domingo, 24 de setembro de 2023

Esparta e Atenas: duas cidades diferentes

 As Pólis eram conhecidas como cidades-estados, porque eram como cidades, mas cada uma tinha tanto poder, que até parecia um país. Existiam muitas diferenças entre as cidades gregas. Eram diferenças sociais, culturais, econômicas, políticas, etc. Essas cidades nunca chegaram a constituir um Estado unificado. No máximo, em toda a região da Grécia, existiram curtas alianças com objetivos bem definidos, como enfrentar inimigos externos comuns ou para se fortalecer no comércio. Como não havia união entre as cidades, ocorriam disputas pela hegemonia do território. A maior rivalidade ficou por conta de Esparta e Atenas, as duas cidades com maior poder na Grécia Antiga. Por diversas vezes, a rivalidade entre as cidades culminou em conflitos armados.

Localizada na península da Ática, próxima ao porto do Pireu, Atenas estava voltada para o mar Egeu e aberta as influências externas. Era uma cidade de navegadores, agricultores, filósofos, poetas e artistas. Em Atenas, o sistema de governo adotado era a democracia, na qual os cidadãos podiam votar e participar da administração da cidade, isto é, a participação política era garantida a homens de diferentes níveis sociais.

Esparta, ao contrário, localizada no interior do Peloponeso, organizava-se como uma fortaleza sitiada em território inimigo. O espartano era, antes de mais nada, um soldado mobilizado permanentemente para a guerra. Ali todo cidadão do sexo masculino tinha de passar grande parte de sua vida a serviço do exército.

O sistema de governo da cidade era a oligarquia. A aristocracia, formada pelos donos das grandes propriedades, detinham o poder político. 

ESPARTA

Esparta foi fundada pelos Dórios no século IX  a.C., na fertilíssima planície da Lacônia, às margens do Rio Eurotas, na Península do Peloponeso. A sociedade espartana era extremamente conservadora e o Estado não permitia reformas sociais que viessem a abalar o status da classe dominante. A sociedade espartana estava dividida da seguinte forma:

- Espartanos(Esparciatas) - classe social dominante e dirigente de Esparta. Eram donos das melhores terras e se dedicavam exclusivamente à vida militar.

- Periecos - eram livres, possuíam terras, mas não tinham direitos políticos. Não podiam casar com espartanos e trabalhavam na agricultura, no comércio e no artesanato, além de pagar impostos aos espartanos.

- Hilotas - compunham a grande massa da da população. Eram servos do Estado e estavam ligados à terra que cultivavam.

A organização política de Esparta era oligárquica, regida por leis não escritas atribuídas ao lendário legislador Licurgo. Quanto à organização política de Esparta, era formada pelas seguintes instituições ou organismos:

- Diarquia - Dois reis hereditários que possuíam grande prestígio, mas tinham pouca influência política. Cuidavam dos negócios internos e externos, porém apenas com poderes religiosos e militares.

- Gerúsia - Conselho de Anciãos, composto pelos dois reis e 28 nobres com mais de sessenta anos. A Gerúsia tomava todas as decisões importantes, criava novas leis, fiscalizava o governo e atuava como Supremo tribunal. 

- Ápela - Assembleia de Cidadãos com mais de trinta anos. Essa Assembleia era convocada pela Gerúsia e podia aprovar ou reprovar suas decisões, mas não podia propor nada de novo.

- Éforos - Cinco magistrado eleitos anualmente pela assembleia, com o poder de fiscalizar tudo e todos e de convocar e dirigir as reuniões da Gerúsia e da Apela.

A necessidade de manter as populações nativas submetidas transformou Esparta numa sociedade fortemente militarizada, exigindo dos cidadãos espartanos uma disciplina férrea, iniciada desde a infância. Foi em Esparta que o sistema hoplítico de combate, criado pelos gregos, mais se desenvolveu. Por esse sistema, os cidadãos soldados – os hoplitas – combatiam com suas lanças, a pé, em fileiras sucessivas, protegidos por seus escudos, dispensando o uso de cavalos.

Esparta apresentava um sistema político inteiramente diferente do que Atenas desenvolvia: era uma cidade-estado fechada em si mesma, sob o controle oligárquico de talvez 8 ou 9 mil esparciatas proprietários de terra, com qualidades militares excepcionais. Isso era possível devido ao extenso trabalho dos hilotas, que retirava dos cidadãos qualquer encargo direto com a produção, permitindo-lhes o tempo necessário para o treinamento para a guerra.

ATENAS  

Atenas, ao contrário de Esparta, era uma democracia, em que todos os cidadãos podiam votar e assim participar do governo da cidade. Atenas, engrandecida pelo importante papel que assumira na guerra contra os persas, organizou uma liga de cidades (Liga de Delos) para manter uma força naval permanente, a fim de garantir os gregos contra o novo ataque persa. Na verdade, os atenienses manipulavam a liga em favor de seus próprios interesses econômicos.

Uma disputa entre Atenas e Corinto, por questões de comércio marítimo, foi o pretexto para que Esparta, entrando em defesa de Corinto, iniciasse uma guerra contra Atenas. Em 431 a.C. Atenas e Esparta e seus respectivos aliados empreenderam uma longa luta - a Guerra do Peloponeso. No final, Esparta saiu vitoriosa e tornou-se senhora das cidades gregas (404 a.C.).

Legisladores atenienses

Os mais conhecidos são Drácon, Sólon, Psístrato e Clístenes, que procuram abrandar os conflitos sociais que explodem a partir de 700 a.C. decorrentes do endividamento dos camponeses, pressão demográfica, ascensão dos comerciantes e arbitrariedades da nobreza.

- Drácon - Em 624 a.C. publica leis para impedir que os nobres interpretem as leis segundo seus interesses. Mesmo assim, a legislação é considerada severa, daí a expressão draconiana, mas é o primeiro passo para diminuir os privilégios da aristocracia.

- Sólon - Em 594 a.C. Sólon anistia as dívidas dos camponeses e impõe limites à extensão das propriedades agrárias, diminui os poderes da nobreza, reestrutura as instituições políticas, dá direito de voto aos trabalhadores livres sem bens e codifica o direito.

- Pisístrato - As desordens e a instabilidade política resultantes das reformas de Sólon levam à tirania de Pisístrato, em 560 a.C., que impõe e amplia as reformas de Sólon, realizando uma reforma agrária em benefício dos camponeses. As lutas entre aristocratas e trabalhadores livres conduzem a novas reformas, entre 510 e 507 a.C.

- Clístenes - É considerado o fundador da democracia ateniense. Introduz reformas democráticas baseadas na isonomia, o princípio pelo qual todos os cidadãos têm os mesmos direitos, independentemente da situação econômica e do clã ao qual estejam filiados. Divide a população ateniense em dez tribos, misturando homens de diferentes origens e condições. Introduz a execução dos condenados à morte com ingestão de cicuta (veneno) e a pena do ostracismo (cassação de direitos políticos daqueles que ameaçassem a democracia). A partir de suas reformas, Atenas converte-se na maior potência econômica da Grécia entre 490 e 470 a.C.

Sociedade de Atenas:

- Eupátridas - (cidadãos) - aqueles cujos antepassados foram os fundadores de Atenas. Significava "filhos de cidadãos".

- Metecos (estrangeiros) - sem privilégios políticos. Podiam, entretanto, exercer atividades sociais e intelectuais.

- Escravos - compunha quase 50% da população. Muitos deles ocuparam posição de destaque na educação do jovem ateniense e nas realizações intelectuais.

Organização Política:

- Eclésia - (Assembleia Popular): dela participavam todos os cidadãos com mais de 18 anos; faziam as leis, vigiava juízes e resolvia todos os negócios da cidade.

- Bulé - (Senado ou Conselho dos Quinhentos): preparava os projetos de leis a serem votados pela Eclésia. Os membros da Bulé eram escolhidos por sorteio e tinham um mandato de um ano.

- Heléia - era o principal órgão judiciário, uma espécie de tribunal popular; seus integrantes eram escolhidos por sorteio entre cidadãos.

