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Bloco Capitalista: Estados Unidos e Europa Ocidental

Nas três primeiras décadas do século XX, os Estados Unidos se firmaram como uma das principais potências econômicas do mundo, ao lado da Inglaterra e da Alemanha. O país teve um forte crescimento demográfico, grande desenvolvimento na produção industrial e em muitos outros setores. Já era também uma importante potência militar.
Em 1929, essa situação foi abalada pela quebra da Bolsa de Nova York, que provocou queda geral das atividades econômicas. A recessão deixou milhões de desempregados e interrompeu por alguns anos o crescimento econômico. Por volta de 1935 o país voltava a crescer. O desenvolvimento manteve-se de maneira praticamente ininterrupta nas décadas seguintes.
Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos assumiriam a condição de líder mundial, ao lado da União Soviética. Era a época da guerra fria. Com o seu final e a desintegração do mundo socialista no final da década de 1980, a liderança dos Estados Unidos tornou-se incontestável.

Após a Segunda Guerra Mundial

Graças às operações montadas para sustentar o esforço de guerra, os Estados Unidos tornaram sua economia mais forte. Terminado o conflito, eram sem dúvida a maior potência econômica e militar do planeta. Na maior parte do período da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos foram governados pelo presidente Franklin Delano Roosevelt. Ele morreu em 1945 e foi substituído pelo vice, Herry Truman.
O presidente seguinte foi Dwight Eisenhower, general que tinha comandado as tropas norte-americanas na Europa. No seu governo a guerra fria se intensificou, inclusive com o início da corrida espacial. Em 1957, a União Soviética o primeiro satélite artificial, surpreendendo os Estados Unidos. Por meio da NASA (Agencia Nacional de Aeronáutica e Espaço), o governo norte-americano iniciou imediatamente um programa de exploração do espaço. Eisenhower governou de 1953 a 1961.
Nesse ano, assumiu a presidência John Fitzgerald Kennedy, descendentes de irlandeses e o primeiro presidente americano católico. Foi também o presidente mais jovem dos Estados Unidos. Ele iniciou programas sociais para melhorar a situação da população mais pobre. No seu governo teve inicio a Guerra do Vietnã, com o envio dos primeiros soldados norte-americanos para aquele país asiático.
Orientou sua política externa - a Nova Fronteira - no sentido de conter a União Soviética através do aumento do potencial militar americano e do fortalecimento dos laços com os países aliados. Fornecendo amplos recursos técnicos, econômicos e militares aos países em desenvolvimento, Kennedy reforçou a ligação dessas regiões com o capitalismo, barrando a penetração das idéias comunistas nessas áreas. Um exemplo disso foi a Aliança para o Progresso, criada em 1961 para a América Latina.
Suas tentativas de fazer uma "revolução pacífica" foram logo sobrepujadas pelas crises internacionais, como no episódio da baía dos Porcos, quando exilados cubanos, treinados nos Estados Unidos, tentaram derrubar o governo de Fidel Castro em Cuba. Ou ainda na escalada em massa no Vietnã, quando Kennedy enviou 10.000 "conselheiros militares" para ajudar o governo pró-ocidental de Saigon.A esses dois acontecimentos, somou-se a famosa Crise dos Mísseis, em 1962, com a descoberta da instalação de bases soviéticas de lançamento em Cuba, que levaram as relações Washington-Moscou a um ponto crítico.
Internamente o presidente tentou agilizar a administração, com a assessoria de técnicos e intelectuais que elaboraram planos para melhorar a vida da população mais pobre. Esta camada desempenhava as tarefas mais humildes e permanecia excluída do consumismo próprio das classes médias norte-americanas. Kennedy apoiou, também, a organização do Movimento pelos Direitos Civis dos Negros, que lutava contra a segregação racial, cada vez mais violenta.
Kennedy não concluiu o seu mandato, pois foi assassinado em 22 de novembro de 1963 por Lee Harvey Oswald. O próprio Oswald foi assassinado dois dias depois.
O vice-presidente, Lyndon B. Johnson, continuou o mandato de Kennedy. No seu governo, a Guerra do Vietnã se intensificou, com cerca de 500 mil soldados norte-americanos participando dos combates. Johnson procurou dar continuidade aos programas sociais iniciados por Kennedy, entre eles a integração entre brancos e negros. Durante seu governo ocorreram os assassinatos de Robert Kennedy, irmão de John e candidato à presidência, e o líder pacifista Martin Luther King. Como não conseguiu colocar um fim à Guerra do Vietnã, Johnson não se candidatou à reeleição.
Em 1969 Richard Nixon, do Partido Republicano, sucedeu a Johnson. No seu governo, os protestos de estudantes, intelectuais e muitos outros cidadãos norte-americanos que se opunham à Guerra do Vietnã se intensificaram. No seu governo, Nixon deu início às negociações para estabelecer a paz com o Vietnã do Norte.
As negociações começaram a dar resultados, quando estourou o escândalo de Watergate. Este era o nome de um grande edifício de Washington, onde se encontrava os escritórios do Partido Democrata. Espiões ligados aos republicanos invadiram os escritórios dos democratas no edifício Watergate. O presidente ficou sabendo do fato, mas tentou escondê-lo e impedir a ação da justiça na elucidação do crime. Quando a questão se tornou pública, graças sobretudo às investigações de dois jornalistas do The Washington Post, Nixon ficou sem defesa e teve de renunciar ao cargo.
O vice-presidente Gerald Ford assumiu a presidência e governou até 1976. Durante seu mandato as negociações com o governo do Vietnã do Norte prosseguiram e a guerra chegou ao fim em 1975.
O democrata Jimmy Carter, que assumiu depois de Ford, fez da defesa dos direitos humanos a bandeira de seu governo. Porém, Carter não conseguiu recuperar a economia norte-americana, que enfrentava séria recessão; por isso, não conseguiu reeleger-se.

