sábado, 10 de dezembro de 2022

A coexistência pacífica


Buscando evitar a todo o custo o confronto direto entre as duas grandes potências, a estratégia da coexistência pacífica (formalizada pelo líder soviético Nikita Kruschev) desloca a Guerra Fria para os campos da economia e da tecnologia. As novas relações possibilitam algumas aproximações entre os tradicionais rivais, mas não garantem o fim das hostilidades e tensões. No início dos anos 60, duas graves crises confirmam que, apesar do fim da fase mais aguda, a Guerra Fria continua presente: as crises do muro de Berlim, em 1961, e dos mísseis de Cuba, em 1962.

A crise em Berlim

No final da Segunda Guerra, o Acordo de Potsdam (1945) divide a derrotada Alemanha nazista e sua capital em quatro zonas de ocupação entre os Aliados (União Soviética, Estados Unidos, Grã-Bretanha e França). Em 1948, para impedir medidas do bloco ocidental que resultariam na formação de um Estado alemão separado, a União Soviética impõe um bloqueio em Berlim, cidade encravada em sua zona. Os acessos rodoviários e ferroviários para a cidade são fechados, exigindo que britânicos e norte-americanos montem uma ponte aérea para abastecer Berlim Ocidental. Depois desse incidente, surgem as Repúblicas Federal da Alemanha (Ocidental) e Democrática Alemã (Oriental), respectivamente alinhadas com o bloco capitalista e o socialista.

A construção do muro de Berlim

O interesse em impedir fugas para o lado capitalista de Berlim leva a União Soviética a erguer na noite de 12 para 13 de agosto de 1961 uma cerca de arame farpado e postos de vigia. Mais tarde, a cerca é substituída por um muro de alvenaria. Mais do que dividir uma cidade, o 'muro da vergonha' separa fisicamente famílias, ideologias e o mundo, colocando cada parte sob influência de uma das superpotências. A queda do muro de Berlim, em 1989, representa o fim da Guerra Fria.


Revolução Islâmica do Irã


A aproximação entre Israel e Egito parecia abrir as portas para um período de maior estabilidade no Oriente Médio. Apesar disso, o mundo teve pouco tempo para comemorar. Em janeiro de 1979, os islâmicos xiitas do Irã derrubaram o governo do xá Reza Pahlevi, aliado dos Estados Unidos, e proclamaram a Revolução Islâmica.
Liderados pelo aiatolá Khomeini, os xiitas diziam que tanto a União Soviética quanto os Estados Unidos eram regidos pelo Grande Satã. Acreditavam na Jihad, uma guerra santa para converter o mundo à fé islâmica. Khomeini instaurou no Oriente Médio um sistema político-religioso que não seguia a lógica da Guerra Fria.
Riquíssimo em petróleo, o Irã era governado desde 1941 pelo xá (rei) Reza Pahlevi, que dispunha de poderes absolutos sobre o povo iraniano.
Fiel aliado dos Estados Unidos, ele tinha planos de “ocidentalizar” o país. Essa política causava descontentamento entre a população iraniana, cuja maioria é muçulmana xiita e segue rigidamente os preceitos islâmicos. Além disso, o xá reprimia duramente seus opositores, o que causava insatisfação também em setores das classes médias, sobretudo, entre estudantes e intelectuais.
Nos anos 1970, muitas pessoas estavam presas no Irã por motivos políticos. Outros opositores do regime buscavam o exílio. Entre eles, destacava-se o aiatolá Ruhollah Khomeini (1900-1989), exilado em Paris. Em seu exílio Khomeini gravava fitas com discursos contra xá Reza Pahlevi. Essas fitas eram levadas clandestinamente ao Irã e divulgadas entre a população.
A insatisfação com o governo de Reza Pahlevi chegou ao auge em 1979, quando uma revolta se espalhou pelo país inteiro, obrigando o xá e sua família a fugir. Khomeini voltou ao Irã e assumiu a liderança do governo. Os preceitos do islamismo foram restabelecidos.
Para Washington e Moscou, era importante impedir a expansão da revolução islâmica. Os Estados Unidos temiam que a difusão do radicalismo iraniano incentivasse um sentimento antiamericano no mundo muçulmano. A União Soviética, por sua vez, acreditava que o crescimento da religião poderia encorajar o separatismo nas repúblicas soviéticas, como o Cazaquistão e o Turcomenistão, com população de maioria muçulmana.
Um forte sentimento antiamericano e antiocidental passou a caracterizar a política dos novos líderes. Em 1980, o exército do Iraque invadiu o Irã. Por essa época, o governo do Iraque, chefiado pelo muçulmano sunita Saddan Hussein, recebia ajuda financeira dos Estados Unidos, potência cujos interesses estão ligados ao petróleo da região. Conhecido como Guerra Irã-Iraque, o conflito deixaria o trágico saldo de 1,5 milhão de mortos e só terminaria em 1988.
Apesar da morte de Khomeini, em 1989, líderes religiosos continuaram a política do governo, ainda que haja eleições para presidente e este possa ser laico (não religioso).
Em 2005, foi eleito para a Presidência Mahmoud Ahmadinejad. Três anos antes, o presidente norte-americano George W. Bush havia declarado que o Irã faz parte do “eixo do mal” – juntamente com o Iraque, a Coréia do Norte e outros países – e representa uma ameaça à segurança mundial.
Em abril de 2007, o presidente Mahmoud Ahmadinejad anunciou que o Irã produz industrialmente urânio enriquecido. Um ano depois, em abril de 2008, era anunciada a construção de uma nova usina para enriquecer urânio no Irã. Esses fatos desafiavam a política do governo norte-americano de George W. Bush que pretendia impedir o acesso do Irã à tecnologia nuclear. Embora o governo iraniano afirme que pretende utilizar essa tecnologia para fins pacíficos, Bush teme perder o controle da região do Oriente Médio diante de um Irã em condições de produzir armas atômicas.




