveis. Para avaliar a pressão do consumo das populações humanas sobre esses recursos, foi criada a Pegada Ecológica.
A revisão dos nossos hábitos de consumo é cada vez mais urgente. Os problemas ambientais enfrentados atualmente indicam que já sofremos as consequências desse modo de vida baseado no consumo desenfreado.
Como forma de quantificar o consumo humano e relacioná-lo aos recursos naturais da Terra, os pesquisadores canadenses William Rees e Mathis Wackernagel criaram, em 1990, o termo pegada ecológica. De modo resumido, esse conceito indica quantos hectares produtivos na superfície terrestre seriam necessários para recompor os recursos gastos por um indivíduo, considerando seu padrão de consumo.

Os componentes da Pegada Ecológica

O termo Pegada Ecológica foi criado na década de 1990 por William Rees e Mathis Wackernagel, ecologistas canadenses. O cálculo da Pegada Ecológica é feito por categorias de consumo (as principais são: alimentação, habitação, energia, bens de consumo e transportes) convertidas em uma ou mais áreas de terreno. Isto é, para comparar a demanda humana com a biocapacidade – capacidade dos ecossistemas em produzir recursos úteis e absorver os resíduos gerados pelos seres humanos –, são somadas as extensões das áreas necessárias ao fornecimento dos recursos naturais biológicos renováveis consumidos pelas pessoas, das áreas ocupadas por infraestrutura e das áreas necessárias para a absorção de resíduos (CO2). Conheça a seguir os componentes da Pegada Ecológica.

Florestas - Áreas florestais necessárias para o fornecimento de produtos madeireiros, celulose e lenha.
Áreas construídas - Áreas ocupadas por infraestrutura humana, inclusive transportes, habitação, estruturas industriais e reservatórios para a geração de
energia hidrelétrica.
Dióxido de carbono - Áreas florestais capazes de absorver as emissões de CO2 derivadas da queima de combustíveis fósseis, com exceção da parcela absorvida pelos oceanos.
Pastagens - Áreas usadas para a criação de gado de corte e leiteiro, para a produção de couro e produtos de lã.
Áreas de cultivo - Áreas usadas para produzir alimentos.


Minorias no mundo globalizado

Minorias são grupos de pessoas que se diferenciam do restante da população do país onde vivem por se encontrarem em situação de desvantagem, opressão, discriminação ou exclusão de direitos. Isso os torna o público-alvo de organizações que promovem a garantia dos direitos humanos, como a Anistia Internacional ou os Direitos Humanos sem Fronteiras.

Esses grupos de pessoas podem ser considerados minorias por motivo de origem social, cultural, de gênero, de sexualidade, étnica ou religiosa. No trabalho com esse tema, você conhecerá um pouco melhor a questão das minorias étnicas.

O que são minorias étnicas

Grupos étnicos em geral se diferenciam uns dos outros por um conjunto de características herdadas de seus antepassados e transmitidas de geração em geração ao longo do tempo, como costumes socioculturais, língua e religião. As minorias étnicas são grupos que resistem, unidos, às opressões dos grupos étnicos majoritários.
Em muitos casos, as minorias étnicas não têm o território reconhecido internacionalmente e são consideradas grupos invasores em determinado país.
Outra questão que se destaca entre as minorias étnicas é a influência da cultura de massa dos grupos majoritários em sua cultura original. Nas últimas décadas, essa influência vem ocorrendo, sobretudo, pelo uso da internet entre a população mais jovem, ou seja, adolescentes das minorias têm adotado novos hábitos e costumes.

Imigrantes também se tornam minorias

Atualmente, imigrantes de diferentes etnias têm sido vítimas de exclusão ou restrição de direitos. Além de terem fugido de seus países de origem devido a situações de guerra, pobreza extrema ou perseguição religiosa, muitas vezes são discriminados nos países que os acolhem. Essas condições podem afetar a saúde física e mental dessas pessoas.
Em todos os continentes são encontrados grupos de imigrantes que se tornaram minorias e têm um longo passado de conflitos e opressões. Um exemplo é o povo cigano, que é nômade e migra constantemente há mais de mil anos, sobretudo entre a Europa e a Ásia.
Em alguns países europeus, por exemplo, é proibida a permanência de ciganos em seu território. Outros permitem que se estabeleçam, mas limitam seus direitos sociais básicos, como o acesso a serviços públicos de saúde e educação. Além disso, a população majoritária costuma agir com preconceito e discriminação em relação a esse povo.

Povos nativos tornaram-se minorias na Austrália, na Nova Zelândia e no Brasil

Outra situação comum relacionada às minorias é o caso de povos que, originalmente, eram majoritários, mas após o contato com colonizadores europeus, entre os séculos XVI e XVIII, passaram a ser minoria em seu próprio território.

Os povos aborígenes ocupavam a Austrália antes da chegada dos ingleses, no final do século XVIII. Com a chegada dos colonizadores, os aborígenes foram submetidos à escravidão e suas características socioculturais foram quase totalmente extintas. Somente há pouco mais de uma década o governo australiano reconheceu os aborígenes como os primeiros povos a habitar o país. Com isso, abriu espaço para a garantia de direitos básicos desses grupos, com a demarcação de suas terras e a manutenção de seus costumes e tradições.

A origem dos povos maoris, habitantes da Nova Zelândia, ainda não é totalmente conhecida pelos pesquisadores. Acredita-se que eles já habitavam o país séculos antes da chegada dos colonizadores ingleses, o que ocorreu em meados do século XVII. Batalhas travadas com os colonizadores e doenças transmitidas por eles foram responsáveis pela grande diminuição da população original. Os maoris tiveram seus direitos reconhecidos em 1840, em um acordo no qual a Inglaterra assumiu que esses povos são os verdadeiros proprietários das terras neozelandesas. Atualmente há, na Nova Zelândia, um forte movimento de reconhecimento e resgate da cultura dos maoris, que busca diminuir preconceitos e a forte exclusão social sofrida por esse povo.

Até o início do século XVI, os povos indígenas ocupavam livremente o território onde hoje é o Brasil. Os conflitos e as doenças trazidos pelos colonizadores europeus dizimaram grande parte desses povos. Além disso, os indígenas têm uma longa história de tentativas de escravização e de exploração das riquezas de suas terras pelos colonizadores europeus. O Brasil tornou ‑se um país independente em 1822, mas somente com a Constituição de 1934 os povos indígenas passaram a ter direito à posse das terras que ocupavam. A atual Constituição de 1988 assegura outros direitos a eles, como o respeito a seu modo de organização social, ao uso de sua língua e à prática de suas tradições.

Produção de energia no Brasil

Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...