domingo, 24 de setembro de 2023

Conflitos regionais durante a Guerra Fria

No contexto da Guerra fria, multiplicam-se os conflitos regionais. Em muitos deles, como no Sudeste Asiático e no Afeganistão, há a participação direta dos exércitos norte-americano e soviético. Ocorre também uma série de acontecimentos que escapam à órbita das potências hegemônicas, como o ressurgimento dos conflitos étnicos na Ásia e na África.

1. GUERRA DA CORÉIA

Conflito militar que se desenvolve de 1950 a 1953, opondo a Coréia do Norte e a China, por um lado, e a Coréia do Sul, os Estados Unidos (EUA) e as forças das Nações Unidas, por outro.
Ao final da II Guerra Mundial, em 1945, a Coréia é dividida em duas zonas de ocupação – uma norte-americana, ao sul, e outra soviética, ao norte –, que correspondem ao antagonismo da Guerra Fria. Os dois setores são separados pelo paralelo 38º, como ficara estabelecido na Conferência de Potsdam. Em 1947, a ONU (Organização das Nações Unidas) forma uma comissão, não reconhecida pela União Soviética (URSS), para reorganizar o país por meio de eleições nas duas zonas.
Dirigentes do Partido Comunista Coreano (PCC) assumem posições de comando na zona soviética. As negociações para a unificação fracassam e, em 1948, são criados dois Estados distintos: a Coréia do Norte (República Democrática Popular da Coréia) e a Coréia do Sul (República da Coréia). A primeira é ligada ao bloco soviético e a segunda, pró-ocidental. Os dois governos reivindicam jurisdição sobre a totalidade do território coreano, o que torna a área de fronteira uma região de tensões e incidentes. Após a retirada das tropas da URSS, em 1948, e dos EUA, em 1949, tem início uma intensa batalha propagandística entre os dois países.
Em 25 de junho de 1950, tropas da Coréia do Norte, a pretexto de violação do paralelo 38º, realizam um ataque surpresa e invadem o sul. É uma tentativa de unificar o país sob o regime comunista. No mesmo dia, o Conselho de Segurança da ONU, aproveitando-se da ausência do representante da URSS, declara a República Popular agressora e nomeia o general norte-americano MacArthur para chefiar tropas de intervenção na Coréia.
As tropas da Coréia do Norte avançaram rapidamente e logo capturaram a capital sul-coreana, Seul, sendo sua ofensiva detida em Taejon. O general Douglas MacArthur, comandante supremo das forças americanas no Extremo Oriente, assumiu a chefia das tropas de uma coalizão internacional sob a égide da ONU, que reconquistou a Coréia do Sul e cruzou o paralelo 38o, até à fronteira da Manchúria.
Os chineses, preocupados com os avanços dos americanos, advertiram que sua presença na Coréia do Norte obrigaria à entrada da China na guerra. MacArthur ignorou a advertência e lançou em novembro a ofensiva denominada Home by Christmas (em casa no Natal). No mesmo mês, soldados chineses atravessaram o rio Yalu e atacaram toda a extensão da frente. Em fins de dezembro, as tropas chinesas e da Coréia do Norte recapturaram Seul. A URSS não se envolve diretamente, limitando-se a dar ajuda militar aos norte-coreanos.
Em fevereiro de l95l, a Assembléia Geral da ONU aprovou resolução pela qual condenava a China como potência agressora. Os chineses responderam com uma segunda ofensiva contra a Coréia do Sul. Em meados de março, as tropas da ONU retomaram Seul e, depois de sucessivos contra-ataques, conseguiram cruzar novamente o paralelo 38o. MacArthur pretendia levar o conflito ao território chinês, mas o perigo de uma nova guerra mundial levou o presidente Truman a substitui-lo pelo general Matthew Ridgway e, em maio de 1952, pelo general Mark W. Clark.
Uma nova ofensiva norte-americana, entre fevereiro e março, empurra as tropas chinesas e norte-coreanas de volta ao paralelo 38º. Daí em diante, as posições permanecem inalteradas em mais dois anos de combate, com muitas baixas de ambos os lados. A paz vem somente com o Armistício de Panmunjom, assinado em 27 de julho de 1953. O acordo mantém a fronteira definida em 1948 e estabelece uma zona desmilitarizada entre as duas Coréias. O conflito, no entanto, continua sem solução definitiva e provoca tensões entre os dois países até hoje.

2. Ocupação Soviética do Afeganistão

Em 1919, a Grã-Bretanha reconheceu o Afeganistão como Estado independente e Amanullah Khan tornou-se rei. Durante a década de 1920, o país passou por uma série de reformas e medidas de modernização, entre as quais a educação para as mulheres, que acabaram provocando revoltas internas.
Apesar da forte oposição de grupos tradicionais durante o reinado de Zahir Shah (na década de 1940), o programa de modernização foi intensificado e, em 1946, o Afeganistão passou a fazer parte da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em 1973, Muhammad Daud Khan, ex-primeiro-ministro, depôs o rei Zahir e criou a República do Afeganistão, assumindo os cargos de presidente e primeiro-ministro. Em 1978, civis e líderes militares da facção de esquerda comandaram uma revolta, durante a qual Daud Khan foi assassinado.
Os rebeldes, liderados por Mohammad Taraki, deram início à implantação de um regime de inspiração soviética, isto é, de partido único, planejamento centralizado da atividade econômica e propriedade estatal dos meios de produção. Isso fez com que um grupo de guerrilheiros islâmicos passasse a lutar contra o novo regime. Em setembro de 1979, os combates atingiram seu ponto máximo e Taraki foi executado.
Em 27 de dezembro de 1979, tropas do Exército Vermelho da URSS invadiram o Afeganistão. Babrak Karmal foi empossado presidente pelas forças de ocupação soviéticas. Desse momento em diante, a URSS entrou em conflito contra os guerrilheiros islâmicos, que eram apoiados pelos EUA. Com o passar do tempo, a perspectiva de vitória soviética tornou-se remota. Em 1988, as primeiras tropas do Exército Vermelho começaram a deixar o Afeganistão, e, no ano seguinte, a retirada foi concluída.
Guerra Civil e o Taliban - Em abril de 1992, o início de uma grande ofensiva dos guerrilheiros islâmicos fez com que o presidente Mohamed Najibullah, ainda de inclinação comunista, renunciasse. Essa perspectiva de chegar ao poder provocou divisões dentro da guerrilha. Em 25 de abril de 1992, os grupos guerrilheiros começaram a lutar uns contra os outros. Foi o início da guerra civil que devastou o país. Enquanto isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) tentava negociar uma solução pacífica que implementasse um organismo de representação onde todas as facções políticas estivessem presentes.
No entanto, o surgimento da milícia Taliban, em 1995, jogou por terra todos os esforços da ONU. Essa milícia era formada por estudantes fundamentalistas que defendiam a adoção de medidas extremistas, como a exclusão total das mulheres da vida social e o rígido cumprimento das leis islâmicas. A milícia Taliban era chefiada por Mohammed Omar e apoiada pelo Paquistão. Com o passar do tempo, conquistou a maior parte do território do Afeganistão.
Desde que a milícia Taliban começou a controlar a maior parte do país, o Afeganistão passou a viver um ambiente de incerteza política. A Constituição do país foi suspensa, bem como as garantias legais. Em setembro de 1996, após uma ofensiva que durou três semanas, o Taliban conquistou a capital, Cabul. Logo depois, executou o ex-presidente Mohamed Najibullah e adotou o rígido cumprimento das leis islâmicas. Com a conquista de Mazar-e-Sharif, a última importante cidade sob controle das forças de oposição (Aliança do Norte), o Taliban passou a controlar 90% do país.
Interferência norte-americana - O grupo fundamentalista islâmico Taliban começou a ganhar força na década de 80, graças à intervenção dos Estados Unidos. Isso porque em 1979 a antiga União Soviética invadira o Afeganistão, em defesa de seus aliados comunistas, que haviam tomado o poder no ano anterior. Em plena Guerra Fria, os Estados Unidos não pensaram duas vezes antes de tentar deter os inimigos comunistas e, para isso, começaram a financiar a oposição ao governo afegão, que tinha suas bases no Paquistão. Na época, um dos combatentes anti-soviéticos era o milionário saudita Osama Bin Laden, atualmente considerado um dos terroristas mais perigosos do mundo e principal inimigo dos norte-americanos.
O território do Afeganistão tornou-se ponto de disseminação do extremismo islâmico, com isso a Rússia e a China temiam que o extremismo e o fundamentalismo islâmico chegassem aos seus territórios. Durante a ocupação, cerca de 5 milhões de pessoas abandonaram o país, 3 milhões se fixaram no Paquistão.
Em 20 de agosto de 1998, o então presidente dos EUA, Bill Clinton, ordenou um ataque a alvos no sul do Afeganistão e em Cartum, capital do Sudão. A investida, segundo o governo norte-americano, era uma medida preventiva contra novos ataques terroristas, como os que atingiram as embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, em 7 de agosto de 1998, matando 257 pessoas. Os EUA apontaram como mentor dos atentados o milionário saudita Osama bin Laden, líder da organização terrorista Al Qaeda.
A crise no Afeganistão tornou-se ainda pior em janeiro de 2001, depois que a ONU estabeleceu severas sanções ao Taliban, em uma tentativa de forçar o grupo a entregar o terrorista Osama bin Laden, que estaria escondido no país. Além da guerra civil, a seca castigava a população, que contava com pouca ajuda internacional. Um mês depois do anúncio das sanções, o Taliban começou a bombardear estátuas budistas do Vale de Bamiyan, na região central do Afeganistão, o que provocou indignação na comunidade internacional. Segundo os líderes do Taliban, as estátuas eram consideradas ofensivas à religião islâmica.
Em setembro de 2001, o país voltou a sofrer pressão internacional em virtude de atentados terroristas contra o World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, em Washington, EUA

3. Guerra do Camboja


O Camboja fica no sul da Ásia, no sudoeste do Vietnã. Essa região pertenceu à França, no contexto imperialista, e durante a Segunda Guerra foi dominada pelos japoneses.