A GRÉCIA ANTIGA

A Grécia é um país europeu, localizado entre os mares Mediterrâneo, Egeu e Jônico, e que se limita ao norte com a Albânia, a Iugoslávia e a Bulgária, e a nordeste com a Turquia. O território que compunha a Grécia antiga compreendia três regiões bastante diferenciadas: a Grécia Continental, a Grécia Insular e a Grécia Peninsular.


Devido à presença marcante do mar e das montanhas, o território grego tem um aspecto fragmentado. Essa fragmentação geográfica facilitou a fragmentação política da Grécia, isto é, nunca houve um Estado grego unificado. Assim, o que chamamos de Grécia nada mais é do que o conjunto de diversas cidades-Estado gregas, independente umas das outras e, muitas vezes, rivais.

POVOAMENTO

O povoamento da Grécia Antiga foi lento. Entre 2000 a.C. e 1000 a.C., diversos povos se instalaram na Península Balcânica, região onde hoje se situa a Grécia. Os povos que mais contribuíram para esse processo foram os aqueus, os jônios, os eólios e os dórios. Os aqueus, os primeiros a chegarem, conseguiram conquistar a ilha de Creta, outras ilhas do mar Egeu e Tróia, cidade comercialmente desenvolvida que servia de porta de entrada para o mar Negro. Com essas conquistas, os aqueus passaram a influenciar todo o Mediterrâneo Oriental. Nesse período, chegaram também os jônios e os eólios, que se integraram à sociedade aqueia. Depois vieram os dórios, os quais dominaram grande parte da região.

No século XII a. C., ocorreram as invasões dos dórios, um povo violentíssimo que arrasou as principais cidades aqueias, provocando um acentuado declínio da vida urbana da Grécia Continental.   A partir daí, a movimentada e interessante história da Grécia Antiga, pode ser dividida em quatro períodos:

Período Micênico ou Homérico - (1700 a.C. - 800 a.C.)
Período Arcaico - (800 a.C. - 500a. C.)
Período Clássico - (500 a.C. - 338 a. C.)
Período Helenístico - (338 a.C. - 30 a.C.)

PERÍODO MICÊNICO OU HOMÉRICO 

O período mais antigo da História grega recebe esse nome porque os poucos conhecimentos que temos sobre ele foram transmitidos por dois poemas, a Ilíada e a Odisseia, atribuídos ao poeta grego Homero. A Ilíada narra a guerra realizada pelos gregos contra Tróia (Ílion), na Ásia Menor, e a Odisseia descreve as aventuras de Ulisses (Odysseus) ao tentar regressar, depois da Guerra de Tróia, à sua ilha natal de Ítaca, para se reunir à mulher e ao filho.

Aqueus ou micênicos

Os aqueus fundaram Micenas e outras cidades importantes, como Pilo e Tirinto. Cada cidade era governada por um rei, escolhido entre os grandes proprietários de terra. Micenas, no entanto, foi a mais importante. Por isso, os historiadores costumam chamar a sociedade aqueia de civilização micênica. Um dos povos que mais influenciaram a civilização micênica foi o cretense. Essa influência pode ser verificada, por exemplo, na arquitetura dos palácios micênicos, nos afrescos, na produção artística e no aperfeiçoamento de suas técnicas agrícolas e de navegação.

Os heróis micênicos

Ilíada e Odisseia são duas epopeias que se desenrolam no tempo em que os aqueus dominavam a Península Balcânica. Na Ilíada, o personagem principal é o herói grego Aquiles, considerado o melhor guerreiro entre os aqueus. Nela, conta-se a história da Guerra de Troia, conflito disputado entre gregos e troianos. Na Odisseia, o personagem central é Odisseu (Ulisses, em latim), rei da cidade grega de Ítaca. A obra narra o período de dez anos que ele levou até retornar para casa após o término da guerra de Troia.

Ilíada e Odisseia são duas das mais antigas obras da literatura mundial. Foram elaboradas como narrativas orais, ou seja, eram inicialmente cantadas pelos poetas – chamados de aedos. Eles aprendiam as histórias dos dois poemas ao ouvi-las de poetas mais velhos. Logo decoravam as passagens e as declamavam, acompanhados de um instrumento musical de corda, como a lira. A autoria dessas obras é atribuída ao poeta grego Homero, que teria reunido por escrito as histórias, colocando-as em ordem cronológica até dar-lhes a versão que permanece até hoje.

Chegam os dórios

Por volta de 1100 a.C., conflitos internos, catástrofes naturais – como secas – e grandes migrações contribuíram para que a civilização micênica entrasse em decadência. Essa situação facilitou a invasão do território pelos dórios. Assim, cidades micênicas foram destruídas e a maioria da população fugiu, estabelecendo-se na Ásia Menor.

Com a chegada dos dórios, a sociedade começou a se organizar em pequenas comunidades chamadas genoi. A terra, os equipamentos e os bens produzidos pelos genoi pertenciam a toda a comunidade, e o excedente era repartido entre eles. O genos (singular de genoi) era liderado pelo homem mais velho da comunidade. Esse poder, chamado patriarcal, era transmitido a seus descendentes.

Os genos era uma comunidade formada por uma numerosa família cujos membros eram descendentes de um mesmo ancestral. Todos os indivíduos da família gentílica viviam no mesmo lar, cultuavam o mesmo antepassado e eram liderados por um patriarca, que exercia o poder religioso, a chefia militar em época de guerra e era o responsável pela organização das atividades econômicas.

A economia baseava-se na propriedade comunitária da terra. Os gregos cultivavam cereais, uvas e oliveiras. Além disso, criavam cabras, ovelhas, cavalos e vacas. Produziam também excelente cerâmica, tecidos rústicos, armas e embarcações. O comércio limitava-se à simples troca de mercadorias.

No final do Período Homérico, o crescimento demográfico e a falta de terras férteis provocavam uma crise cuja consequência foi a desagregação das comunidades baseadas no parentesco. As terras coletivas foram desigualmente divididas, dando origem à propriedade privada e a uma maior diferenciação entre as classes sociais. A sociedade passou a ser constituída por uma poderosa aristocracia rural, por um contingente de pequenos agricultores e por uma maioria de pessoas que nada possuíam.

Os eupátridas

O crescimento da população e a falta de áreas férteis para a agricultura motivaram disputas entre os genoi pelo controle das melhores áreas cultiváveis. Os parentes mais próximos dos líderes dos genoi – os eupátridas – apoderaram-se das melhores terras e ocuparam os lugares mais destacados da sociedade. O restante da população perdeu suas terras ou ficou com as piores áreas para a agricultura. Por isso, muitos foram para a Península Itálica e para a Sicília, ilha onde fundaram cidades-Estado com características gregas.

A desagregação do sistema gentílico restabeleceu a escravidão deu origem às Cidades-Estados gregas, como Corinto, Tebas, Mileto e, às principais, Atenas e Esparta. Portanto, as mais importantes consequências da desintegração do sistema gentílico foram:

• a origem da propriedade privada da terra;

• a origem de uma sociedade dividida em classes sociais, caracterizada por profundas diferenças entre a aristocracia, dona das melhores terras, os pequenos proprietários e os sem-terra;

• o restabelecimento da escravidão;

• a origem das Cidades-Estados gregas 

O NASCIMENTO DA PÓLIS

Os gregos não se consideravam parte integrante de uma nação, mas membros de uma cidade-estado. Essas cidades nasceram do desejo de proteção dos camponeses. Eles, para se protegerem dos ataques dos inimigos, passaram a construir uma fortaleza numa colina central do vale. Quando o inimigo atacava, buscavam refúgio com os animais dentro das muralhas de madeira da fortaleza. Com o tempo  as populações foram abandonando as aldeias e instalando-se perto das muralhas. Por volta de 600 a.C., quase toda a população da região morava em cidades construídas em volta dessas fortalezas, onde passaram a erguer uma segunda muralha. 