O Governo Reagan
Os republicanos no poder

Em 1981, o republicano Ronald Reagan assumia a presidência dos Estados Unidos. A gestão republicana se iniciou com um programa semelhante ao dos conservadores ingleses. Como era de se esperar, teve uma influência mundial muito maior, dada a importância econômica e política do país. Reagan cortou o orçamento, diminuiu os impostos sobre a renda e sobre a propriedade, ao mesmo tempo que reduziu drasticamente os investimentos em programas sociais. Se os pobres tinham necessidades, eles que trabalhassem, pensava Reagan.
Os gastos sociais representavam 19% do Produto Nacional Bruto. Isso significava uma massa de mais de 500 bilhões de dólares. O presidente queria economizar esse dinheiro. Costuma-se dizer que durante a era Reagan, os ricos ficaram mais ricos e os pobres mais pobres. Talvez por isso mesmo a economia tenha dado sinais de recuperação, pois os capitalistas passaram a ter mais dinheiro para investir.
Reagan apelou também para o sentimento nacionalista americano, bastante desgastado desde a derrota no Vietnã. Com a invasão da ilha de Granada, governada por um simpatizante de Cuba, Ronald Reagan procurou demonstrar que o perigo comunista estava de volta. Com isso desenvolveu o programa chamado "guerra nas estrelas", projeto mirabolante de defesa militar em que foram gastos bilhões de dólares. Tudo isso em nome de uma hipotética ameaça representada pela União Soviética, o "império do mal", como se referia a ela o presidente americano.
A retomada do clima de Guerra Fria na era Reagan foi amortecida com as propostas de Gorbachev, líder da União Soviética, para uma simultânea diminuição gradativa das armas atômicas. Em quatro reuniões de cúpula, acertaram-se vários acordos que puseram fim a décadas de terror atômico.
Ainda na era Reagan, a recuperação econômica americana foi abalada por escândalos financeiros e, principalmente, pela "nova" quebra da Bolsa de Nova York, em outubro de 1987, provocando a falência de milhares de investidores. O modelo econômico de Reagan deixou 11 milhões de trabalhadores desempregados, a maior cifra desde 1940. O cenário nas grandes cidades chegava a lembrar os anos da crise de 1929. Os homeless, pessoas que não tem onde morar e que vivem nas ruas e estações de metrô, aumentaram enormemente.
Além dos problemas econômicos e sociais, o governo Reagan foi marcado por divergências entre os membros de seu gabinete. Mesmo assim, os republicanos permaneceram no poder com a eleição de George Bush, em 1988.

