Bem antes das lei do ventre livre em 1871 a Paraíba já trabalhava pela redenção do cativeiro, pois o presidente da província estava autorizado pela lei 311 de 10 de Dezembro de 1868 para aplicar todos os anos a quantia de cinco contos de reis na alforria de crianças nascida do sexo feminino sob o jugo do cativeiro e acima de três anos de idade e pela lei 341 de 3 de Dezembro de 1869 a importância das manumissões foi elevada para vinte e cinco contos de reis e no ano de 1870 com o termino da guerra do Paraguai em meio a tantas festas e solenidade comemorativas o governo paraibano alforriou dezenove mocinhas escravas.
As zonas de maior incidência da população escrava da Paraíba se localizavam no litoral e no brejo onde a agricultura constituía a principal atividade nos seus cento e sessenta e cinco engenhos onde estavam distribuídos os vinte e oito mil quintos e quarenta e seis escravos.
E no ano de 1884 esse número baixou para dezenove mil setecentos e setenta oito escravos em seus trezentos e cinquenta engenhos com o município de São João do Cariri na zona de criação e que ostentava o maior número de escravos e o de Teixeiras era o que tinha o menor número, e na campanha pelo abolicionismo na Paraíba teve em Manoel da Silva o seu herói da cruzada que de início lutou praticamente sozinho e que em 1883 ao ver o exemplo edificante do Ceará e do Rio Grande do Norte que já viviam livre da mancha do cativeiro, de imediato reagrupou os seu amigos e companheiros de jornada e fundou a Emancipadora Ariense com a colaboração de Carlos Lisboa, Rodolfo Pires e do Vigário Sebastiao Bastos e outros beneméritos arienses que contagiaram os sentimentos de solidariedade humana de numerosos proprietários rurais que alforriaram todo os seus escravos com grande adversidade do juiz de direito de Areia o Doutor Gonçalo Paes de Azevedo Faro que era um tenaz inimigo do abolicionismo e um espirito reacionário que criou toda sorte de obstáculo ao desempenho do movimento ao declarar todo o seu apoio aos escravocratas. E devido ao seu modo de agir, acabou sendo despojado de seu cargo na comarca por pressão de seus jurisdicionados, desta maneira o município de Areia se livrou da presença hostil do magistrado e tornando as coisas mais fácil para a gloriosa jornada.
E para leva-la a avante foi criado o jornal Verdade e a comarca municipal convocou os escravistas para uma audiência onde os convenceram do altruísmo do movimento que em 22 de abril o conjunto de todos os esforços rematou a campanha com sucesso espetacular.
Quando foram declarados libertos os últimos escravos e para comemorar o fato foi escolhido o dia 3 de maio que por coincidência neste dia dava entrada no parlamento o projeto do governo abolindo a escravidão do Brasil.
Desta maneira Areia foi a única cidade da Paraíba que escreveu essa página edificante na redação do cativeiro, e quando a lei áurea foi decretada em 13 de maio de 1888 ela chegou tarde para a terra de Manoel da Silva o infatigável obreiro da benemérita cruzada.
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