Surgiu assim a pólis, a cidade-estado grega. Cada uma tinha suas leis, seu governo, sua própria moeda. Às vezes, numa pequena superfície, havia muitas cidades-estados: três numa minúscula ilha ou cinco numa estreita planície. Sabe-se da existência de aproximadamente 1500 cidades. A cidade grega, criada a partir do século IX a.C., era conhecida como pólis. Entre os séculos IX a.C e VI a.C., os gregos fundaram muitas poleis (plural de pólis, em grego), tanto na Península Balcânica como em outras regiões, que iam da Ásia Menor e das ilhas do Mar Egeu, passando pelo norte da África, até a Sicília e a região onde hoje está a Espanha.

Nas cidades-Estado, o cidadão grego foi conquistando direitos e contribuindo, individualmente, para a vida social. Livre para pensar e agir, sentia-se como membro da polis e não como um objeto que pudesse ser manobrado pelos governantes. A palavra político, de origem grega, designava o cidadão que participava dos destinos da polis.

A pólis grega era uma cidade-Estado. Cada pólis tinha economia e leis próprias, e uma organização social específica. Também contava com autonomia para cultuar os próprios deuses e cumpria importante papel religioso, sendo considerada como o local para a realização de cultos e rituais aos deuses protetores. Por essa razão, os templos religiosos ocupavam a parte central da pólis.

O que hoje se chama de Grécia antiga não era um Estado único, mas um conjunto de pequenos Estados independentes: um conjunto de poleis. Apesar das diferenças, as pessoas que viviam nas cidades-Estado se comunicavam com a mesma língua e compartilhavam costumes. Portanto, é possível falar em civilização grega.

PERÍODO ARCAICO
As cidades-Estado e a colonização grega

Esse período caracterizou-se pelo desenvolvimento das cidades-estados, pela emigração e pela fundação de colônias gregas em regiões longínquas. O território havia-se tornado pequeno para atender o crescimento da população. Por isso, numerosos agricultores foram em busca de possibilidades de subsistência fora da Grécia, formando assim novas colônias gregas em diversas regiões do Mediterrâneo e do Mar Negro. Os gregos fundaram, entre outras, Bizâncio, Odessa, Siracusa, Tarento, Nápoles, Nice, Marselha, Nicósia e Síbaris.


A expansão colonizadora favoreceu mais as cidades do litoral, que dispunham de bons portos e numerosos navios mercantes. As cidades do interior, que dependiam basicamente da agricultura, mantiveram-se isoladas. Além disso, a concorrência dos produtos importados contribuiu para arruinar os pequenos agricultores e para aumentar ainda mais a concentração de terras nas mãos da aristocracia. Isso desencadeou a luta entre o povo (demos, em grego) e a aristocracia. Nas Cidades-Estados em que a vitória coube a nobreza, consolidou-se o regime aristocrático. Naquelas em que o demos foi vitorioso, as reformas conduziram, pouco a pouco, ao regime democrático. 

DUAS POTÊNCIAS GREGAS

Esparta e Atenas foram duas das maiores potências do antigo
mundo grego e influenciaram cidades-Estado vizinhas. Esparta foi fundada pelos dórios no Peloponeso por volta do século IX a.C.
Atenas estabeleceu-se no mesmo século por intermédio dos jônios e situava-se em uma região montanhosa da Península Balcânica conhecida como Ática.
Diferentemente de Esparta, que ficava no interior do Peloponeso, Atenas estava perto do mar e dispunha de um porto, o Pireu. Isso permitia a seus habitantes a prática da pesca e da navegação. Esses fatores contribuíram para que a cidade se tornasse um importante centro comercial da Grécia antiga.

Esparta

A sociedade espartana estava dividida em três grupos sociais bem distintos: espartiatas (ou esparciatas), periecos e hilotas.
Os espartiatas, também chamados de espartanos, compunham a elite da sociedade e descendiam diretamente dos dórios. 
Representavam cerca de 10% da população, eram proprietários de terras e consideravam-se os verdadeiros cidadãos de Esparta e superiores ao restante da população. Controlavam o poder político da cidade e de todas as instituições de governo. 
Eram os únicos que podiam participar de assembleias e assumir cargos públicos. Os éforos e os dois reis vitalícios (diarcas) que governavam a cidade também pertenciam a esse grupo social.

Uma sociedade guerreira

Os espartiatas viviam da renda de suas terras e eram proibidos de realizar trabalhos manuais. Desde pequenos, eram criados para tornarem-se guerreiros. A partir dos 7 anos, os meninos eram afastados de suas famílias e encaminhados aos quartéis. Até os 12 anos, dedicavam-se aos esportes e aprendiam sobre valores como força, bravura, disciplina e solidariedade.
Ao completarem 18 anos, os jovens enfrentavam um rigoroso treinamento militar. Dos 20 aos 30, permaneciam nos quartéis, prontos para entrar em combate. Só eram liberados do serviço militar aos 30 anos, quando, então, conquistavam a cidadania. Entretanto, somente após os 60 anos eram dispensados de suas obrigações militares.
Outro grupo social de Esparta era o dos periecos, antigos habitantes das regiões conquistadas pelos dórios e que não combateram os invasores. Os periecos viviam na periferia da pólis, eram livres e tinham a obrigação de alistarem-se no exército, podendo, inclusive, tornarem-se oficiais, mas não tinham o direito de participar do governo. Muitos se dedicavam ao comércio e à manufatura, uma vez que essas atividades eram proibidas aos espartiatas.
Os hilotas (prisioneiros, em grego) faziam parte do grupo que combateu os dórios quando estes invadiram a Península Balcânica. Com a vitória dos invasores, foram submetidos à escravidão e passaram a pertencer a um senhor, mas a cidade-Estado de Esparta tinha direitos sobre eles. Os hilotas não podiam ser vendidos para fora do território espartano e apenas o governo da pólis poderia libertá-los.
Os homens hilotas trabalhavam nas terras dos espartiatas e eram obrigados a dar a eles metade do que produziam. Também podiam ser convocados para o exército, mas lutavam com armamentos mais simples. As mulheres trabalhavam nas casas da cidade como amas de leite, tecelãs ou fiandeiras. A insatisfação dos hilotas diante de toda essa situação era grande e por vezes eles revoltaram-se contra os espartiatas.

Atenas

A sociedade ateniense estava dividida em três grupos sociais: cidadãos, metecos e pessoas escravizadas. Os cidadãos eram minoria na população ateniense e apenas eles tinham direitos civis, políticos, jurídicos e religiosos assegurados. Cabia-lhes participar da vida de sua comunidade, cuidar da defesa do território, envolver-se nas festividades públicas e nas atividades políticas da pólis.
Inicialmente, apenas os grandes proprietários de terra, conhecidos como eupátridas, eram considerados cidadãos. Posteriormente, outros grupos conquistaram o direito à cidadania, como agricultores que detinham algumas posses (chamados de georgóis; em grego, gergoi) e comerciantes e artesãos (demiurgos; em grego, demiourgoi), por exemplo.
A sociedade ateniense era patriarcal, assim, as mulheres não podiam dispor de propriedades, administrar negócios ou ter direitos políticos. Elas eram sempre representadas pelo marido ou por algum parente de gênero masculino. Seu principal papel naquela sociedade era ser mãe e gerar herdeiros.
As mulheres atenienses casadas deviam, de modo geral, ficar reclusas em suas casas, dedicando-se à vida doméstica. Ainda assim, cabia a elas a organização de algumas das festas que aconteciam na cidade, como as Panateneias, em homenagem à deusa Atena. As mulheres das camadas mais baixas da sociedade, no entanto, costumavam trabalhar, dedicando-se ao pequeno comércio, administrando tabernas, vendendo mercadorias na ágora, entre outras atividades.