O governo George Bush

Ex-diretor da CIA, a agência de espionagem americana, e depois vice-presidente, Bush deu continuidade à política de Reagan. Enfrentou o déficit do orçamento cortando programas armamentistas, tornados desnecessários em conseqüência dos acordos com a União Soviética. O seu conservadorismo no plano interno se refletiu em suas tentativas de vetar as leis do aborto e do salário mínimo.
No plano externo, Bush teve várias reuniões de cúpula com os líderes soviéticos e concluiu importantes acordos, que puseram fim a décadas de tensão entre as duas grandes potências.
No entanto, os Estados Unidos não abandonaram sua política intervencionista. Em dezembro de 1989, forças americanas invadiram o Panamá e depuseram o presidente, general Noriega, acusado de envolvimento com o narcotráfico.
Em janeiro de 1991, os Estados Unidos, liderando uma força multinacional, atacaram o Iraque, na chamada operação Tempestade no Deserto ou Guerra do Golfo. O Iraque havia invadido o Kuwait, em agosto de 1990. Segundo os iraquianos, o país seria originalmente uma província do Iraque. O fato é que essa invasão ameaçava também a Arábia Saudita, um dos maiores produtores de petróleo do mundo e aliado dos Estados Unidos. As grandes companhias petrolíferas e os interesses norte-americanos estavam ameaçados. O presidente Bush, contando com a imobilidade da União Soviética, envolvida em graves problemas internos, conseguiu o apoio da maioria das nações da ONU para a invasão do Iraque. Ajudado por uma intensa campanha televisiva, que mostrava a superioridade técnica das forças militares norte-americanas, batendo facilmente os iraquianos, Bush transformou-se momentaneamente num herói: recuperou o orgulho nacional, abalado desde a derrota dos Estados Unidos no Vietnã, em 1975.
Em 1991, os Estados Unidos enviaram soldados à Somália para combater o que eles chamaram de "regime de terror" dos guerrilheiros muçulmanos. A intervenção na Somália foi um grande fracasso: vários soldados americanos mortos e resultado político nulo.
Ao mesmo tempo, a situação social e econômica dos Estados Unidos continuou a piorar. A General Motors, por exemplo, considerada a maior corporação do mundo, anunciou um programa de fechamento de diversas filiais pelo país com o objetivo de diminuir seus prejuízos. Cresceu o número de pobres, e a tensão racial aumentou. Nos últimos dias de abril de 1992, essa tensão chegou a um ponto crítico, Los Angeles foi abalada por uma rebelião sem precedentes, que causou a destruição de centenas de prédios. Não se sabe o número de vítimas. O prejuízo provocado pelos saques e pelos incêndios chegou a quase 1 bilhão de dólares. Gangues de Los Angeles se apossaram de grandes quantidades de armas e munições. A rebelião começou quando alguns policiais, que estavam sendo julgados pela agressão a um homem negro, foram considerados inocentes.

O democrata Bill Clinton na Casa Branca

Todos os setores progressistas da sociedade americana ficaram bastante entusiasmados com a vitória de Clinton sobre Bush em 1992.
Clinton procurou moldar sua imagem à semelhança do mais popular dos presidentes norte-americanos: Franklin Delano Roosevelt (32º presidente dos EUA). Para demonstrar suas convicções democráticas, pôs fim ao embargo econômico de dezenove anos imposto ao Vietnã. O clima dos primeiros momentos de seu governo sugeria o início de uma nova era de prosperidade.
A economia americana estava em fase de recuperação desde fins de 1992, inclusive com uma ligeira queda do desemprego. Além do mais, a sorte sorria ao presidente, já que as economias japonesa e européia apresentavam baixas taxas de crescimento, favorecendo uma reversão no crônico déficit da balança comercial americana. Se a tendência dos anos anteriores era de recessão e prejuízos, agora os lucros estavam de volta. O Produto Interno Bruto (PIB), na casa dos 3,6%, juntamente com a queda na taxa de desemprego para 4,2%, eram, em 1999, números indicativos da firme expansão econômica.