Os militares na política latino-americana


O crescimento das manifestações populares de descontentamento demonstrava que os governos populistas não conseguiam mais controlar as esquerdas e as massas. As burguesias latino-americanas, cada vez mais dependentes das grandes corporações capitalistas internacionais, especialmente das americanas, exigiam condições para a continuidade da expansão dos lucros e da acumulação do capital.
A Revolução Cubana, com a adoção do regime socialista por Fidel Castro, deu um modelo para muitos movimentos da esquerda no continente. Em diversos países do continente americano, a experiência cubana serviu de inspiração para a discussão sobre projetos políticos que incluíam temas como a reforma agrária, a distribuição de renda e riquezas, a nacionalização e estatização de empresas, a educação e a cultura como bens acessíveis a todas as pessoas. Alguns grupos defendiam a realização de reformas estruturais em um contexto democrático, respeitando as instituições e o processo legal; outros propunham a transformação radical e revolucionária dos sistemas político e econômico.

No contexto da Guerra Fria, contudo, era inaceitável para os Estados Unidos a possibilidade de outro país socialista na América. A política externa dos Estados Unidos e as classes dominantes da América Latina pretendiam, a qualquer preço, evitar a expansão do modelo cubano. Se até então os Estados Unidos estavam mais voltados para a Europa, para a Ásia, especialmente por causa da Revolução Chinesa, com a revolução Cubana, no fim dos anos 1950, a política exterior americana voltou suas atenções para o continente americano.
Inicialmente, os Estados Unidos tentaram incrementar uma política de auxílio aos países da América Latina através da chamada Aliança para o Progresso. Nascida oficialmente no Encontro Extraordinário do Conselho Econômico e Social Interamericano, realizado em Punta del Este, no Uruguai, em agosto de 1961, a Aliança para o Progresso pretendia ajudar a acelerar o desenvolvimento econômico na América Latina. Na tentativa de garantir o estabelecimento de governos "plenamente democráticos", foi produzida uma carta de intenções que propunha uma série de melhorias na distribuição de renda do continente latino-americano, reforma agrária e o desenvolvimento de planejamentos econômicos e sociais. Embora oficialmente o objetivo dos Estados Unidos fosse promover o progresso econômico da América Latina através de uma aliança com todos os países do continente, tratava-se do processo de enfrentamento do "perigo comunista" no continente.
Por isso, o resultado mais notável da atuação da Aliança para o Progresso foi a cooperação, principalmente no plano militar, com o objetivo de reprimir os movimentos esquerdistas, armados ou não. A atuação da Aliança no plano social e econômico foi inexpressiva.
Aos poucos, a única forma viável de controlar os movimentos populares encontrada pelos Estados Unidos e pelas classes dominantes da América Latina foi a instituição de governos militares. Por essa razão, os anos 1960 e 1970 da história da América Latina ficaram marcados pelas ditaduras militares apoiadas pelos norte-americanos. 

Desde o século XIX, por meio da Doutrina Monroe, os Estados Unidos reivindicam o direito de intervir nos assuntos latino-americanos para promover os interesses estadunidenses. Em 1946, por exemplo, o governo dos Estados Unidos criou a School of the Americas, uma escola militar para o treinamento de militares latino-americanos. Presidentes estadunidenses influenciaram, auxiliaram e colocaram seus governos ao lado de diversas ditaduras civis-militares na América Latina na segunda metade do século XX. O argumento utilizado pelos Estados Unidos, frequentemente, era o de combate às ideias comunistas.

Em vários casos, a esquerda foi surpreendida pela força dos golpes e da repressão. No Uruguai, na Argentina, na Colômbia, no Peru, na Bolívia e no Brasil, a esquerda e os movimentos populares não ofereceram, de imediato, alternativas para a situação.
Divisões no interior dos movimentos de esquerda fizeram surgir guerrilheiros para combater os militares e o imperialismo. Cuba ainda tentou apoiar esses movimentos, mas, desde o acordo entre União Soviética e os Estados Unidos, depois da crise dos mísseis, ficou praticamente isolada. Os movimentos de guerrilha urbana foram sendo derrotados, e os governos militares não tinham mais opositores expressivos. Mas o movimento guerrilheiro acabou dando aos governos militares uma forte justificativa para reprimir duramente a oposição.
Paradoxalmente, alguns governos militares adquiriram características nacionalistas. O Peru, por exemplo, liderado pelo general Velasco Alvarado, nacionalizou uma campanha americana de petróleo e também as indústrias de mineração e pesqueira, além de fazer uma ampla reforma agrária e estabelecer o limite marítimo nacional de 200 milhas. E, por isso mesmo, foram também derrubados por militares ligados aos interesses das grandes corporações estrangeiras. No entanto a maioria dos governos militares submetia-se às determinações da política externa dos Estados Unidos.
O caso mais significativo de intervenção militar violenta na vida política do Chile: em 11 de setembro de 1973 o governo socialista de Salvador Allende foi derrubado por um golpe liderado pelo general Augusto Pinochet, com o apoio dos serviços secretos norte-americanos e de forças repressivas do Brasil.
Não podemos analisar os governos militares da América Latina como um único modelo. Há diferenças fundamentais, por exemplo, entre o regime militar argentino e o brasileiro. No primeiro caso, o historiador Moniz Bandeira chega a defender a tese de que o golpe de 1976 na Argentina teve como objetivo a desindustrialização do país como a única forma de destruir o forte sindicalismo operário do país vizinho. Industrialização significa fortalecimento do movimento operário. O contrário deu-se com o Brasil: industrialização acelerada, combinada com um controle do movimento operário.

Apesar das diferenças entre os regimes militares na América Latina, é possível observar alguns aspectos comuns a todos eles, incluindo o do Brasil. Um desses aspectos foi a extinção de órgãos parlamentares e dos partidos políticos dos países em questão. Ainda que alguns regimes, como o peruano, tenham sido considerados mais progressistas, todos tiveram como base a militarização da sociedade. As instituições militares visavam representar o poder político, econômico e social do período. Com relação a isso, reformas que centralizavam o poder econômico nas mãos dos militares foram recorrentes em todos os países da região.

As ditaduras latino-americanas foram marcadas pelo intenso uso da violência e da repressão contra todos os grupos considerados uma ameaça aos interesses dos Estados Unidos e das elites nacionais. Com isso, não foram apenas indivíduos ou grupos sociais que defendiam ideias comunistas que foram reprimidos. Artistas, estudantes, sindicalistas, jornalistas e intelectuais, bem como políticos moderados ou que defendiam propostas mais democráticas, sofreram com a repressão.

Além disso, a tensão internacional que colocava os Estados Unidos e a União Soviética em oposição foi amplamente utilizada pelos regimes militares. A Primeira Reunião Interamericana de Inteligência Nacional, que aconteceu no Chile, em 26 de novembro de 1975, é um exemplo disso. Foi nesse momento que se instituiu a Operação Condor. Na reunião, estiveram presentes líderes militares do Brasil, da Argentina, do Paraguai, do Uruguai, da Bolívia e do Chile, reunidos para discutir táticas repressivas contra os movimentos sociais armados de seus países.

A Operação Condor foi organizada com financiamento recebido dos Estados Unidos. Nessa operação, eram coletadas e compartilhadas informações sobre pessoas e organizações consideradas subversivas. Os exércitos dos países-membros organizavam-se para a captura, o interrogatório e a tortura de prisioneiros. Ademais, os militares tentavam interromper o apoio internacional aos movimentos sociais de seus países. Ao longo da operação, estima-se que foram assassinadas aproximadamente 40 mil pessoas de diversas nacionalidades.

O uso de técnicas de tortura e de assassinatos foi comum nos regimes ditatoriais. Com isso, muitas pessoas foram obrigadas a abandonar seus países para escapar da repressão. Em alguns casos, como na Argentina e no Chile, a violência das ditaduras foi tão intensa que milhares de pessoas foram mortas ou desapareceram. Só no Chile, foram cerca de 40 mil as vítimas de torturas e prisões políticas, além dos 3 mil mortos ou desaparecidos pelo regime. Outra forma de repressão foi o uso da censura. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, programas televisivos e radiofônicos, entre outros exemplos, eram frequentemente censurados  e impedidos de divulgar livremente informações ou críticas ao regime. Canções e outras obras de arte que denunciavam as violências das ditaduras foram proibidas, e seus autores sofreram ameaças de perseguição, prisão e morte.

Se os regimes agiam de forma articulada, os movimentos sociais desses países também tiveram algumas atuações parecidas. Foi marcante, por exemplo, a organização sindical latino-americana que levou às greves dos metalúrgicos de Contagem (MG) e Osasco (SP) em 1968. Já no Uruguai, uma greve geral foi convocada pela Convenção Nacional de Trabalhadores (CNT) contra o golpe militar em 1973. Em todos esses países, há movimentos sociais organizados até os dias de hoje para cobrar punições aos militares e reparações às populações afetadas pelas ditaduras.

Resumidamente, podemos dizer que os regimes militares combinaram autoritarismo político com liberalismo econômico. As liberdades democráticas foram suprimidas, mas os militares apoiavam-se de forma constante na livre-iniciativa no plano econômico.

Os regimes autoritários aproveitaram seus amplos poderes para realizar reformas econômicas. Para isso, promoveram a abertura das economias nacionais ao capital internacional e recorreram a investimentos e empréstimos internacionais. Esse tipo de reforma ajudou a dinamizar as economias, mas promoveu intenso endividamento, enfraquecendo a autonomia dos governos latino-americanos para comandar seus processos econômicos e projetar suas economias nacionais no mercado globalizado. As reformas também contribuíram para o aumento das desigualdades sociais no continente. Os projetos de desenvolvimento dos governos militares dependiam dos empréstimos feitos pelos grandes bancos internacionais.

