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Os persas

Em finais do século XX a.C., povos indo-europeus estabeleceram-se no planalto iraniano, a leste da Mesopotâmia. Eram os medos e os persas, que progressivamente formaram pequenos reinos locais.

Essa região possui clima seco e é formada por terras altas, rodeadas por elevadas montanhas, onde somente no sopé há água suficiente para o desenvolvimento da agricultura.

Séculos depois, medos e persas ficaram sob dominação assíria. No século VIII a.C., os reinos medos se uniram e conseguiram liberta-se do jugo estrangeiro, estabelecendo, a partir de então, sua hegemonia no planalto do Irã.

A princípio os persas eram dominados pelos medos. Essa situação se inverteria por volta de 550 a.C. Nessa época, sob o comando de Ciro, os persas dominaram os medos e passaram a controlar a região. Transformando-se em rei unificou os dois povos numa única nação e iniciou a expansão territorial, lançando as origens do império Persa.

Mostrando-se hábeis guerreiros, os persas ampliaram progressivamente seus domínios, até serem contidos pelos gregos no final do século V a.C.

Atualmente, onde antes se estabeleceram medos e persas, localiza-se um país chamado Irã.

Entre os principais monarcas persas, vale destacar:

• Ciro I (559-529 a.C.), o unificador do Estado persa. Com seu hábil exército, conquistou a Mesopotâmia em 539 a.C. e libertou os hebreus que se achavam cativos na Babilônia;

• Cambises (529-522 a.C.), comandante das tropas persas na Batalha de Pelusa, em 525 a.C., quando o Egito foi conquistado e submetido ao Império Persa;

• Dario I (512-484 a.C.), responsável pela organização administrativa do Império Persa.

A organização do império

Os povos dominados pelos persas podiam conservar seus costumes, suas leis, sua religião e sua língua. Eram obrigados, porém, a pagar tributos e a servir o exército persa.

Dário foi o responsável pela organização administrativa do Império Persa, dividiu-o em vinte províncias, chamadas satrápias, as quais eram governadas por vice-reis – os sátrapas – Para facilitar a comunicação entre as províncias, foram construídas diversas estradas, entre elas a Estrada Real que tinha a extensão de 2 400 Km e ligava a cidade de Susa, no Golfo Pérsico, a Sardes, nas proximidades do Mediterrâneo. Por ela passavam os correios reais, o exército e as caravanas de mercadores.

Além disso, o imperador enviava anualmente inspetores especiais, chamados de “olhos e ouvidos do rei”, para ouvir os reclamos dos governados e governantes. Dario I promoveu, também, a intensificação do comércio persa, através do estabelecimento de uma moeda nacional, o dárico.

Durante o reinado de Dario I, os persas entraram em guerra com os gregos pelo domínio da Ásia Menor, nas chamadas Guerras Médicas. Derrotados, os persas iniciaram um processo de enfraquecimento que culminaria na submissão aos macedônios de Alexandre Magno, em 330 a.C.

Extensão máxima do império persa

Mais tarde, depois da dominação macedônia, os persas caíram sob o jugo romano, só ressurgindo de forma independente no século III d.C. No século VII, o Império Persa acabou conquistado pelos árabes, incorporando traços de sua cultura, como a religião islâmica. 

Economia e sociedade persas 

A economia do Império Persa fundamentava-se na agricultura e no comércio. A população camponesa estava sujeita ao pagamento de pesados tributos, fornecendo parte da produção ao Estado e trabalhando nas obras públicas. O comércio alcançou um alto desenvolvimento, facilitado pela construção de estradas que permitiram a comunicação com outras regiões, como Egito, Fenícia, Palestina e Mesopotâmia. A implantação da moeda, o dárico, também beneficiou o comércio.

Partindo do rei, que se encontrava no topo da pirâmide social e era dono de um poder absoluto, as outras camadas mais privilegiadas entre os persas eram os nobres sacerdotes, e comerciantes. Abaixo, na escala social, encontravam-se os camponeses e escravos. Os camponeses realizavam o trabalho do campo, entregando grande parte de sua produção ao governo. Além disso, ainda eram obrigados a se dedicar às obras do governo. Os escravos, prisioneiros de guerra, realizavam os trabalhos mais pesados, como a abertura das estradas e construção dos palácios.

O Estado controlava todas as províncias através dos seus sátrapas e dos fiscais reais, além da força militar persa. Assim, o poder político pôde manter-se concentrado nas mãos do imperador, associado a uma rica elite de burocratas e sacerdotes, sobreposta a massa de camponeses e escravos.

Cultura e religião persas

Na arte, os persas receberam grande influência dos egípcios e dos mesopotâmicos. Fizeram construções em plataformas e terraços, nas quais utilizaram tijolos esmaltados em cores vivas.

Os persas possuíam uma religião dualista, ou seja, reverenciavam duas divindades: Ormuz-Mazda, o deus do bem, da luz, do reino espiritual, e Arimâ, o deus do mal e das trevas. O deus do bem Ormuz, que não é representado por imagens e tem como símbolo o fogo: o deus do mal é Arimâ, representado por uma serpente. Essas duas divindades segundo as crenças persas, confrontavam-se frequentemente e, ao homem cabia a missão de adorar seu criador, o Mazda para evitar o triunfo das trevas. Acreditavam na vida após a morte, onde haveria paraíso para os justos e purgatório e inferno para os pecadores. Esperavam pela vinda de um Messias que um dia salvaria os homens justos, livrando-os dos sofrimentos.       

Os fundamentos dessa religião acham-se apresentados no livro Zend-Avesta, escrito por Zoroastro, também conhecido por Zaratustra. Daí a denominação zoroastrismo ou masdeísmo dada a religião persa, que teve forte influência sobre outras religiões surgidas na Antiguidade, como o judaísmo e o cristianismo, sendo a principal contribuição persa para as civilizações posteriores. Segundo o zoroastrismo, o dever das pessoas é praticar o bem e a justiça, para que no dia do Juízo Final, Ormuz seja vitorioso e, assim, o bem prevaleça sobre o mal. Além disso, aos bons estava reservada a vida eterna no paraíso.

 

 

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