sábado, 14 de maio de 2022

Os índios da Paraíba

 1 – Populações indígenas

O território paraibano era dos mais densamente povoados do Brasil à época do "descobrimento". Antes da chegada dos portugueses aqui na América e a consequente ocupação do território brasileiro, a Paraíba já era habitada por grupos indígenas que ocuparam primeiramente o litoral; pertenciam a grande tribo Cariri e vieram provavelmente da região amazônica.

Devido à sua agressividade, foram chamados de tapuias por outros nativos, o que significa inimigos. Por volta de 1500 chegaram novas famílias indígenas, pertencentes à Nação Tupi-Guarani: eram os Potiguaras, emigrados do litoral maranhense e que se situaram na parte norte do litoral paraibano, desde as proximidades da Baía da Traição até os contrafortes da Borborema, de onde moveram guerra aos Cariris; o resultado foi o deslocamento destes últimos, para as regiões sertanejas.

Na época da conquista da Paraíba – segunda metade do século XVI – chegaram outros silvícolas, dessa vez pertencentes à tribo Tabajara, também de origem Tupi-Guarani, mas logo tornaram-se inimigos tradicionais dos Potiguaras, fixando-se na várzea do rio Paraíba.

Na segunda metade do século XVII, a maior parte da população ainda era constituída de índios.

O nível de civilização do índio paraibano era considerável. Muitos sabiam ler e conheciam ofícios como a carpintaria. Esses índios tratavam bem os jesuítas e os missionários que lhes davam atenção.

A maioria dos índios estava de passagem do Período Paleolítico para o Neolítico. A língua falada por eles era o tupi-guarani, utilizado também pelos colonos na comunicação com os índios. O tupi-guarani mereceu até a criação de uma gramática elaborada pelo Padre José de Anchieta.

    2 – Os Cariris

Os índios Cariris se encontravam em maior número que os Tupis e ocupavam uma área que se estendia desde o planalto da Borborema até os limites do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

Os Cariris eram índios que diziam ter vindo de um grande lago. Estudiosos acreditam que eles tenham vindo do amazonas ou da Lagoa Maracaibo, na Venezuela.

A Nação Cariri dividia-se em várias tribos das quais citaremos apenas as que existiam em território paraibano e proximidades. Esses grupos na Paraíba eram os seguintes: Paiacus, Icós, Sucurus, Ariús, Panatis, Canindés, Pegas, Janduis, Bultrins e Carnoiós. Destes, os Tapuias Pegas ficaram conhecidos nas lutas contra os bandeirantes.

3 – Os Tupis

Os Tupis habitavam a zona mais próxima ao litoral e estavam divididos em Potiguaras e Tabajaras.

a)     Tabajaras: Na época da fundação da Paraíba, os Tabajaras formavam um grupo de aproximadamente cinco mil pessoas. O seu nome indicava que viviam em tabas ou aldeias. Eram sedentários e de fácil convívio. A aliança que firmaram com os portugueses foi de grande proveito para os índios quando da conquista da Paraíba e fundação de João Pessoa.

Todos os aldeamentos ao sul do Cabo Branco pertenciam a indígenas dessa tribo e deram origem a muitas cidades e vilas, como, Aratagui (Alhandra), Jacoca (Conde), Piragibe (João Pessoa), Tibiri (Santa Rita), Pindaúna (Gramame), Taquara, Acaú, Pitimbu. Os Tabajaras parecem ter deixado o território paraibano em 1599.

b)     Potiguaras: Eram mais numerosos que os Tabajaras e ocupavam uma pequena região nos limites do Rio Grande do Norte com a Paraíba. Estavam localizados na parte norte do rio Paraíba, curso do rio Mamanguape e serra da Copaoba, foram rechaçados para o Rio Grande do Norte e aldeamentos na Bahia de Traição, onde ainda hoje se encontram seus remanescentes.

  Esses índios locomoviam-se constantemente, deixando aldeias para trás e formando outra. Com esta constante locomoção os índios ocuparam áreas desabitadas. Da serra da Copaoba, para o Sul, excetuando-se as aldeias estabelecidas no litoral, ao que parece, em nenhum ponto se fixaram. Toda a região do Agreste Acatingado que se estende de Guarabira a Pedras de Fogo, passando por Alagoa Grande, Alagonha, Mulungu, Sapé, Gurinhém, desocupada, no dizer de Horácio de Almeida ou assim foi encontrada quando da conquista.

Os Potiguaras eram uma das tribos mais populosas da nação Tupi, desempenharam importante papel na guerra holandesa com cujos povos se aliaram. Anos antes eles também foram aliados dos franceses, que mantinham feitorias no estuário do Paraíba e Baía da Traição (Acejutibiró) e de onde faziam incursões até a serra da Copaoba (Serra da Raiz) para a extração do pau-brasil. Esses índios resistiram feroz e bravamente, desde o início da conquista portuguesa.

Ainda hoje,  encontram-se tribos indígenas potiguaras localizadas na Baía da Traição, mas apenas em uma aldeia a São Francisco, onde não há miscigenados, pois a tribo não aceita a presença de caboclos, termo que eles utilizavam para com as pessoas que não pertencem a tribo.

Piragibe

Nas primeiras crônicas sobre a Paraíba, ainda no século XVI, os jesuítas falam muito no chefe tabajara "Piragibe", que significa "Braço de Peixe" ou "Guiragibe", traduzido como sendo "Assento de Pássaro".
O Braço de Peixe, foi um chefe guerreiro decisivo na conquista da Paraíba. Não se sabe, realmente suas origens. Não é filho da região. Supõe-se ter vindo das margens do São Francisco. Chefiando sua nação os Tabajaras, Pirajibe teria deixado as margens do São Francisco há mais ou menos onze anos. Não se sabe como surgiu nem de onde veio. As lutas nas quais participou são desconhecidas. Seus liderados têm-no como grande chefe tanto na guerra como na paz. Inicialmente foi aliado dos Potiguaras, até que houve o desentendimento e conseguiu aliar-se aos portugueses. Vinham aqui para os lados da povoação índia Piragibe, de quem originou-se o nome e dos lados do tibiry. Sua existência é lendária até que aliou-se aos portugueses. Dizem que viveu até aos oitenta ou noventa anos, merecendo o respeito de todos os seus liderados e dos conquistadores da Paraíba.
Com o rompimento das precárias relações dos Tabajaras e Potiguaras, degenerando-se em guerra aberta, na qual as duas aguerridas tribos se dilaceravam ferozmente, perdendo a vitória para esses últimos, mais numerosos e mais combativos do que os seus irmão da margem Sul do rio. Compreendeu Piragibe que a única salvação que lhe restava residia na aliança com os portugueses. Enviou emissário a Martim Leitão, oferecendo a sua colaboração na campanha contra os potiguaras. Essa notícia, ao chegar a Olinda produziu um ânimo dos colonizadores um sentimento de euforia, pois era conhecido a tenacidade do cacique tabajara e as qualidades guerreiras de seus comandados.

Índio Potí

Antonio Felipe Camarão teve papel importante na guerra contra os holandeses. Cacique dos Potiguaras, apresentou-se como voluntário para combater os invasores, em 1630. Faleceu em Arraial Novo (PE) a 26 de agosto de 1648. Já o historiador Southey afirma que o seu falecimento ocorreu em 1652, quando era transportado para Lisboa. em correspondência existente nos arquivos da Holanda ele é chamado de "canibal", pelos atos de crueldade contra brancos e os seus irmãos de raça.


A Economia Paraibana Colonial

A ocupação econômica do território paraibano, como aconteceu em todo o Brasil, esteve desde as origens, ligadas às necessidades do desenvolvimento mercantil metropolitano: uma economia voltada para o mercado externo, baseada no latifúndio, na monocultura e na mão-de-obra escrava. Assim implantou-se a grande produção açucareira (a partir do séc. XVI) e mais tarde a algodoeira (séc. XVIII), enquanto no agreste e no sertão desenvolveu-se a pecuária para atender as necessidades das cidades, povoados e das áreas voltadas para as culturas comerciais.

1 – Ciclos Econômicos
a) Pau-brasil

O ciclo do pau-brasil predominou em todo o período Pré-colonial. A sua exploração não fixava o homem a terra, levando apenas a instalação de feitorias. Constitui-se o primeiro produto de comércio não só na Paraíba, mas em todo o Brasil. Foi também o motivo das tentativas de fixação dos franceses no nosso litoral.
O seu valor como matéria prima de tinturaria foi atestado na Europa e na Ásia. Daí sua importância econômica. Pernambuco e Paraíba figuravam entre os pontos do Brasil onde a madeira era mais encontrada. Foi o primeiro monopólio estatal da Paraíba: pelas leis do Mercantismo só a Metrópole poderia explorá-la. Destaca-se ainda, a incômoda presença francesa, que desde cedo, contando com o apoio dos índios contrabandeavam a madeira. Haja vista, que esse tipo de exploração não exigia a ocupação do território. Tanto portugueses quanto franceses, negociavam, nas costas do Brasil, desde os primeiros anos do século XVI. Em 1634, o pau-brasil das matas de Baía da Traição e do Mamanguape era explorado mais intensamente, enquanto o curso inferior desse rio enchia-se de currais, representando fazendas para criação de gado.

b) Cana-de-açúcar

Da mesma forma, que em todo o litoral nordestino, a ocupação da faixa litorânea, baseou-se na exploração da cultura canavieira em grandes unidades produtivas: os engenhos. A conquista da Paraíba, por exemplo, é uma consequência natural da cultura da cana-de-açúcar.
E o progresso dessa indústria foi espantoso no fim do século XVI, e na Paraíba, a primeira tentativa de introdução da cultura da cana foi em 1579, na ilha da Restinga, fracassada pela invasão dos piratas franceses na região. A implantação definitiva da cultura da cana na Paraíba surgiu com seu primeiro engenho, em 1587. Logo após a fundação da cidade de Nossa Senhora das Neves, Martin Leitão instalou o engenho real de Tibiri. Depois de passar da zona da mata para o agreste, a lavoura migrou para as regiões úmidas do sertão.
Segundo assinala Varnhagen, em 1610 a capitania da Paraíba já possuía dez engenhos de açúcar. Por ocasião da conquista holandesa (1634), a estrutura produtiva canavieira já estava implantada a pleno vapor para abastecer o mercado externo. O número de engenhos subia a dezoito, dos quais dois na área de Mamanguape, junto aos rios Camaratuba e Miriri. Os demais distribuíam-se pelo vale do Paraíba, aproveitando a extensa rede de afluentes destes - Tibiri, Tambiá, Inhobim, Gargaú - alguns dos quais navegáveis.
Os primeiros núcleos de povoamento e expansão do processo colonizador se implantaram como função da exportação do açúcar. A conformação econômica da Paraíba, no seu primeiro século de existência, mostrava a atividade canavieira como núcleo central em torno da qual gravitava uma economia de produção de alimento para a população ali ocupada. O milho, o feijão e a mandioca eram culturas inteiramente secundárias e somente eram cultivadas em quantidades mínimas para a alimentação dos trabalhadores, escravos, índios ou pessoas livres. A introdução do boi nas terras sertanejas tinha como função prover de alimentos a força do trabalho que movia a atividade dinâmica do território.
O engenho colonial, a grande propriedade produtora de açúcar, era constituído, basicamente por dois grandes setores: o agrícola que era formado pelos canaviais, e o de beneficiamento – a casa do engenho, onde a cana-de-açúcar era transformada em açúcar e aguardente. Muitos engenhos possuíam também destilarias para produzir a aguardente (a cachaça), utilizada como escambo no tráfico de negros da África.
Além dos escravos, o engenho utilizava também o trabalho de homens livres nas atividades de administração e em atividades técnicas. Em torno dos engenhos desenvolveram-se uma série de pequenas atividades – os ofícios – e também áreas utilizadas para a cultura de alimentos.
O caráter da produção açucareira baseava-se numa economia monocultura, latifundiária e escravista. Em fim do século XVI, com a implantação dos primeiras sesmarias, ela foi iniciada na Paraíba, na várzea do Rio Paraíba do Norte. Já no início do século XVII, toda a área encontrava-se povoada e ocupada por numerosos engenhos.