Na primeira metade da década de 1970, a crise petrolífera (elevação do preço do petróleo decretada pela Opep) começou a abalar a economia capitalista, estável desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Nos últimos anos de 1970 e começo da década de 1980, já era claro que o modelo de desenvolvimento dos governos militares não estava adequado à nova conjuntura mundial.
Na Nicarágua, a ditadura da família Somoza foi derrubada por uma revolução em 1979. Iniciava-se, assim, o regime sandinista, de matizes socialistas e aliado de Cuba. O governo revolucionário nicaraguense teve de enfrentar durante muitos anos, o movimento guerrilheiro de direita conhecido como Contras, apoiado pela CIA norte-americana.
Em 1990, pressionados pela conjuntura internacional, os sandinistas convocaram eleições gerais, nas quais foram derrotados. O líder Daniel Ortega foi substituído por Violeta Chamorro na presidência da República. Porém, enfrentado altos níveis de desemprego e inflação, as perspectivas do pequeno país centro-americano não são promissoras.
Na Argentina, o desgaste dos militares se acelerou quando o governo se envolveu numa aventura guerreira contra a Inglaterra: a Guerra das Malvinas. Os militares não suportaram as pressões internas e foram obrigados a convocar eleições em 1983.
No ano seguinte, foi a vez do Uruguai, seguido da Bolívia, do Brasil em 1985 e, finalmente, do Chile em 1989.
Desde pelo menos a última década vem se aprofundando a chamada Globalização da economia mundial. Os diversos governos latino-americanos procuram se adequar às exigências do capitalismo globalizado, abrindo sua economia para os produtos e os investimentos estrangeiros.
A maioria dos países latino-americanos, no entanto, não tem condições de competir com a descomunal força dos grandes centros industriais. As indústrias nacionais vem fechando suas portas e demitindo trabalhadores. As forças sindicais estão desmoralizadas e enfraquecidas pela existência de um numeroso exército da reserva ( desempregados em grande número).
Essa política é legitimada pela busca da estabilidade monetária. A inflação descontrolada foi praticamente varrida de quase todos os países latino-americanos.
Todavia, a América Latina continua mergulhada no atraso e na miséria. A denominada modernização não consegue esconder a enorme massa de excluídos em meio a pequenas ilhas de prosperidade. O contraste entre riqueza e pobreza ficou mais acentuado: padrões de consumo semelhantes aos dos países desenvolvidos para poucos e miséria africana para muitos. O Estado se mostra impotente para responder aos problemas que se avolumam.
Quase todas as antigas colônias continuam ainda hoje com uma economia dependente. De modo geral, setores das classes dominantes têm seus interesses fortemente ligados ao capital estrangeiro, mantendo os diferentes países como simples fornecedores de matéria-prima.
Depois do desaparecimento da União Soviética e do fim da polarização do mundo, teve início uma série de acordos que estão resultando na formação de blocos econômicos. Um deles, resultou na formação da União Européia. Na América formou-se o Nafta (Acordo de Livre Comércio da América). Inicialmente esse acordo deu-se somente entre o Canadá e os Estados Unidos. Em 1993 o México foi admitido na Nafta e, com isso, esperava sair de uma situação crônica de país dependente. Esse acordo previa o fim de todas as barreiras comerciais entre os três países do norte do continente. O México, num primeiro momento, teve vantagens, que se refletiram na expansão de sua economia, que passou a ser uma das quinze maiores do mundo.
No entanto, depois de seguir à risca a receita prescrita pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) para ajustar sua economia, O México mergulhou numa profunda crise financeira, na qual o peso (moeda mexicana) desvalorizou-se 100% em relação ao dólar em poucos dias. A mortalidade infantil cresceu, mas o número de multimilionários aumentou. E os graves problemas sociais mexicanos deram origem à rebelião zapatista, na província de Chiapas.
Uma reação da América do Sul à criação do Nafta foi o projeto do Mercosul (Mercado Comum do Sul), criado em 1991, que reúne Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. São países associados; o Chile, a Bolívia e o Peru. A participação plena desses países está ainda em pendência. O Chile fez acordos bilaterais com os Estados Unidos, o que fere os princípios básicos do Mercosul. Pelos acordos do Mercosul, 90% das mercadorias produzidas na região deveriam circular sem nenhuma tarifa de importação. No entanto, vários problemas advindos da estagnação da economia brasileira e, especialmente, da Argentina estão impedindo o bom funcionamento da aliança econômica.
Cuba, que apresentava um novo caminho para a América Latina, está isolada. Muitos cubanos procuraram refúgio nos Estados Unidos utilizando-se de rudimentares embarcações para alcançar o paraíso do consumo representado por Miami, ainda que tenham de se submeter à categoria de cidadãos de segunda classe. Os Estados Unidos acenam vagamente com o levantamento do embargo econômico imposto à Cuba, mas isso não se concretiza.
Os resultados de um exaustivo estudo sobre a situação mundial feito pela Organização Internacional do Trabalhador, órgão ligado à ONU, não deixam dúvidas: a economia mundial entre os anos 1990 e 2003, auge da chamada Globalização, cresceu muito menos do que a níveis recorde, com mais de 180 milhões de pessoas sem nenhum tipo de atividade produtiva. A América latina é uma das regiões mais atingidas pelo desemprego.

Cidadania, justiça e direito à memória 

Ao longo do século XX, comunidades do mundo inteiro passaram a resgatar memórias de eventos ou processos históricos traumáticos. Assim, estabeleceram-se formas de rememoração partilhada sobre a violência política e o terror de Estado.

As ditaduras argentina, brasileira e chilena foram encerradas na década de 1980 e passou-se a reivindicar, então, o direito e o dever da memória como condição para a vida democrática. Era preciso lidar com o passado violento e recente para que o Estado não voltasse a cometer crimes semelhantes, de modo que finalmente os direitos humanos fossem respeitados e a cidadania democrática fosse reconstruída. 

