O Afeganistão ganhou a atenção mundial ao derrotar as tropas da União Soviética em 1989, após 10 anos de uma ocupação comparável à Guerra Fria. Mergulhado alguns anos na guerra civil, o Afeganistão novamente despertou a atenção da comunidade internacional quando, em 1996, a facção islâmica fundamentalista denominada Talibã tomou o poder. Instalou-se então no país uma ditadura, cuja principal característica é a manutenção radical das tradições religiosas e culturais do Islã.
Esse cenário político-religioso favoreceu a aliança do país com grupos terroristas que combatiam a ocidentalização dos costumes nas sociedades árabes, representada, principalmente, pela influência política, econômica e cultural estadunidense nos países muçulmanos. Em setembro de 2001, o mundo assistiu a uma violenta demonstração desses impasses. Em ações planejadas, terroristas atacaram as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, em Washington, causando a morte de aproximada - mente 3 mil pessoas.
O impacto das cenas transmitidas em tempo real causou comoção, angústia e incerteza. Boa parte do mundo se solidarizou com o povo estadunidense. Ao mesmo tempo, buscava-se entender as razões históricas da tragédia, lançando novos olhares sobre a geopolítica dos Estados Unidos em relação às nações do Oriente Médio e da Ásia central. O governo estadunidense, após investigação, atribuiu a autoria dos atentados à rede terrorista Al Qaeda, liderada pelo árabe saudita Osama Bin Laden.
Em poucas semanas, o presidente estadunidense, George W. Bush, que estava em seu primeiro ano de mandato, adotou uma política militarista: organizou uma coalizão internacional contra o terrorismo e iniciou uma caçada contra Bin Laden, chegando a oferecer vultosa recompensa para quem o capturasse. A ironia do fato é que, na década de 1980, Bin Laden trabalhara para a CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, que, du - rante a Guerra Fria, realizava serviços de espionagem internacional e treinava guerrilheiros pró-capitalistas.
Da invasão à retirada das tropas estadunidenses Em outubro de 2001, a fim de capturar Bin Laden, os Estados Unidos declararam guerra ao Afeganistão, país que supostamente acolhera o terrorista. O fracasso na captura de Osama Bin Laden fez crescer a preocupação estadunidense com a segurança nacional e diminuir a popularidade de George W. Bush. Mesmo assim, Bush foi reeleito em 2004 e, em sua política externa, priorizou o combate ao terrorismo e aos países que representavam ameaças aos interesses dos Estados Unidos.
Em 2009, após ser eleito presidente dos Estados Unidos, Barack Obama prosseguiu a busca por Bin Laden, que foi capturado e morto em maio de 2011, no Paquistão, por soldados estadunidenses. Porém, isso não significou o fim dos conflitos no Afeganistão. O Talibã continuou lutando para recuperar o controle do Estado e derrubar o governo apoiado pelos Estados Unidos. No início de 2018, as forças do Talibã agiam em grande parte do país, e o governo afegão tentou iniciar negociações de paz para reconhecer o grupo como um ator político legítimo.
Durante o governo de Donald Trump (2017-2021), iniciaram-se as tratativas para a retirada das tropas estadunidenses do Afeganistão, na expectativa de que forças políticas afegãs reassumissem o controle do país.
A retirada dos estadunidenses consumou-se em agosto de 2021, durante o governo de Joe Biden, que havia tomado posse em janeiro afirmando que encerraria a mais longa guerra em que o país se envolvera. Ao contrário do que se esperava, o Talibã derrubou o governo do Afeganistão e retomou rapidamente o controle das principais cidades do país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário