Até meados do século XVIII, a produção de mercadorias era artesanal ou manufaturada, realizada, muitas vezes, na casa dos próprios artesãos. A indústria têxtil foi a primeira a surgir na Inglaterra. As fábricas receberam teares e máquinas a vapor que empregavam carvão mineral e geravam a energia necessária para mover as fiandeiras e os teares mecânicos. Veja a seção Olhar interdisciplinar.
No final do século XIX, outras mudanças que ocorreram devido ao desenvolvimento tecnológico alteraram o modo de produção industrial. A criação do motor de explosão e a descoberta da eletricidade ampliaram a capacidade das máquinas.
A partir de então, a indústria passou a empregar as novas fontes de energia, como o petróleo e as quedas-d’água usadas para gerar eletricidade.
A organização do trabalho na fábrica
No início da industrialização, crianças também trabalhavam nas fábricas. Os operários tinham de cumprir muitas horas de trabalho e recebiam salários baixos.
Eles tiveram de adaptar-se à passagem de uma vida no campo para uma vida urbana.
Se no campo o trabalho era realizado a céu aberto, nas fábricas ele ocorria em um local fechado, o que permitia controlar as atividades dos trabalhadores. No campo eles produziam o próprio alimento, enquanto nas cidades dependiam de seu trabalho para ter dinheiro e poder comprar comida.
Aos poucos foram criadas formas de organização do trabalho fabril. Vamos conhecer algumas delas: o taylorismo, o fordismo, o just-in-time e as ilhas de produção.
O taylorismo e o fordismo
A organização do trabalho fabril também passou por importantes transformações. No início do século XX, o engenheiro industrial estadunidense Frederick Winslow Taylor (1856-1915) desenvolveu um sistema que ficou conhecido como taylorismo, que dividiu as tarefas no interior da fábrica para aumentar a eficiência.
O taylorismo procurou fazer uma análise científica do trabalho na fábrica retirando o improviso da produção de modo a controlar todas as etapas do processo produtivo.
Henry Ford (1863-1947), outro engenheiro industrial dos Estados Unidos, mudou a organização do trabalho em sua fábrica de carros. Em vez de os trabalhadores se deslocarem pela fábrica para realizar suas tarefas, eles ocupavam uma posição fixa na linha de montagem e trabalhavam sem sair do lugar. As peças passavam em uma esteira rolante e cada trabalhador realizava sua tarefa repetidas vezes: um só encaixava o motor, outro apenas parafusava o motor na carroceria, outro encaixava os bancos, e assim por diante. Essa forma de produzir, que foi chamada de fordismo, diminuiu o tempo de montagem dos automóveis e aumentou a quantidade de produção.
Ford também via o trabalhador de sua fábrica como um consumidor dos produtos que ajudava a produzir na fábrica. Desse modo, garantia-se o mercado consumidor para os produtos.
Com o fordismo, o trabalho se tornou repetitivo e monótono e os operários perderam o controle sobre o processo de produção, o ritmo e os resultados da sua atividade.
O just-in-time
Na década de 1980, uma forma de administração da produção denominada just-in-time (“bem a tempo”) tornou-se muito popular. Seu criador foi Taiichi Ohno (1912-1990), engenheiro japonês que implantou o sistema em uma fábrica de automóveis em meados da década de 1960.
Com o sistema just-in-time, a fábrica produz apenas o necessário, quando é preciso, o que evita desperdícios. É um método que trabalha praticamente sob encomenda, sem manter grandes estoques, a partir do pedido do cliente. Essa prática é diferente do fordismo, em que primeiro se produzia – e muito – para depois tentar vender o produto.
Além disso, o sistema just-in-time possibilita que os produtos sejam fabricados atendendo às exigências do consumidor. No caso de um ônibus, por exemplo, o cliente pode escolher o tamanho do veículo, os equipamentos opcionais, como ar-condicionado, rádio e acesso à internet, e até a potência do motor. É como se cada um dos ônibus que saem da fábrica tivesse sido produzido sob medida, ao gosto do comprador.
As ilhas de produção
Com o just-in-time, surgiram as chamadas ilhas de produção, onde o trabalho é desenvolvido em equipe. Cada ilha realiza praticamente todas as etapas da fabricação de um produto. Nesse sistema, o trabalhador deve conhecer suas funções e as dos demais colegas da equipe, isto é, todos devem saber realizar todas as tarefas.
O trabalho feito em uma organização de ilhas facilita a comunicação, a integração e a troca de experiências entre as equipes. As ilhas também evitam que as tarefas se tornem monótonas, pois os trabalhadores desempenham diferentes funções. Além disso, permitem aumentar a produtividade industrial e diminuir o número de mercadorias com defeito de fabricação.
As inovações e os trabalhadores
As inovações tecnológicas não param de se expandir no setor industrial, pois a maioria das grandes empresas cria programas para ampliar a capacidade de produção. Desse modo, surgem novas profissões técnicas e de nível superior, enquanto outras desaparecem.
Uma das inovações mais importantes na produção industrial foi a introdução de robôs nas linhas de montagem. Inicialmente, eles foram utilizados apenas para operar em locais que colocavam a vida dos trabalhadores em risco, como ambientes radioativos ou de temperaturas muito elevadas. Aos poucos, porém, acabaram sendo utilizados para desenvolver funções rotineiras nas linhas de montagem. Essa inovação contribuiu para perda de emprego de muitos trabalhadores, que foram substituídos pelos robôs.
A modernização das indústrias gera desemprego, pois consegue aumentar a produção sem ampliar o número de empregados. Atividades que antes exigiam quatro trabalhadores passaram a exigir apenas uma máquina e um operário.
O desemprego causado pelas novas tecnologias – como a robótica e a informática – recebe o nome de desemprego estrutural. Veja o caso dos bancos: antes era preciso ir a uma agência para fazer qualquer tipo de movimentação – sacar dinheiro, pegar talão de cheques. Hoje em dia, um caixa eletrônico possibilita fazer essas atividades sem a presença de um trabalhador.
O mesmo ocorreu na atividade industrial. As etapas de pintura, por exemplo, eram realizadas por trabalhadores. Atualmente, uma placa é imersa na tinta por um robô, sem precisar de contato com trabalhadores. Tanto os países ricos quanto os pobres são afetados pelo desemprego estrutural, um dos mais graves problemas de nossos dias.
Essas mudanças ocorridas na indústria e nos processos de produção alteraram a luta dos sindicatos de trabalhadores em todo o mundo. Antes, buscava-se, principalmente, o aumento dos salários. Atualmente, a grande reivindicação dos trabalhadores passou a ser emprego. Os sindicatos propõem, entre outras medidas, a redução da jornada de trabalho sem a diminuição do salário e a criação de mais empregos.
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