Direito à verdade e à memória na América Latina

Diferentemente de outros países sul-americanos, o Brasil ainda caminha lentamente para o reconhecimento e a concretização do direito e do dever de memória.

O livro Brasil: nunca mais, produzido de forma sigilosa com base em documentos oficiais e publicado em 1985, foi um dos primeiros a divulgar dados sobre torturas, desaparecimentos, assassinatos e demais formas de violência praticadas pela ditadura civil-militar no Brasil. Apesar disso, as condições da Lei de Anistia promulgada em 1979 impediram que se estabelecesse um trabalho profundo de investigação sobre os crimes dos agentes do Estado no Brasil. 

Comissões da verdade 

Uma das formas encontradas pelos governos que haviam acabado de sair de conflitos ou de regimes autoritários para assegurar o direito à memória e à verdade foi instituir comissões da verdade – órgãos oficiais, temporários e sem caráter judicial, que investigam abusos e violações aos direitos humanos cometidos ao longo de um período.

Mais de trinta países de diversos continentes instituíram inquéritos, aprofundaram investigações e promoveram algum tipo de reparação simbólica ou material às vítimas da violência e da repressão política, ou a seus parentes.

No Brasil, somente em 1995 foi criada a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, para apurar minimamente as circunstâncias de assassinatos e desaparecimentos. Apesar de não apontar os agentes, a investigação favorecia a responsabilização geral do Estado pelos crimes.

Em 2012, o governo de Dilma Rousseff instituiu a Comissão Nacional da Verdade, para investigar as graves violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, e “efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional”. Para a reparação simbólica, o relatório é muito relevante, mas a memória pública da ditadura e de seus crimes ainda parece interditada ou desprezada.



Guerra do Canal de Suez


Também o Canal de Suez foi alvo de conflitos e caracterizou mais uma etapa da série de incidentes entre árabes e judeus.
Com o objetivo de garantir o acesso dos ocidentais (principalmente franceses e ingleses) ao comércio oriental, antes realizado pelo contorno do sul da África. O controle das operações realizadas no canal ficou sob o domínio inglês e continuou mesmo após a independência do Egito. No entanto, em 1952, um Golpe de Estado realizado pelo revolucionário Gamal Abdel Nasser pôs fim ao regime monárquico do rei Faruk. A liderança de Nasser no governo egípcio revelou uma política de caráter nacionalista, buscando a modernização do Estado por meio da reforma agrária, do desenvolvimento da indústria e de uma melhor distribuição de renda. A luta contra o Estado de Israel, entretanto, não deixou de ser alimentada.
Numa atitude de combate ao colonialismo anglo-francês, Abdel Nasser nacionalizou o Canal de Suez e proibiu a navegação de navios israelenses no local. A medida causou um grande impacto na Inglaterra, França e Israel que, então, iniciaram uma guerra contra o Egito. No desenrolar do conflito, os egípcios foram derrotados, mas os Estados Unidos e a União Soviética interferiram, obrigando os três países a retirarem-se dos territórios ocupados. Ao final, o Canal de Suez voltava, definitivamente, para o Egito, mas com o direito de navegação estendido a qualquer país.
A Guerra de Suez revelou uma nova referência para o contexto político da região: a cumplicidade de Israel com as potências imperialistas ocidentais. Tal constatação acentuou a ruptura entre árabes e judeus, abrindo precedentes para novos conflitos.



quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

A guerra civil na Iugoslávia

 O Reino da Iugoslávia (1918-1941)

Com a derrota dos três grandes impérios (austro-húngaro, o russo e o otomano), a região finalmente se viu livre da tutela estrangeira. Pelos tratados de Paris, em 1919, garantiu-se a liberdade dos Reinos da Iugoslávia (formada pela Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Macedônia) com capital em Belgrado. Em 1941 o rei da Iugoslávia, cedendo à pressão dos nazistas, resolveu assinar um tratado de aliança com Hitler. Foi o que bastou para que uma rebelião popular tomasse conta das ruas de Belgrado. Hitler aproveitou-se da situação confusa e ordenou que suas divisões ocupassem o país, em abril de 1941.

A Grande Sérvia e a Primeira Guerra Mundial

Em 1908 um grupo de jovens oficiais otomanos deu início a uma revolução que pretendia modernizar o Império Turco, mergulhando na estagnação. Ao deporem o Sultão terminaram por provocar uma onda de descontentamento geral contra o domínio otomano. Aproveitando-se da confusão provocada pelas reformas, o governo da Sérvia aliou-se aos búlgaros e romenos para dar início a uma guerra que tinha como por objetivo afastar os turcos dos Balcãs. Foi a primeira Guerra dos Balcãs, de 1911-13, que assegurou a independência da área. Logo em seguida as ambições da Sérvia voltaram-se para a formação da Grande Sérvia que visava anexar a Croácia (então sob domínio austríaco) para desta forma chegar ao Mar Adriático. Os austríacos viram por trás dessa ambição expansionista os interesses de Moscou. Como os czares da Rússia não tinham conseguido abrir caminho para o Mediterrâneo devido ao controle que os turcos exerciam sob as duas margens do Bósforo, estavam-se utilizando da Sérvia para obter tal fim.