Metecos e pessoas escravizadas

Os metecos, por sua vez, eram um grupo formado pelas pessoas escravizadas que conseguiram a liberdade e pelos estrangeiros que viviam em Atenas. Para os atenienses, eram consideradas estrangeiras as pessoas que não pertenciam à pólis. Assim, tanto um egípcio residente na cidade quanto um grego natural de outra pólis, como Esparta ou Corinto, eram estrangeiros em Atenas. Os metecos não podiam ser donos de terras e não tinham direitos civis nem políticos assegurados. Só se tornavam cidadãos os metecos que prestassem serviços importantes a Atenas.
As pessoas escravizadas formavam a camada mais baixa da sociedade ateniense e, com os metecos, compunham a maior
parte da população. Em sua maioria, eram prisioneiros de guerra originários da Ásia Menor ou da Trácia. De modo geral, todos os cidadãos – inclusive os mais pobres – possuíam trabalhadores escravizados. Estes pertenciam a seus amos, que eram proibidos de praticar maus-tratos contra eles.
A escravidão desempenhava um papel fundamental para o funcionamento da economia no mundo antigo, envolvendo as principais atividades produtivas, especialmente a agricultura. O trabalho das pessoas escravizadas garantia parte importante da produção e, assim, possibilitava o exercício da cidadania pelos atenienses livres.
Nesse contexto, os atenienses relutavam em dar liberdade às pessoas escravizadas. Houve poucos casos de libertos que conquistaram o direito à cidadania.

PERÍODO CLÁSSICO
As lutas pela hegemonia grega

No século V a.C., sob o governo de Péricles, Atenas tornou-se a cidade mais importante da Grécia, e a civilização grega atingiu seu maior esplendor. Esse século, considerado pelos historiadores a Idade do Ouro da Civilização grega, ficou conhecido também como Século de Péricles. Nessa época as cidades gregas se uniram para enfrentar um perigo externo: o avanço dos persas. 

No governo de Péricles Atenas conheceu um notável desenvolvimento artístico e literário e se modernizou com a construção de grandes monumentos. A democracia atingiu, então, seu apogeu: os tribunais populares passaram a ter autoridade para julgar qualquer causa, o partido aristocrata foi destruído e houve uma reforma na Constituição ateniense. Com essa reforma, os cidadãos pobres ampliavam suas possibilidades de influir na organização política do Estado, pois passavam a ser remunerados por sua participação nas sessões.

Expansão e conflitos

O crescimento econômico das cidades gregas provocou disputas por mercados, rotas comerciais e matérias-primas da região. Entre essas disputas, podemos destacar as guerras com os persas. Além disso, os gregos também guerrearam entre si. Vamos conhecer um pouco da história desses conflitos.

Guerras Greco-Pérsicas

No século VI a.C. teve início a formação do Império Persa no Oriente Médio, que chegou a atingir cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados de extensão. Nesse Império, havia importantes cidades, como Pasárgada, Persépolis, Ecbátana, Susa e Sardes. 

Para controlar seu vasto território, o Império Persa foi dividido em províncias (chamadas satrapias), cujos administradores eram denominados sátrapas. Além disso, construíram grandes estradas que ligavam as principais cidades, destacando-se a Estrada Real, entre Susa e Sardes, com cerca de 2,6 mil quilômetros de extensão.

Os persas conquistaram cidades gregas da Ásia Menor. Depois, avançaram em direção à região da Ática, onde se encontrava a cidade de Atenas. Diante da invasão persa, várias cidades gregas uniram-se sob a liderança de Atenas e de Esparta. O objetivo era juntar forças e enfrentar um inimigo em comum.

Iniciadas em 499 a.C., as Guerras Greco-Pérsicas, ou Guerras Médicas, duraram algumas dezenas de anos. O nome “Guerras Médicas” deriva de medos, um dos povos que deram origem ao Império Persa. Os gregos alcançaram a vitória final e puseram fim ao conflito por volta de 448 a.C.

Primeiro foi o Rei Dario que atacou. Ele foi derrotado pelos atenienses em 490 a.C., na batalha de Maratona. Essa foi a primeira Guerra Médica. Depois veio seu sucessor, Xerxes, que também foi derrotado, agora pela esquadra grega sob o comando do ateniense Temístocles, na célebre batalha naval de Salamina (480 a.C.). Foi a segunda Guerra Médica.

Liga de Delos e Guerra do Peloponeso

Após as guerras contra os persas, os atenienses criaram a Liga de Delos: uma aliança militar de cidades gregas cuja sede ficava na Ilha de Delos. As cidades que participavam da Liga forneciam navios, soldados e dinheiro, mas continuavam com sua autonomia. Entretanto, os atenienses foram assumindo cada vez mais o controle dos recursos dessa aliança.
Aos poucos, a Liga de Delos tornou-se um conjunto de cidades dominadas por Atenas. Depois de algum tempo, algumas cidades gregas se rebelaram contra o domínio de Atenas. Lideradas por Esparta, fundaram a Liga do Peloponeso e passaram a lutar contra Atenas e seus aliados. O resultado foi a Guerra do Peloponeso, um conflito que durou 27 anos (de 431 a.C. a 404 a.C.), com alguns períodos de trégua.
Ao final, os atenienses e seus aliados foram derrotados. Foi então que os aristocratas espartanos dominaram o mundo grego durante cerca de 30 anos (de 404 a.C. a 371 a.C.). Mais tarde, o domínio espartano também foi questionado por novas revoltas nas cidades gregas, dessa vez comandadas pelos líderes de Tebas. Após vencer as tropas espartanas, os tebanos conquistaram a supremacia entre os gregos por alguns anos (de 371 a.C. a 362 a.C.).

PERÍODO HELENÍSTICO
O domínio macedônio

Naquele período, as guerras por hegemonia econômica e política entre as poleis eram frequentes, como a Guerra do Peloponeso (431 a.C. - 404 a.C.), que opôs Esparta e Atenas, e aliados de ambos os lados. Conflitos assim contribuíram para o enfraquecimento das poleis. Isso facilitou a invasão da Grécia pelos macedônios, povo que vivia ao norte da Península Balcânica e também falava a língua grega. Em 338 a.C., o rei macedônio Filipe II unificou as poleis gregas, pondo fim à soberania dessas cidades-Estado.
Filipe II morreu dois anos mais tarde e quem assumiu o poder foi seu filho, Alexandre, aos 20 anos, o qual liderou uma campanha fulminante de conquistas territoriais. A partir de 334 a.C., seu exército venceu os persas na Ásia Menor e conquistou, sucessivamente, a Síria, a Fenícia e a Palestina. Em seguida, Alexandre ocupou o Egito, onde foi recebido como filho do deus Amon-Rá. Este, depois de sufocar uma tentativa de revolta em Tebas, conduziu seu poderoso exército de 40.000 homens para uma guerra contra Dario III, rei da Pérsia. Esmagou os persas, foi acolhido no Egito como libertador, pois, nessa época, o Egito estava sob domínio dos persas. Lá fundou Alexandria e tornou-se faraó. 

IMPÉRIO GRECO-MACEDÔNICO

Depois de dominarem o Egito, as tropas de Alexandre conquistaram, em 331 a.C., o que restava do antigo Império Persa. Alguns anos depois, em 323 a.C., o líder militar morreu na Babilônia. Suas conquistas lhe deram tanto prestígio que ele ficaria conhecido na posteridade como Alexandre, o Grande. Confira no mapa adiante a extensão do Império de Alexandre sob o seu governo.

Após a morte de Alexandre, em 323 a.C., seu gigantesco império foi dividido entre seus generais. No século II a.C., demasiado enfraquecidos por várias lutas, não conseguiram resistir ao crescente domínio de Roma.

Civilização helenística

Embora fosse macedônio de nascença, Alexandre era um grande admirador da cultura grega. Assim, procurou difundir a língua, a arte, as crenças e os valores gregos nos territórios conquistados. Por isso, chama-se Império Greco-Macedônico o grande império formado pelas conquistas de Alexandre.

Essa expansão territorial resultou numa rica troca cultural: de um lado, a população dos territórios conquistados assimilou aspectos da cultura grega; de outro, parte da cultura dos povos dominados foi incorporada pelos gregos. Dessa mistura, nasceu uma nova civilização, conhecida como civilização helenística.

