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Rebelião Praieira na Paraíba

Foi um movimento que se propagou em Pernambuco e se alastrou na Paraíba em virtude do partido liberal que se mantinha no poder desde de 1844, e com a subida do partido conservador em 1848 e a mudança de gabinete acarretou uma reviravolta no governo de algumas províncias com a nomeação de seus aliados sendo para Pernambuco designado em 17 de Outubro Herculano Ferreira Pena que de imediato desmontou a máquina política dos liberais, pois o seu objetivo era mais político que administrativo e com isto passou a hostilizar os adversários com nomeações e demissões que não eram publicadas, e deste modo quando o nomeado se apresentava para investir-se no cargo, imediatamente prendia aquele a quem substituía.
E devido o descalabro os deputados da bancada liberal foram ao presidente para pedir um pouco mais de moderação na escolha das autoridades municipais.
E por conta disto em 25 de Novembro os deputados de Pernambuco lançaram um manifesto denunciando à nação as barbaridades que estavam ocorrendo em solo pernambucano por ordem do presidente Herculano Ferreira Pena., e Nuno Machado que era o principal chefe do partido liberal em Pernambuco que de início era contra a revolta mas que acabou aderindo por pressão de seus amigos foi chamado do Rio de Janeiro para Recife em face ao recrudescimento das perseguições e ao desembarcar foi recebido pelos seus correligionários que foram proibidos de praticarem qualquer tipo de manifestação de apreço por parte dos conservadores que não perdiam qualquer oportunidade de ultrajar os liberais que tinham o epíteto de praieiros em virtude de estarem localizado na rua da Praia na cidade de Recife com seu clube e o jornal O República no qual Borges da Fonseca escrevia seus editoriais na luta que de início era somente de resistência e que em 14 de Novembro acabou em escaramuças no norte da província em virtude do combate que foi travado em Mussupinho e que se seguiu através de encontros armados em Mariocota, Catucá, Cruangi, Limoeiro, Nazaré, Pau D’Alho e Goiana e no dia 25 de Dezembro o presidente Herculano Ferreira Pena foi substituído por Manoel Vieira Tosta que chegou acompanhado de seu chefe de polícia Jerônimo Martiniano Figueira de Melo que era extremamente violento e por isto o regime de arrocho implantado acabou lançando aos praieiros em 2 de Fevereiro de 1849 da defesa ao ataque quando partiram para a luta armada decididos a tomarem a cidade do Recife para deporem o Presidente Manoel Vieira Tosta que organizou uma forte resistência em todas as frentes.
E por isto os invasores sofreram um duro revés quando o valoroso chefe dos liberais Nunes Machado caiu varado por uma bala.
E ao cabo de muitas horas de combate os conservadores que tinham o apelido de guabirus conseguiram dominar o inesperado ataque e aplicaram severas perdas aos liberais que tiveram muitos mortos e prisioneiros entre os seus correligionários que passaram a sofrer severas perseguições onde se prendia qualquer pessoa que direta ou indiretamente pudesse ter prestado qualquer tipo de auxílio aos rebeldes e no recrutamento militar foi que se deu o mais forte tipo de represália contra a população nordestina que tiveram senhores de engenho, fazendeiros, comerciantes, juiz de paz, vereadores, filhos de viúvas, homens velhos que foram presos e levados para Recife amarrados por corda para a prestação do serviço militar, e os dois jornais que o partido liberal tinha em Recife foram confiscados e seus redatores postos em fuga e no dia 2 de Julho de 1849 Honório Hermeto Carneiro Leão tomou posse na presidência em substituição a Manoel Vieira Toste e restituiu a paz desejada quando mandou soltar os presos e proibiu novas prisões por motivos político, fez retornar os que haviam sido desterrados em Fernando de Noronha, pôs termo aos abusos do recrutamento e deu liberdade a imprensa enquanto isto os rebeldes praieiros que haviam fugido para o interior após o malogrado assalto a cidade de Recife e que se encontravam no engenho Timbó rumaram para Igaraçu e se dividiram, com uma das colunas seguindo para Garanhuns sob o comando de Pedro Ivo que ao cabo de alguns encontros com as forças legais dissolveu-se na comarca de Bonito com a prisão de seu chefe enquanto a outra sob o comando de Manoel Pereira de Morais tomou a direção da Paraíba e que ao passarem por Goiânia aprisionaram a guarnição local e se apoderaram de uma grande quantidade de armas, munição e mantimentos, e seguiram para acamparam no engenho Pau Amarelo.