c) Pecuária

Com a expansão da cultura canavieira, novas terras foram sendo incorporadas ao plantio, ao mesmo tempo que as necessidades de combustível (a lenha) para atender os engenhos também aumentavam. O resultado foi a destruição das florestas que cobriam todo o litoral; o que levou os colonos a procurar madeira em áreas cada vez mais distantes, aumentando assim, a necessidade de animais de carga.
Por outro lado, a expansão da cana engolia os pastos, o que impossibilitava a convivência das duas atividades. Desta forma, a atividade criatória foi se interiorizando e se desenvolveu, em especial no sertão, para abastecer os engenhos de animais de tração e de carne, que era destinado também aos pequenos centros urbanos litorâneos.
O gado chegou à Paraíba representando um novo elemento econômico para região. Bois, cavalos, cabras foram ocupando os currais das sesmarias e fizeram do sertão conhecida "civilização do couro". Os portugueses enxergaram futuro enriquecido com a criação de gado e com a escravidão indígena, o que os levou a investirem e a ocuparem cada vez mais regiões do sertão paraibano. Em meados do século XVII todo o território paraibano já estava conquistado, com uma concentração demográfica maior no litoral que no sertão.
A penetração rumo ao sertão paraibano processou-se principalmente através dos rios, ao longo dos quais foram se instalando as grandes fazendas de gado. A pecuária tinha um caráter extensivo devido à pobreza das pastagens (caatinga) aos longos períodos de estiagem e a utilização de técnicas rudimentares. A dispersão explica-se pela reduzida utilização de mão-de-obra nesta atividade.

d) Algodão

Até o início do século XIX era a agromanufaturas do açúcar o principal sustentáculo da economia paraibana. Mas o açúcar, que desde a invasão holandesa não conseguira recuperar a sua posição no mercado mundial, decaia intensamente, através de sucessivas crises, terminando por ceder a sua primazia ao algodão, que assumiu o lugar de principal produto de exportação.
A expansão da lavoura algodoeira que, primitivamente fixada no sertão, invade o brejo, chegando até a zona úmida dos canaviais, depois de excelentemente aclimatadas nas zonas acatingadas de Ingá e Itabaiana, a sudeste, e vila de Independência (Guarabira), a nordeste.
Em meados do século XIX, o desenvolvimento da cultura algodoeira daria novo á ocupação do espaço paraibano. Neste período, devido a Guerra de Secessão, os EUA foram afastados do mercado produtor internacional. Assim, a Inglaterra – maior centro têxtil – passou a estimular a plantação de algodão noutras áreas no Brasil, o nordeste tornou-se o mais importante produtor e exportador de algodão. Na Paraíba, a cultura foi responsável pela consolidação da ocupação do sertão e do povoamento do agreste e brejo. Assim como a cana-de-açúcar, o algodão, nas fases de cultivo e processamento para a exportação, também constituem um dos exemplos típicos de "plantation" tropical.
O escoamento da produção do algodão sertanejo e mesmo do açúcar do litoral era dificultado pelos longos percursos feitos por tropas de animais. Para vencer estas distâncias e garantir a rápida chegada das mercadorias aos portos, principalmente ao recife, é que foi instalada a estrada de ferro.
Na primeira metade do século XX foi concluída a ligação ferroviária de Souza a campina grande, o que permitiu a esta cidade aumentar o seu papel comercial sobre o sertão e também incrementar as exportações do algodão através do Porto de Cabedelo (na época um dos principais terminais algodoeiros do nordeste).
A ferrovia completou o processo de ocupação do território paraibano. A cana-de-açúcar, o gado e o algodão comandavam este processo, com base na implantação de uma economia agrário exportadora.



A Paraíba e a Formação do Estado Brasileiro

Por ter sido um dos pontos territoriais do Brasil conhecido e explorado desde o início da colonização, a paraíba em sua história, acompanha a própria História do Brasil, desde seu descobrimento até os dias atuais.
Após a descoberta do Brasil, como capitania, a paraíba foi explorada e colonizada. Na administração colonial do Brasil, foram configurados três modalidades de estatutos políticos: o das capitanias hereditárias, o do governo geral e o do Vice-reino. Na Paraíba, tivemos a criação da Capitania Real em 1574. Em 1694, esta capitania se tornou independente. Entretanto, passados mais de sessenta anos, a capitania da Paraíba foi anexada à de Pernambuco em 1º de janeiro de 1756. Assistiu e participou dos movimentos contra a invasão dos estrangeiros (franceses e holandeses).
Com a vinda da família real para o brasil, em 1808, a Paraíba passou à condição de província. D. João VI, que governava Portugal e suas colônias, como príncipe-regente, no lugar de sua mãe D. Maria (que era doente mental), fugiu para o brasil com toda sua corte, por causa de guerras na Europa entre França e Inglaterra.
A paraíba, participou, então, dos movimentos contra o domínio português. Esses movimentos tinham como objetivo separar o Brasil de Portugal. Em 1817, quando se iniciou em Pernambuco uma revolta contra o domínio Português, na paraíba logo se aderiu ao movimento. Nosso estado participou ativamente do movimento e muitos paraibanos ilustres perderam sua vida lutando por esse ideal entre eles: José Peregrino de Carvalho, Amaro Gomes Coutinho e padre Antônio de Albuquerque. A revolução foi derrotada, mas a ideia de libertação continuou viva.
Aumentava a cada dia nos brasileiros o desejo de independência e este sentimento se espalhava por todo o território nacional. D. João voltou a Portugal, para assumir o governo em Lisboa, os os franceses já tinham se retirado. Deixou no Brasil seu filho D. Pedro I, que proclamou nossa independência; as margens do riacho do Ipiranga , em São Paulo, no dia 7 de setembro de 1822. ele se tornou imperador do Brasil.
Assim a paraíba foi das primeiras províncias a declarar apoio a D. Pedro I e a reconhecer a sua autoridade para resolver todos os negócios do Brasil, antes mesmo da proclamação da independência. Essa atitude fez com que José Bonifácio de Andrada e Silva se dirige-se ao povo paraibano, chamando de “povo bom e leal da paraíba”. A paraíba recebeu com festas a notícia da proclamação da independência e a da aclamação de D. Pedro I como Imperador do Brasil.

De 1808 até a República

Com a chegada da família real portuguesa no Brasil, entrava em decomposição o sistema colonial no Brasil em virtude das transformações exercidas na colônia tanto na administração, como nas novas ideias implantadas, assim como na abertura dos portos ao comércio das nações estrangeiras, a elevação da colônia à categoria de reino com a criação da impressão régia, e a revogação das leis que proibiam as atividades industriais no Brasil.
Sendo o Areópagos fundado pelo naturalista paraibano Manoel de Arruda da Câmara no ano de 1799 em Itambé com a finalidade de estudar as ideologias da revolução francesa contra o absolutismo monárquico de Portugal e preparou adeptos para o sistema republicano essencialmente democrático com noção da dignidade do homem sem diferenciação de raça, que entre eles faziam parte André Dias de Figueiredo, do Padre João Ribeiro Pessoa, Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque Montenegro, José Pereira Tinoca e outras figuras de destaque da Paraíba e Pernambuco que cogitavam na criação de uma republica sob a proteção de Napoleão Bonarparte na qual os irmãos Suassuna foram os mais comprometidos na conjura, e logo após o plano ser descoberto foi aberto uma devassa na qual não se apurou nada de positivo, e os acusados sendo libertados, porém a ideia de independência continuou bailando no ar quando cresceu e se propagou através das lojas maçônicas que funcionavam com o rótulo de academia.

