sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Sistemas agrícolas

Há cerca de 10 mil anos que a espécie humana pratica a agricultura. Por isso desde essa época pode-se falar em espaço rural. As terras agrícolas ocupam cerca de 12% da superfície terrestre. Existe uma grande diversidade de produtos cultivados. Eles foram adaptados às condições climáticas e do solo pelos povos originários, que selecionaram as sementes que melhor se adaptaram a essas condições. Portanto, por meio da transformação da paisagem, os povos originários domesticaram animais e introduziram cultivos que ainda hoje são a base da nossa cadeia alimentar.

Nos sistemas agrícolas, a terra, o trabalho, os recursos energéticos e os recursos financeiros estão integrados. Esse conjunto de elementos permite a produção de alimentos.

Rotação de culturas e pousio

Em algumas regiões da América do Sul, do sudeste asiático e da África, por exemplo, várias comunidades tradicionais praticam a rotação de culturas. Nesse sistema, o agricultor usa as terras para cultivar produtos de maneira revezada.
Nos últimos anos, foram desenvolvidos sistemas de rotação de culturas que procuram integrar produtos de modo a usar permanentemente o solo. Contudo, o cultivo deve ser feito em conjunto com uma planta que exija menos nutrientes para que se consiga, ao mesmo tempo, fazer a reposição necessária para aquela terra.
O pousio consiste em deixar o solo sem cultivo por um período, possibilitando que recupere seus nutrientes. Depois de alguns anos de descanso, a área recuperada pelos processos naturais é retomada pelos agricultores para um novo período agrícola.

Agricultura itinerante

A agricultura itinerante é um sistema tradicional, de baixo nível tecnológico, que não exige grande investimento. Nesse sistema, usa-se a técnica da coivara, que é a queimada de uma área de mata para limpar o terreno para o cultivo. Essa técnica diminui a fertilidade do solo e o pequeno agricultor desloca-se para uma nova terra e abandona a anterior. No Brasil, é praticada por povos e comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos, há muito tempo. A produção é destinada para a subsistência e a possível comercialização de excedentes.
A queimada também é praticada por grandes pecuaristas e produtores de soja, mas não está relacionada à agricultura itinerante. Na região Norte do país, extensas áreas da Floresta Amazônica são queimadas ilegalmente com o objetivo de expandir as áreas de produção. A queimada, em ambos os casos, gera problemas ecológicos e ambientais, como a destruição da vegetação nativa, o risco de o fogo sair do controle e avançar pela floresta.

Agricultura em terraços

Na cordilheira dos Andes, na América do Sul, o profundo conhecimento do relevo, do solo e do clima pelos povos originários permitiu que se criasse um sistema de agricultura em terraços (ou em degraus, como também é conhecido), no qual a água das chuvas é retida nas encostas, evitando a erosão. Esse sistema também é encontrado na Ásia. Nos Andes os principais produtos cultivados são a batata e o milho; na Ásia, o arroz.
A agricultura em terraços é decisiva para a sobrevivência das comunidades que descenderam dos povos originários e que atuam como pequenos agricultores andinos. O terreno da região é muito inclinado, e os terraços evitam que os processos erosivos sejam tão intensos e acabam retendo os nutrientes que são transportados pela água, o que resulta em um acúmulo de solo mais rico que o presente nas encostas.

Agricultura irrigada

Os chineses recorreram a métodos próprios para garantir a produção de arroz às margens do rio Yang-tse, também conhecido como rio Azul, região caracterizada por temperaturas elevadas e grande volume de chuvas, desenvolvendo o sistema de agricultura irrigada.
Muitos trabalhadores realizam as tarefas de semear o arroz em canteiros preparados, transplantar as sementes para os arrozais, arrancar as ervas daninhas e, sobretudo, controlar a inundação dos campos para o cultivo das plantas, que precisam manter suas folhas acima das águas.
O sistema de agricultura irrigada também é realizado em outros lugares. Nele há enorme concentração de mão de obra por quilômetro quadrado e pouca terra disponível. Contudo, tal sistema é de alta produtividade e dispensa a necessidade de uso de fertilizantes, pois são naturalmente trazidos pela água com abundância de matéria orgânica. O sistema não somente
acelera o crescimento do arroz como tem garantido, há séculos, duas ou três colheitas por ano em um único terreno.

Agricultura mediterrânea

A agricultura mediterrânea é um sistema agrícola que pode ser encontrado nas áreas ao redor do mar Mediterrâneo. Essas áreas apresentam inverno chuvoso, com temperaturas amenas, e verão quente e seco.
Devido ao longo período com poucas chuvas, a agricultura mediterrânea desenvolveu-se com técnicas de aproveitamento da umidade do solo e pouco uso de irrigação.
O principal produto cultivado é o trigo. Além dele, as oliveiras podem ser encontradas em toda a região mediterrânea, em especial nas áreas mais secas.


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