Em julho de 1914 o herdeiro do trono austro-húngaro, Francisco Ferdinando, foi assassinado com sua esposa quando fazia uma visita oficial à capital da Bósnia-Herzegóvina, Saravejo. O autor do atentado era um jovem estudante nacionalista sérvio Gravilov Pincip que, com aquele ato, desejava protestar contra a presença dos austríacos numa região que deveria estar na órbita da Sérvia. Para o governo austro-húngaro tal atentado serviu de pretexto para uma declaração de guerra à Sérvia o que provocou a mobilização dos protetores dos sérvios, o Império Russo. Em pouco tempo a Europa inteira entrou em guerra, que se estendeu até 1918.

O Acirramento do Ódio

Aproveitando-se da presença das tropas nazistas os croatas, que se diziam oprimidos pelos sérvios, fizeram um grande massacre junto à população civil que vivia na área da Croácia. Registraram-se mais de 40 mil mortos pelas milícias croatas. Quem terminará por organizar uma oposição militar à ocupação será o Partido Comunista Iugoslavo liderado pelo guerrilheiro Josef Broz, conhecido como Tito, que assumiu o controle das montanhas tornando a vida dos alemães um inferno. Quando a guerra estava para se encerrar, nos começos de 1945, os guerrilheiros de Tito haviam derrotado a maioria das 37 divisões que os nazistas haviam enviado para lá, o mesmo ocorrendo na vizinha Albânia, com os comandados por Hoxa. As matanças ocorridas devido à presença das tropas estrangeiras e aquelas outras que seguiram, praticadas contra os colaboracionistas pró-nazistas, deixaram marcas profundas entre a população local.

O ódio entre as várias repúblicas, formadas depois de 1945, foi contido devido à política hábil e repressiva de Tito. O comunismo aparentemente agia como um elemento integrador que atenuava as diferenças existentes na região (entre católicos, ortodoxos, muçulmanos, entre as culturas alemã, russa e turca) Tito tratou de diminuir a influência dos dois maiores grupos, os sérvios e os croatas, dando estatuto de maior representatividade para os outros. Quando ele veio a falecer em 1980, havia sido aprovada uma constituição que tinha por objetivo alcançar a rotatividade do poder executivo. Em cada período Legislativo seria uma etnia quem assumiria a chefia do governo. Não era possível adotar o sistema democrático na sua totalidade porque se houvesse eleições para a Presidência da República Iugoslava sempre um sérvio as venceria pois eles são a maioria: rapidamente o sistema montado por Tito degenerou numa série de declarações unilaterais de independência.

A guerra civil na Iugoslávia

Até 1991, Iugoslávia era uma federação socialista formada por seis repúblicas; Sérvia, Eslovênia, Croácia, Macedônia, Bósnia-Herzegovina e Montenegro. A mais forte e mais populosa dessas repúblicas era a Sérvia, cujos habitantes professam a religião cristã ortodoxa, em contraste com os bósnios, que são muçulmanos, e com os croatas, católicos em sua maioria.

A despeito dessas diferenças, a Iugoslávia permaneceu unificada durante várias décadas, sob a liderança do marechal Josip Broz Tito. Em 1980, porém, com a morte do líder, estabeleceu-se um sistema de rodízio no governo, pelo qual a Presidência do país passou a ser exercida, a cada ano, pelo representante de uma das repúblicas. Em 1991, entretanto, a Croácia e a Eslovênia se separaram da federação, declarando sua independência.

Em represália, o Exército iugoslavo, controlado pelos sérvios, invadiu os dois países, dando início à guerra civil. No ano seguinte, a Macedônia e a Bósnia-Herzegovina também se declararam independentes. A decisão não foi aceita pelos sérvios residentes na Bósnia, provocando uma rebelião que degenerou em violenta guerra civil no interior da pequena república.

A Iugoslávia via-se, assim, às voltas com duas guerras civis: uma envolvendo a Sérvia, a Croácia e a Eslovênia: a outra colocando em confronto os sérvios e os bósnios na Bósnia-Herzegovina. Esses conflitos foram suspensos em 1995, por meio de alguns acordos de paz mediados pelos Estados Unidos. A partir de então, a Iugoslávia ficou reduzida às repúblicas da Sérvia e de Montenegro.

‘A partir de 1997 teve início nova guerra civil envolvendo a província de Kosovo, na Sérvia. A Iugoslávia, que a essa altura contava apenas com as repúblicas da Sérvia e Montenegro, tentou reprimir o movimento separatista dos albaneses muçulmanos, a maioria da população do Kosovo. A guerra acabou com o bombardeio da sérvia pelas tropas da Otan lideradas pelos EUA, em 1999. Com o fim da ocupação da Otan, Kosovo ficou sob a tutela da ONU, declarando sua independência em 2008.’

Com o fim do conflito, em 1999, e o afastamento do presidente Slobodan Milosevic, a Iugoslávia ingressou finalmente na transição para a democracia. Em fevereiro de 2003, a República Federal da Iugoslávia foi declarada extinta pelo Parlamento iugoslavo em sua última sessão. Em seu lugar foi criado o Estado da Sérvia e Montenegro.

Em maio de 2006, foi realizado um plebiscito em Montenegro para que a população decidisse sobre a independência em reação a Sérvia. O resultado indicou a vitória da opção separatista. Com isso, o Parlamento de Montenegro proclamou a independência de Montenegro em relação à Sérvia.

Vale lembrar que a Otan, que interveio no conflito, foi criada em 1949 e reunia os Estados Unidos e países da Europa na luta contra a suposta ameaça de o bloco socialista avançar sobre esses países do bloco capitalista. No início do século XXI, o papel da Otan vem sendo rediscutido, já que a luta entre os blocos não mais existe. Essa foi a única vez em que as tropas da Otan participaram de um conflito armado.