A Academia do Cabo fundada por Francisco Paes Barreto, o Morgado do Cabo, que funcionava no Recife e também nesta mesma cidade funcionavam a Pernambuco do Oriente fundada por Cruz Cabugá e a do Oriente fundada por Domingos José Martins, e a Academia Suassuna, além destas academias também haviam em Iguaraçu uma oficina que foi fundada pelo Capitão Francisco Xavier de Morais Cavalcanti, nesta época não funcionava nenhuma academia na Paraíba, porém pessoas como Amaro Gomes Coutinho, Estevan José Carneiro da Cunha, Joaquim Manoel Carneiro da Cunha, Joaquim Batista Avundano, Francisco Xavier Monteiro da França, André Dias de Figueiredo e outros mais que já estavam iniciado nos mistérios da maçonaria.
E no ano de 1800 o bispo Azeredo Coutinho que era um homem culto, viajado e integrado no espírito da época, muito embora não participasse das ideias revolucionarias, fundou o Seminário de Olinda que concorreu em muito para a propagação da ideias republicana no nordeste brasileiro em virtude dos padres estarem bem informados a respeito da revolução francesa e por se colocarem em posição contraria com o poder absoluto do monarca e com isto acabaram-se se tornando os arautos da idéias que só admitiam independência com republica, E a par disso, crescia a animosidade entre brasileiros e portugueses que acabou irrompendo o sentimento nativista que foi a primeira manifestação de nacionalismo e que deu aos brasileiro a consciência de pátria que naquela época não existia. E devido aos ânimos acirrados em 6 de Março de 1817 ocorreu a prisão de alguns militantes maçons quando o brigadeiro Manoel Joaquim Barbosa que era odiado por sua prepotência e superioridade portuguesa mandou chamar ao quartel para que fossem preso todos os oficiais brasileiros suspeitos de serem conspiradores.
E como consequência a cidade de Recife foi tomada de inteira desordem quando o Governador Caetano Pinto que havia se refugiado na fortaleza do Brum foi obrigado a renunciar e alguns oficiais foram mortos após esboçarem alguma reação, desta forma estava vitorioso o movimento revolucionário que rebentou inopino, sem data marcada, sem plano de ação e sem articulação com as capitanias vizinhas, porém compensado pelo contágio ideológico dos chefes locais para exercerem de forma maravilhosa a organização e a propaganda do plano revolucionário quando implantou de pronto uma república com bases democráticas, e no momento em que organizavam o governo, os pernambucanos enviaram alguns emissários para explicar o sentido da revolução e pedir adesão do movimento ao triunvirato que administrava a Paraíba em virtude da morte do Governador Antônio Caetano Pereira.
E partiu junto com Manoel Clemente Cavalcanti para Pilar comandando um terço armado para plantar a bandeira da liberdade e se juntar as tropas de André Dias de Figueiredo e de Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão e partiu com destino a capital onde a administração da Paraíba era exercida interinamente por um triunvirato composto pelo Ouvidor Geral André Alves Pereira Ribeiro Cirne, pelo Coronel Francisco José da Silveira e do Vereador Manoel José Ribeiro de Almeida que ao tomarem conhecimento dos primeiros rumores dos fatos ocorridos na cidade de Recife, imediatamente colocaram os quartéis de prontidão e confiaram a ordem publica ao Coronel de Milícia Amaro Gomes Coutinho e ao Comandante da Tropa de Linha Estevam José Carneiro da Cunha, e na madrugada do dia 13 ao tomar conhecimento da aproximação das forças revolucionarias vinda do interior da capitania, o Ouvidor Geral André Pereira Cirne que era o presidente da junta governativa, imediatamente fugiu da capital para Mamanguape de onde seguiu para o sertão disfarçado de vaqueiro e pela manhã quando os outros membros da junta chegaram ao palácio do governo, foram surpreendido com a fuga do presidente e por conta dista e sem medirem as consequências, de imediato entregaram o governo aos chefes militares Amaro Gomes Coutinho e Estevam José Carneiro da Cunha que também participavam das mesmas idéias democráticas e estavam dispostos a proclamarem a república na Paraíba, por este motivo quando da chegada das forças revolucionarias avinda do interior em 15 de Março.
Que proclamaram a república e elegeram no palácio do governo uma junta composta pelo Padre Antônio Pereira de Albuquerque Melo, Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão, Francisco Xavier Monteiro de França e Francisco José da Silveira que aboliram as insígnias reais a fim de apagar a lembrança do absolutismo monárquico quando extinguiram os cargos de ouvidor geral e juiz de fora, anistiaram todos aqueles que haviam sido condenados pelo ex-Ouvidor Geral André Alves Pereira Ribeiro Cirne, acabaram com o imposto da carne, proibiram a criação de gado solto nas terras de cultura, prescreveram concessões para novas sesmarias, regulamentaram a administração dos índios e adotaram a bandeira da república da Paraíba.
Os revolucionários paraibanos que se denominaram como patriotas imediatamente enviaram ao Rio Grande do Norte uma expedição militar sob o comando de José Peregrino de Carvalho, com a missão de propagar a causa da república, que já estava proclamada em terras potiguar pelo patriota André de Albuquerque Maranhão senhor de Cunhaú com pouca aceitação pelo povo, e por conta disto José Peregrino permaneceu alguns dias no Rio Grande do Norte para ajudar a André de Albuquerque Maranhão na sua sustentação a frente do governo, porém no final do mês de Abril José Peregrino foi chamado de volta a Paraíba, e a república potiguar acabou se desmoronando em virtude do assassinato do patriota André de Albuquerque Maranhão dentro do palácio do governo.
No retorno de José Peregrino de Carvalho a Paraíba ele encontrou a república bastante enfraquecida em seus movimentos em face do bloqueio praticado em todas as partes pelas forças legais que acarretavam um desânimo nas hostes republicanas da Paraíba, e por conta disto João Alves Sanches Massa e Matias da Gama Cabral marcharam contra as forças rebeldes do Coronel Amaro Gomes Coutinho para um confronto que se realizou no dia 5 de Maio em Tibiri que levou as forças republicanas a baixar as armas com a capitulação de Amaro Gomes Coutinho no dia 6 no improvisado quartel armado no Convento de São Bento quando jurou obediência e vassalagem ao Rei Dom VI, e que com isto a Paraíba foi restaurada, e para compor o governo em caráter provisório foi chamado os legalistas Gregário José da Silva Coutinho, o Capitão João Soares Neiva e o Vereador Manoel José Ribeiro de Almeida que ficaram em plena liberdade para atuarem conforme os termos da capitulação e por conta disto no periodo do dia 6 a 13 de Maio ninguém foi punido ou molestado.
A exceção de José Carneiro da Cunha que era o líder da revolução e que era o líder da revolução e que escapou de ser preso por estar escondido no seu engenho Tibiri nas proximidades de Santa Rita, pois quando procurado por agentes da legalidade se encontrava metido num buraco que fora cavado na choupana de uma escrava de estimação onde permaneceu até que cessou as buscas e seguiu para a cidade do Recife onde se escondeu na casa de um amigo e embarcou para a Inglaterra junto com José da Cruz Gouveia que chegou da Paraíba por outros caminhos.
Com o restabelecimento do legalismo, foi instalado na cidade do Recife uma comissão militar que ficou encarregada de apurar a responsabilidade dos implicados na revolução de 1817, comissão esta que praticou as mais variadas injustiças ao exercer todo tipo de vingança em nome do poder legal, pois as vitimas foram sumariamente condenadas e a primeira a ser executada foi o Tenente Antônio Henrique que comandava a fortaleza de cinco pontas no Recife, e que ao caminhar para o patíbulo onde foi degredado seguiu resoluto e soltou alguns impropérios contra ao absolutismo monárquico até ser empurrado pelo carrasco e a seguir no dia 10 de Maio foram enforcados os Capitães Domingos Teotônio Jorge e José de Barros Lima o Leão Dourado que do alto da forca vociferaram contra a vingança legal e no dia 21 de Maio foram enforcados os patriotas paraibanos José Peregrino de Carvalho, Amaro Gomes Coutinho e Francisco José da Silveira e no dia 6 de Setembro subiram ao patíbulo os seus companheiros de infortúnio os Padres Antônio Pereira de Albuquerque e Inácio de Albuquerque Maranhão.
E que fez parte da junta que governou a Paraíba na república de 1817, e ao tomar conhecimento da conspiração que sufocou as tropas comandadas por Amaro Gomes Coutinho na batalha travada nas margens do rio Tibiri, se manifestou no sentido de que as tropas revolucionarias deveriam se render debaixo do titulo de capitulação para evitar uma efusão inútil de sangue e por ser um dos lideres da insurreição acabou preso e condenado a morte, porém a sentença que o condenou teve efeito suspensivo por força de um recurso quando Francisco Xavier Monteiro de França declarou que foi levado contra a sua vontade a fazer parte da revolução e por conta disto a comissão militar interpôs para ao soberano que através da carta régia de 28 de Novembro concedeu perdão da pena de morte para o réu e o remeteu aos cárceres da Bahia de onde foi libertado em 2 de Março de 1821 por força do perdão geral.
Através da carta régia de 6 de Agosto foi criada uma alçada que substituiu a comissão militar em 13 de Outubro quando se instalou sob a presidência do Desembargador Bernardo Teixeira Coutinho Alvares de Carvalho que pertencia a relação da Bahia e de formação granítica que sabia prender mas não sabia soltar e por conta disto Manoel da Fonseca Galvão que havia levantado a bandeira da liberdade em Mamanguape cuja guarda foi confiada ao Vigário Veríssimo Machado Coelho que hospedara a tropa de Peregrino de Carvalho em seu regresso do Rio Grande do Norte acabou sendo preso quando o Capitão mor Sebastião Nobre de Almeida hasteou o estandarte real como triunfo da legalidade e na oportunidade alguns moradores do lugar deixaram de comparecer ao ato da restauração e por conta disto acabaram sendo presos e remetidos para os calabouços da Bahia junto ao vigário, em Vila Nova da Rainha o vigário da freguesia Virginio Rodrigues Campelo foi preso, processado e enviado aos cárceres da Bahia por ter feito propaganda da revolução para os seus paroquianos no Brejo da Areia quando da contra revolução Antônio José Gomes Loureiro e o Frei João de Santa Teresa que faziam parte do governo estabelecido para restabelecer a ordem do lugar e que haviam se arrependido de terem tomado parte na república instalada na Paraíba e que recriminavam-se reciprocamente, acabaram sendo presos quando acompanhavam alguns prisioneiros que eram remetidos para a capital sob a acusação de cometerem desmandos durante a jornada e um outro fato relevante se deu quando Antônio Tomaz Duarte ao chegar em Brejo de Areia foi imediatamente peso e remetido para a capital fortemente escoltado, no entanto misteriosamente acabou fugindo junto com os soldados que o conduziam.
Em Vila do Pombal o Vigário José Ferreira Nobre e seu irmão Antônio José Nobre implantaram a revolução instruído pelo Frei Miguelito e por João Ribeiro quando estavam no seminário de Olinda, e ao organizarem um corpo de tropa e marcharam para a cidade de Souza ao encontro do Padre Luís José Correia de Sá que era considerado como um homem forte do sertão.
Na intenção de derrubar o governo tirano de Manoel Inácio Sampaio e proclamarem a república da liberdade, todavia ao chegarem em São João do Rio do Peixe foi surpreendido com a noticia de que havia caído a república na Paraíba e em Pernambuco, e por conta disto imediatamente dissolveu o seu exército e ainda de armas nas mãos passou para a legalidade exatamente quando o Ouvidor Geral André Alves Cirne abandonava o seu esconderijo em Painço e marchava em direção a capital acompanhado de um exército fortemente armado e que ao chegarem na Paraíba em 9 de Junho destituiu o triunvirato que a governa e constituiu um outro que junto a ele ficou formado por Matias da Gama Cabral e Manoel José Ribeiro de Almeida que foi dissolvido três dias após em virtude da posse do novo Governador Tomaz de Souza Mafra que era um homem demasiadamente tímido e por isto viveu grande parte de seu governo assustado com o fantasma de outra revolução e para que isto não acontecesse ordenou que o ouvidor geral que deixou fama de desonesto em virtude da distriçao da justiça por ele aplicada, que abrisse uma devassa contra os suspeitos de terem participado da república paraibana, e por conta da recomendação do Presidente da Alçada Bernardo Teixeira para que dessem preferencia para as testemunhas portuguesas, as quais acabaram acusando e prestando falsos testemunhos por meras suspeição e por conta disto a cadeia da Paraíba e a fortaleza do Cabedelo se encheram de muitos inocentes, como no caso de Manoel Lobo de Miranda Henriques que não teve nenhuma participação ativa, porém por ser genro de Francisco José da Silveira que era membro da junta revolucionaria acabou sendo preso e remetido para a Bahia, entretanto muitos revolucionários a não prestaram conta a justiça em virtude das extorsões praticadas pelo ouvidor geral como no caso do Sargento mor Antônio Galdino Alves da Silva que comandou a tropa rebelde na marcha de Pilar sobre à Paraíba em 13 de Março e que nada sofreu pois nenhum processo foi aberto contra ele por ser filho do Coronel João Alves Sanches Massa que era amigo intimo do ouvidor geral, e um outro que nada sofreu foi o Capitão Manoel Alves da Costa Lima que comandou uma companhia de ordenança na marcha de Pilar à Paraíba e que era genro do Coronel João Alves Sanches Massa, e num outro caso o governador do Ceará Manoel Inácio Sampaio organizou um exército sob o comando do Coronel Alexandre José Leite Chaves para vasculhar os sertões da Paraíba, onde capturou diversos elementos comprometidos com o movimento, e entre eles estava o Padre Luís José Correia de Sá e o seu filho Francisco Antônio Correia de Sá os quais o Ouvidor Geral André Alves Cirne os acolheu em Souza e os excluíram da devassa por entender que estavam inocentes das acusações recebidas e os fizeram regressar a capital, e pela carta régia de 6 de Fevereiro de 1812 a devassa foi encerrada e os presos que não fossem lideres da revolução deveriam ser postos em liberdade, todavia o Presidente da Alçada Bernardo Teixeira interpretou que todos os presos eram lideres do movimento, e por este motivo nenhum preso foi solto, e por conta disto o Governador de Pernambuco Luís do Rego através de uma carta enviada ao Ministro Tomaz Antônio Vila Nova Portugal pediu clemência para todos os envolvidos na devassa e relatou como agia o presidente da alçada contra os que apesar da esmagadora opressão faziam continuar viva a idéia de independência com democracia nas grades das prisões que serviram de lenitivo para as pregações cívicas.
E bem antes do grito de independência em 11 de Junho de 1822 a junta de governo da Paraíba através de um oficio enviado a José Bonifácio deu adesão ao Príncipe Dom Pedro I e pleitearam por parte dele que as prerrogativas de igualdade que a constituição jurada assegurava as comunidades luso-brasileiras.
O absolutismo monárquico contra o qual os nordestinos se levantaram na revolução de 1817 e que os portugueses não consentiram que fosse empregado no Brasil, acabou-se realizando na revolução do Porto quando forçaram que o Rei Dom João VI jurasse as bases de uma constituição que os deputados das cortes portuguesas iriam ainda aprovar e cujas bases o rei ficaria amputado dos poderes absoluto por ele exercido, e por conta disto em 26 de Fevereiro de 1821 Dom João VI jurou a constituição no Rio de Janeiro e no dia 10 de Junho ela foi jurada pela câmara da Paraíba onde os régulos do soberano poder que tão enfurecidos se mostraram contra os patriotas, estavam agora desencantados com o rei por ter jurado e mandado jurar a constituição e por conta disto João Alves Sanches Massa e Matias da Gama Cabral impugnaram a constituição jurada por considerarem obra de libertinos, e por conta disto foram afastados do poder em virtude da nova câmara que se implantava na Paraíba, e a partir deste momento tomaram como pretexto que o Rei Dom João VI estaria sendo coagido quando jurou a constituição
e nesse pressuposto saíram em defesa do rei com um bando armado a cometerem violências pelo interior, quando depredaram e saquearam Pilar, Itabaiana, Guarabira, Alagoas Grande até serem contidos e desbaratados ao penetrarem na Vila Real do Brejo de Areia quando foram presos e mandados para as prisões da cidade do Recife e o governador da Paraíba solicitando através de um oficio enviado a José Bonifácio de Andrada e Silva que baixasse uma ordem proibindo o regresso dos mesmos a Paraíba. Com o decreto das cortes de 29 de Setembro de 1821 que determinava que fosse realizada as eleições de uma junta governativa para cada província e que na Paraíba a mesma se realizou em 25 de Outubro quando foram escolhido para presidente o português João de Araújo que em 18 de Julho de 1822 renunciou o seu cargo e como seu substituto foi nomeado o Padre Galdino da Costa Vilar e no dia 29 de Setembro a câmara da Paraíba realizou as eleições para deputados a assembleia constituinte do Rio de Janeiro, e no dia 8 de Outubro declarava-se desligada da metrópole portuguesa e em 28 de Novembro proclamavam Dom Pedro I como Imperador do Brasil e entre os dias 16 a 24 de Dezembro festejou-se na Paraíba a aclamação do imperador, e o governador que nesta época além de assegurar a ordem interna na Paraíba, enviou uma força militar para Bahia com a finalidade de ajudar na expulsão dos portugueses que se opunham a independência do Brasil sob o comando do General Madeira, e um outro contingente foi enviado ao Ceará para reforçar as forças de José Pereira Filguera que lutava contra as forças portuguesas de João da Cunha Fidié que acabou sendo vencido em uma batalha que foi travada no Piauí, e no dia 3 de Fevereiro de 1823 uma nova junta governativa foi eleita sob a presidência de Estevan José Carneiro da Cunha que de imediato se viu envolvido nos tumultos.
Com intento de fugir para restabelecer na Paraíba os laços do colonialismo e em consequência desse distúrbios acabaram sendo presos muitos portugueses na Paraíba e remetidos para a ilha de Fernando de Noronha.

