quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Os Estados Unidos no mundo contemporâneo

Resultado das políticas neoliberais dos Estados Unidos, a crise econômica de 2008 abalou a confiança no sistema bancário estadunidense e deu origem a movimentos populares que defendiam mudanças radicais no modelo econômico do país. O mais famoso desses movimentos, conhecido como Occupy Wall Street, mobilizou diversas manifestações em diferentes partes dos Estados Unidos a partir de 2011. Os protestos, entretanto, tiveram pouco sucesso, e mudanças efetivas não foram implementadas.

É importante lembrar que Barack Obama, candidato do Partido Democrata, tornou-se o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, em 2008. Muitos tinham a expectativa de que seu governo tomasse medidas para controlar a ação dos bancos e combater a desigualdade social. Entretanto, do ponto de vista prático, pouca coisa mudou: dados indicam que a parcela de riqueza controlada pelos 10% mais ricos dos Estados Unidos aumentou de 34%, na década de 1990, para 47% em 2017, por exemplo. Isso não significa que o governo Obama não tenha tomado algumas medidas sociais importantes, como a criação de um sistema de saúde destinado às pessoas pobres. Porém, essas medidas foram pontuais e não afetaram diretamente o modelo neoliberal de organização da economia. Do mesmo modo, a gestão Obama deu continuidade à política externa adotada desde os ataques terroristas de 2001. Operações militares em diferentes partes do mundo continuaram sendo organizadas com o objetivo de conter movimentos considerados perigosos para a segurança dos Estados Unidos. Exemplo disso foi a manutenção das tropas estadunidenses no Afeganistão.

A presidência de Donald Trump

Após dois mandatos de Obama, Donald Trump, do Partido Republicano, chegou ao poder em 2016. Durante a campanha eleitoral, Trump criticou a glo - balização, mas defendeu medidas neoliberais mais radicais e a adoção de uma postura ainda mais agressiva contra ameaças externas. Por diversas vezes, em suas redes sociais e nos discursos de campanha, Trump atacou minorias étni - cas e desvalorizou as pautas sociais, raciais e de gênero. O candidato associava aos imigrantes o aumento dos índices de violência dos Estados Unidos, além de atribuir aos estrangeiros a piora nos salários e na qualidade de vida da classe trabalhadora estadunidense. Uma de suas propos - tas era a construção de um muro na fronteira com México. Posteriormente à vitória de Trump, soube-se que sua campanha nas redes sociais foi feita com base em dados de eleitores obtidos de grandes empresas de tecnologia sem o consentimento deles. O fato motivou a discussão sobre a manipulação dos usuários das redes sociais pelos algoritmos das empresas de tecnologia digital, que determinam quais notícias, imagens e mensagens entram automaticamente na rede dos usuários, o que limita sua liberdade de escolha e os envolve em uma bolha de publi - cações que direciona suas ideias e opiniões. O caso tam - bém ampliou os debates sobre o direito à privacidade em diversas partes do mundo.

Principais medidas do Governo Trump

O início da gestão de Trump foi marcado pelo endurecimento das negociações internacionais e pela reversão de medidas sociais da gestão anterior. Além disso, ele defendia a redução dos impostos dos setores mais ricos e o fim de mecanismos estatais de intervenção na economia. Nas relações exteriores, o presidente ampliou a intervenção americana em conflitos internacionais. No Iraque, por exemplo, decidiu intervir no combate ao Estado Islâmico, contrariando a promessa da gestão Obama de não enviar novas tropas àquele país. Já em relação à Coreia do Norte, após surgirem evidências de que o país dominava tecnologia para a produção de mísseis nucleares de longo alcance, Trump ameaçou frequentemente iniciar uma operação militar para derrubar o regime norte-coreano. No contexto da pandemia de covid-19, o presidente Trump negou a disseminação da doença, minimizou os efeitos do coronavírus, além de desencorajar o uso de máscaras e o distanciamento social como forma de combate à propagação do vírus. O presidente estadunidense também fez propaganda de trata - mentos sem eficácia científica e pôs em dúvida a eficácia das vacinas.

Questões raciais nos EUA 

Em 1964, após muita luta dos afro-americanos, a Lei dos Direitos Civis estabeleceu a igualdade de negros e brancos perante a lei e proibiu a discriminação e segregação racial. Diferentes programas de ação afirmativa buscaram equiparar as condições de acesso dos negros a serviços básicos, como saúde e educação. No entanto, ainda hoje os índices de desenvolvimento e emprego mostram que os brancos têm maior escolaridade e renda. Desde 2013, o Black Lives Matter (BLM) – “Vidas Negras Importam”, em português – surgiu nos Estados Unidos como um movimento social de combate ao racismo estrutural. O grupo, por meio das redes sociais, passou a denunciar sistematicamente a violência policial para com as populações negras no país. Em maio de 2020, ainda em meio à pandemia, a morte de George Floyd durante uma abordagem da polícia em Mineápolis mo bilizou milhares de pessoas na luta antirracista nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, dando maior visibilidade ao movimento.

A corrida eleitoral e a virada de Biden 

Com Donald Trump, o nível de tensão e a polarização política nos Estados Unidos aumentou consideravelmente. Sem conseguir se reeleger, Trump recusou-se a aceitar a derrota e moveu uma série de ações judiciais para anular o pleito, alegando, sem provas, que havia ocorrido fraude eleitoral. Em 6 de janeiro de 2021, quando o Parlamento iria validar o resultado das eleições, Trump convocou seus partidários a se dirigirem ao Capitólio, em Washington, para protestar e impedir a realização da sessão. Uma multidão violenta invadiu o prédio, gritando palavras de ordem e intimidando os parlamentares. O episódio levou a Câmara dos Deputados a colocar em votação dois pedidos de impeachment contra o, ainda, presidente.

Em 20 de janeiro de 2021, Joe Biden – ex-vice de Obama e membro do Partido Democrata – assumiu a presidência com a “missão” de restabelecer a ordem e reconciliar os estadunidenses. No combate à pandemia, o novo governo investiu na testagem em massa e na campanha de vacinação. Em março daquele ano, Biden conseguiu aprovar no Congresso um pacote de US$ 1,9 trilhão para combater os impactos da pandemia na economia. Em relação à imigração, Biden reviu políticas de seu antecessor e paralisou a construção do muro na fronteira com o México. Em 2021, cerca de 2 milhões de pessoas foram flagradas pelas autoridades cruzando a fronteira, das quais 165 mil eram menores.

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