Reconhecido como parte da União Francesa, o Camboja institui a monarquia constitucional em 1946, tendo o príncipe Norodom Sihanouk como chefe de Estado. Declara-se neutro na guerra vietnamita entre 1946 e 1954, quando sua independência é reconhecida.
A partir de 1964, o governo cambojano enfrenta uma rebelião comunista em seu próprio país, com o surgimento do Khmer Vermelho. O território cambojano é utilizado como refúgio pelas tropas norte-vietnamitas e por guerrilheiros comunistas do Vietnã do Sul. Por esse motivo, os EUA realizam bombardeios aéreos no país e torna-se cada vez mais difícil manter o Camboja à margem da Guerra do Vietnã.
Sihanouk insiste na neutralidade do Camboja e é deposto em março de 1970 pelo marechal Lon Nol, seu antigo primeiro-ministro, num golpe de Estado apoiado pelos EUA. No exílio, Sihanouk forma o Governo Real de União Nacional do Camboja (Grunc) em parceria com o Khmer Vermelho. Em outubro de 1970, Lon Nol proclama a República, sendo eleito presidente em 1972. Sem apoio nas áreas rurais, o regime de Lon Nol tem sua autoridade limitada aos centros urbanos, que vão sendo cercados pelos guerrilheiros. Finalmente, em abril de 1975, o Khmer Vermelho toma a capital, Phnom Penh, quase sem resistência.
Sihanouk é declarado chefe de Estado, mas o Khmer Vermelho é, de fato, o detentor do poder. O radicalismo do Khmer faz milhares de presos, desloca à força a população urbana para fazendas coletivas no campo e praticamente elimina a indústria nacional. Em janeiro de 1976, o nome do país é mudado para Kampuchea Democrático. Em abril, Sihanouk renuncia e o Grunc é dissolvido. Pol Pot, líder máximo do Khmer Vermelho, torna-se primeiro-ministro. O regime aproxima-se da China e adota uma política agressiva em relação ao já unificado Vietnã, apoiado pela União Soviética.
O novo governo do Khmer implanta então seu programa: força a transferência da população das cidades para o campo, reduz drasticamente a atividade industrial e isola o país. Dirigido pelo Partido Comunista do Kampuchea (novo nome do país), sob a liderança de Pol Pot, o governo se aproxima da China e rompe relações com o Vietnã.

Governo dos Khmers Vermelhos

O novo governo fará milhares de prisioneiros e deslocará, à força, a população urbana para fazendas coletivas no campo, praticamente eliminando a indústria nacional. As consequências foram trágicas, levando à morte centenas de milhares de pessoas, fosse por doenças e fome, fosse em campos de extermínio. Imediatamente após o domínio do governo pelo Khmer, foi iniciada a evacuação da população da capital, em direção ao campo.
Eram cerca de 2,5 milhões de pessoas, incluindo-se 1,5 milhões de refugiados-de-guerra. Esta mesma atitude do governo foi observada nas cidades de Batdambang, Kampong Rham, Siemreab, Kam Pong Thun e muitas outras. Nestes procedimentos não havia exceções e até os hospitais eram esvaziados e os pacientes deportados para o interior. O governo comunista do Khmer Vermelho alegava como causa destas providências a necessidade de alimentar a população urbana, do que era impedido pelos bombardeios das forças norte-americanas, que tornava qualquer meio de transporte inviável. Esta explicação foi imediatamente aceita pelos meios dominados pela esquerda marxista mundial, ficando toda a responsabilidade com os Estados Unidos. Embora tenham sido lançadas 539.129 toneladas de bombas sobre o território cambojano, quase quatro vezes mais do que as 153.000 toneladas recebidas pelo Japão durante a Segunda Grande Guerra, este não foi o motivo desta "evacuação". Seguindo-se a isto, o governo prossegue em seu programa de execuções, quando foram mortos tantos funcionários, policiais e militares quantos puderam ser encontrados.
Qualquer indivíduo que houvesse trabalhado, de alguma forma, vinculado ao governo deposto, teria morte certa, caso fosse identificado. O Khmer não executava apenas o "vinculado", mas todos os seus familiares, para eliminar qualquer possibilidade de uma futura vingança contra o regime. Por volta de julho de 1975 o ritmo da matança foi reduzido e os condenados passaram a ser enviados para os "centros de reeducação", onde fariam parte dos "batalhões de trabalhos forçados". No final deste ano, e início de 1976, houve um recrudescimento das execuções em massa, só que agora eram dirigidos aos mais cultos e intelectualizados, tais como professores e assemelhados.
Entre 1977 e 1978, a violência atingiu o seu auge, quando os assassinatos passaram a ser comuns entre os próprios elementos do Khmer, em intermináveis purgações em todos os níveis, caracterizando bem a conhecida autofagia dos regimes comunistas.
Durante todo este período em que o país passa a ser conhecido como "Kampuchea/Camboja Democrático" (Janeiro de 1976/79), o regime de Pol Pot exerceu o poder de vida e morte sobre toda a população, sem a menor contestação. Devido à necessidade de poupar munição, as armas de fogo poucas vezes eram utilizadas. As pessoas eram mortas por qualquer motivo: por não trabalharem com o desejado afinco, por reclamarem das condições de vida, por guardarem algum bem ou comida para utilização própria, por usarem alguma joia, por terem relações sexuais não autorizadas, por chorarem a morte de algum amigo ou familiar e até por demonstrarem algum sentimento religioso. Os doentes eram, na maioria das vezes, eliminados. Esta matança ocorria, sempre, sem qualquer tipo de julgamento e prolongou-se, ininterruptamente, até a invasão do país pelas tropas do Vietnã, em 1979.

A invasão vietnamita

As frequentes incursões do Khmer Vermelho em território vietnamita acirram as tensões entre os dois países. Em 1979, o Camboja é invadido por tropas do Vietnã, que tomam Phnom Penh e instalam no poder dissidentes cambojanos liderados por Heng Samrin. Inicia-se uma guerra de guerrilhas, sob o comando de Pol Pot, líder do Khmer Vermelho. O novo governo não é reconhecido internacionalmente e Pol Pot apresenta-se, inclusive na ONU, como representante legítimo do país.
Durante dez anos, o país, já devastado durante o regime do Khmer, convive com intensa guerra civil. Forçadas pela aliança das forças oposicionistas, sob a presidência do príncipe Sihanouk e vice-presidência de um líder do Khmer Vermelho, as tropas vietnamitas deixam o Camboja em 1989. O plano de paz da ONU, acordado em agosto de 1990, prevê a criação de um Conselho Nacional Supremo de Transição (CNST), o desarmamento das forças em luta, retirada de todas as forças estrangeiras, integração das forças armadas guerrilheiras num exército nacional unificado e convocação de eleições. O acordo de paz é assinado em Paris, em outubro de 1992, com a formação do CNST, tendo o príncipe Norodom Sihanouk como presidente. A ONU envia contingentes de paz para garantir o cumprimento do acordo.

4. Guerra do Vietnã

Conflito entre o Vietnã do Sul, apoiado pelos Estados Unidos, e o Vietnã do Norte. Tem início em 1959, quando a guerrilha comunista do sul (Vietcongue) e as tropas do norte tentam derrubar o regime pró-Ocidente no Vietnã do Sul e reunificar o país. A região do atual Vietnã foi parte da Indochina, colônia francesa desde o final do século XVIII.
Para entender melhor o conflito é preciso saber que durante a Segunda Guerra, o Japão invadiu e dominou esta região. Com o objetivo de combater os orientais, os vietnamitas, liderados por Ho Chi Minh (líder revolucionário), se reuniram e formaram a Liga Revolucionária para a Independência do Vietnã (ligada ao partido comunista).
Os primeiros conflitos ocorreram em 1941, ainda durante a Segunda Grande Guerra. Quando esta terminou, começou o processo de descolonização, que originou uma luta entre tropas francesas e guerrilheiros do Viet Minh (Liga para a Independência do Vietnã).
Derrotados, os franceses tiveram que aceitar a independência. Em 1954, a Conferência de Genebra (convocada para negociar a paz) reconheceu a Independência do Camboja, Laos e Vietnã.
Outra medida tomada estabeleceu que o Vietnã ficaria dividido em:

- Vietnã do Norte: socialista governado por Ho Chin Minh
- Vietnã do Sul: capitalista governado por Ngo Dinh-Diem

Essa divisão estaria valendo até as eleições para unificação do país, em 1956.
Em 1955, Ngo Diem liderou um golpe militar tornando-se ditador. Diem cancelou as eleições, proclamou a Independência do Sul, brigou com os budistas, perseguiu nacionalistas e comunistas e seu governo foi marcado pela corrupção. Os americanos o apoiaram, porque estavam convencidos de que os nacionalistas e comunistas de Ho Chi Minh ganhariam as eleições e isso não era bom; pois se os comunistas ganhassem, acabariam influenciando outras nações a segui-los (“Teoria de Dominó”).
Os EUA passaram a colaborar com o Vietnã do Sul enviando armas, dinheiro e conselheiros militares. Tudo isso fez com que surgissem os movimentos de oposição: Frente Nacional de Libertação (apoiados pelo Vietnã do Norte) juntamente com o seu exército Vietcong.
Apoiados pelos americanos e suas armas poderosas os sul-vietnamitas atacaram por 10 anos o norte. Porém, depois que algumas embarcações americanas foram bombardeadas no Golfo de Tonquim, o presidente Lindon B. Johnson ordenou bombardeios de represália contra o Vietnã do Norte. Esse fato marcou a entrada dos EUA na guerra (1965).
Em 1968, as tropas do norte e os vietcongs fizeram a chamada Ofensiva do Tet, ocupando inclusive a embaixada americana em Saigon. Isso fez com que os americanos sofressem sérias derrotas. A guerra continuava e os americanos não estavam muito felizes. Várias manifestações foram realizadas contra a participação dos EUA na guerra.
Em 1972, durante o governo do presidente Nixon, os EUA bombardearam a região de Laos e Camboja utilizando, inclusive, armas químicas, mas não adiantou, pois os guerrilheiros continuavam lutando. Eles (guerrilheiros) se saíram melhor, principalmente pelas vantagens geográficas, já que conheciam bem a região.
Os americanos se retiraram do conflito em 1973; porém, a guerra só foi encerrada de fato em 30/04/1975, pois ainda havia alguns conflitos contra o norte. Em 1976, o Vietnã se reunificou e passou a se chamar República Socialista do Vietnã.
Durante todo o desenrolar da guerra, os meios de comunicação do mundo inteiro divulgaram a violência e intensidade do conflito, além de falarem sobre o mau desempenho dos americanos, que investiram bilhões. Foi nesta guerra que os helicópteros foram usados pela primeira vez.

Bloco Socialista: expansão do socialismo

O primeiro país a adotar o socialismo como forma de governo e de organização da sociedade foi a união soviética, com a Revolução de 1917. Nas décadas de 20 e 30 fortaleceram-se os Partidos Comunistas de vários países, mas suas tentativas revolucionárias, como na Hungria em 1926, fracassaram. Só após a Segunda Guerra Mundial é que a maioria dos países do leste europeu se tornou comunista.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os comunistas se destacaram nos movimentos de resistência contra a ocupação nazista. À medida que o exército soviético avançava, libertando a Europa da ocupação alemã, governos comunistas iam sendo instalados nos países dessa região. Em alguns países, o socialismo se implantou nos anos seguintes ao fim da guerra. Em 1948 já tinham governo socialista a Albânia, a Bulgária, a Tchecoslováquia, a Hungria, a Polônia, a Romênia e a Iugoslávia.
Além dos conflitos mundiais e regionais, a história do século XX foi marcada pelo avanço do socialismo em várias partes do mundo, como na China, Cuba e Moçambique e pelo colapso do mesmo na ex-União Soviética e no Leste Europeu.