A República na Paraíba

Quando da fundação do partido republicano no Rio de Janeiro em 1870, entre os seus fundadores contava com os paraibanos Aristides Lobo e Manoel Marques da Silva Acauã. Que foram os signatários do manifesto de 3 de Dezembro, e devido as atividades do partido que eram restritas ao eixo Rio de Janeiro e São Paulo, as propagandas do partido não chegaram a Paraíba em virtude da inexistência da imprensa republicana, e ao raiar a proclamação da república em 1889 a Gazeta da Paraíba que era um órgão monarquista de Eugênio Toscano de Brito cedeu uma de suas colunas para a propaganda republicana e no interior da Paraíba a cidade de Areia o jornal A Verdade e em Campina Grande a Gazeta do Sertão as vezes davam um vagido em prol da república. E quando o Conde D'Eu esteve na Paraíba na missão de dissipar os vestígios as propagandas republicanas e para combatê-lo Albino Meira se deslocou da cidade do Recife para fazer conferencias pela república no Teatro Santa Cruz na capital paraibana e neste mesmo ano realizou-se a última eleição do regime monárquico quando Albino Meira candidatou-se pelo partido republicano e obteve uma inexpressiva votação de vinte e quatro votos.
Portanto, não houve uma propaganda de maior vulto acerca da proclamação da República na nossa província. Os propagandistas republicanos, nascido na Paraíba, como Aristides Lobo, Coelho Lisboa e Albino Meira, não residiam aqui. Por isso, ao ser proclamada a república, não elementos capazes para a organização do novo regime que se implantara no Brasil. A República surgiu articulada a abolição e a descentralização do poder político das elites, ou seja, é o resultado da transformação de toda uma sociedade. Juridicamente estabelecida na Constituição de 1891, a república era baseada nos princípios federativos, ou seja, permitia maior autonomia para os Estados-locais e o voto aberto.
Durante o primeiro período republicano o poder passou a ser exercido pelos coronéis e as oligarquias que controlavam a Paraíba. Como as coisas não mudaram muito e a Província agora convertida em Estado, continuou pobre com a população ainda mais carente, as oligarquias assumiram o lugar do Império unitário. Com isso, a chamada República Velha de 1889 a 1930, é também denominada na Paraíba como no Brasil, de república oligárquica, isto é, de predomínio das oligarquias. Nesta fase o Estado passou por três oligarquias: o venancismo (Venâncio Neiva), o alvarismo (Álvaro Machado), epitacismo (Epitácio Pessoa).
A notícia da Proclamação da República foi acolhida com indiferença, com incredulidade e nem despertou a curiosidade publica, nem causou nenhuma alteração na ordem social e administrativa na província e no dia seguinte a Gazeta Paraibana jornal que pertencia a Eugênio Toscano de Brito em editorial sereno e frio divulgou a noticia dos acontecimentos da véspera a qual foi recebida pelo povo com indiferença, enquanto o Presidente da província Francisco Luís da Gama Rosa pedia garantia de vida ao Coronel Honorato Caldas que era o comandante do batalhão de infantaria por temer cair nas mãos de seus adversários políticos sobre os quais ele havia exercido forte pressão na última eleição em proveito do partido liberal, e no decorrer dos acontecimentos no dia 17 chegou à Paraíba a noticia de que a família imperial embarcara para o exílio a bordo do vapor Alagoas, e por conta disto Eugênio Toscano de Brito convocou os homens de evidencia na Paraíba para uma reunião na redação da Gazeta da Paraíba onde após algumas trocas de idéias todos marcharam para a câmara municipal, a fim de organizarem um novo governo onde foi aclamada a seguinte junta governativa composta pelo Coronel Honorato Caldas, Tenente Artur José Reis Lisboa, Barão de Abiai, Doutor Lima Filho e o Doutor Eugênio Toscano de Brito que foi anulada em virtude da ambição do Coronel Honorato Caldas que não queria uma junta constituída de civil assumindo o governo da Paraíba, e por isto no dia 18 de Novembro com a colaboração de alguns próceres paraibanos ele organizou uma outra junta governativa que foi composta do Coronel Honorato Caldas, pelos Capitães João Claudino de Oliveira Cruz e Manuel de Alcântara Canceiro e pelos Tenentes Artur José de Reis Lisboa, Antônio da Cruz Cordeiro, Manoel Carlos Gouveia e Tomaz de Aquino Mindelo e que foi proclamada de uma das janelas do quartel pelo Doutor Antônio Massa e de imediato dirigiram-se ao palácio do governo e assumiram o poder no dia 18 de Novembro em nome do povo, do exército, e da armada enquanto Francisco Luís Gama da Rosa deixava o palácio e se dirigiu ao porto do Cabedelo onde embarcou para o Rio de Janeiro.
E como seu substituto foi nomeado Venâncio Neiva que acabou irritando o Coronel Honorato Caldas que queria continuar no governo e por este motivo promoveu um comício em praça publica no dia 1 de Dezembro no qual pretendia ser aclamado governador da Paraíba, todavia com a chegada do chefe de policia Pedro Velho do Rego Melo o ajuntamento popular se dissolveu e ao anoitecer do mesmo dia tentou-se a aclamação do Coronel Honorato Caldas para o governo da Paraíba no Teatro Santa Rosa com a colaboração de alguns catetes que o proclamariam, todavia devido a confusão reinante o Coronel Caldas partiu para o quartel decidido a dar ali um brado de armas a fim de se impor pela força, porém chegando ao quartel acabou sendo preso.
E por ordem do Ministro da Guerra Benjamim Constant, o Capitão João Claudino de Oliveira Cruz assumiu o governo da Paraíba onde permaneceu até o dia 6 de Dezembro quando chegou de Catolé do Rocha para investir-se no cargo o Doutor Venâncio Neiva que politicamente harmonizou a família paraibana desavinda em dois partidos desde o império e durante o seu governo foram eleitos três senadores e cinco deputados para a primeira constituinte nacional e com a promulgação da constituição de 24 de Fevereiro de 1891 cabia ao estado organizar-se politicamente e para isto foi convocada uma assembleia constituinte que foi composta de trinta deputados que se reuniu a 25 de Junho e que deu a Paraíba a constituição de 5 de Agosto de 1891 que para feitura da carta contou com sete projetos elaborados pelos paraibanos mais ilustre, e na continuidade de seus trabalhos a assembleia elegeu o governador e o vice-governador da Paraíba. Venâncio Neiva que já vinha no exercício da administração como delegado do governo central foi escolhido pela assembleia para o governo da Paraíba para o quatriênio de 1891 a 1894 que sob o ponto de vista de realização foi praticamente nulo em virtude do pouco recurso disponível, porém politicamente harmonizou a família paraibana, e no dia 3 de Novembro de 1891 com a dissolução do congresso nacional por Deodoro da Fonseca que trouxe como consequência a sua renuncia.
Na Paraíba Venâncio Neiva foi deposto em 27 de Dezembro quando foi investido no poder uma junta governativa que foi composta do Coronel Cláudio Saveget, Eugênio Toscano de Brito e Joaquim Fernandes de Carvalho que carecia de experiência para sustentar-se no poder, pois dissolveu a assembleia legislativa e declarou sem efeito a constituição de 5 de Agosto e convocou uma nova assembleia constituinte para dar ao estado outra constituição. E devido a confusão reinante pelo interior da Paraíba em virtude da deposição das intendências municipais de Areia, Alagoas Grande e Alagoas Nova, e devido aos acontecimentos os paraibanos residentes no Rio de Janeiro descruzaram os braços e solicitaram uma solução urgente para a Paraíba quando Abdon Milanez e Coelho Lisboa se avistaram com Floriano Peixoto que escolheu Álvaro Lopes Machado para assumir o governo da Paraíba e que por aclamação da junta assumiu o governo em 18 de Fevereiro de 1892 tendo como Vice presidente o Monsenhor Valfredo Leal para o quatriênio de 1892 a 1896, e de imediato convocou uma nova assembleia constituinte que instalada em 1 de Julho promulgou em 30 de Julho de 1892 uma nova constituição para a Paraíba, e no seu governo Álvaro Machado colocou em dia o pagamento dos funcionários, aumentou o efetivo da força publica, instalou o tribunal de justiça da Paraíba, construiu açudes publico em diversas localidades, abriu estradas, criou a diretoria de obras publica, a junta comercial, a imprensa oficial do estado, com o jornal A União e reduziu a divida passiva do estado que vinha dos tempos imperiais, e sob o ponto de vista político fundou o partido republicano na Paraíba, e atraiu os nomes mais tradicionais das antigas parcialidade do império, e os municípios que eram administrados pela intendência municipal, Álvaro Machado também criou os cargos de prefeito e subprefeito para cada municipalidade de livre nomeação do presidente e no dia 28 de Julho de 1896 renunciou o seu mandado para eleger-se senador, e o Monsenhor Valfredo Leal assumiu o exercício da presidência da Paraíba até 22 de Outubro de 1896 quando foi sucedido por Gama e Melo que sofreu grande aperto financeiro dos quais o governo federal se mostrou indiferente aos pedidos de auxilio.
Com isto acabaram se reanimaram para a luta na disputa pela sucessão de Gama e Melo, no exato instante em que o partido republicano comandado por Álvaro Machado apresentou o Desembargador José Peregrino de Araújo para presidente do estado, e que em oposição a essa candidatura os venancistas lançaram João Tavares senhor do engenho Geraldo em Alagoas Nova e com o decorrer do tempo a violência e o vicio no pleito eleitoral se desencadearam com encontros armados entre as duas corporações militantes que tinha no partido republicano a maioria absoluta para vencer o pleito que transcorreu cheios de problemas, quando foram quebrada algumas urnas, atas falsificadas e votação manipulada de modo que se estabeleceu a duvida quanto ao resultado apurado, onde ambas facções políticas proclamaram a vitória dos seus candidatos e se prepararam a vitória dos seus candidatos e se prepararam para empossá-los e no dia 22 de Outubro de 1900 perante a assembleia legislativa do estado da Paraíba José Peregrino de Araújo assumiu o governo da Paraíba e na mesma hora em lugar diferente e perante a outra assembleia Antônio Massa tomava posse na ausência do Presidente José Tavares no governo da província, e durante alguns dias a Paraíba teve dois governos até que o governo federal mandou que fosse reconhecido como legitimo o presidente que estivesse no palácio do governo, e desta maneira normalizou-se a situação de José Peregrino que continuou no pleno exercício do mandato executivo, enquanto Venâncio Neiva era nomeado juiz federal em virtude da influência de Epitácio Pessoa, José Peregrino governou a Paraíba de modo o que arrecadava só dava para pagar, onde a receita sempre deficitária mal chegava para as despesas ordinárias, porém mesmo assim conseguiu amortizar parte da divida passiva do estado.