O período helenístico é caracterizado principalmente por uma ascensão da ciência e do conhecimento. A cultura essencialmente grega se torna dominante nas três grandes esferas atingidas pelo Helenismo, a Macedônia, a Síria e o Egito. Mais tarde, com a expansão de Roma, cada um desses reinos será absorvido pela nova potência romana, dando espaço ao que historicamente se demarca como o final da Antiguidade. Antes disso, porém, os próprios romanos foram dominados pelos gregos, submetidos ao Helenismo, daí a cultura grega ser depois perpetuada pelo Império Romano.


Os cretenses e a civilização minoica

Perto do segundo milênio antes de Cristo, a Península Balcânica era dominada pelos cretenses, os quais imprimiram profundas marcas na vida cultural da Grécia Antiga.
Creta é uma ilha com pouco mais de 8 mil quilômetros quadrados, localizada entre o norte da África e o sul da Península Balcânica. Maior ilha do Mediterrâneo, abrigou uma das mais antigas civilizações da humanidade, a civilização cretense, também conhecida como minoica.

A civilização minoica desenvolveu-se a partir de 2000 a.C., na ilha de Creta, situada no mar Egeu, podendo, por isso, ser também chamada de civilização egeia. Pouco se sabe sobre as origens dos cretenses. No entanto, por volta de 2500 a.C., na mesma época em que os egípcios construíam as pirâmides de Gizé, existiam em Creta importantes cidades, como Cnossos, Malia e Festos. Eram cidades controladas por uma aristocracia formada por reis, nobres, sacerdotes e comerciantes.

Nessas cidades, as casas eram de pedra e tijolo, e os palácios ali erguidos funcionavam não só como residências mas também como centros comerciais, cerimoniais e religiosos. Em Cnossos, por exemplo, o palácio ocupava uma área de 20 mil metros quadrados no alto de uma colina.

Os minoicos se destacavam na fabricação de joias, cerâmicas, esculturas e produtos de metal. Também construíram portos e aquedutos.

Para navegar entre as ilhas da região, os primeiros cretenses utilizavam canoas escavadas em troncos de árvores, posteriormente substituídas por embarcações mais sofisticadas. Com elas, realizavam trocas comerciais com povos de lugares distantes, como Grécia e Egito, além de outras regiões do Mediterrâneo, como a Mesopotâmia e a Ilha de Chipre. A marinha mercante dos cretenses se tornou a maior da época e seus mercadores dominaram o comércio mediterrâneo.

Os cretenses tinham no comércio marítimo a base de sua economia, por isso, o poder concentrou-se nas mãos de uma elite comercial, liderada por reis chamados Minos.

Estes viviam em luxuoso palácio, na cidade de Cnossos, capital do reino. Exportavam azeite e vinho e importavam cereais, ouro, prata e marfim. Essas atividades econômicas enriqueceram a população cretense, que estendeu sua influência às ilhas vizinhas.

A civilização cretense é considerada uma das primeiras a ter uma vida econômica dominada pelo comércio marítimo. Ao entrarem em contato com outros povos, os cretenses assimilaram traços de diferentes culturas. Com os mesopotâmicos, por exemplo, aprenderam a trabalhar o bronze; com os egípcios, a fabricar vasos de pedra.

Palácio de Minos em Cnossos

Os Cretenses deixaram poucos vestígios de sua existência e o conhecimento sobre eles só pôde ampliar-se em função da recente descoberta das ruínas de Cnossos e da decifração de sua escrita.

O palácio de Cnossos era uma enorme construção. Possuía um sistema hidráulico único no mundo da época: uma intrincada rede subterrânea de canos de cerâmica trazia água fresca para as banheiras, as fontes e as cozinhas, enquanto outra escoava a água suja. Seus armazéns guardavam cereais, vinho e azeite em grandes vasos de cerâmica (alguns com quase 2 m de altura). Nos depósitos subterrâneos ficavam os cofres de ouro, prata e marfim. Essas riquezas, provenientes de impostos e presentes doados ao rei, eram destinadas as divindades.

Uma característica marcante dos cretenses era o papel desempenhado pelas mulheres: elas ocupavam posição de destaque e desfrutavam de uma liberdade até então desconhecida em outras localidades. Além disso, várias divindades eram femininas e cabia às sacerdotisas o principal papel nas cerimônias religiosas. A importância feminina transparecia na religião, no culto à principal divindade cretense, a deusa Grande Mãe. Isso faz supor que, na ilha, sobrevivesse uma forte influência das sociedades matriarcais pré-históricas.

A Grande Mãe

Nas escavações de Creta foram encontradas muitas imagens de mulheres, de diferentes posições sociais: sacerdotisas, dançarinas, esportistas ou damas da nobreza. Isso indica que na sociedade minoica a mulher participava ativamente da vida da cidade e ocupava lugar de destaque nas cerimônias religiosas.

A civilização minoica terminou de forma violenta. Entre os anos de 1450 e 1400 a.C., a ilha sofreu a invasão dos aqueus, um povo guerreiro da Grécia continental. Eles destruíram os palácios e submeteram a população minoica, impondo-se como seus governantes. Pouco depois, ocorreu uma violenta erupção vulcânica na ilha de Terá, próxima a Creta. O terremoto e o maremoto que se seguiram atingiram Creta com tamanha força que as construções foram ao chão, os barcos e o próprio porto foram para o fundo do mar. Assim chegava ao fim a civilização minoica.

A libertação grega perante o Minotauro

Os gregos possuem uma lenda para explicar sua origem. Tal lenda diz que no interior de um labirinto habitava o Minotauro, mostro com cabeça de touro e corpo de homem. O Minotauro dominava a Grécia, obrigando seu povo a pagar pesados tributos, entre os quais a entrega de jovens gregos para servi-lo. O labirinto, em que se escondia o Minotauro, impedia que os gregos pudessem enfrentar o monstro para libertar a Grécia de seu terrível domínio.

Um dia, porém, um jovem grego chamado Teseu decidiu acabar com o monstro. Auxiliado por Ariadne, uma das servas do Minotauro, penetrou no labirinto, achou o monstro e destruiu-o, conquistando a liberdade para a Grécia.


A lenda do Minotauro estabelece relações significativas com o domínio de Creta sobre o território grego. O nome do monstro deriva da denominação do soberano cretense: Minos. Além disso, segundo recentes achados arqueológicos, o rei habitava um palácio, em Cnossos, formado por inúmeros compartimentos, assemelhando-se muito a um labirinto.

 

Os persas

Em finais do século XX a.C., povos indo-europeus estabeleceram-se no planalto iraniano, a leste da Mesopotâmia. Eram os medos e os persas, que progressivamente formaram pequenos reinos locais.

Essa região possui clima seco e é formada por terras altas, rodeadas por elevadas montanhas, onde somente no sopé há água suficiente para o desenvolvimento da agricultura.

Séculos depois, medos e persas ficaram sob dominação assíria. No século VIII a.C., os reinos medos se uniram e conseguiram liberta-se do jugo estrangeiro, estabelecendo, a partir de então, sua hegemonia no planalto do Irã.

A princípio os persas eram dominados pelos medos. Essa situação se inverteria por volta de 550 a.C. Nessa época, sob o comando de Ciro, os persas dominaram os medos e passaram a controlar a região. Transformando-se em rei unificou os dois povos numa única nação e iniciou a expansão territorial, lançando as origens do império Persa.

Mostrando-se hábeis guerreiros, os persas ampliaram progressivamente seus domínios, até serem contidos pelos gregos no final do século V a.C.

Atualmente, onde antes se estabeleceram medos e persas, localiza-se um país chamado Irã.

Entre os principais monarcas persas, vale destacar:

• Ciro I (559-529 a.C.), o unificador do Estado persa. Com seu hábil exército, conquistou a Mesopotâmia em 539 a.C. e libertou os hebreus que se achavam cativos na Babilônia;

• Cambises (529-522 a.C.), comandante das tropas persas na Batalha de Pelusa, em 525 a.C., quando o Egito foi conquistado e submetido ao Império Persa;

• Dario I (512-484 a.C.), responsável pela organização administrativa do Império Persa.