Guerra do Camboja

Parte integrante dos domínios franceses na Indochina, os protetorados do Laos e do Camboja transformaram-se em nação independentes por ocasião da Conferência de Genebra, em 1954, sendo declarados, neutros e proibidos de instalarem bases militares estrangeiras em seu território.
Em 1955, ela tornou-se independente, instalando-se em suas fronteiras uma Monarquia constitucional. Também esse país passou pela conjuntura revolucionária da Guerra Fria, evidenciando-se a presença de forças favoráveis aos norte-americanos e aos soviéticos. Já na época da independência, o príncipe Norodom Sihanouk procurou manter-se neutro em relação à Guerra do Vietnã, atitude que não agradou aos Estados Unidos.
Durante seu governo (1954-1970), cresceu a influência do Khmer Vermelho (Partido Comunista do Camboja). No entanto, como as forças comunistas acabassem ampliando seu domínio territorial e desse início ao uso sistemático da Trilha de Ho Chi Minh para enviar auxílio aos vietcongues, a direita cambojana articulou um golpe de Estado, chefiado pelo general Lon Nol. Em março de 1970 ele derrubou a monarquia constitucional e instalou uma república, prontamente reconhecida pelos Estados Unidos. Era a ditadura pró-ocidental, a estratégia de Nixon para o sudeste asiático. A partir daí instauraram-se governos instáveis e ditatoriais.
Em 1975, o Khmer Vermelho (grupos guerrilheiros apoiados pela China) derrubou Lon Nol, instalando a República Popular da Kampuchea, recolocando no poder Norodom Sihanouk . No ano seguinte, o líder mais radical do Khmer Vermelho, Pol Pot, derrubou o presidente, implantando uma ditadura tão sangrenta que reduziu a população pela metade.
Sob o comando do Khmer Vermelho, adotou-se a política de absoluta priorização da agricultura no Camboja, com transferência da população urbana para o campo. (A capital, Phnom Penh, que tinha algo próximo a três milhões de habitantes, acabou reduzida a pouco mais de vinte mil). Das outras medidas adotadas pelo governo de Pol Pot, sempre caracterizadas pelo extremismo, destacaram-se a abolição da moeda nacional (riel), da religião e da unidade familiar. Nas perseguições generalizadas, fundadas na definição do "ano zero", ponto de partida de um Camboja que "nascesse de novo", suprimindo todos os vestígios da sociedade anterior, eliminaram-se todos aqueles que fala-se alguma língua estrangeira, universitários, intelectuais, qualquer um que usasse óculos e pequenos proprietários, chegando, segundo dados oficiais, ao extermínio de 2,8 milhões de pessoas, além de 570 mil desaparecidos.
A ditadura Pol Pot, apoiada pela China, foi também responsável por um conflito com o Vietnã, que era então apoiado pela União Soviética. Face à situação, a Frente Unida Nacional para a Salvação do Kampuchea (FUNSK), apoiada por tropas vietnamitas, ocupou a capital (1979) e proclamou a República Popular do Camboja. Pol Pot foi destituído, e assumiu a presidência, o Heng Samrin que sancionou uma nova Constituição (1981). Norodom Sihanouk organizou uma nova frente nacional no exílio e, durante a década de 1980, continuou a ação contra as autoridades do país, que havia adotado a denominação de Estado do Camboja e o budismo como religião nacional (1989).
Em 1989, graças aos acordos entre o grupo pró-Vietnã e o grupo pró-China, os vietnamitas saíram do Camboja, enquanto se buscava, sem sucesso, estabilização política do país. Os remanescente radicais do Khmer Vermelho, que se refugiaram na Tailândia, ainda apoiados pela China e pelos Estados Unidos, continuaram desenvolvendo combates sucessivos no Camboja visando recuperar o controle do país. Os khmers vermelhos, aproveitando a retirada das tropas vietnamitas (completada em 1989), lançaram uma ofensiva. A fronteira da Tailândia, no início dos anos 1980, vivia a ampliação progressiva dos conflitos e, somente na década de 1990, em meio ao colapso do bloco soviético, começou a normalização das relações sino-vietnamitas e da política do Camboja, sob a tutela da ONU. 
A ONU elaborou um plano de paz, criou um Conselho Supremo Nacional presidido (julho de 1991) pelo príncipe Norodom Sihanouk e os quatro grupos rivais assinaram um acordo de paz em Paris (outubro de 1991). Nas eleições de 1993, venceu o Partido do príncipe Norodom Sihanouk, a Frente Unida Nacional para um Camboja Independente, Neutro, Pacífico e Cooperativo (FUNCIPEC); ganhou 58 lugares face aos 51 do Partido do Povo do Camboja (PPC), sendo formado um governo de coligação. A Constituição de setembro de 1993 sancionou o regresso à monarquia parlamentar. Norodom Sihanouk foi proclamado rei, designando copresidentes seu filho, Norodom Ranarid, líder do FUNCIPEC, e H. Sen, líder do PPC. A situação de equilíbrio entre ambas as forças manteve-se estável, apesar das várias situações críticas.
Nos anos 1990, as violentas disputas pelo poder político continuaram, mesmo depois de o Camboja se transformar numa monarquia, em 1993, e do fracasso do governo de coabitação entre as facções inimigas.
O conflito com os khmers vermelhos constituía, ainda em 1995, um fator desestabilizador, mas, a partir de então, estes entraram em uma crise interna: em agosto de 1996, I. Sary e 3.000 dos seus seguidores desertaram e o seu líder histórico, Pol Pot, foi condenado à prisão perpétua por genocídio. As tensões políticas incrementaram-se quando Norodom Sihanouk substituiu H. Sen por U. Huot na copresidência. Em abril de 1998, Pol Pot foi encontrado morto na fronteira com a Tailândia e em novembro desse ano, H. Sen tornou-se o único copresidente ou primeiro-ministro. Em 2002 foram celebradas as primeiras eleições locais depois da queda dos khmers vermelhos. Em julho de 2003 celebraram-se eleições legislativas, nas quais a lista do PPC foi a mais votada mas não obteve a maioria suficiente para governar sozinha. Em setembro de 2004, o príncipe Norodom Sihamoni foi nomeado pelo Conselho do Trono do Camboja novo monarca, após seu pai, o rei Norodom Sihanouk, ter abdicado por motivos de saúde. Nas eleições legislativas de 2008, as primeiras depois da emenda constitucional de 2006, que reduziu a maioria requerida para formar governo de dois terço à maioria simples, o PPC do primeiro-ministro Hun Sen obteve 90 cadeiras com 58 % dos votos.