E no momento da escolha de seu sucessor José Peregrino pensou em seu chefe de policia Antônio Simeão dos Santos Leal que teve a sua indicação aceita de um modo geral pelos situacionistas, e antevendo o perigo de contrapor outra candidatura, o Senador Álvaro Machado chefe do partido republicano acabou se decidindo em aceitar que Simeão Leal integrasse a sua chapa como primeiro vice presidente na disputa do governo do estado sem risco pela disputa, porém apesar de serem naturais de Areia e de pertencerem a mesma corrente política e de estarem congraçados no mesmo ideal, após as eleições e empossados em seus cargos o chefe do partido Álvaro Machado procurou uma oportunidade para aliviar-se de seu vice presidente e como solução encontrada trocou Simeão Leal de cargo que ocupava por uma cadeira vaga na bancada paraibana na câmara dos deputados em virtude da renuncia de Valfredo Leal que havia passado para o senado na vaga de Álvaro Machado e a seguir Valfredo Leal renunciou ao senado e se elegeu vice presidente da Paraíba na vaga deixada por Simeão e para o senado Álvaro Machado voltou em 28 de Outubro de 1905 após passar o governo para Valfredo Leal do qual procurou congraçar a política paraibana atraindo para o partido republicano as figuras mais representativas da facção venancistas quando nomeou Pedro da Cunha Pedrosa que era o seu grande adversário político para o cargo de secretario geral do estado.
Valfredo Leal após sanear as finanças da Paraíba completou o periodo de sua administração em Outubro de 1908 quando foi sucedido por João Machado que antes exercia a presidência da assembleia legislativa, e por já estar integrado nos problemas a sua administração assinalou-se por melhoramentos que marcaram uma época na Paraíba quando reorganizou o serviço de saúde publica, reformou a escola normal, melhorou ensino primário, fundou a escola agro pecuária de Imbiribeira, elevou o efetivo da força policial e reconstruiu o velho quartel da policia, adquiriu uma casa no bairro de trincheiras que serviu de resistência do chefe do seu governo, comprou dois automóveis para o estado, abriu a avenida João Machado, calçou ruas, rasgou estrada de rodagem, dotou a Paraíba com o código de processo criminal com base do projeto de Pedro da Cunha Pedrosa, debelou a intentona de Alagoas do Monteiro em 1912, inaugurou o sistema de iluminação elétrica e substituiu o sistema de bonde puxado por burro por elétricos com as linhas do Tambiá, Trincheiras e Varadouro, e ao termino de seu governo João Machado realizou a inauguração do sistema de abastecimento de água à capital pelo projeto do bacharel em direito Miguel Raposo.
Sem escorchar o povo, sem contrair empréstimo e sem deixar qualquer dividas a pagar, deixou o governo e voltou ao seu lugar de médico da saúde pública do Rio de Janeiro onde faleceu em 30 de Janeiro de 1912 e que acarretou profundas mudanças na política da Paraíba onde a frente do partido republicano dominou politicamente durante vinte anos. No comando do partido republicano ele foi substituído pelo Senador Valfredo Leal cujo prestigio acabou sendo abalado em virtude da presença de Epitácio Pessoa que era ministro do supremo tribunal federal que se opôs quando ele pretendeu a se candidatar ao apoio ao seu irmão Antônio Pessoa e devido aos conselhos de Hermes da Fonseca para que não se candidatasse ao governo da Paraíba, Valfredo Leal vendo que não contava com o apoio do poder central, imediatamente lançou a candidatura do Senador Castro Pinto figura de destaque e sem nenhuma incompatibilidade entre os próceres da política paraibana e amigo de Epitácio Pessoa desde a faculdade de direito da cidade de Recife que mesmo assim se manifestou contrario, porém para que não parecesse que ele queria implantar na Paraíba uma oligarquia acabou cedendo desde que Antônio Pessoa ficasse como primeiro vice presidente e para segundo vice presidente Valfredo Leal indicou Pedro Bandeira que era juiz de direito de Guarabira que após um acordo político conchavado pelo Ministro da Justiça Rivadávia Corrêa, e no dia 22 de Outubro de 1912 Castro Pinto tomou posse do governo da Paraíba onde cuidou dos sentimentos de justiça, quando acabou com a prática de confiar a chefia política de um município ao juiz de direito da comarca.
Que o Coronel Mário Barbedo acabou terminando com seus redutos até então inexpugnáveis e ao amparar e aprimorar ao ensino Castro Pinto com a ajuda do Doutor Tomaz Mindelo fez ressurgir o tradicional estabelecimento de ensino que era o Liceu Paraibano e criou a Escola de Comércio e um curso de agrimensura que era anexo ao Liceu Paraibano, e que nesta época A União era o principal jornal da Paraíba dirigido por Carlos Dias Fernandes que também era diretor da imprensa oficial que tinha suas colunas aberta a todos os intelectuais paraibano para publicação de sua crônicas e editoriais, na capital paraibana também circulavam os jornais O Norte dirigido por Oscar Soares, O Estado da Paraíba dirigido por Matias Freire e o Operário sob a direção de Ulisses de Oliveira e também nesta época circulavam mensalmente as revistas Liceum dos Alunos do Liceu Paraibano orientada pelo Professor Álvaro de Carvalho e a Prox dos alunos do Colégio Diocesano e as publicações de assuntos especializados como a Revista do Foro, Revista do Instituto Histórico Paraibano e o Almanaque da Paraíba e no interior do estado circulavam os jornais Correio da Semana, e o Município em Itabaiana, o Correio de Campina em Campina Grande.
Em Agosto de 1914 explodiu a primeira guerra mundial e na Paraíba esboçou uma crise econômica em virtude do seu principal produto de exportação que era o algodão ter ficado retido na fonte e a esta em virtude da dissensões reinantes dentro do partido republicano conservador explodiu uma grande crise de natureza política quando Epitácio Pessoa assumiu a chefia do partido deixando Valfredo Leal como chefe da comissão executiva que acabou desagradando os políticos da velha guarda radicados no estado os quais tinham em Valfredo Leal por chefe, e em conseqüência as duas alas do partido passaram a se hostilizar mutuamente e com isto gerou um antagonismo entre os dois chefes dos quais Castro Pinto se manteve na difícil posição de neutralidade que não agradou aos epitacistas que exerceram uma forte pressão para que deixasse o governo a qual trouxe uma forte tensão entre os valfredistas que viam a possibilidade de cair o governo nas mãos do vice presidente Antônio Pessoa quando Epitácio Pessoa ofereceu a Castro Pinto um lugar no senado ou no tribunal de contas a troco de sua renuncia, fato este que deixou o presidente Castro Pinto constrangido num conturbado horizonte político em que Epitácio Pessoa e Valfredo Leal caminhavam para um iminente rompimento da simulada aliança que deixou sem possibilidade de entendimentos para a composição da chapa para as eleições a deputado federal e uma vaga de senador onde Valfredo Leal queria a cadeira do senado para João Machado e mais dois lugares na chapa de cinco deputados federais, enquanto que Epitácio Pessoa não aceitava a indicação de João Machado para o senado e para contornar o impasse Pinheiro Machado sugeriu que João Machado fosse para a câmara dos deputados e devido não ter havido qualquer tipo de acordo político para a situação o inevitável rompimento entre os dois chefes acabou ocorrendo, e no dia 15 de Janeiro de 1915 Epitácio Pessoa chegou a Paraíba e ao convocar os seus amigos lançou um manifesto e apresentou a sua chapa para a eleição do dia 30, a qual correu livre e pacifica menos em Campina Grande onde a mesa apuradora foi dissolvida à mão armada e as urnas quebradas e como resultado do pleito foi apurado para o senado como vencedor Cunha Pedrosa e para deputado Camilo de Holanda, Cunha Lima, Maximiano de Figueiredo, Otacilio de Albuquerque e Simeão Leal.
Costa Pinto que se mantinha neutro em referência as duas facções em atrito acabou sendo incompreendido e duramente atacado por uma campanha de injuria e ridículo e por não ter temperamento de luta acabou renunciando em 24 de Julho de 1915 e par o seu lugar foi investido o primeiro vice presidente Antônio Pessoa que encontrou a situação financeira bastante desgastada em virtude de uma seca inclemente e dos efeitos da guerra e para remediar a situação optou por reduzir as despesas e para isto parou as obras em andamento, demitiu em grande escalas os funcionários públicos, suprimiu as comarcas de Alagoas do Monteiro quando colocou o juiz de direito em disponibilidade e a primeira vara da comarca da capital e durante o seu governo o jornal A União que era órgão oficial do estado da Paraíba publicou diversos editais contra os seus adversários políticos que se defendiam no Diário do Estado, e antes do termino de seu mandado Antônio Pessoa renunciou o seu cargo em virtude do seu lastimável estado de saúde em 21 de Julho de 1916 e o seu substituto natural seria o segundo vice presidente do estado o valfredista Pedro Bandeira que era juiz de direito de Guaratiba e homem de modestas pretensões que renunciou ao cargo de segundo vice presidente em troca de sua promoção ao cargo de desembargador do tribunal de justiça da Paraíba, e desta maneira Solon de Lucena que era o presidente da assembleia legislativa e pertencia ao grupo dos jovens turcos, ala rebelde do partido epitacista foi quem substituiu Antônio Pessoa no governo da Paraíba.

