quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Cenário social e econômico na América Latina

O fim da Guerra Fria favoreceu a redemocratização latino-americana, com a queda das ditaduras que vigoravam desde os anos 1960-1970. Na década de 1980, a região experimentou a abertura política, pressionada pela mobilização de setores sociais que reivindicavam a volta da democracia aos respectivos países. A transição democrática, entretanto, foi lenta e se construiu com negociações e concessões que envolveram forças governistas, movimentos estudantis e sindicais e partidos políticos de oposição. Do ponto de vista econômico, o período foi caracterizado como “década perdida” para a maioria dos países da América Latina. Eles enfrentaram acentuada crise econômica e endividamento externo, baixa competitividade de seus produtos nos mercados internacionais e queda no nível de industrialização. Na década de 1990, as novas democracias da região adotaram o neoliberalismo como modelo político-econômico. Privatização de empresas estatais, valorização da moeda e combate inflacionário, controle de gastos públicos, incentivo à entrada de capitais externos e tomada de empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) foram mecanismos usados para inserir esses países na chamada Nova Ordem Mundial.

Percalços na construção da democracia

No início dos anos 2000, alguns países da América Latina, incluindo o Brasil, elegeram, democraticamente, governos de esquerda, identificados com demandas populares de diversos movimentos sociais (urbanos, rurais, indígenas). No entanto, minorias conservadoras e contrárias às demandas populares continuaram a ganhar protagonismo político, refletindo o crescimento dos movimentos de ultradireita no mundo. No plano global, quando algum país latino-americano enfrenta instabilidade monetária, inflação, descontrole do déficit público ou outro sinal de crise, os capitais externos ali aplicados migram para países com economias mais estáveis. As sucessivas crises econômicas na América Latina impactaram de forma muito desigual pobres e ricos, aprofundando a concentração de renda e dificultando o desenvolvimento socioeconômico sustentável. Além disso, há muitos segmentos sociais sem acesso à terra, e o desemprego e o subemprego são ameaças constantes, sobretudo nas parcelas da população com baixa qualificação profissional. A pandemia de covid-19, embora tenha castigado duramente a região, trouxe à tona a necessidade de valorizar as políticas públicas, sobretudo a saúde e a segurança alimentar. Atualmente, projetos políticos e sociais integrados fazem parte da agenda de alguns países da América Latina, como México, Chile, Peru e Bolívia, refletindo a tentativa de reabilitar o papel do Estado na promoção do desenvolvimento econômico e do combate à pobreza por meio de políticas públicas.

Até o momento, nenhuma das democracias da América Latina foi capaz de quebrar definitivamente a estrutura colonial historicamente herdada. Em outras palavras, à exceção de Cuba e Venezuela, que trilharam o caminho do socialismo, os países latino-americanos continuam a desempenhar, no sistema capitalista globalizado, os papéis de fornecedores de matérias-primas, de mão de obra barata e de espaços disponíveis para a instalação de vastas plantas industriais. As experiências cubana e venezuelana, por sua vez, enfrentam baixo desenvolvimento econômico e queda na qualidade de vida da população. Espera-se que, nos próximos anos, haja maior intercâmbio de mercadorias e uma integração produtiva, a fim de desenvolver a região.

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