Expansão soviética

Apesar das perdas humanas e materiais, a URSS sai da guerra como grande potência econômica e militar. Aumenta a centralização política, a pretexto de uma rápida recuperação econômica e do perigo de uma nova guerra, desta vez contra as potências ocidentais, tendo os Estados Unidos à frente. A economia é restaurada através da planificação centralizada, com prioridade para a indústria pesada. Em 1950 a produção industrial e agrícola atinge os níveis anteriores à guerra. As regiões industriais no oeste do país são reconstruídas e tem início a exploração da Sibéria. Intensifica-se a mecanização agrícola e as áreas de cultivo são ampliadas. Entra em execução um plano de massificação do ensino básico e técnico e tem início o rearmamento. O V Plano Qüinqüenal, entre 1951 e 1955, é voltado para a realização de obras energéticas e de irrigação e transporte fluvial. São executados projetos de armas modernas, centradas em artefatos nucleares e foguetes, e começa a pesquisa espacial.

Governo Stálin: o fim do ideário socialista.

Na disputa pela sucessão no governo russo, após a morte de Lênin, Stálin obteve vitória e passou a controlar a União Soviética. Durante seu governo ele tomou medidas que centralizaram diversos papéis nas mãos do Estado. Com esse inchaço de atribuições do governo, os ideais socialistas foram se perdendo com o passar do tempo. Além disso, Stálin foi responsável por exercer forte repressão sobre seus inimigos políticos.
Primeiramente, Stálin aboliu a NEP e criou os planos qüinqüenais. Neles eram estabelecidas as metas da economia russa em um prazo de cinco anos. De forma geral, Stálin priorizou o desenvolvimento industrial dando maior ênfase na expansão das indústrias de base (mineração, máquinas e energia). Com o alcance de números positivos, os planos qüinqüenais posteriores buscaram desenvolver os demais aspectos da indústria nacional.
No campo, a socialização das terras foi parcialmente adotada. Dividindo atribuições, as terras cultiváveis foram subdivididas em sovkhozes (fazendas do Estado) e kolkhozes (fazendas cooperativas). Muitos camponeses tiveram suas terras apropriadas pelo governo de Stálin, o que gerou alguns conflitos no meio rural. Aqueles que se negaram a entregar suas terras eram mortos ou deportados para a Sibéria e a Ásia Central.
Sob o aspecto político, Stálin exerceu forte controle sobre as atividades do Partido Comunista. Os setores intelectuais e políticos da época só tinham espaço na medida em que concordavam com as ideologias stalinistas. Dessa forma, o stalinismo se firmou com trações claramente ditatoriais que contrariavam as ideias libertárias e igualitárias do socialismo.

Cortina de ferro

Cortina de Ferro foi uma expressão usada para designar a divisão da Europa em duas partes, a Europa Oriental e a Europa Ocidental como áreas de influência político-econômica distintas, no pós- Segunda Guerra Mundial conhecido como Guerra Fria. Durante este período, a Europa Oriental esteve sob o controle político e/ou influência da União Soviética, enquanto que a Europa Ocidental esteve sob o controle político e/ou influência dos Estados Unidos.
Baseada em seu poderio militar, na presença de tropas soviéticas na Europa oriental e no extremo oriente e no renascimento dos partidos comunistas e socialistas em muitos países, a União Soviética passa a desenvolver uma política hegemônica para fazer frente à ascensão dos Estados Unidos no ocidente e na Ásia. Realiza a centralização política da Europa oriental por meio de tratados de paz, reparações de guerra, ocupações militares e apoio à formação de governos comunistas.
Pacto de Varsóvia – Firmado na capital polonesa, em 1955, para ajuda mútua em caso de agressões armadas aos países do bloco soviético na Europa, é o principal instrumento da hegemonia militar da União Soviética.

Iugoslávia – Realiza eleições para a Assembléia nacional e proclama uma república popular federativa em 1945, após a vitória da frente popular de libertação, dirigida pelos comunistas. O novo governo, dirigido por Josip Broz Tito, nacionaliza bancos, indústria e comércio, introduz a seguridade social e faz a reforma agrária. Mas rompe com a União Soviética em 1948, recusando-se a obedecer à centralização política sob Stalin. Em 1957 reata as relações com a União Soviética sem abandonar sua posição independente e de aproveitamento da disputa hegemônica entre os blocos soviético e norte-americano.

Alemanha Oriental – Em 1945 é fundado o Partido Socialista Unificado, com a fusão dos partidos Comunista e Social-Democrata da zona de ocupação soviética. O partido cria em 1948 o Conselho Geral do Povo Alemão, como reação à pressão anglo-americana para a integração da parte oeste à Europa ocidental. Berlim, cidade dividida em zonas de ocupação das potências vitoriosas na Segunda Guerra, tem seu acesso por terra ao Ocidente bloqueado pelos soviéticos. Os Estados Unidos mantêm a zona sob sua ocupação com uma ponte-aérea até fevereiro de 1949. Em outubro é proclamada a República Democrática Alemã (RDA). Planos econômicos mais flexíveis e uma agressiva política comercial em direção aos países do Comecon e aos novos Estados independentes transformam a RDA no país mais desenvolvido do leste. A partir dos anos 70, amplia contatos e relações com a capitalista República Federal da Alemanha.

Construção do Muro de Berlim – Ainda dividida em zonas e cercada por território da República Democrática Alemã, a antiga capital do Reich vive nos anos seguintes ao fim do bloqueio uma competição entre os estilos de vida comunista, no leste, e capitalista, no oeste. Em 1958 Moscou sugere o fim da presença das forças de ocupação, o que é interpretado no Ocidente como manobra para incorporar a cidade à RDA. Em 13 de agosto de 1961, para interromper o fluxo de alemães orientais que buscam uma vida melhor no Ocidente, tropas da URSS e da RDA fecham 68 dos 80 pontos de passagem entre a zona soviética e o resto da cidade. Em uma noite está erguido o Muro.

Hungria – O Partido dos Pequenos Proprietários vence as eleições parlamentares de 1945. Mas em 1948, a fusão dos partidos Socialista e Comunista permite sua vitória eleitoral. O novo governo confisca os bens da Igreja e dos industriais, assim como dos comerciantes e latifundiários que apoiaram a guerra. Realiza a reforma agrária e incentiva um forte movimento cooperativista.
A desestalinização, em 1956, conduz a levantes populares e à derrubada do governo, em outubro. O novo governo, de tendência nacionalista, proclama a neutralidade da Hungria e sua retirada do Pacto de Varsóvia. Tropas soviéticas invadem o país em novembro e instalam o governo de Janos Kadar. Sob sua liderança, o regime inicia um lento processo de refomas que afasta a Hungria do bloco soviético.

Bulgária – Decreta o fim da monarquia por meio de um plebiscito organizado pelos comunistas em 1946. Forma-se um novo governo de maioria comunista, que logo depois se transforma numa ditadura nos moldes soviéticos, com a eliminação das demais forças políticas. Bancos, indústria e comércio são nacionalizados e é realizada a reforma agrária. É implantada uma política de industrialização rápida.

Albânia – Em 1945 é instaurado o governo da Frente Popular que comandou a resistência contra os nazistas. Os comunistas do Partido do Trabalho assumem a direção, legitimados por sua participação na guerra, e instauram uma ditadura sob a liderança de Enver Hoxha. Realizam a reforma agrária e tentam sem êxito executar um plano de industrialização. O país rompe com a União Soviética em 1961, por divergir da política de coexistência pacífica com o Ocidente lançada por Moscou, e mantém a fidelidade à imagem de Stalin. Retira-se do Pacto de Varsóvia em 1968, em protesto contra a invasão da Tchecoslováquia por tropas soviéticas.

Polônia – O Comitê de Lublin, apoiado pela URSS, proclama um governo provisório em 1945. O bloco partidário liderado pelos comunistas vence as eleições de 1947, abrindo caminho para a implantação de uma ditadura em 1948. O governo nacionaliza bancos, fábricas e grandes propriedades rurais, mas preserva a propriedade dos pequenos agricultores. Uma insurreição operária eclode em Poznan, em 1956, acelerando o processo de desestalinização. Novos movimentos de oposição ocorrem nos anos 60, resultando na insurreição operária de Gdansk em 1970.

Tchecoslováquia – O Partido Comunista vence as eleições de 1946 e forma um governo de unidade nacional. Mas surgem divergências em torno da aceitação do Plano Marshall, em 1947, e os socialistas recusam a fusão com o Partido Comunista, abrindo uma crise de governo. Em 1948 os comunistas, depois de nova vitória eleitoral, instauram uma ditadura com apoio da União Soviética.
A desestalinização pós-1956 conduz a reformas tímidas na economia e na política, estimulando movimentos populares. Estes desembocam, em janeiro de 1968, na substituição do governo e na adoção de reformas democratizantes sob a liderança de Alexander Dubcek, que prega a criação de um "socialismo de rosto humano". O movimento é sufocado em agosto de 1968 pela invasão das tropas soviéticas.

Romênia – A Frente Nacional Democrática, formada por comunistas, socialistas e pela Frente dos Camponeses, vence as eleições de 1946. O rei abdica e é proclamada a República em 1947. Em 1948 é fundado o Partido Operário Romeno (comunista), que passa a controlar o Estado. Realiza a reforma agrária e executa um plano de industrialização. A partir de 1956, afasta-se do controle soviético. Mantém neutralidade em relação ao conflito sino-soviético, adota posições nacionalistas frente à URSS e condena a invasão da Tchecoslováquia em 1968.

