A ocupação econômica do território paraibano, como aconteceu em todo o Brasil, esteve desde as origens, ligadas às necessidades do desenvolvimento mercantil metropolitano: uma economia voltada para o mercado externo, baseada no latifúndio, na monocultura e na mão-de-obra escrava. Assim implantou-se a grande produção açucareira (a partir do séc. XVI) e mais tarde a algodoeira (séc. XVIII), enquanto no agreste e no sertão desenvolveu-se a pecuária para atender as necessidades das cidades, povoados e das áreas voltadas para as culturas comerciais.
1 – Ciclos Econômicosa) Pau-brasil
O ciclo do pau-brasil predominou em todo o período Pré-colonial. A sua exploração não fixava o homem a terra, levando apenas a instalação de feitorias. Constitui-se o primeiro produto de comércio não só na Paraíba, mas em todo o Brasil. Foi também o motivo das tentativas de fixação dos franceses no nosso litoral.
O seu valor como matéria prima de tinturaria foi atestado na Europa e na Ásia. Daí sua importância econômica. Pernambuco e Paraíba figuravam entre os pontos do Brasil onde a madeira era mais encontrada. Foi o primeiro monopólio estatal da Paraíba: pelas leis do Mercantismo só a Metrópole poderia explorá-la. Destaca-se ainda, a incômoda presença francesa, que desde cedo, contando com o apoio dos índios contrabandeavam a madeira. Haja vista, que esse tipo de exploração não exigia a ocupação do território. Tanto portugueses quanto franceses, negociavam, nas costas do Brasil, desde os primeiros anos do século XVI. Em 1634, o pau-brasil das matas de Baía da Traição e do Mamanguape era explorado mais intensamente, enquanto o curso inferior desse rio enchia-se de currais, representando fazendas para criação de gado.
b) Cana-de-açúcar
Da mesma forma, que em todo o litoral nordestino, a ocupação da faixa litorânea, baseou-se na exploração da cultura canavieira em grandes unidades produtivas: os engenhos. A conquista da Paraíba, por exemplo, é uma consequência natural da cultura da cana-de-açúcar.
E o progresso dessa indústria foi espantoso no fim do século XVI, e na Paraíba, a primeira tentativa de introdução da cultura da cana foi em 1579, na ilha da Restinga, fracassada pela invasão dos piratas franceses na região. A implantação definitiva da cultura da cana na Paraíba surgiu com seu primeiro engenho, em 1587. Logo após a fundação da cidade de Nossa Senhora das Neves, Martin Leitão instalou o engenho real de Tibiri. Depois de passar da zona da mata para o agreste, a lavoura migrou para as regiões úmidas do sertão.
Segundo assinala Varnhagen, em 1610 a capitania da Paraíba já possuía dez engenhos de açúcar. Por ocasião da conquista holandesa (1634), a estrutura produtiva canavieira já estava implantada a pleno vapor para abastecer o mercado externo. O número de engenhos subia a dezoito, dos quais dois na área de Mamanguape, junto aos rios Camaratuba e Miriri. Os demais distribuíam-se pelo vale do Paraíba, aproveitando a extensa rede de afluentes destes - Tibiri, Tambiá, Inhobim, Gargaú - alguns dos quais navegáveis.
Os primeiros núcleos de povoamento e expansão do processo colonizador se implantaram como função da exportação do açúcar. A conformação econômica da Paraíba, no seu primeiro século de existência, mostrava a atividade canavieira como núcleo central em torno da qual gravitava uma economia de produção de alimento para a população ali ocupada. O milho, o feijão e a mandioca eram culturas inteiramente secundárias e somente eram cultivadas em quantidades mínimas para a alimentação dos trabalhadores, escravos, índios ou pessoas livres. A introdução do boi nas terras sertanejas tinha como função prover de alimentos a força do trabalho que movia a atividade dinâmica do território.
O engenho colonial, a grande propriedade produtora de açúcar, era constituído, basicamente por dois grandes setores: o agrícola que era formado pelos canaviais, e o de beneficiamento – a casa do engenho, onde a cana-de-açúcar era transformada em açúcar e aguardente. Muitos engenhos possuíam também destilarias para produzir a aguardente (a cachaça), utilizada como escambo no tráfico de negros da África.