Urbanização e vida urbana na Paraíba: da capital ao interior

Na Paraíba, observamos que o processo de urbanização e modernização das cidades, de alguma forma esteve ligado diretamente a oferta de serviços e desempenho da atividade comercial, facilitado ou não, pela melhoria dos meios de transporte e de comunicação. Os baixos percentuais da PEA ligadas as atividades industriais demonstram a insipiência desse setor na economia do Estado. 
Na verdade, nossa industrialização é ilusória, servindo como demonstração apenas dos efeitos de modernização que doura a fachada do sistema, sem melhorar as condições de vida das massas populares. Baseia-se ela na importação de tecnologias e capitais do sul do país, sobretudo de São Paulo (MELO e RODRIGUES, 1993, p.166).
A indústria, tal como, a urbanização surge em certas áreas com um certo atraso em relação a outros centros do país. Isso ocorre em decorrência da forte concentração de renda e da introversão das economias agrícolas tradicionais de exportação que mesmo assim de alguma forma contribuiu para o surgimento de duas das mais típicas comunidades industriais da Paraíba – Santa Rita e Rio Tinto. Enquanto Santa Rita, estação de repouso conforme vimos, para os tangerinos que demandavam a capital, perfilou-se industrialmente, a partir do estabelecimento, nas terras do antigo engenho, da Companhia de Tecidos Paraibana (Fábrica Tibirí). Rio Tinto surgiria em 1924 como comunidade industrial a partir do estabelecimento, nas várzeas do antigo engenho da Preguiça, da Companhia de tecidos Rio Tinto, do grupo (Casas Pernambucanas) Lundgren, que se fortaleceu extraordinariamente grilando as terras dos índios, devastando as matas vizinhas para as fornalhas da fiação (MELO, 1993, p.114) .
No final do Império, o governo interveio no sentido de beneficiar as oligarquias açucareiras no Nordeste, criando os chamados Engenhos Centrais que por diversos fatores não surtiu o efeito desejado, estes passaram a funcionar inclusive de forma inoperante. Diante do fracasso dos Engenhos Centrais o governo passou a investir nas usinas de açúcar. “Usina é um estabelecimento voltado para a produção de açúcar. Tratava-se de uma empresa fabril que exerce também a atividade agrícola. Ela surgiu apoiada pelo poder público, não constituído, portanto, um resultado espontâneo do setor açucareiro, mais uma das várias formas por ele encontrada para garantir a sobrevivência (MOREIRA e TARGINO, 1997, p. 58”).
Com o estabelecimento das usinas, os antigos engenhos passaram a condição de fornecedores de cana às usinas. A primeira usina paraibana foi a Usina Santa Rita. Instalada em Santa Rita, ela foi comprada e 1922 por Flavio Ribeiro Coutinho responsável pela mudança do seu nome. No setor fabril do processamento da cana, utiliza-se o trabalho assalariado, exigindo inclusive a presença de mão-de-obra especializada em algumas funções. No campo, no entanto, as relações de produção continuavam atrasadas, pois, as usinas agravaram a concentração de terra e mantiveram a produção monocultora no meio rural. As usinas inauguram a chegada do capitalismo industrial à Paraíba. Que mediante esses estímulos, o próprio algodão também passará a nova fase de processamento dentro de suas fronteiras. Conforme destaca José Otávio de Arruda Melo: Isso implicou no surgimento de fábricas de fiação e tecelagem. À Companhia de Tecidos Paraibana que, desde o século passado, funcionava em Santa Rita, adicionou-se a Fábrica de Tecidos Bodocongó, em campina Grande e a então Companhia Rio Tinto no então distrito desse nome. Essa última, de responsabilidade do grupo Lundgren, que manteve empresa do mesmo tipo, em paulista nas vizinhanças do recife, representou iniciativa de monta.(MELO, 1977, p. 167).
Vale apenas ressaltar, que a cidade de João Pessoa, em comparação com a de Campina Grande, crescia num ritmo menor, até a década de cinqüenta, chegando mesmo a apresentar sinais de estagnação, pois, enquanto Campina Grande desenvolvia, com extraordinária rapidez, o comércio e a indústria, através dos curtumes, artefatos de couro, óleo de algodão, mineral não metálico. “João Pessoa ia aos poucos, perdendo lugar na concorrência pela primazia urbana do Estado, fortalecendo um distanciamento entre suas funções políticas e econômicas” (SILVA e ARAÚJO, p.19, 1985).
No entanto, nas últimas décadas a cidade de João pessoa consegue obter um melhor nível de desenvolvimento, pois, sendo a capital do Estado, os incentivos por parte do governo de Estado foram incrementados, provocando então uma melhoria na qualidade dos serviços urbanos, acompanhado de uma política de industrialização, propiciando uma superação de João Pessoa no quadro das cidades paraibanas, o que amplia e garante o seu crescimento como influente centro urbano.
A modernização da Paraíba teve grande impulso no governo de João Machado, que realizou uma das melhores administrações da República Velha, construiu o primeiro serviço de abastecimento de água e implantou na cidade o moderno sistema de rede elétrica. “João Machado abre a avenida que veio a tomar seu nome, pavimenta ruas do centro, instala a iluminação e o bonde elétrico, o Serviço de Higiene e coroando todas essas obras, dá a João Pessoa o seu abastecimento de água de beber, desperta o pessoense para o gosto de aguar. Era o governo de um lado inovando e construindo, e a comunidade do outro, regando os seus jardins. Nascia a vocação da cidade, que é a de ser urbs e bosques.(MELO e RODRIGUES, 1993, p.190)”.
O surto algodoeiro dos anos 20, traz consigo algumas novidades, os trustes algodoeiros SAMBRA e Anderson Clayton apareceram em cena. O algodão gerava fortunas e riquezas. Tudo isso gerou um novo surto de urbanização do qual se beneficiou a capital. Conforme observa o historiador José Otávio de Arruda Melo: Nesta, o governo Camilo de Holanda (1916-1920), favorecido pelas arrecadações algodoeiras do final da guerra, empreendeu uma revolução urbanística, à base de praças e jardins, abertura de novas avenidas, coretos, edifícios, belvederes e construção de balaustrada de trincheiras que canalizou o crescimento da capital para o Bairro de Cruz das Armas (MELO, 1997, p.168).
Durante o governo de Camilo de Holanda (1916-1920), ocorreu na capital, uma pequena revolução urbanística que começou a modificar o aspecto colonial da cidade. O novo governo, atraindo gente nova, arquitetos mais modernos, os Fiorilos, Di Lascio, Olavo Freire e Clodoaldo Gouveia, introduziram em diversos trechos da cidade, os elementos decorativos da art nouveau, com seus jardins naturais e escadas frontais. Nesse ritmo, João Pessoa embelezava-se, ganhava jardins, calçamentos, edifícios, praças e novas avenidas eram abertas.
Sucedendo Camilo de Holanda no governo, Sólon de Lucena (1920-1924) manteve o ritmo. Graças ao dinamismo do prefeito Guedes Pereira, que ficou conhecido como o “Pereira Passos da História da Capital“. Sendo assim, de 1910 a 1924, a capital vivenciou um momento de constante progresso, provocado pela a abertura de novos bairros, que hoje se estende para os lados de Tambaú. Transforma a antiga Lagoa, em parque público e promove a remoção de alguns dos aspectos coloniais da cidade que: Trazendo para o lugar de ruas e igrejas antigas, obras como a praça Vidal de negreiros, o Parque Arruda Câmara, Praça da Independência, Avenida Maximiliano de Figueiredo, além do avanço para o leste da antiga lagoa que ele mesmo transformou no parque Sólon de Lucena, uma das praças mais bonitas do mundo na admiração de Alceu Amoroso Lima. Isso não se fez sem prejuízo: o patrimônio histórico perde o testemunho arquitetônico das Mercês, hoje praça 1817, e da igreja do Rosário, no ponto do Cem Réis (MELO e RODRIGUES, 1993, p.190).
Na sua gestão, conforme o enunciado anterior, o então prefeito construiu o Parque Sólon de Lucena, desapropriando sítios e plantando arvores, em torno de todos os redutos do parque. Construiu o Parque Arruda Câmara, plantando muitas árvores e cercando-o com grandes gramados, trouxe aves e animais de espécies raras para o seu embelezamento. Arborizou diversos trechos da cidade, construiu lindas praças, passando a cidade desde este momento a ser conhecida como “Cidade Jardim”.
O núcleo da cidade ganha nova aparência, onde se contrastam dois estilos e planos bem distintos – o Varadouro e a Cidade Alta. O governo de João Pessoa não fez diferente, calçou o Ponto dos Cem Réis, ampliou o prédio do Tesouro e fez reformas no Palácio. E depois Argemiro de Figueiredo complementado a Lagoa, confiando a Clodoaldo Gouveia a arquitetura de seus projetos inovadores. A Epitácio Pessoa, que era a estrada de barro feita por João Pessoa, abre-se em avenida larga até o mar.
A região da Borborema ao interligar as áreas que constituem o litoral e o sertão paraibano, nos permite observar que desde os primeiros tempos da colonização no século XVI, a partir do litoral com suas fortificações e engenhos, se inicia o povoamento dessa zona canavieira. A conquista e a ocupação do sertão que somente ocorreria de forma mais evidente no final do século XVII, com a expansão da pecuária e da produção de algodão. A interligação entre essas duas áreas de colonização explica; O surto de urbanização aí verificado, na passagem da segunda metade do século XIX e início do Século XX, mediante a formação de cidades como Areia, Bananeiras, Alagoa Grande e, finalmente, Campina Grande. Esta, a partir da inauguração da via férrea, em 1907, tornar-se-ia o grande empório comercial-algodoeiro dos sertões nordestinos (SILVA e ARAÚJO, 1985, p.21).
Campina grande no começo do século XX converteu-se no mais importante centro urbano de todo o interior nordestino. O algodão, o comércio e a via ferroviária constituíram a base de seu progresso e desenvolvimento urbano. Desde 1907 comboieiros do sertão paraibano e Estados vizinhos passaram a procura-la, a fim de embarcar mercadorias. Rapidamente desenvolvida, a cidade assinalou a barragem do açude Bodocongó, em 1919, primeira prensa hidráulica no ano seguinte, inauguração da luz elétrica em 1920, agência do Banco do Brasil em 1923, instalação da primeira fábrica moderna e do mercado público em 1925 e início do tráfego de bondes a gasolina em 1926 (MELO, 1997, p.162).
Na segunda metade do século XIX, a cidade de Areia e Mamanguape destacava-se pelo seu razoável desenvolvimento urbano. Ambas dispunham de uma elite cultural, com elevado nível social. Onde se organizavam diversos momentos de lazer e diversão, com eventos e festas profanas e religiosas. As duas cidades se destacavam pela presença de igrejas, teatros, escolas, sociedades litero-recreativas, jornais etc., constituindo assim, um ordenado centro urbano. Nesse momento, Campina Grande ainda não se apresentava como grande centro urbano, dispondo simplesmente de um desordenado casario distribuído pelas ruas das imediações da feira de gado. No entanto, foi o trem que combinado ao telégrafo, reverteu essa situação, reduzindo drasticamente a importância dessas cidades. “Areia e Mamanguape declinaram até a condição de cidades mortas. Em Mamanguape, o comércio de estivas e miudezas desviou-se para Guarabira, favorecida pelas composições ferroviárias que por aí circulavam (MELO, p. 161, 1997)”.
Na passagem do século XIX para o século XX, o principal benefício à economia paraibana se fez notar pelo transporte ferroviário, que conjugado ao comércio fixaria importante função no fortalecimento e desenvolvimento de algumas cidades paraibanas, entre os anos de 1870 e 1920. Na Paraíba, a notável associação da estrada de ferro com o algodão, que dela se valeu para alcançar o porto de Recife, o que tornou Campina grande um ponto estratégico, consolidando a nova condição de empório revendedor de algodão. Partindo da capital, o primeiro trem correu em 1881, chegou a pilar em 1883, Guarabira em 1884 e Cabedelo em 1889. O historiador José Otávio de Arruda Melo comentando o assunto afirma: Itabaiana, Alagoa Grande e Bananeiras constituíra outros casos típicos. Na primeira o trem apoiou a feira de gado para acarretar a urbanização, pontilhada entre 1900 e 1920, de bondes, jornais, luz elétrica, clubes e artístico coreto, com vários desses equipamentos importados do Recife. Em Alagoa Grande saraus e recitais de canto realizavam-se no teatro Santa Inês. Por seu turno consorciando café e ferrovia. Bananeiras encheu-se de praças, sobrados, casarões. Patronato agrícola e obras de drenagem de seu riacho, além de revistas e jornais. Sua elite intelectual era uma das melhores do estado (MELO, 1997, p. 161-162).
Vale ainda, segundo o mesmo, ressaltar que: Pelo oeste, a ferrovia penetrou em território paraibano, no esquema das obras contra as secas e por intermédio da Rede Viação Cearense, Através de Antenor Navarro em 1923, com extensão a Sousa em 1926, e Pombal em 1932. de Antenor, ramal alcançou Cajazeiras, também por imposição de algodão em 1926 e chegaria a patos em 1944 (op. cit., 1997, p.160).
A Vila da Independência (atual Guarabira) foi bastante beneficiada com a introdução desse traçado ferroviário. A vila tornou-se importante entreposto comercial, contribuindo dessa maneira para o seu desenvolvimento urbano. Foi nesse clima de progresso e entusiasmo que a Vila da Independência foi elevada a categoria de cidade com o nome de Guarabira.