A Revolução Chinesa

Com cerca de 400 milhões de habitantes a china no final do século 19 era um país submetidos aos interesses das principais potências imperialistas. Essa sujeição era tão intensa que, nas praças públicas das cidades chinesas, os ocidentais davam-se o direito de fincar cartazes onde se lia. “É proibida a entrada de cães e de chineses no jardim.”
Para exercer sua dominação, as nações imperialistas contavam com o apoio de uma propaganda massiva e a conivência dos imperadores chineses da dinastia Manchu, que dominavam o país desde o século XVII.
Esse contexto marcado por privilégios e humilhações levou inúmeros chineses a organizares atos de rebeldia. Em 1900, por exemplo, os Boxers, membros de uma sociedade secreta que praticava o boxe sagrado, iniciaram uma revolta nacional contra os estrangeiros, mas acabaram massacrados pelos exércitos das potências ocidentais que haviam se unido contra eles. Os Boxers foram vencidos. A semente, porém, estava lançada.
Aos poucos, as camadas populares foram se engajando na luta pela democracia. Finalmente, em 1911, o antigo império chinês desabou. A revolta que pôs fim à monarquia chinesa foi liderada por Sun Yat-sem, nomeado então presidente da República recém-proclamada. Sun Yat-sem, junto com seus seguidores, fundou o Kuomintag, Partido Nacional do Povo.
A República chinesa, no entanto, não conseguiu fazer frente às potências estrangeiras e nem aos chefes militares locais, chamados “os senhores da guerra”. Eles possuíam enorme poder nas províncias e controlavam, juntamente com outros grandes proprietários de terra, cerca de 88% das terras produtivas.
Em 1921, com a disposição de organizar os operários, os artesãos e os 30 milhões de collies existentes no país, foi criado o Partido Comunista Chinês (PCC). Seus principais fundadores foram o intelectual Chen-Tu-xiu, o educador Peng-Pai e o ativista político Mao Tse-tung. A princípio, esse partido aliou-se ao Partido Nacional do Povo. Essa aliança, porém, durou pouco.
Em 1927, o general Chiang Kai-shec assumiu o comando das tropas do Partido Nacional do Povo, disposto a submeter os chefes militares locais e impor-se ao país todo. Durante as lutas que então se travavam. Chiang Kai-shec voltou-se também contra os comunistas, ordenando que os massacrassem. A partir daí, a união entre os nacionalistas e os comunistas cedeu lugar a uma guerra entre eles.
Um dos episódios marcantes dessa guerra foi a Longa Marcha, uma caminhada de 10 mil quilômetros que o principal líder comunista, Mao Tse-tung, empreendeu com mais de 100 mil pessoas em direção ao noroeste do país com o objetivo de escapar ao cerco inimigo. Durante a caminhada, muitas pessoas morreram, outras ficaram pelo caminho organizando os camponeses, que haviam se transformado na principal base de apoio dos comunistas. Apenas 9 mil chegaram ao destino final, a província de Shensi, onde se ergueu o quartel-general das tropas maoístas.
A prolongada guerra entre nacionalistas e comunistas foi interrompida apenas duas vezes. A primeira, em 1937, quando se uniram para lutar contra o Japão que havia invadido a Manchúria, no norte do país. A segunda, durante a Segunda Guerra Mundial, para enfrentar as forças nazifascistas.
Com o final da Segunda Guerra, os japoneses foram expulsos do território chinês e as tropas de Chiang Kai-shec, com o apoio bélico dos Estados Unidos, lançaram uma ofensiva contra os “vermelhos” de Mao Tse-tung, reiniciando, então, o conflito armado.
Mesmo sem a ajuda da maior potência comunista, a União Soviética, dirigida na época por Stálin, as forças de Mao conseguiram a vitória. Em 1º de outubro de 1949, conquistando o poder e proclamaram a República Popular da China. Chiang Kai shec e o que restava de seu governo, refugiaram-se na ilha de Formosa (Taiwan), onde instalaram a China Nacionalista.

A China na virada do século

A China, o país mais populoso do mundo (cerca de 1,3 bilhão de habitantes), tem crescido de forma espetacular – cerca de 10% ao ano (1990-1999). Esse crescimento deveu-se sobretudo ao processo de reformas empreendido pelo governo chinês a partir de 1978. Esse processo inclui: as Quatro Grandes Modernizações (da indústria, da agricultura, da ciência e tecnologia e das Forças Armadas); a criação de Zonas Econômicas Especiais (ZEE), que receberam investimentos estrangeiros volumosos; a transferência de parte da produção agrícola para a iniciativa privada. Tal modelo, que combina o controle governamental sobre setores estratégicos – como energia e comunicações – com o domínio da iniciativa privada sobre vários outros, é chamado de economia socialista de mercado.
Oferecendo mão-de-obra barata e infraestrutura para instalação de empresas, o governo chinês tem conseguido atrair capitais estrangeiros volumosos, que, além de estimular o crescimento da economia, favorecem a venda de seus produtos para o mundo todo. Daí, por exemplo, a avalanche de produtos que entraram no Brasil na última década.
Dois fatos recentes deram novo impulso à economia chinesa: a devolução para a china de Hong Kong (ex-Grã-Bretanha) e de Macau (ex-Portugal), Hong Kong, um dos portos mais movimentados da Ásia, devolvida em 1997, é um grande centro financeiro; Macau, devolvida em 1999, vive sobretudo do turismo.
O dinamismo da economia chinesa, a tendência ao padrão de vida dos chineses continuar se elevando e os baixos preços dos transportes, moradia, alimentação, vestuário, educação, assistência médica, cultura e serviços fazem da China atual uma potência econômica de primeira grandeza.
No campo político, porém, a China mantém o regime de partido único (PCC), e o governo tem praticado atos arbitrários e ditatoriais, o que tem gerado protestos populares. Um dos episódios que mais chocaram a opinião mundial foi o massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989. Quando cerca de 1 milhão de pessoas aglutinaram-se para exigir a abertura política do regime. O exército chinês respondeu matando centenas de manifestantes.

A Revolução Cubana

Cuba conseguiu libertar-se da Espanha em 1898, com um exército comandado por José Martí e composto em sua maioria por ex-escravos que, apesar de portarem facões, vencerem soldados armados de fuzis e baionetas.
Apesar de politicamente independente, o país passou a ser quase totalmente dominado pelos norte-americanos. Estes compravam a maior parte do açúcar cubano, o principal produto de exportação da ilha, e se aproveitavam disso para impor sua tutela. Essa dominação foi oficializada em 1901, através da imposição da Emenda Platt, por meio da qual os norte-americanos se reservavam o direito de instalar bases militares no país e de intervir militarmente toda vez que considerassem seus interesses ameaçados.
Quase toda a riqueza de Cuba estava nas mãos de poucas famílias nativas e de empresas norte-americanas instaladas no país. Enquanto isso, milhões de cubanos alimentavam-se mal, moravam em barracos e viviam de empregos temporários. Os camponeses, por exemplo, tinham trabalho garantido apenas entre dezembro e maio; e a imensa maioria não sabia ler.
Foi nesse cenário marcado por intensa desigualdade social que um grupo de revolucionários, liderado pelo jovem advogado cubano Fidel Castro, iniciou uma luta sem tréguas contra o ditador Fulgêncio Batista (1934-1958). Depois de uma tentativa fracassada de chegar ao poder, os revolucionários embrenharam-se na Sierra Maestra e, apoiados pelos camponeses para a guerra de guerrilhas.
Em janeiro de 1959, quase dois anos depois de iniciada a guerrilha, Fidel e seus companheiros, entre os quais estava o médico argentino Ernesto “Che” Guevara, conseguiram conquistar o poder, obrigando Batista a fugir do país.

As primeiras medidas do novo governo foram:

• a reforma agrária com distribuição de terras a 200mil famílias;
• redução em 50% nos aluguéis, de 25% nos livros escolares e 30% nas tarifas de eletricidade;
• nacionalização de usinas, indústrias e refinarias.

Os norte-americanos consideraram-se prejudicados por esta última medida. Como represália, deixaram de comprar o açúcar cubano. O governo de Fidel firmou, então, acordos comerciais com os países do bloco comunista, passou a vender o açúcar para eles.
Os EUA reagiram rompendo relações diplomáticas com Cuba em janeiro de 1961. Três meses depois, 1500 homens treinados pela Agência Central de Inteligência (CIA) invadiram a baía dos porcos, no litoral sul de Cuba, com o apoio aéreo dos Estados Unidos. A invasão da baía dos Porcos fracassou e centenas de norte-americanos foram presos.
Em 1962, ocorreu a “Crise dos Mísseis”, quando o então presidente norte-americanos John Kennedy bloqueou a ilha por mar, ameaçando invadi-la sob a alegação de que os soviéticos tinham ali instalado mísseis nucleares. O conflito foi resolvido por meio de um acordo entre EUA e URSS que determinava a retirada dos mísseis soviéticos, em troca do compromisso de os norte-americanos não invadirem a ilha.
Neste mesmo ano, Cuba foi expulsa da OEA (Organização dos Estados Americanos) sob a alegação de que estava exportando os ideais socialistas para todo o continente. Com isso, os EUA visavam isolar o governo de Fidel Castro. Entretanto, nas décadas seguintes os países latino-americanos foram reatando pouco a pouco suas relações com Cuba

Bloco Capitalista: Estados Unidos e Europa Ocidental

Nas três primeiras décadas do século XX, os Estados Unidos se firmaram como uma das principais potências econômicas do mundo, ao lado da Inglaterra e da Alemanha. O país teve um forte crescimento demográfico, grande desenvolvimento na produção industrial e em muitos outros setores. Já era também uma importante potência militar.
Em 1929, essa situação foi abalada pela quebra da Bolsa de Nova York, que provocou queda geral das atividades econômicas. A recessão deixou milhões de desempregados e interrompeu por alguns anos o crescimento econômico. Por volta de 1935 o país voltava a crescer. O desenvolvimento manteve-se de maneira praticamente ininterrupta nas décadas seguintes.
Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos assumiriam a condição de líder mundial, ao lado da União Soviética. Era a época da guerra fria. Com o seu final e a desintegração do mundo socialista no final da década de 1980, a liderança dos Estados Unidos tornou-se incontestável.

Após a Segunda Guerra Mundial

Graças às operações montadas para sustentar o esforço de guerra, os Estados Unidos tornaram sua economia mais forte. Terminado o conflito, eram sem dúvida a maior potência econômica e militar do planeta. Na maior parte do período da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos foram governados pelo presidente Franklin Delano Roosevelt. Ele morreu em 1945 e foi substituído pelo vice, Herry Truman.
O presidente seguinte foi Dwight Eisenhower, general que tinha comandado as tropas norte-americanas na Europa. No seu governo a guerra fria se intensificou, inclusive com o início da corrida espacial. Em 1957, a União Soviética o primeiro satélite artificial, surpreendendo os Estados Unidos. Por meio da NASA (Agencia Nacional de Aeronáutica e Espaço), o governo norte-americano iniciou imediatamente um programa de exploração do espaço. Eisenhower governou de 1953 a 1961.
Nesse ano, assumiu a presidência John Fitzgerald Kennedy, descendentes de irlandeses e o primeiro presidente americano católico. Foi também o presidente mais jovem dos Estados Unidos. Ele iniciou programas sociais para melhorar a situação da população mais pobre. No seu governo teve inicio a Guerra do Vietnã, com o envio dos primeiros soldados norte-americanos para aquele país asiático.
Orientou sua política externa - a Nova Fronteira - no sentido de conter a União Soviética através do aumento do potencial militar americano e do fortalecimento dos laços com os países aliados. Fornecendo amplos recursos técnicos, econômicos e militares aos países em desenvolvimento, Kennedy reforçou a ligação dessas regiões com o capitalismo, barrando a penetração das idéias comunistas nessas áreas. Um exemplo disso foi a Aliança para o Progresso, criada em 1961 para a América Latina.
Suas tentativas de fazer uma "revolução pacífica" foram logo sobrepujadas pelas crises internacionais, como no episódio da baía dos Porcos, quando exilados cubanos, treinados nos Estados Unidos, tentaram derrubar o governo de Fidel Castro em Cuba. Ou ainda na escalada em massa no Vietnã, quando Kennedy enviou 10.000 "conselheiros militares" para ajudar o governo pró-ocidental de Saigon.A esses dois acontecimentos, somou-se a famosa Crise dos Mísseis, em 1962, com a descoberta da instalação de bases soviéticas de lançamento em Cuba, que levaram as relações Washington-Moscou a um ponto crítico.
Internamente o presidente tentou agilizar a administração, com a assessoria de técnicos e intelectuais que elaboraram planos para melhorar a vida da população mais pobre. Esta camada desempenhava as tarefas mais humildes e permanecia excluída do consumismo próprio das classes médias norte-americanas. Kennedy apoiou, também, a organização do Movimento pelos Direitos Civis dos Negros, que lutava contra a segregação racial, cada vez mais violenta.
Kennedy não concluiu o seu mandato, pois foi assassinado em 22 de novembro de 1963 por Lee Harvey Oswald. O próprio Oswald foi assassinado dois dias depois.
O vice-presidente, Lyndon B. Johnson, continuou o mandato de Kennedy. No seu governo, a Guerra do Vietnã se intensificou, com cerca de 500 mil soldados norte-americanos participando dos combates. Johnson procurou dar continuidade aos programas sociais iniciados por Kennedy, entre eles a integração entre brancos e negros. Durante seu governo ocorreram os assassinatos de Robert Kennedy, irmão de John e candidato à presidência, e o líder pacifista Martin Luther King. Como não conseguiu colocar um fim à Guerra do Vietnã, Johnson não se candidatou à reeleição.
Em 1969 Richard Nixon, do Partido Republicano, sucedeu a Johnson. No seu governo, os protestos de estudantes, intelectuais e muitos outros cidadãos norte-americanos que se opunham à Guerra do Vietnã se intensificaram. No seu governo, Nixon deu início às negociações para estabelecer a paz com o Vietnã do Norte.
As negociações começaram a dar resultados, quando estourou o escândalo de Watergate. Este era o nome de um grande edifício de Washington, onde se encontrava os escritórios do Partido Democrata. Espiões ligados aos republicanos invadiram os escritórios dos democratas no edifício Watergate. O presidente ficou sabendo do fato, mas tentou escondê-lo e impedir a ação da justiça na elucidação do crime. Quando a questão se tornou pública, graças sobretudo às investigações de dois jornalistas do The Washington Post, Nixon ficou sem defesa e teve de renunciar ao cargo.
O vice-presidente Gerald Ford assumiu a presidência e governou até 1976. Durante seu mandato as negociações com o governo do Vietnã do Norte prosseguiram e a guerra chegou ao fim em 1975.
O democrata Jimmy Carter, que assumiu depois de Ford, fez da defesa dos direitos humanos a bandeira de seu governo. Porém, Carter não conseguiu recuperar a economia norte-americana, que enfrentava séria recessão; por isso, não conseguiu reeleger-se.