A política externa de Clinton

A política externa de Bill Clinton marcou um ponto positivo com a aprovação do Acordo Norte-Americano de Livre Comércio entre o Canadá, Estados Unidos e México (Nafta).
Mas o adiamento da prometida ocupação do Haiti, que só ocorreu em setembro de 1994, foi um ponto negativo. Talvez tenha sido a primeira invasão dos mariners que contou com o apoio das camadas pobres do país invadido. A intervenção destinava-se a derrubar os militares que haviam deposto o presidente eleito, Jean Bertrand Aristide. A imagem dos Estados Unidos melhorou bastante com a intervenção. No entanto a situação do Haiti continuava instável. No início de 2004 o presidente haitiano foi deposto.
Em relação ao Oriente Médio, Clinton promoveu, em Oslo, um acordo entre israelenses e palestinos, em 1993.
Dois anos depois ele conseguiu pôr fim à Guerra da Bósnia, um dos conflitos que ensanguentaram a antiga Iugoslávia.
A morte do presidente Tito, líder político que emergiu na luta contra a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial, e posteriormente a derrocada do regime socialista na Iugoslávia desencadearam, a partir de 1991, o início de um processo de desagregação política do país. Vieram à tona antigas rivalidades étnicas, religiosas e políticas. Nem mesmo as intervenções militares da ONU e depois da Otan conseguiram evitar massacres, os campos de concentração, as migrações forçadas e os projetos racistas de limpeza étnica.
Depois de cerca de quatro anos de guerra, que deixou um saldo de mais de 250.000 mortos e cerca de 3 milhões de refugiados, a ex-Iugoslávia estava fragmentada politicamente. As repúblicas da Bósnia-Hezergovina, da Croácia, da Macedônia e da Eslovênia tornaram-se países soberanos. A nova Iugoslávia passou a ser composta apenas pela Sérvia e por Montenegro.
Em 1998 teve início uma nova guerra. Kosovo, situado ao sul da nova Iugoslávia e com uma população composta majoritariamente de albaneses, também pretendia a independência política. No confronto entre o Exército de Libertação de Kosovo e o Exército iugoslavo, repetiram-se as atrocidades entre etnias, com violações sistemáticas dos direitos mais elementares. O conflito produziu um número de refugiados kosovares difícil de calcular, mas que certamente ultrapassa meio milhão.
Slobodam Milosevic, o presidente iugoslavo, perdeu as eleições, deixou o poder e ainda teve de enfrentar um tribunal internacional, acusado de crimes contra a humanidade. No início de 2003, o Parlamento iugoslavo aprovou a extinção da República Federal da Sérvia e a Constituição do Estado da Sérvia e de Montenegro.
O governo Clinton amargou uma pesada derrota nas eleições parlamentares de novembro de 1994. Os republicanos conquistaram a maioria, tanto no Senado como na Câmara dos Deputados, além de importantes governos estaduais. Foi essa maioria republicana que aproveitou um caso amoroso de Clinton com uma estagiária da casa Branca, Monica Lewinsky, para tentar um impeachment contra o presidente.
Para a eleição de 2000, o candidato favorito era o democrata Al Gore. Mas o republicano George W. Bush (filho do presidente Bush) foi escolhido presidente numa das mais duvidosas eleições da história da democracia norte-americana.

O governo George W. Bush

O presidente Bush tem posições conservadoras. Ele se recusou, por exemplo, a assinar o Protocolo de Kyoto, um acordo pelo qual os países desenvolvidos tomariam medidas para controlar a emissão de gases que provocam o aquecimento global. Esse compromisso, segundo ele, iria contra os interesses das grandes indústrias norte-americanas.
Em 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos foram abalados por um atentado contra o Pentágono (centro das forças armadas), em Washington, e contra os dois famosos prédios do World Trade Center, em plena Nova York. As torres gêmeas, como eram conhecidas, foram destruídas, provocando a morte de mais de 3 mil pessoas. O atentado pode ser considerado o primeiro contra o território norte-americano desde o ataque japonês à base militar de Pearl Harbour, em dezembro de 1941, que provocou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.
O atentado foi praticado por extremistas muçulmanos. Segundo os serviços de informações norte-americanos, os responsáveis foram a organização terrorista Al Qaeda, liderada pelo saudita Osama Bin Laden, apoiados pelo Taleban, partido extremista muçulmano que estava no poder no Afeganistão. A retaliação americana foi a guerra contra o Taleban.
No plano interno, para se prevenir contra novos atentados, o governo dos Estados Unidos tomou severas medidas. Diferentes setores da sociedade norte-americana (intelectuais, jornalistas, entidades defensoras dos direitos civis e dos direitos humanos) consideraram essas medidas como ameaças aos direitos garantidos pela Constituição norte-americana, ferindo a liberdade de expressão, de locomoção etc.
Em decorrência dos atentados e da política econômica de Bush, o crescimento da economia norte-americana diminuiu após o sucesso do período Clinton. Vários dados apontavam para uma recessão. O índice de desemprego no final de 2003 parecia confirmar essa previsão.
Uma das mais controvertidas decisões do governo Bush foi a declaração de guerra contra o Iraque, no primeiro semestre de 2003. O argumento utilizado por Bush para a guerra foi de que o Iraque possuía armas de destruição em massa.
Derrotado o regime de Sadam Hussein, o Iraque era em 2005 um país sem governo, com atentados terroristas diários. As armas de destruição em massa, razão para a guerra, não foram encontradas. A administração republicana recebia pesadas críticas, especialmente daqueles que viam a guerra como um grande negócio para os políticos e setores econômicos ligados ao presidente Bush.
Os desdobramentos políticos dessa invasão resultaram em outros atentados. Basta citar como exemplo o atentado de 11 de março de 2004, na Espanha, um dos países que mandaram tropas para o Iraque em apoio à política Bush. O atentado deixou mais de duzentos mortos e cerca de 1 500 feridos.
Entre 2000 e 2002 os investimentos estrangeiros nos Estados Unidos caíram pela metade - de cerca de 970 bilhões para 560 bilhões. Segundo Amir Amin, economista egípcio, o principal mecanismo usado pelos Estados Unidos para garantir seu poderio econômico era expandir seu domínio militar sobre o planeta.