Abolição da Escravatura na Paraíba

Bem antes das lei do ventre livre em 1871 a Paraíba já trabalhava pela redenção do cativeiro, pois o presidente da província estava autorizado pela lei 311 de 10 de Dezembro de 1868 para aplicar todos os anos a quantia de cinco contos de reis na alforria de crianças nascida do sexo feminino sob o jugo do cativeiro e acima de três anos de idade e pela lei 341 de 3 de Dezembro de 1869 a importância das manumissões foi elevada para vinte e cinco contos de reis e no ano de 1870 com o termino da guerra do Paraguai em meio a tantas festas e solenidade comemorativas o governo paraibano alforriou dezenove mocinhas escravas.
As zonas de maior incidência da população escrava da Paraíba se localizavam no litoral e no brejo onde a agricultura constituía a principal atividade nos seus cento e sessenta e cinco engenhos onde estavam distribuídos os vinte e oito mil quintos e quarenta e seis escravos.
E no ano de 1884 esse número baixou para dezenove mil setecentos e setenta oito escravos em seus trezentos e cinquenta engenhos com o município de São João do Cariri na zona de criação e que ostentava o maior número de escravos e o de Teixeiras era o que tinha o menor número, e na campanha pelo abolicionismo na Paraíba teve em Manoel da Silva o seu herói da cruzada que de início lutou praticamente sozinho e que em 1883 ao ver o exemplo edificante do Ceará e do Rio Grande do Norte que já viviam livre da mancha do cativeiro, de imediato reagrupou os seu amigos e companheiros de jornada e fundou a Emancipadora Ariense com a colaboração de Carlos Lisboa, Rodolfo Pires e do Vigário Sebastiao Bastos e outros beneméritos arienses que contagiaram os sentimentos de solidariedade humana de numerosos proprietários rurais que alforriaram todo os seus escravos com grande adversidade do juiz de direito de Areia o Doutor Gonçalo Paes de Azevedo Faro que era um tenaz inimigo do abolicionismo e um espirito reacionário que criou toda sorte de obstáculo ao desempenho do movimento ao declarar todo o seu apoio aos escravocratas. E devido ao seu modo de agir, acabou sendo despojado de seu cargo na comarca por pressão de seus jurisdicionados, desta maneira o município de Areia se livrou da presença hostil do magistrado e tornando as coisas mais fácil para a gloriosa jornada.
E para leva-la a avante foi criado o jornal Verdade e a comarca municipal convocou os escravistas para uma audiência onde os convenceram do altruísmo do movimento que em 22 de abril o conjunto de todos os esforços rematou a campanha com sucesso espetacular.
Quando foram declarados libertos os últimos escravos e para comemorar o fato foi escolhido o dia 3 de maio que por coincidência neste dia dava entrada no parlamento o projeto do governo abolindo a escravidão do Brasil.
Desta maneira Areia foi a única cidade da Paraíba que escreveu essa página edificante na redação do cativeiro, e quando a lei áurea foi decretada em 13 de maio de 1888 ela chegou tarde para a terra de Manoel da Silva o infatigável obreiro da benemérita cruzada.


Na raiz do Quebra-Quilos

Antecedentes: desavenças entre católicos e maçons

Até 1870 na Paraíba reinava a paz por toda parte entre católicos e maçons onde o clero brasileiro contava com numerosos maçons dentre os mais ilustres da pradaria.

Porém com a realização do concílio do Vaticano que instituiu o dogma da infalibilidade papal que abriu uma luta com o liberalismo que visava a liberdade no campo da moral e o ultramontanismo que defendia com intolerância a autoridade absoluta do papa em matéria de fé. E no ano seguinte ao do concílio, Dom Vital que tinha um temperamento voluntarioso foi nomeado bispo de Olinda onde a Irmandade do Santíssimo Sacramento da igreja matriz de Santo Antônio de Recife contava com um grande número de maçons em seus seios praticando o catolicismo porém devido ao seu modo de agir o bispo de Olinda exigiu da irmandade a expulsão dos maçons para não estar disposto a tolerar semelhante mancomunação, e por não ter sido atendido acabou suspendendo irmandade e interditando a igreja. A irmandade recorreu do ato episcopal para o imperador que levou o assunto a deliberação do conselho de ministro presidido pelo Visconde do Rio Branco que deu provimento ao recurso e mandou levantar o interdito, o qual Dom Vital por estar inconformado não cumpriu o veredicto por entender que a competência para o conhecimento do caso era do poder espiritual e não do temporal e face a sua conduta acabou sendo preso em 2 de Janeiro de 1874 e conduzido ao Rio de Janeiro para responder a um processo por desobediência perante o supremo tribunal de justiça onde apesar de ser brilhantemente defendido pelos seus advogados Zacarias de Gois e Ferreira Viana acabou sendo condenado a quatro anos de trabalhos que o imperador comutou em prisão simples a ser cumprida na ilha das Cobras no Rio de Janeiro e por idêntico motivo foi preso e processado o bispo do Pará Dom Antônio de Macedo Costa.

Com a prisão dos dois bispos que eram inimigos viscerais das sociedades secretas, os padres se inflamaram de zelo apostólico e na Paraíba o Padre Calisto da Nobrega que era vigário de Campina Grande tomou a defesa dos bispos e num sentimento de desforra acabou expulsando da igreja como excomungados os católicos que eram maçons filiados à loja Segredo e Lealdade, e da tribuna da igreja insuflava o povo para que não obedecesse ao governo

E convidou o Padre Ibiapina que era um missionário de real prestígio para abrir missões em sua freguesia e após contamina-se ele começou a pregar aos devotos para que ninguém pagasse os impostos e que não comprasse nem vendesse aos maçons.

A eclosão da revolta do quebra quilos

E no exato momento em que a assembleia provincial da Paraíba pôs em execução a lei que estabelecia o sistema métrico decimal, rebentou o movimento sedicioso que ficou conhecido pela denominação de quebra quilos na feira de Fagundes no distrito de Campina Grande quando o povo se rebelou contra o imposto e espancou o subdelegado e implantou uma nova lei no lugar em Novembro de 1874 e que rapidamente se propagou por vários municípios paraibanos como foi o caso do dia 21 de Novembro quando um grupo armado composto de homens rústicos sob o comando de vários chefes que entraram na vila de Ingá que estava guarnecida por uma força policial que não ofereceu nenhuma resistência aos invasores que aos gritos de morra para os maçons e viva para os católicos.

Eles invadiram a câmara municipal e os cartórios e queimaram alguns papeis e os processos e soltaram os presos da cadeia e quebraram os pesos e medidas do sistema métrico decimal nas casas de comércio.

E neste mesmo dia diversos grupos armados invadiram e assaltaram Campina Grande, Cabaceiras, Pilar, Areia, Alagoa Grande, Alagoa Nova, Bananeiras, Guarabira, São João do Cariri e outros lugares onde se realizavam as feiras utilizando os mesmos estilo de assalto em todos os lugares onde cada grupo tinha um chefe mas que se desconhecia quem era o cabeça do movimento geral que agiram a vontade face ao inesperado do ataque contra a impotência dos destacamentos locais que teve na localidade de Areia que era a principal cidade do interior da Paraíba uma suprema humilhação de sua traição heroica quando uma banda de música saiu a tocar em honra da horda invasora que após muita ponderação desistiram do intento de arrancar do cemitério o cadáver do Doutor Araújo Barros que fora juiz da comarca, porque o corpo de um maçom não podia repousar no campo santo.

E no momento em que o governo provincial da Paraíba ao se sentir impotente para sufocar a sedição que se alastrava por todo solo paraibano e ameaçava penetrar no Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas acabou pedindo ajuda ao governo imperial que para combater a situação de perigo, enviou do Rio de Janeiro uma força de linha sob o comando do Coronel Severiano da Fonseca que chegou em fins de 1874 e que encontrou amortecido e quase acabado o movimento como se cumprida estivesse a missão do movimento, e durante o tempo que permaneceu na Paraíba a força de linha efetuou diversas prisões como pretexto de implantar a ordem, quando muitas das vezes pessoas inocentes foram castigadas para o restabelecimento da ordem. Enquanto isto o chefe de polícia Caldas Barreto percorria o interior com a missão de formar a culpa dos responsáveis pela sedição e contra o Vigário Calisto da Nobrega ele abriu um processo e o pronunciou como chefes do movimento.

Na raiz da revolta e a repressão

Tanto o ronco da Abelha (Ingá, 1852), quanto o Quebra-Quilos, que se irradiará de Fagundes, Campina Grade e Areia, para todo o Nordeste, no período compreendido entre outubro e dezembro de 1874. Inserem-se nesse quadro o mais importante que analisá-los em si mesmo, a procura de presumida causa única para sua deflagração, consiste em pesquisar o que se encontra por trás desses movimentos, formalmente associados à nova lei de Registro Civil no caso do ronco e a institucionalização do sistema métrico decimal, no tocante ao Quebra-Quilos.