O Governo Reagan
Os republicanos no poder

Em 1981, o republicano Ronald Reagan assumia a presidência dos Estados Unidos. A gestão republicana se iniciou com um programa semelhante ao dos conservadores ingleses. Como era de se esperar, teve uma influência mundial muito maior, dada a importância econômica e política do país. Reagan cortou o orçamento, diminuiu os impostos sobre a renda e sobre a propriedade, ao mesmo tempo que reduziu drasticamente os investimentos em programas sociais. Se os pobres tinham necessidades, eles que trabalhassem, pensava Reagan.
Os gastos sociais representavam 19% do Produto Nacional Bruto. Isso significava uma massa de mais de 500 bilhões de dólares. O presidente queria economizar esse dinheiro. Costuma-se dizer que durante a era Reagan, os ricos ficaram mais ricos e os pobres mais pobres. Talvez por isso mesmo a economia tenha dado sinais de recuperação, pois os capitalistas passaram a ter mais dinheiro para investir.
Reagan apelou também para o sentimento nacionalista americano, bastante desgastado desde a derrota no Vietnã. Com a invasão da ilha de Granada, governada por um simpatizante de Cuba, Ronald Reagan procurou demonstrar que o perigo comunista estava de volta. Com isso desenvolveu o programa chamado "guerra nas estrelas", projeto mirabolante de defesa militar em que foram gastos bilhões de dólares. Tudo isso em nome de uma hipotética ameaça representada pela União Soviética, o "império do mal", como se referia a ela o presidente americano.
A retomada do clima de Guerra Fria na era Reagan foi amortecida com as propostas de Gorbachev, líder da União Soviética, para uma simultânea diminuição gradativa das armas atômicas. Em quatro reuniões de cúpula, acertaram-se vários acordos que puseram fim a décadas de terror atômico.
Ainda na era Reagan, a recuperação econômica americana foi abalada por escândalos financeiros e, principalmente, pela "nova" quebra da Bolsa de Nova York, em outubro de 1987, provocando a falência de milhares de investidores. O modelo econômico de Reagan deixou 11 milhões de trabalhadores desempregados, a maior cifra desde 1940. O cenário nas grandes cidades chegava a lembrar os anos da crise de 1929. Os homeless, pessoas que não tem onde morar e que vivem nas ruas e estações de metrô, aumentaram enormemente.
Além dos problemas econômicos e sociais, o governo Reagan foi marcado por divergências entre os membros de seu gabinete. Mesmo assim, os republicanos permaneceram no poder com a eleição de George Bush, em 1988.

O governo George Bush

Ex-diretor da CIA, a agência de espionagem americana, e depois vice-presidente, Bush deu continuidade à política de Reagan. Enfrentou o déficit do orçamento cortando programas armamentistas, tornados desnecessários em conseqüência dos acordos com a União Soviética. O seu conservadorismo no plano interno se refletiu em suas tentativas de vetar as leis do aborto e do salário mínimo.
No plano externo, Bush teve várias reuniões de cúpula com os líderes soviéticos e concluiu importantes acordos, que puseram fim a décadas de tensão entre as duas grandes potências.
No entanto, os Estados Unidos não abandonaram sua política intervencionista. Em dezembro de 1989, forças americanas invadiram o Panamá e depuseram o presidente, general Noriega, acusado de envolvimento com o narcotráfico.
Em janeiro de 1991, os Estados Unidos, liderando uma força multinacional, atacaram o Iraque, na chamada operação Tempestade no Deserto ou Guerra do Golfo. O Iraque havia invadido o Kuwait, em agosto de 1990. Segundo os iraquianos, o país seria originalmente uma província do Iraque. O fato é que essa invasão ameaçava também a Arábia Saudita, um dos maiores produtores de petróleo do mundo e aliado dos Estados Unidos. As grandes companhias petrolíferas e os interesses norte-americanos estavam ameaçados. O presidente Bush, contando com a imobilidade da União Soviética, envolvida em graves problemas internos, conseguiu o apoio da maioria das nações da ONU para a invasão do Iraque. Ajudado por uma intensa campanha televisiva, que mostrava a superioridade técnica das forças militares norte-americanas, batendo facilmente os iraquianos, Bush transformou-se momentaneamente num herói: recuperou o orgulho nacional, abalado desde a derrota dos Estados Unidos no Vietnã, em 1975.
Em 1991, os Estados Unidos enviaram soldados à Somália para combater o que eles chamaram de "regime de terror" dos guerrilheiros muçulmanos. A intervenção na Somália foi um grande fracasso: vários soldados americanos mortos e resultado político nulo.
Ao mesmo tempo, a situação social e econômica dos Estados Unidos continuou a piorar. A General Motors, por exemplo, considerada a maior corporação do mundo, anunciou um programa de fechamento de diversas filiais pelo país com o objetivo de diminuir seus prejuízos. Cresceu o número de pobres, e a tensão racial aumentou. Nos últimos dias de abril de 1992, essa tensão chegou a um ponto crítico, Los Angeles foi abalada por uma rebelião sem precedentes, que causou a destruição de centenas de prédios. Não se sabe o número de vítimas. O prejuízo provocado pelos saques e pelos incêndios chegou a quase 1 bilhão de dólares. Gangues de Los Angeles se apossaram de grandes quantidades de armas e munições. A rebelião começou quando alguns policiais, que estavam sendo julgados pela agressão a um homem negro, foram considerados inocentes.

O democrata Bill Clinton na Casa Branca

Todos os setores progressistas da sociedade americana ficaram bastante entusiasmados com a vitória de Clinton sobre Bush em 1992.
Clinton procurou moldar sua imagem à semelhança do mais popular dos presidentes norte-americanos: Franklin Delano Roosevelt (32º presidente dos EUA). Para demonstrar suas convicções democráticas, pôs fim ao embargo econômico de dezenove anos imposto ao Vietnã. O clima dos primeiros momentos de seu governo sugeria o início de uma nova era de prosperidade.
A economia americana estava em fase de recuperação desde fins de 1992, inclusive com uma ligeira queda do desemprego. Além do mais, a sorte sorria ao presidente, já que as economias japonesa e européia apresentavam baixas taxas de crescimento, favorecendo uma reversão no crônico déficit da balança comercial americana. Se a tendência dos anos anteriores era de recessão e prejuízos, agora os lucros estavam de volta. O Produto Interno Bruto (PIB), na casa dos 3,6%, juntamente com a queda na taxa de desemprego para 4,2%, eram, em 1999, números indicativos da firme expansão econômica.

A política externa de Clinton

A política externa de Bill Clinton marcou um ponto positivo com a aprovação do Acordo Norte-Americano de Livre Comércio entre o Canadá, Estados Unidos e México (Nafta).
Mas o adiamento da prometida ocupação do Haiti, que só ocorreu em setembro de 1994, foi um ponto negativo. Talvez tenha sido a primeira invasão dos mariners que contou com o apoio das camadas pobres do país invadido. A intervenção destinava-se a derrubar os militares que haviam deposto o presidente eleito, Jean Bertrand Aristide. A imagem dos Estados Unidos melhorou bastante com a intervenção. No entanto a situação do Haiti continuava instável. No início de 2004 o presidente haitiano foi deposto.
Em relação ao Oriente Médio, Clinton promoveu, em Oslo, um acordo entre israelenses e palestinos, em 1993.
Dois anos depois ele conseguiu pôr fim à Guerra da Bósnia, um dos conflitos que ensanguentaram a antiga Iugoslávia.
A morte do presidente Tito, líder político que emergiu na luta contra a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial, e posteriormente a derrocada do regime socialista na Iugoslávia desencadearam, a partir de 1991, o início de um processo de desagregação política do país. Vieram à tona antigas rivalidades étnicas, religiosas e políticas. Nem mesmo as intervenções militares da ONU e depois da Otan conseguiram evitar massacres, os campos de concentração, as migrações forçadas e os projetos racistas de limpeza étnica.
Depois de cerca de quatro anos de guerra, que deixou um saldo de mais de 250.000 mortos e cerca de 3 milhões de refugiados, a ex-Iugoslávia estava fragmentada politicamente. As repúblicas da Bósnia-Hezergovina, da Croácia, da Macedônia e da Eslovênia tornaram-se países soberanos. A nova Iugoslávia passou a ser composta apenas pela Sérvia e por Montenegro.
Em 1998 teve início uma nova guerra. Kosovo, situado ao sul da nova Iugoslávia e com uma população composta majoritariamente de albaneses, também pretendia a independência política. No confronto entre o Exército de Libertação de Kosovo e o Exército iugoslavo, repetiram-se as atrocidades entre etnias, com violações sistemáticas dos direitos mais elementares. O conflito produziu um número de refugiados kosovares difícil de calcular, mas que certamente ultrapassa meio milhão.
Slobodam Milosevic, o presidente iugoslavo, perdeu as eleições, deixou o poder e ainda teve de enfrentar um tribunal internacional, acusado de crimes contra a humanidade. No início de 2003, o Parlamento iugoslavo aprovou a extinção da República Federal da Sérvia e a Constituição do Estado da Sérvia e de Montenegro.
O governo Clinton amargou uma pesada derrota nas eleições parlamentares de novembro de 1994. Os republicanos conquistaram a maioria, tanto no Senado como na Câmara dos Deputados, além de importantes governos estaduais. Foi essa maioria republicana que aproveitou um caso amoroso de Clinton com uma estagiária da casa Branca, Monica Lewinsky, para tentar um impeachment contra o presidente.
Para a eleição de 2000, o candidato favorito era o democrata Al Gore. Mas o republicano George W. Bush (filho do presidente Bush) foi escolhido presidente numa das mais duvidosas eleições da história da democracia norte-americana.