A organização do império

Os povos dominados pelos persas podiam conservar seus costumes, suas leis, sua religião e sua língua. Eram obrigados, porém, a pagar tributos e a servir o exército persa.

Dário foi o responsável pela organização administrativa do Império Persa, dividiu-o em vinte províncias, chamadas satrápias, as quais eram governadas por vice-reis – os sátrapas – Para facilitar a comunicação entre as províncias, foram construídas diversas estradas, entre elas a Estrada Real que tinha a extensão de 2 400 Km e ligava a cidade de Susa, no Golfo Pérsico, a Sardes, nas proximidades do Mediterrâneo. Por ela passavam os correios reais, o exército e as caravanas de mercadores.

Além disso, o imperador enviava anualmente inspetores especiais, chamados de “olhos e ouvidos do rei”, para ouvir os reclamos dos governados e governantes. Dario I promoveu, também, a intensificação do comércio persa, através do estabelecimento de uma moeda nacional, o dárico.

Durante o reinado de Dario I, os persas entraram em guerra com os gregos pelo domínio da Ásia Menor, nas chamadas Guerras Médicas. Derrotados, os persas iniciaram um processo de enfraquecimento que culminaria na submissão aos macedônios de Alexandre Magno, em 330 a.C.

Extensão máxima do império persa

Mais tarde, depois da dominação macedônia, os persas caíram sob o jugo romano, só ressurgindo de forma independente no século III d.C. No século VII, o Império Persa acabou conquistado pelos árabes, incorporando traços de sua cultura, como a religião islâmica. 

Economia e sociedade persas 

A economia do Império Persa fundamentava-se na agricultura e no comércio. A população camponesa estava sujeita ao pagamento de pesados tributos, fornecendo parte da produção ao Estado e trabalhando nas obras públicas. O comércio alcançou um alto desenvolvimento, facilitado pela construção de estradas que permitiram a comunicação com outras regiões, como Egito, Fenícia, Palestina e Mesopotâmia. A implantação da moeda, o dárico, também beneficiou o comércio.

Partindo do rei, que se encontrava no topo da pirâmide social e era dono de um poder absoluto, as outras camadas mais privilegiadas entre os persas eram os nobres sacerdotes, e comerciantes. Abaixo, na escala social, encontravam-se os camponeses e escravos. Os camponeses realizavam o trabalho do campo, entregando grande parte de sua produção ao governo. Além disso, ainda eram obrigados a se dedicar às obras do governo. Os escravos, prisioneiros de guerra, realizavam os trabalhos mais pesados, como a abertura das estradas e construção dos palácios.

O Estado controlava todas as províncias através dos seus sátrapas e dos fiscais reais, além da força militar persa. Assim, o poder político pôde manter-se concentrado nas mãos do imperador, associado a uma rica elite de burocratas e sacerdotes, sobreposta a massa de camponeses e escravos.

Cultura e religião persas

Na arte, os persas receberam grande influência dos egípcios e dos mesopotâmicos. Fizeram construções em plataformas e terraços, nas quais utilizaram tijolos esmaltados em cores vivas.

Os persas possuíam uma religião dualista, ou seja, reverenciavam duas divindades: Ormuz-Mazda, o deus do bem, da luz, do reino espiritual, e Arimâ, o deus do mal e das trevas. O deus do bem Ormuz, que não é representado por imagens e tem como símbolo o fogo: o deus do mal é Arimâ, representado por uma serpente. Essas duas divindades segundo as crenças persas, confrontavam-se frequentemente e, ao homem cabia a missão de adorar seu criador, o Mazda para evitar o triunfo das trevas. Acreditavam na vida após a morte, onde haveria paraíso para os justos e purgatório e inferno para os pecadores. Esperavam pela vinda de um Messias que um dia salvaria os homens justos, livrando-os dos sofrimentos.       

Os fundamentos dessa religião acham-se apresentados no livro Zend-Avesta, escrito por Zoroastro, também conhecido por Zaratustra. Daí a denominação zoroastrismo ou masdeísmo dada a religião persa, que teve forte influência sobre outras religiões surgidas na Antiguidade, como o judaísmo e o cristianismo, sendo a principal contribuição persa para as civilizações posteriores. Segundo o zoroastrismo, o dever das pessoas é praticar o bem e a justiça, para que no dia do Juízo Final, Ormuz seja vitorioso e, assim, o bem prevaleça sobre o mal. Além disso, aos bons estava reservada a vida eterna no paraíso.

 

 

Os Fenícios

Enquanto os povos semitas brigavam pelo domínio da Mesopotâmia, o mar Mediterrâneo era posse indiscutível de um povo de comerciantes que vivia numa estreita faixa de terra: os fenícios. Esse povo levou adiante a façanha de fazer com que as diversas culturas do Oriente Médio se conhecessem umas às outras.
As origens dos fenícios datam de aproximadamente 3000 a.C., época em que diversos agrupamentos de um povo que se autodenominava cananeu se estabeleceram no Oriente Médio, em uma região chamada Canaã, próximo ao atual Líbano.
Uma série de disputas de terras entre os povos que habitavam Canaã forçaram os cananeus a se estabelecerem em uma estreita faixa de terra, situada mais próximo ao mar.
Embora tivessem o mesmo idioma e a mesma cultura, os cananeus não criaram um Estado unificado, sob o governo de um único rei. Seus povoados, que ao longo dos séculos se transformaram em cidades, tinham administração própria. Por isso, são chamados de cidades-Estado. Esse foi o caso das cidades de Biblos, Sídon, Tiro, Ugarit e outras.

Os fenícios foram os grandes navegadores da Antiguidade, chegando até o Mediterrâneo ocidental e o Atlântico. Além disso, dizemos que eles ensinaram o mundo a ler, já que inventaram o alfabeto que usamos hoje.

Dispunham de poucas terras férteis para o desenvolvimento das atividades agrícola ou pastoril, mas contavam com um extenso litoral. Devido a essas características geográficas, que facilitavam mais o contato com o exterior, os fenícios dedicaram-se às atividades marítimas, sendo considerados os maiores navegadores da Antiguidade. Segundo Heródoto, esse povo foi o primeiro a contornar o continente africano, a serviço do faraó Necao.

Grandes comerciantes, comerciavam todos os tipos de mercadorias, inclusive escravos.  Dominaram o comércio do Mediterrâneo durante muito tempo. Fundaram colônias, como Cartago (norte da África) e Cádiz (costa da Espanha).

Localização e clima

A Fenícia era uma estreita faixa de terra entre os montes Líbano e o mar Mediterrâneo. É por essa costa que o Oriente Médio se comunica com o mar Mediterrâneo. O clima da região é variado. Nos vales faz calor e nas montanhas faz frio. A região é muito fértil por causa dos rios que a atravessam. Além disso, suas montanhas eram cobertas por florestas de cedros, cuja madeira era usada para construir barcos. No território da Fenícia, localizam-se atualmente o Líbano e a parte litorânea da Síria.

Um povo de comerciantes e marinheiros

Os fenícios eram um povo semita que se estabeleceu na Síria por volta de 3000 a.C. Logo depois, fixaram-se na região dos montes Líbano e na costa do mar Mediterrâneo. Os gregos os chamaram de púnicos ou penícios, que quer dizer homens vermelhos, porque eles usavam roupas tingidas de vermelho.

Um produto típico dos cananeus era um corante especial para tingir tecidos de vermelho-escuro. Conhecido como púrpura, esse produto era fabricado com base em um pequeno molusco encontrado no litoral da região e vendido por alto preço a diversos outros povos.

Os gregos chamavam a púrpura de phoenicia. Por isso, a região de Canaã passou a ser designada também por Phoenicia (Fenícia), e seus habitantes ficaram conhecidos como fenícios. Outro produto que comercializavam era o cedro, árvore bastante utilizadapara a construção de navios.