Onde foram atacados pelas forças legal em um encarniçado combate em que João Roma chefe de incontestável valor saiu gravemente ferido.
Com isto acabaram sendo desalojados de suas posições com grandes perdas em suas fileiras e seguiram com destino a Pedra de Fogo de onde rumaram para Itabaiana sempre perseguidos pela tropa do Tenente coronel Feliciano Falcão até atingirem Alagoa Grande em 17 de Fevereiro onde João Roma veio a falecer, e devido a aproximação dos praieiros da capital, o Presidente da Paraíba João Antônio de Vasconcelos que havia desguarnecido a cidade com a remessa de uma força de linha para Pernambuco em auxilio ao governo daquela província e vendo o desamparo que se encontrava para a situação, imediatamente ordenou a remoção dos valores do tesouro para o brigue de guerra Andorinha que se encontrava ancorado no porto de Cabedelo e ordenou ao chefe de polícia que arrecadasse a pólvora existente no comércio e que lançasse ao mar para que não viesse a cair nas mãos do inimigo, e mandou que Maximiano Machado que acumulava as funções de juiz municipal e delegado de polícia organizasse um sistema de defesa para a ponte de Sanhauá na embocadura da estrada de Santa Rita contra um possível ataque dos rebeldes que também lhe enviaram um mensageiro para lhe comunicar a intenção de ali defender a causa da liberdade.
E no dia 18 de fevereiro os revoltosos ao entrarem em Areias foram fraternalmente recebidos pelos chefes locais do partido liberal que sabiam que estavam abraçando uma causa perdida mas que era a sua causa, a causa do partido.
E de imediato fizeram uma proclamação aos municípios de Bananeiras e Guarabira no sentido d generalizar a revolta e confiaram ao Capitão Peixoto de Brito que não conhecia o campo de operação para defesa da cidade e por isto ele colocou um piquete na aba da serra num lugar denominado Gregório, outro em Boa Vista e o resto da tropa ele dispersou por alguns lugares onde não havia possibilidade do inimigo passar enquanto isto o exército da legalidade guiado por Sebastião Guedes Alcoforado subia a serra da Onça em colunas cerradas com destino a cidade ao encontro das forças praieiras, que por estarem mal preparadas e sem moral para a luta foram facilmente dominadas pelas forças do Coronel Feliciano Falcão quando atacadas em seus entrincheiramentos da serra, e seguindo a sua marcha se deparou já perto da cidade com uma resistência maior tanto na ladeira do Tatu como na rua da Palha onde foram travado fortes tiroteios dos quais o Capitão Peixoto de Brito tomado de pânico acabou fugindo precipitadamente para o sertão com a tropa disponível e ao cair da tarde o exército de Feliciano Falcão ocupou a cidade e terminou com a rebelião praieira que havia nascido em Pernambuco e terminada em Areia e que se irrompeu sem planos, numa época em que o Brasileira dominado de norte a sul pela burguesia rural.
O Coronel Feliciano Falcão ocupou a cidade como uma cidade conquistada quando efetuou numerosas prisões de culpados ou supostos culpados, e a par das perseguições as suas tropas efetuaram saques nas casas dos chefes vencidos como tributo de guerra.
E na oportunidade alguns prisioneiros foram colocados em roda de pau para apontar o paradeiro dos foragidos que haviam debandados por ásperos caminhos do sertão carregando os seus feridos com destino ao povoado de Pocinho onde chegaram no dia 22 de Fevereiro e onde cada chefe tomou o seu destino ao dispersarem as suas tropas, com exceção de Borges da Fonseca que quis continuar na luta apesar de ter sido abandonado por seus companheiros de jornada.
Pois de arma na mão permaneceu nas matas do Cabo com alguns soldados escondidos até ser surpreendido no dia 30 de Março, quando as forças do Capitão Manoel José da Soledade o prendeu depois de renhido tiroteio onde morreu o guia que o denunciara de nome Antônio Pedro da Costa, e ao ser levado preso para a cidade de Recife acabou sendo recolhido a bordo do navio Constituição onde já se encontrava preso o deputado Lopes Neto e conduzido para cumprir sua pena em Fernando de Noronha, e logo após a desocupação de Areia pelas forças legais o governo da província enviou para lá o chefe de polícia Cláudio Manoel de Castro com a incumbência de abrir os processos contra os dezoitos rebeldes que foram pronunciados como responsáveis pelas mortes e ferimentos ocorridos em 21 de Fevereiro.



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