O governo George W. Bush

O presidente Bush tem posições conservadoras. Ele se recusou, por exemplo, a assinar o Protocolo de Kyoto, um acordo pelo qual os países desenvolvidos tomariam medidas para controlar a emissão de gases que provocam o aquecimento global. Esse compromisso, segundo ele, iria contra os interesses das grandes indústrias norte-americanas.
Em 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos foram abalados por um atentado contra o Pentágono (centro das forças armadas), em Washington, e contra os dois famosos prédios do World Trade Center, em plena Nova York. As torres gêmeas, como eram conhecidas, foram destruídas, provocando a morte de mais de 3 mil pessoas. O atentado pode ser considerado o primeiro contra o território norte-americano desde o ataque japonês à base militar de Pearl Harbour, em dezembro de 1941, que provocou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.
O atentado foi praticado por extremistas muçulmanos. Segundo os serviços de informações norte-americanos, os responsáveis foram a organização terrorista Al Qaeda, liderada pelo saudita Osama Bin Laden, apoiados pelo Taleban, partido extremista muçulmano que estava no poder no Afeganistão. A retaliação americana foi a guerra contra o Taleban.
No plano interno, para se prevenir contra novos atentados, o governo dos Estados Unidos tomou severas medidas. Diferentes setores da sociedade norte-americana (intelectuais, jornalistas, entidades defensoras dos direitos civis e dos direitos humanos) consideraram essas medidas como ameaças aos direitos garantidos pela Constituição norte-americana, ferindo a liberdade de expressão, de locomoção etc.
Em decorrência dos atentados e da política econômica de Bush, o crescimento da economia norte-americana diminuiu após o sucesso do período Clinton. Vários dados apontavam para uma recessão. O índice de desemprego no final de 2003 parecia confirmar essa previsão.
Uma das mais controvertidas decisões do governo Bush foi a declaração de guerra contra o Iraque, no primeiro semestre de 2003. O argumento utilizado por Bush para a guerra foi de que o Iraque possuía armas de destruição em massa.
Derrotado o regime de Sadam Hussein, o Iraque era em 2005 um país sem governo, com atentados terroristas diários. As armas de destruição em massa, razão para a guerra, não foram encontradas. A administração republicana recebia pesadas críticas, especialmente daqueles que viam a guerra como um grande negócio para os políticos e setores econômicos ligados ao presidente Bush.
Os desdobramentos políticos dessa invasão resultaram em outros atentados. Basta citar como exemplo o atentado de 11 de março de 2004, na Espanha, um dos países que mandaram tropas para o Iraque em apoio à política Bush. O atentado deixou mais de duzentos mortos e cerca de 1 500 feridos.
Entre 2000 e 2002 os investimentos estrangeiros nos Estados Unidos caíram pela metade - de cerca de 970 bilhões para 560 bilhões. Segundo Amir Amin, economista egípcio, o principal mecanismo usado pelos Estados Unidos para garantir seu poderio econômico era expandir seu domínio militar sobre o planeta.

Europa Ocidental

No período do pós guerra, os países da Europa Ocidental participaram de uma estratégia de desenvolvimento capitalista liderada pelos Estados Unidos.
Embora se fortalecessem, disputando eleições e participando do poder, os partidos de esquerda (socialistas e comunistas) da Europa Ocidental orientaram-se no sentido de corrigir as principais injustiças do capitalismo, e não de desmontar o sistema como um todo.
Assim, esses partidos de esquerda influíram na construção de Estados europeus voltados para o bem-estar social (Welfare State), atendendo a uma série de reivindicações dos trabalhadores desses países. As medidas adotadas melhoraram as condições de vida dos trabalhadores em aspectos como elevação dos salários, segurança no emprego, habitação, transportes, assistência médica e educacional.
Em alguns países europeus, como França, Itália e Bélgica, cerca de 60% do orçamento público foi destinado à seguridade social e a programas de saúde pública. Nas décadas de 1980 e 1990, uma série complexa de fatores impulsionou uma “mudança de rota” nos centros capitalistas em detrimento das políticas do Welfare State. Com a ascensão ao poder de governos conhecidos como “neoliberais, o Estado passou a interferir na sociedade favorecendo os processos de concentração de capital em grandes empresas e os investimentos em pesquisa e tecnologia de ponta. Governos como o de Margaret Thatcher, na Inglaterra, e de Ronald Reagan, nos EUA, demonstravam sua preocupação em tornar a economia de seus países competitiva no mercado mundial, ainda que isso representasse certa regressão nos direitos sociais da população.
Além da ajuda norte-americana por meio do Plano Marshall, a progressiva superação dos conflitos regionais nessa parte do continente europeu contribuiu para sua recuperação econômica. Isso se deu com a criação de organismos de integração econômicas supranacionais:
Em 1944, Bélgica, Holanda e Luxemburgo uniram-se para a criação do Benelux, visando ao estímulo do comércio e à eliminação das barreiras alfandegárias.
Em 1951, foi criada a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca), com a participação de França, Alemanha, Ocidental, Bélgica, Luxemburgo e Holanda.
Em 1957, surgiu o Mercado comum Europeu (MCE). Seu objetivo básico era promover entre os países-membros a integração alfandegária, a livre circulação de capitais e a progressiva uniformização de uma política trabalhista e fiscal. No princípio, pertenciam ao Mercado Comum Europeu: França, Alemanha Ocidental, Itália, Holanda, Luxemburgo e Bélgica. Posteriormente foram admitidos Irlanda, Grã-Bretanha, Dinamarca, Espanha, Grécia e Portugal.
Em 1960, foi criada a Associação de Livre Comércio (ALEC), com a participação de Liechtenstein, Suécia, Finlândia, Islândia, Noruega, Suíça e Áustria. O objetivo principal era promover a isenção tarifária sobre produtos industrializados comercializados pelos países-membros.
No início da década de 1990, com a fragmentação da União Soviética e o fim da Guerra Fria, iniciou-se um novo período cuja principal tendência é a formação de pólos macrorregionais. Nesses pólos, a atenção está voltada mais para a integração do setor econômico do que do que para os setores militar e ideológico. Nesse contexto, a partir de 1993, os países do Mercado Comum Europeu passaram a constituir a União Européia, incluindo ainda Áustria, Finlândia e Suécia, e, desde maio de 2004, também países do Leste europeu (Lituânia, Letônia, Estônia, Polônia, Republica Tcheca, Eslováquia, Hungria, Eslovênia, Chipre e Malta.
A UE vem ampliando a unificação econômica supranacional para tornar cada vez mais livres a circulação de capitais e as associações empresariais. Uma das últimas medidas nesse sentido foi a criação do euro, uma moeda que pretende substituir o dinheiro circulante entre os países-membros e tornar-se um novo padrão para o comércio mundial. Além disso, com a participação do Leste europeu, ampliou-se o intercâmbio sociocultural em toda a Europa.

A Descolonização da Ásia

No curso da Segunda Guerra Mundial intensificam-se os movimentos pela libertação e autonomia nacional em quase todos os países do continente asiático. Assumem a forma de guerras de libertação, em geral estimuladas ou dirigidas pelos comunistas, de resistência pacífica ao domínio colonial ou de gestões diplomáticas para a conquista da autonomia.

A independência da Índia

Entre os vários movimentos de libertação dos países asiáticos, merece destaque, por sua singularidade, a luta dos indianos para se libertarem do domínio inglês. A Índia era um país bastante misturado, havia evidentes diferenças sociais, falavam-se mais de 15 línguas, com 845 dialetos e muitas religiões, sendo o Hinduísmo e o Islamismo as religiões que predominavam, e para retardar a libertação, a Inglaterra estimulava a rivalidade que havia entre Hindu e Muçulmanos.
Desde o fim da Primeira Guerra Mundial, os nacionalistas indianos liderados por Mohandas K. Ghandi, exigiam a independência com igualdade de direitos para todas as etnias, classes e religiões. Ghandi ou “Mahatma” (Grande Alma) propunha aos indianos que enfrentassem os ingleses através da resistência pacífica, da não-violência. Coerente com suas idéias, o líder indiano comandava marchas pacíficas, fazia greves de fome e pregava a desobediência civil, como o não pagamento dos impostos e o não-consumo de produtos ingleses.
De sua parte, a Inglaterra quase sempre reprimia com violência as manifestações pacificas dos seguidores de Ghandi e estimulava as rivalidades entre hindus e muçulmanos, que constituíam uma grande parte da população nativa. Apesar disso, o movimento de libertação da Índia continuou crescendo até, em 1947, a Inglaterra reconheceu a independência mediante a divisão do território hindu em dois Estados; a República da Índia, para os hindus, e a República do Paquistão, para os muçulmanos.
A emancipação política da Índia estimulou vários outros países asiáticos a conquistar sua independência.

Independência da Indonésia

No séc. 17, na Indonésia, suas principais ilhas Java e Sumatra passaram a fazer parte do domínio colonial dos Países Baixos, mas os japoneses acabaram ocupando a região e prometeram autonomia para o país. Em 1945, com a derrota do Japão na 2º Guerra Mundial, foi declarada a independência da Republica Indonésia, mas a Holanda não reconheceu e iniciou-se um período de lutas entre o exercito holandês e os guerrilheiros nacionalistas. No entanto, em 1949, depois da mediação da ONU e dos EUA, que estavam interessados em estabelecer sua influência na região, que Holanda reconheceu a independência da Indonésia.