11 de setembro: Atentado terrorista aos Estados Unidos

Em 1979, durante a Guerra Fria, a União Soviética invadiu o Afeganistão, na Ásia, para garantir que o governo socialista que tinha se instalado naquele país no ano anterior se mantivesse no poder. Em resposta, os Estados Unidos ofereceram armas e treinamento aos guerrilheiros que se opunham à União Soviética.
Entre esses guerrilheiros, acredita-se, estava Osama bin Laden, líder islâmico que comandava uma organização paramilitar.
Dez anos após a invasão, a União Soviética se retirou do Afeganistão, e diferentes grupos armados passaram a disputar o poder. Depois de uma sangrenta guerra civil, em 1996, o governo afegão foi controlado pelo grupo fundamentalista islâmico Talibã, que estabeleceu uma ditadura teocrática e antiocidental. Ao mesmo tempo, consolidava-se a organização terrorista Al Qaeda, chefiada por Bin Laden, que tinha o objetivo, em nível global, de combater a influência da cultura ocidental sobre os países islâmicos.
Na manhã do dia 11 de setembro de 2001, terroristas islâmicos assumiram o controle de dois aviões de passageiros e os lançaram contra as torres gêmeas do Word Trade Center, em Nova York, centro comercial de 110 andares que era considerado o símbolo do poderio econômico norte-americano. Um terceiro avião foi lançado sobre o Pentágono, símbolo do poder militar dos Estados Unidos, e um quarto dirigiu-se à Casa Branca, sede do governo norte-americano, mas foi abatido antes de atingir o alvo.
Descobriu-se que os ataques não foram improvisados, mas planejados com antecedência pela organização terrorista Al Qaeda, e tinham por objetivo desafiar a supremacia econômica, política e militar dos Estados Unidos. Os ataques terroristas, que mataram cerca de três mil pessoas, foram filmados e transmitido em tempo real para televisões de todos os países. O espetáculo de terror deixou atônitos os espectadores no mundo inteiro e provocou uma verdadeira paranoia dentro dos Estados Unidos.
Era a primeira vez que os norte-americanos eram atacados em seu próprio território. Diante do clima de insegurança que se espalhou pelo país, estimulado pelos sensacionalistas dos meios de comunicação, o governo decidiu agir. Em outubro de 2001, o presidente George W. Bush lançou o Patriot Act, um pacote de medidas de segurança que estabelecia o aumento da vigilância em portos, aeroportos e locais públicos, o direito de violar correspondências, conversas telefônicas e e-mails sem  autorização judicial e a liberdade para prender e interrogar suspeitos de terrorismo sem o devido processo judicial.
O pacote de medidas de Bush foi muito criticado por restringir direitos civis elementares dos cidadãos, como a liberdade de ir e vir, o respeito à privacidade e a garantia da ampla defesa em caso de prisão.
Os ataques de 11 de setembro fortaleceram os setores mais conservadores da sociedade e do exército dos Estados Unidos. Esses setores defendiam uma política externa mais agressiva para mostrar ao mundo a supremacia política, econômica e militar dos Estados Unidos. Apoiando-se nesses grupos, o presidente George W. Bush elegeu a luta contra o terrorismo como prioridade do governo norte-americano.
Segundo o governo dos Estados Unidos, os autores dos ataques foram os integrantes da Al Qaeda, organização liderada por Osama Bin Laden.
A resposta dos Estados Unidos ao atentado de 11 de setembro não tardou. Amparado na chamada Doutrina Bush, pela qual o governo norte-americano se dispõe a atacar preventivamente qualquer país que apoie atividades terroristas, os Estados Unidos investiram contra o Afeganistão, país controlado pelo regime extremista islâmico do taliban e onde estava a base de treinamento da Al Qaeda.
Embora os norte-americanos tenham destruído as bases da Al Qaeda, não conseguiram capturar seu líder, Osama bin Laden. Tropas estadunidenses bombardearam e invadiram o Afeganistão. Em dois meses, derrubaram o regime talibã, que tinha ligações com a Al-Qaeda e, desde 1996, governava o país.
Em 2011, após intensas buscas, Bin Laden foi capturado e morto no Paquistão por forças dos Estados Unidos.


Produção de energia no Brasil

Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...