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Os Hebreus

A antiga Palestina, denominada terra de Canaã, compunha uma faixa de terra cercada pela Síria, pela fenícia e pelo deserto da Arábia. O vale do rio Jordão era a área mais fértil, favorecendo a prática agrícola e a fixação da população, ao contrário do resto do seu território, que era formado por montanhas e colinas de solo pobre e seco, trilhada por grupos nômades dedicados ao pastoreio.

Os hebreus eram povos de origem semita (os semitas compreendem dois importantes povos: os hebreus e os árabes), que se distinguiram de outros povos da Antiguidade por sua crença religiosa. O termo hebreu significa "gente do outro lado do rio”, isto é, do rio Eufrates.  Os hebreus foram um dos povos que mais influenciaram a civilização atual. Sua religião o judaísmo influenciou tanto o cristianismo quanto o islamismo.

A mais rica fonte da história hebraica é a Bíblia, pois a primeira parte, o Antigo Testamento, é um relato dos principais acontecimentos políticos e religiosos vivenciados pelos hebreus.

Os hebreus, povos de origem semita, a princípio eram nômades que se dedicavam ao pastoreio. Estavam organizados em clãs patriarcais (grupo ligados por laços de parentesco e de tradição), os quais possuíam como autoridade maior o patriarca, (chefe que ocupava os cargos de sacerdote, juiz e comandante militar).

A história política dos hebreus é dividida em três períodos: Períodos dos Patriarcas, Período dos Juízes, Período dos Reis.

Os patriarcas

Os hebreus eram inicialmente, um pequeno grupo de pastores nômades, organizados em clãs ou tribos, chefiadas por um patriarca. Conduzidos por Abraão, deixaram a cidade de Ur, na Mesopotâmia, e se fixaram na Palestina (Canaã a Terra Prometida), por volta de 2000 a.C.

A Palestina era uma pequena faixa de terra, que se estendia pelo vale do rio Jordão. Limitava-se ao norte, com a Fenícia, ao sul com as terras de Judá, a Leste com o deserto da Arábia e, a oeste com o mar Mediterrâneo.

Governados por patriarcas, os hebreus viveram na palestina durante três séculos. Os principais patriarcas hebreus foram: Abraão (o primeiro patriarca), Isaac, Jacó (também chamado Israel, daí o nome israelita), Moisés e Josué.

Por volta de 1750 a.C. uma terrível seca atingiu a Palestina. Os hebreus foram obrigados a deixar a região e buscar melhores condições de sobrevivência no Egito. Permaneceram no Egito, cerca de 400 anos, até serem perseguidos e escravizados pelos faraós. Liderados então, pelo patriarca Moisés, os hebreus abandonaram o Egito em 1250 a.C., retornando à Palestina. Essa saída em massa dos hebreus do Egito é conhecida como Êxodo.

De acordo com a Bíblia, foi durante o êxodo dos hebreus, que Moisés recebeu de Deus a tábua dos Dez Mandamentos (Decálogo), quando atravessava o deserto do Sinai. A partir daí, os hebreus passaram a adorar um só deus, Jeová (ou Iahweh), adotando o monoteísmo.

Os juízes

De volta à Palestina, sob a liderança de Josué, os hebreus tiveram de lutar contra o povo cananeu e, posteriormente, contra os filisteus. Josué – o sucessor de Moisés – distribuiu as terras conquistadas entre as doze tribos de Israel.     Nesse período os hebreus, passaram a se dedicar à agricultura, a criação de animais e ao comércio, tornavam-se, portanto, sedentários.

No período de lutas pela conquista da Palestina, que durou quase dois séculos, os hebreus foram governados pelos juízes. Os juízes eram chefes políticos, militares e religiosos. Embora comandassem os hebreus de forma enérgica, não tinham uma estrutura administrativa permanente. Entre os mais famosos juízes destaca-se Sansão, que ficou conhecido por sua grande força, conforme relata a Bíblia. Outros juízes importantes foram Gideão e Samuel.

Os reis

A sequência de lutas e problemas sociais criou a necessidade de um comando militar único. Samuel procurou completar a unidade das doze tribos hebraicas a fim de fortalecer a posição israelita na luta contra os ocupantes da Terra Prometida.

Os hebreus adotaram então, a monarquia. O objetivo era centralizar o poder nas mãos de um rei e, assim, ter mais força para enfrentar os povos inimigos, como os filisteus.