Independência da Indochina e a Guerra do Vietnã

As regiões do Vietnã, Laos e Camboja, faziam parte da antiga Indochina. A região do Camboja em 1863, tornou-se protetorado Francês. Em 1940 o Japão dominou toda a Indochina, e então no Vietnã formou-se um movimento nacionalista para lutar contra os invasores, denominado Vietminh (Liga Revolucionária para a independência do Vietnã), liderado por Ho chi minh, que em 1931, fundou o Partido Comunista Indochinês.
No decorrer da Guerra do Vietnã, o território do Camboja sofreu infiltração dos vietcongues que estavam à procura dos inimigos, e Camboja até então neutro, mobilizou-se; Junto a uma sucessão de golpes de estado, verificou-se uma guerra sangrenta que dizimou sua população pelo genocídio, doenças e fome. Com a derrota do Japão na Guerra, Ho Chi minh proclamou a independência da República Democrática do Vietnã embora a França não tenha reconhecido. Em 1954 foi convocada a Conferência de Genebra para restabelecimento da paz, que serviu também para dividir o Vietnã em dois estados: Vietnã do Sul (pró-capitalista), com capital em Saigon, liderado por Bao Dai e o Vietnã do Norte (socialista), com capital em Hanói, governado por Ho Chi Minh e reconhecer a independência de Laos, Camboja e Vietnã.
Nos anos seguintes, ao mesmo tempo em que a Guerra Fria se acentuava, a rivalidade entre os dois Vietnãs cresceu e as eleições com vistas à reunificação do país não se realizaram. Opondo-se à divisão do Vietnã e ao ditador que os governava, os sul-vietnamitas fundaram, em 1960, a Frente Nacional de Libertação. Essa organização era formada por grupos de guerrilheiros socialistas conhecidos como vietcongues. A frente recebeu o imediato apoio do Vietnã do Norte.
Decididos a conter a expansão do socialismo na região, os Estados Unidos começaram a enviar ajuda militar ao governo do Sul e com isso precipitaram o início de uma nova guerra. Durante os doze anos em que estiveram envolvidos nesse conflito, os Estados Unidos despejaram sobre o Vietnã milhões de toneladas de napalm e chegaram a manter na região 550 mil soldados.
Apesar de seu poderoso arsenal bélico, os norte-americanos foram derrotados pelas forças norte-vietnamitas e vietcongues, retirando-se da região em 1973. A guerra, no entanto, prosseguiu até 1975, ano em que o governo de Saigon se rendeu aos seus adversários. No ano seguinte, os vencedores promoveram a unificação do país, transformando o Vietnã num Estado socialista.

A Descolonização da África

O processo começa após a Segunda Guerra Mundial com a ação conjugada dos movimentos de libertação nacional surgidos em alguns países e a maior ou menor disposição das potências coloniais de estabelecer novas formas de relação com os países africanos. O processo de independência é desigual e mais demorado do que na Ásia.

O surgimento das nações africanas no século XX é marcado por lutas contra os grupos dirigentes colonialistas e por guerras civis, já que muitas das fronteiras estabelecidas pelos novos países não obedeceram às divisões étnicas, linguísticas e culturais dos povos africanos. Alguns desses conflitos permanecem até hoje. Da mesma forma persistem sem solução os desequilíbrios econômicos e sociais no continente.
Porém, embora politicamente independente, as jovens nações africanas permaneceram, em sua maioria, com vários problemas de difícil solução. No plano econômico, continuaram tendo de exportar matérias-primas e gêneros agrícolas e importar produtos industrializados. Como os preços destes últimos tendem a subir sempre mais que os primeiros, tais nações mantiveram-se economicamente dependentes.
Outro problema que afeta as nações africanas é que reúnem grupos étnicos tradicionalmente rivais. Essa situação tem gerado guerras civis que, além de ensangüentar o solo africano, dificultam o crescimento dos países envolvidos. Esse problema tem sua origem na expansão imperialista do século 19, quando os europeus dividiram a maior parte da África entre si, reunindo dentro de fronteiras artificiais povos com costumes, línguas e religiões completamente diferentes. Na atualidade, os países africanos continuam lutando para se desvencilhar dessa terrível herança colonial e conquistar a independência plena. Nesse processo de luta, fundaram uma importante organização continental, a Organização da Unidade Africana (OUA), criada em 1963.
Reunião de líderes da União africana
Essa organização foi substituída pela União Africana (UA) a 9 de julho de 2002. Baseada no modelo da União Européia (mas atualmente com atuação mais próxima à da Commonwealth), ajuda na promoção da democracia, direitos humanos e desenvolvimento em África, especialmente no aumento dos investimentos estrangeiros por meio do programa NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento da África). Seu primeiro presidente foi o presidente sul-africano Thabo Mbeki.

A Conferência de Bandung

Em 1955, realizou-se na Indonésia a Conferência de Bandung, importante marco na organização política dos países do Terceiro Mundo (países subdesenvolvidos). As lideranças dos 29 países participantes dessa conferência rejeitaram a divisão mundial em dois blocos rivais (socialista e capitalista) e defenderam uma política de não-alinhamento automático com as superpotências.
Em Bandung, os representantes dos países do Terceiro Mundo condenaram o racismo, a corrida armamentista e proclamaram o direito de autodeterminação política, reprovando o colonialismo (dominação direta da metrópole sobre a colônia) bem como o neocolonialismo (dominação “mascarada”, em termos econômicos por meio de práticas imperialistas). Afirmaram que a submissão imposta aos povos afro-asiáticos era uma negação dos direitos fundamentais do homem e estava em contradição com a Carta das Nações Unidas, sendo um obstáculo à paz e a cooperação mundial.

Colônias inglesas

Nas regiões de colonização inglesa, o movimento descolonizador caracterizou-se, em geral, pela ruptura pacífica. Foram os casos, por exemplo, de Gana, Nigéria, Serra Leoa e Gâmbia. No Quênia, entretanto, a emancipação política foi precedida de conflitos violentos devido à resistência da população branca do país, que detinha 25 % das terras quenianas mais férteis.

Colônias francesas

O governo francês procurou negociar formas de ruptura pacíficas com diversos países, como Camarões, Senegal, Madagáscar, Costa do Marfim, Mauritânia etc. Em 1960, estava praticamente terminado todo o império colonial francês na África. Houve, no entanto, intensa luta armada na Argélia, colônia do norte da África, onde 10% da população era de origem francesa. Controlando a vida política e econômica do país, essa minoria populacional opunha-se à separação da França. Por isso, resistiu à Frente de Libertação Nacional (FLN), que, em 1954, iniciou as lutas pela independência.
As lutas pela independência da Argélia foram importantes temas de discussões políticas na França. Em 1961, o presidente francês Charles de Gaulle obteve, por meio de referendo popular, “carta branca” para negociar a paz na Argélia com a FLN. Apesar da resistência interna de grupos sociais mais conservadores, De Gaulle assinou, em 1952, o Acordo de Evian, que pôs fim às hostilidades e reconheceu a independência da Argélia. O saldo desses anos de conflito foi a morte de 25 mil soldados franceses e de quase um milhão de pessoas do movimento de libertação nacional argelino.

Colônias belgas

Na região de dominação belga – Congo –, o movimento de independência foi marcado pela violência, devido a uma série de conflitos internos entre os grupos políticos locais e, também, aos interesses internacionais na disputa das riquezas da região.
Em 1960, Patrice Lumumba, líder do Movimento Nacional Congolês, proclamou a independência do Congo. Pouco depois, iniciaram-se movimentos separatistas em algumas províncias congolesas, dentre elas Catanga, onde o líder Moise Tshombe, era apoiado por belgas interessados nas riquezas minerais da região. Para manter a unidade do país, Lumumba pediu auxílio às forças internacionais da ONU. Não obtendo apoio, Lumumba recorreu a União Soviética, o que provocou a reação dos grupos políticos ligados ao bloco capitalista.
O chefe do exército do país, prendendo Lumumba e levando-o para Catanga, onde o líder negro foi assassinado, em fevereiro de 1961. Mobutu conseguiu impor-se como ditador em 1965, quando o país passou a ser oficialmente denominado República do Zaire, e dirigiu esse país até 1997. Nesse ano, uma rebelião liderada por Laurent Kabila derrubou Mobutu do poder. Kabila, ao assumir o governo, retomou ao antigo nome do país: República Democrática do Congo. As disputas étnicas e políticas continuaram e provocaram violentos confrontos pelo país.

Colônias portuguesas

Uma das últimas regiões da África a conquistar sua independência foi a dominada por Portugal. Isso se deve às peculiaridades de Portugal, que, governado pela ditadura de António Salazar (1932-1968), manteve-se em posição de neutralidade durante a Segunda Guerra Mundial. Nos anos do pós-guerra, o ditador português Salazar procurou manter o país isolado da onda liberal que se espalhou pelo mundo, evitando as pressões anticolonialistas. O regime autoritário. O regime autoritário salazarista foi prolongado pelo governo de Marcelo Caetano até 1974.
A resistência portuguesa à descolonização africana somente se desfez após a queda do regime salazarista, com a derrubada do governo de Marcelo Caetano pela Revolução de abril de 1974, que pregava o estabelecimento da democracia em Portugal e o fim do colonialismo. Essa revolução ficou conhecida como “Revolução dos Cravos”, pois parte da população festejou o fim da ditadura distribuindo flores aos soldados que participaram do movimento rebelde.
Dessa maneira, abriu-se caminho para a independência das colônias portuguesas de Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Angola.

A África do Sul dividida: o apartheid

A África do Sul – região riquíssima em ouro e diamante – começou a ser ocupada pelos europeus em 1652, quando lá chegaram os primeiros holandeses. Desde então, os descendentes desses e de outros colonizadores, especialmente ingleses, apegaram-se à idéia da superioridade do homem branco. Apoiados nesse argumento, que comprovadamente não tem nenhum fundamento científico, criaram no século 20 uma política de descriminação racial chamada apartheid, que dizer separação. A partir de 1948, o apartheid foi oficializado na União da África do Sul (país independente e governado por uma minoria branca desde 1910).
Criaram-se leis que descriminavam os negros em locais de trabalho, escolas, igrejas, esportes e transportes públicos. Apesar de constituírem uma população quatro vezes maior do que a branca, os negros foram proibidos de possuir terras em 87% do território nacional. A elite branca estreitou também o seu controle sobre a indústria e a mineração. E, com uma parte dos fabulosos lucros extraídos dessas atividades, pôde armar e equipar as forças policiais que garantiram o apartheid por várias décadas.
Desde então, os negros, que constituem a parte maior da mão-de-obra no país, reagiram à exploração econômica e ao racismo, organizando movimentos e manifestações contra o governo sul-africano. A partir de 1961, o CNA, (Congresso Nacional Africano), partido que representa a maioria negra, passou a intensificar suas ações de protesto. Por causa disso, em 1964, Nelson Mandela e mais sete líderes da organização foram condenados à prisão perpétua. A luta contra o apartheid prosseguiu e ganhou grande projeção internacional a partir de 1976, ano em que o governo sul-africano ordenou um massacre no bairro negro de Soweto.
Logo depois, a ONU decretou a proibição da venda de armas ao país. Na década de 80, os conflitos raciais intensificaram-se, o governo aumentou a repressão e, em sua resposta, muitas empresas estrangeiras retiraram-se da África do Sul. Em 1960, cedendo a fortes pressões internas e externas, o governo sul-africano começou a atenuar o apartheid:

- os transportes, praias e centros de lazer passaram a ser multirraciais;
- os líderes do CNA foram libertados (Mandela, que estava preso há 27 anos, foi solto em 2/2/1991);
- as leis de propriedade da terra (que reserva a maior parte das terras à minoria branca) e do registro (que classifica cada cidadão pela cor da pele) foram anuladas (julho de 1991).
Nelson Mandela
Mesmo com esses avanços, as negociações entre o CNA de Mandela e o governo foram constantemente interrompidas pelo reinício dos atos de violência promovidos por grupos que não desejavam o fim do apartheid. Entretanto, essa oposição não foi suficientemente forte para impedir que Nelson Mandela fosse eleito presidente da República Sul-Africana (1994).