Os fenícios foram o único povo que se dedicou exclusivamente ao comércio, fazendo a ligação entre povos e culturas distantes e desconhecidas. Foram os maiores navegantes e descobridores da Antiguidade. As embarcações fenícias navegavam pelo Mediterrâneo levando e trazendo grande variedade de mercadorias. Em muitos dos locais pelos quais passavam – norte da África, regiões da Europa, ilhas do Mediterrâneo –, fundaram feitorias, que mais tarde se transformaram em cidades. A mais famosa delas foi Cartago, que se tornou uma grande potência.

Sua história caracterizou-se pela alternância da hegemonia política das principais cidades-estados. Os fenícios nunca tiveram um país unificado. Sempre foram um grupo de cidades confederadas, que se ajudavam umas às outras, mas eram independentes. A cidade mais forte liderava as demais, embora as cidades mais fracas mantivessem muita autonomia.

Várias cidades se sucederam nessa liderança. As principais foram: Biblos (2500 a.C.-1600 a.C.), cidade que comercializava papiros do Egito. Os gregos chamavam esses papiros de “biblos”, o que deu origem à palavra “livro”; Sidon (1600 a.C.-1300 a.C.) e Tiro (1200 a.C.-900 a.C.), de onde saíam os grandes comerciantes, por mar e por terra.   



Os fenícios foram o primeiro povo do Oriente Médio a fundar povoamentos e mercados no norte da África e na Europa. Exemplos disso são Cartago, no norte da África; Malta, no mar Mediterrâneo; Marselha, na França; e Sevilha, na Espanha. 

A decadência (701 a.C.-333 a.C.) 

O declínio das cidades fenícias começou a partir do século VII a.C, quando foram dominadas por diversos povos, entre eles babilônios, persas, gregos e romanos. Quando os impérios da Mesopotâmia se consolidaram, os fenícios começaram a participar de alianças militares. Nesse momento começou a decadência. Tiro foi saqueada em 701 a.C. pelos assírios e em 574 a.C. pelos caldeus, que a destruíram totalmente. As demais cidades se tornaram dependentes do império persa até que foram dominadas pelo exército de Alexandre Magno, em 333 a.C.

 Sociedade e economia

Assim como a história dos fenícios se confunde com a história dos demais povos do Oriente Médio, a cultura dos fenícios assimilou os avanços técnicos que outros povos desenvolveram e os exportou para as regiões com as quais eles mantinham relações comerciais.

O governo dos fenícios não era igual em todas as cidades. Em alguns casos, era exercido por um rei, hereditário ou eleito. Em outros, era exercido por um conselho supremo. Apesar da existência do rei ou do conselho, quem governava de fato era uma assembleia que reunia os comerciantes mais importantes da cidade.

A sociedade fenícia era constituída de sacerdotes, aristocratas, comerciantes, pessoas livres e escravos. E tinham uma estrutura rígida: sacerdotes e aristocratas ocupavam as posições mais destacadas. A sociedade fenícia tinha também uma camada de homens livres, que eram pescadores, artesãos e agricultores.

A importância da agricultura e da navegação para a sociedade fenícia permitiu o desenvolvimento da Astronomia e da Matemática, vinculado ao cálculo do movimento dos astros. O conhecimento matemático favoreceu também a realização das atividades comerciais, tão presentes em sua economia.

Os fenícios foram o primeiro povo a produzir mercadorias em grande quantidade. Eles organizaram as primeiras “manufaturas”, por assim dizer, nas quais aplicavam os avanços que tinham aprendido com outros povos.

A maior parte dos produtos exportados pelos fenícios era feita nas oficinas dos artesãos, que se dedicavam à:

• metalurgia (armas de bronze e ferro, joias de ouro e prata, etc.);

• fabricação de vidros; fabricação de tecidos finos na cor púrpura (tintura obtida com uma substância avermelhada extraída do múrice; molusco do Mediterrâneo);

De várias regiões do mundo antigo, os fenícios importavam metais, pedras preciosas, perfumes, cavalos, cereais, marfim etc.

A religião

Os fenícios acreditavam em várias divindades identificadas com as forças da natureza, especialmente aquelas que garantiam a fecundidade do solo e que orientavam os navegadores. Adoravam um deus principal em cada cidade, geralmente chamado de Baal, representando o sol, a deusa Astartéia, a fecundidade, às vezes identificadas com a lua. Os outros deuses, como, por exemplo, Dagon, o deus do trigo, manifestavam o caráter destacadamente agrário da região. 

As ciências e as artes

Os fenícios não criaram nenhuma arte própria, pois imitavam tudo aquilo que os demais povos faziam. Mas eles aperfeiçoaram muitas das descobertas de outros povos. Os fenícios aperfeiçoaram a técnica da produção de vidro, inventada pelos egípcios, e aprenderam a tingir tecidos com os caldeus. Foram também grandes armadores de barcos. Sua frota foi a mais poderosa do mundo antigo. Além disso, especializaram-se na produção de armas de ferro e de bronze. As joias e os perfumes feitos pelos fenícios eram muito conhecidos.

Os fenícios também desenvolveram a geografia e a astronomia, que facilitavam a navegação e o reconhecimento das terras distantes. Eles chegaram até o oceano Atlântico. Desenvolveram, também, a geometria e o desenho, que aplicavam à construção de barcos.

Seu mais importante legado para a civilização ocidental foi, contudo, a elaboração de um sistema de escrita prático e simples, fundamentado num alfabeto de 22 letras. Esse alfabeto foi, posteriormente, adotado e aprimorado por gregos e romanos, constituindo-se na matriz de nossa escrita atual.

O desenvolvimento do alfabeto

O comércio colocou os fenícios em contato constante com diferentes povos. Além disso, eles viviam em uma região onde era possível encontrar grande variedade de línguas e escritas.

Há registros da utilização de escrita cuneiforme nos territórios fenícios por volta de 1000 a.C. Esse tipo de escrita era utilizada na região da Mesopotâmia e se disseminou entre os fenícios por meio das trocas culturais e comerciais entre as duas regiões. Além disso, a escrita hieroglífica também foi utilizada em documentos produzidos pelos fenícios, que a assimilaram possivelmente após contatos com os egípcios.

Aos poucos, os fenícios adaptaram esses tipos de escrita às suas necessidades. Para registrar suas transações comerciais, por exemplo, necessitavam de um sistema de escrita flexível e rápido. Assim, criaram um modelo de alfabeto com apenas 22 sinais – todos consoantes. Esse alfabeto utilizava letras para representar os sons das palavras e ficou conhecido como alfabeto fonético.

A invenção fenícia foi transmitida pelo Mediterrâneo, influenciando outros povos da região. Os gregos, por exemplo, incorporaram o alfabeto fonético e acrescentaram a ele cinco vogais, deixando-o com 24 letras, praticamente do modo como conhecemos hoje.

Esse alfabeto, por sua vez, influenciou os etruscos. Das 26 letras do alfabeto etrusco, os romanos assimilaram 21 na criação do alfabeto latino. Composto apenas de letras maiúsculas, o alfabeto latino se espalhou pelo Mediterrâneo, nas regiões conquistadas pelos romanos. As letras minúsculas foram acrescentadas séculos depois, durante a Idade Média.

    

Os Hebreus

A antiga Palestina, denominada terra de Canaã, compunha uma faixa de terra cercada pela Síria, pela fenícia e pelo deserto da Arábia. O vale do rio Jordão era a área mais fértil, favorecendo a prática agrícola e a fixação da população, ao contrário do resto do seu território, que era formado por montanhas e colinas de solo pobre e seco, trilhada por grupos nômades dedicados ao pastoreio.

Os hebreus eram povos de origem semita (os semitas compreendem dois importantes povos: os hebreus e os árabes), que se distinguiram de outros povos da Antiguidade por sua crença religiosa. O termo hebreu significa "gente do outro lado do rio”, isto é, do rio Eufrates.  Os hebreus foram um dos povos que mais influenciaram a civilização atual. Sua religião o judaísmo influenciou tanto o cristianismo quanto o islamismo.