Além dos escravos, o engenho utilizava também o trabalho de homens livres nas atividades de administração e em atividades técnicas. Em torno dos engenhos desenvolveram-se uma série de pequenas atividades – os ofícios – e também áreas utilizadas para a cultura de alimentos.
O caráter da produção açucareira baseava-se numa economia monocultura, latifundiária e escravista. Em fim do século XVI, com a implantação dos primeiras sesmarias, ela foi iniciada na Paraíba, na várzea do Rio Paraíba do Norte. Já no início do século XVII, toda a área encontrava-se povoada e ocupada por numerosos engenhos.
c) Pecuária
Com a expansão da cultura canavieira, novas terras foram sendo incorporadas ao plantio, ao mesmo tempo que as necessidades de combustível (a lenha) para atender os engenhos também aumentavam. O resultado foi a destruição das florestas que cobriam todo o litoral; o que levou os colonos a procurar madeira em áreas cada vez mais distantes, aumentando assim, a necessidade de animais de carga.
Por outro lado, a expansão da cana engolia os pastos, o que impossibilitava a convivência das duas atividades. Desta forma, a atividade criatória foi se interiorizando e se desenvolveu, em especial no sertão, para abastecer os engenhos de animais de tração e de carne, que era destinado também aos pequenos centros urbanos litorâneos.
O gado chegou à Paraíba representando um novo elemento econômico para região. Bois, cavalos, cabras foram ocupando os currais das sesmarias e fizeram do sertão conhecida "civilização do couro". Os portugueses enxergaram futuro enriquecido com a criação de gado e com a escravidão indígena, o que os levou a investirem e a ocuparem cada vez mais regiões do sertão paraibano. Em meados do século XVII todo o território paraibano já estava conquistado, com uma concentração demográfica maior no litoral que no sertão.
A penetração rumo ao sertão paraibano processou-se principalmente através dos rios, ao longo dos quais foram se instalando as grandes fazendas de gado. A pecuária tinha um caráter extensivo devido à pobreza das pastagens (caatinga) aos longos períodos de estiagem e a utilização de técnicas rudimentares. A dispersão explica-se pela reduzida utilização de mão-de-obra nesta atividade.
d) Algodão
Até o início do século XIX era a agromanufaturas do açúcar o principal sustentáculo da economia paraibana. Mas o açúcar, que desde a invasão holandesa não conseguira recuperar a sua posição no mercado mundial, decaia intensamente, através de sucessivas crises, terminando por ceder a sua primazia ao algodão, que assumiu o lugar de principal produto de exportação.
A expansão da lavoura algodoeira que, primitivamente fixada no sertão, invade o brejo, chegando até a zona úmida dos canaviais, depois de excelentemente aclimatadas nas zonas acatingadas de Ingá e Itabaiana, a sudeste, e vila de Independência (Guarabira), a nordeste.
Em meados do século XIX, o desenvolvimento da cultura algodoeira daria novo á ocupação do espaço paraibano. Neste período, devido a Guerra de Secessão, os EUA foram afastados do mercado produtor internacional. Assim, a Inglaterra – maior centro têxtil – passou a estimular a plantação de algodão noutras áreas no Brasil, o nordeste tornou-se o mais importante produtor e exportador de algodão. Na Paraíba, a cultura foi responsável pela consolidação da ocupação do sertão e do povoamento do agreste e brejo. Assim como a cana-de-açúcar, o algodão, nas fases de cultivo e processamento para a exportação, também constituem um dos exemplos típicos de "plantation" tropical.
O escoamento da produção do algodão sertanejo e mesmo do açúcar do litoral era dificultado pelos longos percursos feitos por tropas de animais. Para vencer estas distâncias e garantir a rápida chegada das mercadorias aos portos, principalmente ao recife, é que foi instalada a estrada de ferro.
Na primeira metade do século XX foi concluída a ligação ferroviária de Souza a campina grande, o que permitiu a esta cidade aumentar o seu papel comercial sobre o sertão e também incrementar as exportações do algodão através do Porto de Cabedelo (na época um dos principais terminais algodoeiros do nordeste).
A ferrovia completou o processo de ocupação do território paraibano. A cana-de-açúcar, o gado e o algodão comandavam este processo, com base na implantação de uma economia agrário exportadora.
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