A descolonização da África e da Ásia

Descolonização é o processo pelo qual uma ou várias colónias adquirem ou recuperam a sua independência, geralmente por acordo entre a potência colonial e um partido político (ou coligação) ou movimento de libertação.
A exploração da África e da Ásia pelas nações europeias iniciou-se no século 15. Mas foi a partir do século 19 que ela se intensificou, tanto em relação à exploração de matérias-primas quanto em relação à mão-de-obra. Muitos foram os movimentos de resistência e libertação que surgiram contra essa exploração, sobretudo a partir da Segunda Guerra Mundial. 
Entre 1945 e 1975, quase todos os países asiáticos e africanos que ainda eram colônias se libertaram de suas metrópoles, geralmente em meio a lutas civis internas e intervenções estrangeiras.
Foram determinantes no processo de descolonização:
- o enfraquecimento dos países europeus devido à Segunda Guerra Mundial;
- a própria luta de libertação dos povos colonizados;
- o interesse dos Estados Unidos e da União Soviética em expandir suas áreas de influência.
O primeiro grande movimento de descolonização, ocorrido durante a década de 1940, atingiu principalmente os países asiáticos - Índia, Paquistão, Birmânia, Ceilão, Indonésia. Já nos anos 50, tal movimento deslocou-se para a África, onde se assistiu à independência de países como Gana, Quênia, Senegal e Congo Belga, além do início do movimento de libertação nacional na Argélia. Cientes de que possuíam um perfil histórico e econômico-social próprio, esses Estados nascentes procuraram articular suas similaridades e demandas internacionais nas chamadas Conferências de Solidariedade Afro-Asiáticas, realizadas em Bandung (1955) e no Cairo (1957).
A Conferência de Bandung, realizada de 18 a 24 de abril de 1955, na Indonésia, contou com a participação de 29 países independentes da África e da Ásia e mais a presença de observadores dos movimentos de libertação nacional desses dois continentes. Seus líderes foram Sukarno (Indonésia), Nerhu (Índia) Nasser (Egito) e Chu Enlai (China). Seu objetivo principal era fortalecer a união de todos os afro-asiáticos na luta contra as potências imperialistas.
Reunidos em Bandung, esses países decidiram que:
- “o colonialismo, em todas as suas manifestações, é um mal que deve ser posto fim rapidamente”;
- “a questão dos povos submetidos ao jugo do estrangeiro, ao seu domínio e à sua exploração, constituem uma negação dos direitos fundamentais do homem e é contrário (...) à paz e à cooperação mundial”.
Nessa conferência, surgiu o movimento dos países não alinhados, conhecidos também como Terceiro Mundo. O termo “não-alinhados” designava a neutralidade desses países no ambiente de tensão causado pela Guerra Fria. Ou seja, esses países não se deixavam envolver nem pelos países comunistas, liderados pela União Soviética, nem pelos países industrializados ocidentais, fortemente influenciados pelos Estados Unidos.

Descolonização da Ásia

No curso da Segunda Guerra Mundial intensificam-se os movimentos pela libertação e autonomia nacional em quase todos os países do continente asiático. Assumem a forma de guerras de libertação, em geral estimuladas ou dirigidas pelos comunistas, de resistência pacífica ao domínio colonial ou de gestões diplomáticas para a conquista da autonomia.

A independência da Índia

Entre os vários movimentos de libertação dos países asiáticos, merece destaque, por sua singularidade, a luta dos indianos para se libertarem do domínio inglês. A Índia era um país bastante misturado, havia evidentes diferenças sociais, falavam-se mais de 15 línguas, com 845 dialetos e muitas religiões, sendo o Hinduísmo e o Islamismo as religiões que predominavam, e para retardar a libertação, a Inglaterra estimulava a rivalidade que havia entre Hindus e Muçulmanos.
No século 19, a Índia foi oficialmente incorporada à Grã-Bretanha, mas os nacionalistas indianos formaram o Partido do Congresso, para lutar contra o domínio britânico. Desde o fim da Primeira Guerra Mundial, os nacionalistas indianos liderados por Ghandi e Nehru, exigiam a independência com igualdade de direitos para todas as etnias, classes e religiões. Ghandi ou “Mahatma” (Grande Alma) propunha aos indianos que enfrentassem os ingleses através da resistência pacífica, da não-violência. Coerente com suas idéias, o líder indiano comandava marchas pacíficas, fazia greves de fome e pregava a desobediência civil, como o não pagamento dos impostos e o não-consumo de produtos ingleses.
De sua parte, a Inglaterra quase sempre reprimia com violência as manifestações pacificas dos seguidores de Ghandi e estimulava as rivalidades entre hindus e muçulmanos, que constituíam uma grande parte da população nativa.
Durante a Segunda Guerra surgiu a Liga Muçulmana, rival do Partido do Congresso, cujo objetivo era fundar um Estado islãmico (ou muçulmano) separado da Índia.
No pós-guerra, o enfraquecimento da Grã-Bretanha e o fortalecimento do nacionalismo indiano aceleraram o processo de libertação da Índia. Cerca de trezentos mil britânicos não conseguiam mais controlar quatrocentos milhões de indianos (280 milhões de hinduístas e 115 milhões de muçulmanos). Em 1947, o subcontinente foi dividido em dois estados: a União Indiana, dirigida pelo Partido do Congresso, e o Paquistão, governado pela Liga Muçulmana. O Paquistão era formado por duas partes separadas entre si por 1,6 mil Km de distância: o Paquistão Ocidental e o Paquistão Oriental.
Na Índia, Nehru tornou-se o primeiro governante do país. A divisão do subcontinente deflagrou uma guerra entre a Índia e o Paquistão, que disputavam a posse da rica região da Caxemira. Esse conflito armado provocou quinhentas mil mortes e 12 milhões de refugiados.
Em 1971, o Paquistão Oriental declarou sua independência do Paquistão Ocidental, constituindo um novo país denominado Bangladesh.
Em 2000, a população indiana atingiu um bilhão de habitantes, o que fez da Índia o segundo país mais povoado do mundo. O conflito em torno da caxemira prossegue entre os dois países, que agora são potências nucleares.
A emancipação política da Índia estimulou vários outros países asiáticos a conquistar sua independência.

A independência da Indonésia

Situada no Sudeste Asiático, a Indonésia é banhada pelo Oceano Índico. O país é um arquipélago formado por três mil ilhas, entre as quais Java, Sumatra, Bali, Bornéu e Célebes. Essas ilhas abrangem uma área de 1,9 milhão de Km² (maior que o estado do Amazonas) e têm mais de duzentos milhões de habitantes, o que torna o país o quarto do mundo em população. Quase 90% dos indonésios adotam a religião muçulmana, o que faz do país o mais populoso do Islã.
A Indonésia foi colônia da Holanda desde o século 17 até o começo da Segunda Guerra Mundial, quando foi ocupada pelo Japão. Em 1945, depois de vencerem a ocupação japonesa, os nacionalistas indonésios liderados por Sukarno, proclamou a independência do país. No entanto, a Holanda não reconheceu e iniciou-se um período de lutas entre o exercito holandês e os guerrilheiros nacionalistas, e foi em 1949, depois da mediação da ONU e dos EUA, que estavam interessados em estabelecer sua influência na região, que Holanda reconheceu a independência da Indonésia.

A independência da Indochina

A Indochina é uma região do Sudeste Asiático que ocupa uma área de 730 mil Km² (equivalente a Mato Grosso). Sua população, de 95 milhões de habitantes, é majoritariamente budista. No fim do século 19, a Indochina tornou-se colônia da França, quando esta conquistou a região onde atualmente se localizam Vietnã, Laos e Camboja. A dominação colonial perdurou até a derrota da França diante dos alemães, em 1940.
O Japão aproveitou-se da queda da metrópole para ocupar a Indochina no ano seguinte. Os nacionalistas indochineses organizaram então um movimento de resistência armada contra a ocupação japonesa, que ficou conhecido como vietminh (“Liga para a Independência do Vietnã”). A luta de resistência foi dirigida pelo Partido Comunista Vietnamita, liderado por Ho Chi Minh. Em 1945, com a derrota dos japoneses, o vietminh proclamou a independência do Vietnã.

A Guerra da Indochina

Em 1946, a França tentou restaurar seu domínio sobre a Indochina. A resistência nacionalista, que já havia derrotado os japoneses, fez desencadear contra os franceses a Guerra da Indochina. Novamente a luta anticolonialista foi comandada pelo vietminh. A guerra de guerrilhas contra a antiga metrópole prosseguiu até a derrota definitiva dos franceses na Batalha de Dien Bien Phu, em 1954.
Nesse ano realizou-se a Conferência de Genebra, que formalizou a divisão da Indochina em Vietnã, Laos e Camboja. O Vietnã foi dividido em dois Estados: o Vietnã do Norte, controlado pelos comunistas, e o Vietnã do sul, sob influência ocidental. Essa divisão deveria ser temporária e a unificação política vietnamita seria restabelecida por uma eleição popular, a ser realizada em 1956.

A Guerra do Vietnã

O governo sul-vietnamita cancelou as eleições de 1956 e consolidou a divisão política do país. O governo norte-americano apoiou essa decisão, pois sabia que a eleição seria vencida pelos comunistas do Vietnã do Norte, favoráveis à unificação. Segundo o governo dos Estados Unidos, se os comunistas conquistassem o Vietnã, haveria risco de todos os países da Ásia Oriental tornarem-se, gradativamente, comunistas. Após o cancelamento das eleições, houve algumas tentativas pacíficas de unificação, mas nenhuma obteve êxito. A sangrenta repressão aos nacionalistas e comunistas, que, então, passaram a se manifestar contra a divisão, acabou desencadeando a Guerra do Vietnã, em 1961.
A luta pela unificação foi liderada pelo vietcongue (“Frente de Libertação nacional”). Essa frente, que era formada por sul-vietnamitas favoráveis à unificação do país, contou com o apoio do Vietnã do Norte, presidido por Ho Chi Minh. O governo do Vietnã do Sul, por sua vez, foi enormemente ajudado pelos Estados Unidos, que, no contexto da Guerra Fria, realizaram uma intervenção militar no país. Além dos sofisticados armamentos, os norte-americanos usaram produtos químicos para desfolhar a vegetação e dificultar a ação das tropas norte-vietnamitas. Um desses produtos foi o napalm, agente químico capaz de causar terríveis queimaduras.
Apesar de seu poderoso arsenal bélico, os norte-americanos foram derrotados pelas forças norte-vietnamitas e vietcongues, retirando-se da região em 1973. A guerra, no entanto, prosseguiu até 1975, ano em que o governo de Saigon se rendeu aos seus adversários. No ano seguinte, os vencedores promoveram a unificação do país, transformando o Vietnã num Estado socialista.

Produção de energia no Brasil

Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...