A mais rica fonte da história hebraica é a Bíblia, pois a primeira parte, o Antigo Testamento, é um relato dos principais acontecimentos políticos e religiosos vivenciados pelos hebreus.

Os hebreus, povos de origem semita, a princípio eram nômades que se dedicavam ao pastoreio. Estavam organizados em clãs patriarcais (grupo ligados por laços de parentesco e de tradição), os quais possuíam como autoridade maior o patriarca, (chefe que ocupava os cargos de sacerdote, juiz e comandante militar).

A história política dos hebreus é dividida em três períodos: Períodos dos Patriarcas, Período dos Juízes, Período dos Reis.

Os patriarcas

Os hebreus eram inicialmente, um pequeno grupo de pastores nômades, organizados em clãs ou tribos, chefiadas por um patriarca. Conduzidos por Abraão, deixaram a cidade de Ur, na Mesopotâmia, e se fixaram na Palestina (Canaã a Terra Prometida), por volta de 2000 a.C.

A Palestina era uma pequena faixa de terra, que se estendia pelo vale do rio Jordão. Limitava-se ao norte, com a Fenícia, ao sul com as terras de Judá, a Leste com o deserto da Arábia e, a oeste com o mar Mediterrâneo.

Governados por patriarcas, os hebreus viveram na palestina durante três séculos. Os principais patriarcas hebreus foram: Abraão (o primeiro patriarca), Isaac, Jacó (também chamado Israel, daí o nome israelita), Moisés e Josué.

Por volta de 1750 a.C. uma terrível seca atingiu a Palestina. Os hebreus foram obrigados a deixar a região e buscar melhores condições de sobrevivência no Egito. Permaneceram no Egito, cerca de 400 anos, até serem perseguidos e escravizados pelos faraós. Liderados então, pelo patriarca Moisés, os hebreus abandonaram o Egito em 1250 a.C., retornando à Palestina. Essa saída em massa dos hebreus do Egito é conhecida como Êxodo.

De acordo com a Bíblia, foi durante o êxodo dos hebreus, que Moisés recebeu de Deus a tábua dos Dez Mandamentos (Decálogo), quando atravessava o deserto do Sinai. A partir daí, os hebreus passaram a adorar um só deus, Jeová (ou Iahweh), adotando o monoteísmo.

Os juízes

De volta à Palestina, sob a liderança de Josué, os hebreus tiveram de lutar contra o povo cananeu e, posteriormente, contra os filisteus. Josué – o sucessor de Moisés – distribuiu as terras conquistadas entre as doze tribos de Israel.     Nesse período os hebreus, passaram a se dedicar à agricultura, a criação de animais e ao comércio, tornavam-se, portanto, sedentários.

No período de lutas pela conquista da Palestina, que durou quase dois séculos, os hebreus foram governados pelos juízes. Os juízes eram chefes políticos, militares e religiosos. Embora comandassem os hebreus de forma enérgica, não tinham uma estrutura administrativa permanente. Entre os mais famosos juízes destaca-se Sansão, que ficou conhecido por sua grande força, conforme relata a Bíblia. Outros juízes importantes foram Gideão e Samuel.

Os reis

A sequência de lutas e problemas sociais criou a necessidade de um comando militar único. Samuel procurou completar a unidade das doze tribos hebraicas a fim de fortalecer a posição israelita na luta contra os ocupantes da Terra Prometida.

Os hebreus adotaram então, a monarquia. O objetivo era centralizar o poder nas mãos de um rei e, assim, ter mais força para enfrentar os povos inimigos, como os filisteus.

Com esse propósito, proclamou Saul como rei dos hebreus (1010 a.C.). Saul não teve sucesso na luta contra os filisteus, e, vencido, suicidou-se. Depois veio o rei Davi (1006-966 a.C.), conhecido por ter vencido os filisteus (segundo a Bíblia, ele derrotou o gigante filisteu Golias). Com a conquista de toda a Palestina, a cidade de Jerusalém tornou-se a capital política e religiosa dos hebreus.

O sucessor de Davi foi seu filho Salomão, que terminou a organização da monarquia hebraica e seu reinado marcou o apogeu do reino hebraico.  Durante o reinado de Salomão (966-926 a.C.), houve um grande desenvolvimento comercial, foram construídos palácios, fortificações, a construção do Templo de Jerusalém, criou um poderoso exército, organizou a administração e o sistema de impostos. Montou uma luxuosa corte, com muitos funcionários e grandes despesas.

Para poder sustentar uma corte tão luxuosa, Salomão obrigava o povo hebreu a pagar pesados impostos. O preço dessa exploração foi o surgimento de revoltas sociais.

Com a morte de Salomão, essas revoltas provocaram a divisão religiosa e política das tribos e o fim da monarquia unificada. Formaram-se dois reinos: ao norte, dez tribos formaram o reino de Israel, com capital em Samaria e, ao sul, as duas tribos restantes formaram o reino de Judá, com capital em Jerusalém.

Em 722 a.C., os reinos de Israel foram conquistados pelos assírios, comandados por Sargão II. Grande parte dos hebreus foi escravizada e espalhada pelo Império Assírio.

Em 587 a.C., o reino de Judá foi conquistado pelos babilônios, comandados por Nabucodonosor. Os babilônios destruíram Jerusalém e aprisionaram os hebreus, levando-os para a Babilônia. Esse episódio ficou conhecido como o Cativeiro da Babilônia.

Os hebreus permaneceram presos até 538 a.C., quando o rei persa Ciro II conquistou a Babilônia, e puderam então à Palestina, que se tornara província do Império Persa e reconstruíram então o templo de Jerusalém.

A partir dessa época, os hebreus não mais conseguiram conquistar a autonomia política da Palestina, que se tornou sucessivamente província dos impérios persa, macedônio e romano.

Economia e Sociedade

A vida socioeconômica dos hebreus pode ser dividida em duas fases: a nômade e a sedentária. A princípio, os hebreus eram pastores nômades (não tinham habitação fixa), que se dedicavam à criação de ovelhas e cabras. Os bens pertenciam a todos do clã.  Mais tarde, já fixados na Palestina, foram deixando os antigos costumes das comunidades nômades. Desenvolveram a agricultura e o comércio, tornaram-se sedentários.

Nos primeiros tempos a propriedade da terra era coletiva, depois foi surgindo a propriedade privada da terra e dos demais bens. Surgiram as diferentes classes sociais e a exploração de uma classe pela outra.   A consequência dessas mudanças foi que grandes proprietários e comerciantes exibiam luxo e riqueza, enquanto os camponeses pobres e os escravos viviam na miséria.

Vida cultural e religiosa dos hebreus

Por acreditar num só deus, os hebreus foram diferentes dos demais povos da Antiguidade. Esse Deus lhes dava tudo de que precisavam e, por meio de revelações, fazia-os saber o que queria deles. A Bíblia, que em grego quer dizer “os livros”, conta toda a história do povo hebreu. Também contém um código de leis, o Torá, que regulamenta a família, as riquezas, os contratos e as obrigações. A Bíblia foi também o legado sobre o qual os cristãos construíram uma nova religião a partir da chegada de Jesus Cristo.

A religião atuou como importante fator de identidade nacional, cultural e política dos hebreus. Acreditavam num só deus – eram monoteístas – e na vinda de um messias, um libertador que os conduziria na luta contra as dominações estrangeiras. A característica monoteísta de sua crença serviu de matriz para outras religiões, como o cristianismo e o islamismo.

A religião hebraica prescreve uma conduta moral orientada pela justiça, a caridade e o amor ao próximo. Entre as principais festas judaicas, destacam-se: a Páscoa, que comemora a saída dos hebreus do Egito em busca da Terra Prometida; o Pentecostes, que recorda a entrega dos Dez Mandamentos a Moisés; o Tabernáculo, que relembra a longa permanência dos hebreus no deserto, durante o Êxodo.

 

Produção de energia no Brasil

Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...