Com esse propósito, proclamou Saul como rei dos hebreus (1010 a.C.). Saul não teve sucesso na luta contra os filisteus, e, vencido, suicidou-se. Depois veio o rei Davi (1006-966 a.C.), conhecido por ter vencido os filisteus (segundo a Bíblia, ele derrotou o gigante filisteu Golias). Com a conquista de toda a Palestina, a cidade de Jerusalém tornou-se a capital política e religiosa dos hebreus.

O sucessor de Davi foi seu filho Salomão, que terminou a organização da monarquia hebraica e seu reinado marcou o apogeu do reino hebraico.  Durante o reinado de Salomão (966-926 a.C.), houve um grande desenvolvimento comercial, foram construídos palácios, fortificações, a construção do Templo de Jerusalém, criou um poderoso exército, organizou a administração e o sistema de impostos. Montou uma luxuosa corte, com muitos funcionários e grandes despesas.

Para poder sustentar uma corte tão luxuosa, Salomão obrigava o povo hebreu a pagar pesados impostos. O preço dessa exploração foi o surgimento de revoltas sociais.

Com a morte de Salomão, essas revoltas provocaram a divisão religiosa e política das tribos e o fim da monarquia unificada. Formaram-se dois reinos: ao norte, dez tribos formaram o reino de Israel, com capital em Samaria e, ao sul, as duas tribos restantes formaram o reino de Judá, com capital em Jerusalém.

Em 722 a.C., os reinos de Israel foram conquistados pelos assírios, comandados por Sargão II. Grande parte dos hebreus foi escravizada e espalhada pelo Império Assírio.

Em 587 a.C., o reino de Judá foi conquistado pelos babilônios, comandados por Nabucodonosor. Os babilônios destruíram Jerusalém e aprisionaram os hebreus, levando-os para a Babilônia. Esse episódio ficou conhecido como o Cativeiro da Babilônia.

Os hebreus permaneceram presos até 538 a.C., quando o rei persa Ciro II conquistou a Babilônia, e puderam então à Palestina, que se tornara província do Império Persa e reconstruíram então o templo de Jerusalém.

A partir dessa época, os hebreus não mais conseguiram conquistar a autonomia política da Palestina, que se tornou sucessivamente província dos impérios persa, macedônio e romano.

Economia e Sociedade

A vida socioeconômica dos hebreus pode ser dividida em duas fases: a nômade e a sedentária. A princípio, os hebreus eram pastores nômades (não tinham habitação fixa), que se dedicavam à criação de ovelhas e cabras. Os bens pertenciam a todos do clã.  Mais tarde, já fixados na Palestina, foram deixando os antigos costumes das comunidades nômades. Desenvolveram a agricultura e o comércio, tornaram-se sedentários.

Nos primeiros tempos a propriedade da terra era coletiva, depois foi surgindo a propriedade privada da terra e dos demais bens. Surgiram as diferentes classes sociais e a exploração de uma classe pela outra.   A consequência dessas mudanças foi que grandes proprietários e comerciantes exibiam luxo e riqueza, enquanto os camponeses pobres e os escravos viviam na miséria.

Vida cultural e religiosa dos hebreus

Por acreditar num só deus, os hebreus foram diferentes dos demais povos da Antiguidade. Esse Deus lhes dava tudo de que precisavam e, por meio de revelações, fazia-os saber o que queria deles. A Bíblia, que em grego quer dizer “os livros”, conta toda a história do povo hebreu. Também contém um código de leis, o Torá, que regulamenta a família, as riquezas, os contratos e as obrigações. A Bíblia foi também o legado sobre o qual os cristãos construíram uma nova religião a partir da chegada de Jesus Cristo.

A religião atuou como importante fator de identidade nacional, cultural e política dos hebreus. Acreditavam num só deus – eram monoteístas – e na vinda de um messias, um libertador que os conduziria na luta contra as dominações estrangeiras. A característica monoteísta de sua crença serviu de matriz para outras religiões, como o cristianismo e o islamismo.

A religião hebraica prescreve uma conduta moral orientada pela justiça, a caridade e o amor ao próximo. Entre as principais festas judaicas, destacam-se: a Páscoa, que comemora a saída dos hebreus do Egito em busca da Terra Prometida; o Pentecostes, que recorda a entrega dos Dez Mandamentos a Moisés; o Tabernáculo, que relembra a longa permanência dos hebreus no deserto, durante o Êxodo.

 

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