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Os cretenses e a civilização minoica

Perto do segundo milênio antes de Cristo, a Península Balcânica era dominada pelos cretenses, os quais imprimiram profundas marcas na vida cultural da Grécia Antiga.
Creta é uma ilha com pouco mais de 8 mil quilômetros quadrados, localizada entre o norte da África e o sul da Península Balcânica. Maior ilha do Mediterrâneo, abrigou uma das mais antigas civilizações da humanidade, a civilização cretense, também conhecida como minoica.

A civilização minoica desenvolveu-se a partir de 2000 a.C., na ilha de Creta, situada no mar Egeu, podendo, por isso, ser também chamada de civilização egeia. Pouco se sabe sobre as origens dos cretenses. No entanto, por volta de 2500 a.C., na mesma época em que os egípcios construíam as pirâmides de Gizé, existiam em Creta importantes cidades, como Cnossos, Malia e Festos. Eram cidades controladas por uma aristocracia formada por reis, nobres, sacerdotes e comerciantes.

Nessas cidades, as casas eram de pedra e tijolo, e os palácios ali erguidos funcionavam não só como residências mas também como centros comerciais, cerimoniais e religiosos. Em Cnossos, por exemplo, o palácio ocupava uma área de 20 mil metros quadrados no alto de uma colina.

Os minoicos se destacavam na fabricação de joias, cerâmicas, esculturas e produtos de metal. Também construíram portos e aquedutos.

Para navegar entre as ilhas da região, os primeiros cretenses utilizavam canoas escavadas em troncos de árvores, posteriormente substituídas por embarcações mais sofisticadas. Com elas, realizavam trocas comerciais com povos de lugares distantes, como Grécia e Egito, além de outras regiões do Mediterrâneo, como a Mesopotâmia e a Ilha de Chipre. A marinha mercante dos cretenses se tornou a maior da época e seus mercadores dominaram o comércio mediterrâneo.

Os cretenses tinham no comércio marítimo a base de sua economia, por isso, o poder concentrou-se nas mãos de uma elite comercial, liderada por reis chamados Minos.

Estes viviam em luxuoso palácio, na cidade de Cnossos, capital do reino. Exportavam azeite e vinho e importavam cereais, ouro, prata e marfim. Essas atividades econômicas enriqueceram a população cretense, que estendeu sua influência às ilhas vizinhas.

A civilização cretense é considerada uma das primeiras a ter uma vida econômica dominada pelo comércio marítimo. Ao entrarem em contato com outros povos, os cretenses assimilaram traços de diferentes culturas. Com os mesopotâmicos, por exemplo, aprenderam a trabalhar o bronze; com os egípcios, a fabricar vasos de pedra.

Palácio de Minos em Cnossos

Os Cretenses deixaram poucos vestígios de sua existência e o conhecimento sobre eles só pôde ampliar-se em função da recente descoberta das ruínas de Cnossos e da decifração de sua escrita.

O palácio de Cnossos era uma enorme construção. Possuía um sistema hidráulico único no mundo da época: uma intrincada rede subterrânea de canos de cerâmica trazia água fresca para as banheiras, as fontes e as cozinhas, enquanto outra escoava a água suja. Seus armazéns guardavam cereais, vinho e azeite em grandes vasos de cerâmica (alguns com quase 2 m de altura). Nos depósitos subterrâneos ficavam os cofres de ouro, prata e marfim. Essas riquezas, provenientes de impostos e presentes doados ao rei, eram destinadas as divindades.

Uma característica marcante dos cretenses era o papel desempenhado pelas mulheres: elas ocupavam posição de destaque e desfrutavam de uma liberdade até então desconhecida em outras localidades. Além disso, várias divindades eram femininas e cabia às sacerdotisas o principal papel nas cerimônias religiosas. A importância feminina transparecia na religião, no culto à principal divindade cretense, a deusa Grande Mãe. Isso faz supor que, na ilha, sobrevivesse uma forte influência das sociedades matriarcais pré-históricas.

A Grande Mãe

Nas escavações de Creta foram encontradas muitas imagens de mulheres, de diferentes posições sociais: sacerdotisas, dançarinas, esportistas ou damas da nobreza. Isso indica que na sociedade minoica a mulher participava ativamente da vida da cidade e ocupava lugar de destaque nas cerimônias religiosas.

A civilização minoica terminou de forma violenta. Entre os anos de 1450 e 1400 a.C., a ilha sofreu a invasão dos aqueus, um povo guerreiro da Grécia continental. Eles destruíram os palácios e submeteram a população minoica, impondo-se como seus governantes. Pouco depois, ocorreu uma violenta erupção vulcânica na ilha de Terá, próxima a Creta. O terremoto e o maremoto que se seguiram atingiram Creta com tamanha força que as construções foram ao chão, os barcos e o próprio porto foram para o fundo do mar. Assim chegava ao fim a civilização minoica.

A libertação grega perante o Minotauro

Os gregos possuem uma lenda para explicar sua origem. Tal lenda diz que no interior de um labirinto habitava o Minotauro, mostro com cabeça de touro e corpo de homem. O Minotauro dominava a Grécia, obrigando seu povo a pagar pesados tributos, entre os quais a entrega de jovens gregos para servi-lo. O labirinto, em que se escondia o Minotauro, impedia que os gregos pudessem enfrentar o monstro para libertar a Grécia de seu terrível domínio.

Um dia, porém, um jovem grego chamado Teseu decidiu acabar com o monstro. Auxiliado por Ariadne, uma das servas do Minotauro, penetrou no labirinto, achou o monstro e destruiu-o, conquistando a liberdade para a Grécia.


A lenda do Minotauro estabelece relações significativas com o domínio de Creta sobre o território grego. O nome do monstro deriva da denominação do soberano cretense: Minos. Além disso, segundo recentes achados arqueológicos, o rei habitava um palácio, em Cnossos, formado por inúmeros compartimentos, assemelhando-se muito a um labirinto.

 

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