As circunstancias de haverem surgidos nessas feiras, como polos de aglutinação política, social e cultural da sociedade da época, evidenciam que os revoltosos reagiam contra dois dos mais odiosos instrumentos da ordem estabelecida. “A centralização asfixiante” do Império e sua “incapacidade de promover reformas. O empobrecimento do Nordeste, a braço de uma crise, que se estendia da Bahia ao Maranhão e a que o algodão não se fazia infenso. Combalido estado das finanças públicas e poderosa carga fiscal que daí derivava. A mentalidade tacanha de presidente de província como Abiahy na Paraíba e Lucena em Pernambuco, que enxergavam na força o único remédio para insatisfações sociais da época donde “pior e mais violenta do que a atuação dos Quebra-Quilos foi a repressão das forças comandadas pelo capitão longuinho, hoje tristemente famoso pelos “coletas de couro”, tortura que se aplicou aos que lhe foram denunciados ou apontados como Quebra-Quilos. Esse oficial caracterizou-se pela utilização, contra os suspeitos, de colete de couro, instrumento de tortura que, molhado e costurado no tórax da vítima, comprimia-o, matando-o por asfixia. Posto diante desses fatos, o governo reagiu com brutalidade. Até canhões foram deslocados para o teatro dos acontecimentos.

E, enfim, o sentido irreversível das transformações em marcha que, racionalmente estruturadas pela burguesia urbana da época – e é daí que advirão o Sistema Métrico Decimal e o Código Civil, o registro civil e o de animais. Recenseamento, numeração de placas das casas e o novo recrutamento – motivarão o protesto inconsciente dos Quebra-Quilos que se encontravam à margem delas e tinham e tinham contra elas reagir porque “O Leviatã”, com suas taxas, seu impostos, sua contabilidade, sua máquina fiscal e sua organização era, na mentalidade primária de homens rudes e à margem da civilização, um mal desnecessário.

A cobrança de impostos era realmente arbitrária e um exagero, uma vez que além dos tributos cobrados pelo Imperador, existiam os impostos cobrados pela administração das províncias e os dos municípios, sem contar com o abuso dos fiscais que se aproveitavam para tirar proveito em razão de seu bolso.

Dentro desse quadro, a ferocidade da repressão aos Quebra-Quilos, é bem típica da mentalidade tacanha de certos setores da classe dominante que, ainda hoje, consideram problemas sociais como casos de polícia. Pessoas inocentes foram acusadas e condenadas à morte, líderes de um movimento sem líderes foram brutalmente assassinados.

A questão faz-se um pouco mais ampla, pois os Quebra-Quilos surgiram na parte mais sacrificada de região que constituía a periferia econômica e social do Império. Nessa os pobres eram os mais penalizados, o que explica a reação desses, por intermédio do que Armando Souto Maior considerou como lutas sociais no outono do Império.

Contra o que voltavam os Quebra-Quilos?

Institivamente, contra o avanço do capitalismo, a serviço do qual se estruturava o Sistema Métrico Decimal. Centralização do Império e incapacidade de promover reformas. Carga fiscal que sobrevinham no rastro da exaustão das finanças públicas. E, enfim, contra a maçonaria que, através de gabinetes como o do Visconde do Rio Branco, no poder de 1871 a 1875, simbolizava estrutura politico social responsável por tudo que inquietava os humildes – escravidão, recenseamento, impostos e recrutamento.


Rebelião Praieira na Paraíba

Foi um movimento que se propagou em Pernambuco e se alastrou na Paraíba em virtude do partido liberal que se mantinha no poder desde de 1844, e com a subida do partido conservador em 1848 e a mudança de gabinete acarretou uma reviravolta no governo de algumas províncias com a nomeação de seus aliados sendo para Pernambuco designado em 17 de Outubro Herculano Ferreira Pena que de imediato desmontou a máquina política dos liberais, pois o seu objetivo era mais político que administrativo e com isto passou a hostilizar os adversários com nomeações e demissões que não eram publicadas, e deste modo quando o nomeado se apresentava para investir-se no cargo, imediatamente prendia aquele a quem substituía.
E devido o descalabro os deputados da bancada liberal foram ao presidente para pedir um pouco mais de moderação na escolha das autoridades municipais.
E por conta disto em 25 de Novembro os deputados de Pernambuco lançaram um manifesto denunciando à nação as barbaridades que estavam ocorrendo em solo pernambucano por ordem do presidente Herculano Ferreira Pena., e Nuno Machado que era o principal chefe do partido liberal em Pernambuco que de início era contra a revolta mas que acabou aderindo por pressão de seus amigos foi chamado do Rio de Janeiro para Recife em face ao recrudescimento das perseguições e ao desembarcar foi recebido pelos seus correligionários que foram proibidos de praticarem qualquer tipo de manifestação de apreço por parte dos conservadores que não perdiam qualquer oportunidade de ultrajar os liberais que tinham o epíteto de praieiros em virtude de estarem localizado na rua da Praia na cidade de Recife com seu clube e o jornal O República no qual Borges da Fonseca escrevia seus editoriais na luta que de início era somente de resistência e que em 14 de Novembro acabou em escaramuças no norte da província em virtude do combate que foi travado em Mussupinho e que se seguiu através de encontros armados em Mariocota, Catucá, Cruangi, Limoeiro, Nazaré, Pau D’Alho e Goiana e no dia 25 de Dezembro o presidente Herculano Ferreira Pena foi substituído por Manoel Vieira Tosta que chegou acompanhado de seu chefe de polícia Jerônimo Martiniano Figueira de Melo que era extremamente violento e por isto o regime de arrocho implantado acabou lançando aos praieiros em 2 de Fevereiro de 1849 da defesa ao ataque quando partiram para a luta armada decididos a tomarem a cidade do Recife para deporem o Presidente Manoel Vieira Tosta que organizou uma forte resistência em todas as frentes.
E por isto os invasores sofreram um duro revés quando o valoroso chefe dos liberais Nunes Machado caiu varado por uma bala.
E ao cabo de muitas horas de combate os conservadores que tinham o apelido de guabirus conseguiram dominar o inesperado ataque e aplicaram severas perdas aos liberais que tiveram muitos mortos e prisioneiros entre os seus correligionários que passaram a sofrer severas perseguições onde se prendia qualquer pessoa que direta ou indiretamente pudesse ter prestado qualquer tipo de auxílio aos rebeldes e no recrutamento militar foi que se deu o mais forte tipo de represália contra a população nordestina que tiveram senhores de engenho, fazendeiros, comerciantes, juiz de paz, vereadores, filhos de viúvas, homens velhos que foram presos e levados para Recife amarrados por corda para a prestação do serviço militar, e os dois jornais que o partido liberal tinha em Recife foram confiscados e seus redatores postos em fuga e no dia 2 de Julho de 1849 Honório Hermeto Carneiro Leão tomou posse na presidência em substituição a Manoel Vieira Toste e restituiu a paz desejada quando mandou soltar os presos e proibiu novas prisões por motivos político, fez retornar os que haviam sido desterrados em Fernando de Noronha, pôs termo aos abusos do recrutamento e deu liberdade a imprensa enquanto isto os rebeldes praieiros que haviam fugido para o interior após o malogrado assalto a cidade de Recife e que se encontravam no engenho Timbó rumaram para Igaraçu e se dividiram, com uma das colunas seguindo para Garanhuns sob o comando de Pedro Ivo que ao cabo de alguns encontros com as forças legais dissolveu-se na comarca de Bonito com a prisão de seu chefe enquanto a outra sob o comando de Manoel Pereira de Morais tomou a direção da Paraíba e que ao passarem por Goiânia aprisionaram a guarnição local e se apoderaram de uma grande quantidade de armas, munição e mantimentos, e seguiram para acamparam no engenho Pau Amarelo.
Onde foram atacados pelas forças legal em um encarniçado combate em que João Roma chefe de incontestável valor saiu gravemente ferido.
Com isto acabaram sendo desalojados de suas posições com grandes perdas em suas fileiras e seguiram com destino a Pedra de Fogo de onde rumaram para Itabaiana sempre perseguidos pela tropa do Tenente coronel Feliciano Falcão até atingirem Alagoa Grande em 17 de Fevereiro onde João Roma veio a falecer, e devido a aproximação dos praieiros da capital, o Presidente da Paraíba João Antônio de Vasconcelos que havia desguarnecido a cidade com a remessa de uma força de linha para Pernambuco em auxilio ao governo daquela província e vendo o desamparo que se encontrava para a situação, imediatamente ordenou a remoção dos valores do tesouro para o brigue de guerra Andorinha que se encontrava ancorado no porto de Cabedelo e ordenou ao chefe de polícia que arrecadasse a pólvora existente no comércio e que lançasse ao mar para que não viesse a cair nas mãos do inimigo, e mandou que Maximiano Machado que acumulava as funções de juiz municipal e delegado de polícia organizasse um sistema de defesa para a ponte de Sanhauá na embocadura da estrada de Santa Rita contra um possível ataque dos rebeldes que também lhe enviaram um mensageiro para lhe comunicar a intenção de ali defender a causa da liberdade.
E no dia 18 de fevereiro os revoltosos ao entrarem em Areias foram fraternalmente recebidos pelos chefes locais do partido liberal que sabiam que estavam abraçando uma causa perdida mas que era a sua causa, a causa do partido.
E de imediato fizeram uma proclamação aos municípios de Bananeiras e Guarabira no sentido d generalizar a revolta e confiaram ao Capitão Peixoto de Brito que não conhecia o campo de operação para defesa da cidade e por isto ele colocou um piquete na aba da serra num lugar denominado Gregório, outro em Boa Vista e o resto da tropa ele dispersou por alguns lugares onde não havia possibilidade do inimigo passar enquanto isto o exército da legalidade guiado por Sebastião Guedes Alcoforado subia a serra da Onça em colunas cerradas com destino a cidade ao encontro das forças praieiras, que por estarem mal preparadas e sem moral para a luta foram facilmente dominadas pelas forças do Coronel Feliciano Falcão quando atacadas em seus entrincheiramentos da serra, e seguindo a sua marcha se deparou já perto da cidade com uma resistência maior tanto na ladeira do Tatu como na rua da Palha onde foram travado fortes tiroteios dos quais o Capitão Peixoto de Brito tomado de pânico acabou fugindo precipitadamente para o sertão com a tropa disponível e ao cair da tarde o exército de Feliciano Falcão ocupou a cidade e terminou com a rebelião praieira que havia nascido em Pernambuco e terminada em Areia e que se irrompeu sem planos, numa época em que o Brasileira dominado de norte a sul pela burguesia rural.
O Coronel Feliciano Falcão ocupou a cidade como uma cidade conquistada quando efetuou numerosas prisões de culpados ou supostos culpados, e a par das perseguições as suas tropas efetuaram saques nas casas dos chefes vencidos como tributo de guerra.
E na oportunidade alguns prisioneiros foram colocados em roda de pau para apontar o paradeiro dos foragidos que haviam debandados por ásperos caminhos do sertão carregando os seus feridos com destino ao povoado de Pocinho onde chegaram no dia 22 de Fevereiro e onde cada chefe tomou o seu destino ao dispersarem as suas tropas, com exceção de Borges da Fonseca que quis continuar na luta apesar de ter sido abandonado por seus companheiros de jornada.
Pois de arma na mão permaneceu nas matas do Cabo com alguns soldados escondidos até ser surpreendido no dia 30 de Março, quando as forças do Capitão Manoel José da Soledade o prendeu depois de renhido tiroteio onde morreu o guia que o denunciara de nome Antônio Pedro da Costa, e ao ser levado preso para a cidade de Recife acabou sendo recolhido a bordo do navio Constituição onde já se encontrava preso o deputado Lopes Neto e conduzido para cumprir sua pena em Fernando de Noronha, e logo após a desocupação de Areia pelas forças legais o governo da província enviou para lá o chefe de polícia Cláudio Manoel de Castro com a incumbência de abrir os processos contra os dezoitos rebeldes que foram pronunciados como responsáveis pelas mortes e ferimentos ocorridos em 21 de Fevereiro.



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