Europa Ocidental

No período do pós guerra, os países da Europa Ocidental participaram de uma estratégia de desenvolvimento capitalista liderada pelos Estados Unidos.
Embora se fortalecessem, disputando eleições e participando do poder, os partidos de esquerda (socialistas e comunistas) da Europa Ocidental orientaram-se no sentido de corrigir as principais injustiças do capitalismo, e não de desmontar o sistema como um todo.
Assim, esses partidos de esquerda influíram na construção de Estados europeus voltados para o bem-estar social (Welfare State), atendendo a uma série de reivindicações dos trabalhadores desses países. As medidas adotadas melhoraram as condições de vida dos trabalhadores em aspectos como elevação dos salários, segurança no emprego, habitação, transportes, assistência médica e educacional.
Em alguns países europeus, como França, Itália e Bélgica, cerca de 60% do orçamento público foi destinado à seguridade social e a programas de saúde pública. Nas décadas de 1980 e 1990, uma série complexa de fatores impulsionou uma “mudança de rota” nos centros capitalistas em detrimento das políticas do Welfare State. Com a ascensão ao poder de governos conhecidos como “neoliberais, o Estado passou a interferir na sociedade favorecendo os processos de concentração de capital em grandes empresas e os investimentos em pesquisa e tecnologia de ponta. Governos como o de Margaret Thatcher, na Inglaterra, e de Ronald Reagan, nos EUA, demonstravam sua preocupação em tornar a economia de seus países competitiva no mercado mundial, ainda que isso representasse certa regressão nos direitos sociais da população.
Além da ajuda norte-americana por meio do Plano Marshall, a progressiva superação dos conflitos regionais nessa parte do continente europeu contribuiu para sua recuperação econômica. Isso se deu com a criação de organismos de integração econômicas supranacionais:
Em 1944, Bélgica, Holanda e Luxemburgo uniram-se para a criação do Benelux, visando ao estímulo do comércio e à eliminação das barreiras alfandegárias.
Em 1951, foi criada a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca), com a participação de França, Alemanha, Ocidental, Bélgica, Luxemburgo e Holanda.
Em 1957, surgiu o Mercado comum Europeu (MCE). Seu objetivo básico era promover entre os países-membros a integração alfandegária, a livre circulação de capitais e a progressiva uniformização de uma política trabalhista e fiscal. No princípio, pertenciam ao Mercado Comum Europeu: França, Alemanha Ocidental, Itália, Holanda, Luxemburgo e Bélgica. Posteriormente foram admitidos Irlanda, Grã-Bretanha, Dinamarca, Espanha, Grécia e Portugal.
Em 1960, foi criada a Associação de Livre Comércio (ALEC), com a participação de Liechtenstein, Suécia, Finlândia, Islândia, Noruega, Suíça e Áustria. O objetivo principal era promover a isenção tarifária sobre produtos industrializados comercializados pelos países-membros.
No início da década de 1990, com a fragmentação da União Soviética e o fim da Guerra Fria, iniciou-se um novo período cuja principal tendência é a formação de pólos macrorregionais. Nesses pólos, a atenção está voltada mais para a integração do setor econômico do que do que para os setores militar e ideológico. Nesse contexto, a partir de 1993, os países do Mercado Comum Europeu passaram a constituir a União Européia, incluindo ainda Áustria, Finlândia e Suécia, e, desde maio de 2004, também países do Leste europeu (Lituânia, Letônia, Estônia, Polônia, Republica Tcheca, Eslováquia, Hungria, Eslovênia, Chipre e Malta.
A UE vem ampliando a unificação econômica supranacional para tornar cada vez mais livres a circulação de capitais e as associações empresariais. Uma das últimas medidas nesse sentido foi a criação do euro, uma moeda que pretende substituir o dinheiro circulante entre os países-membros e tornar-se um novo padrão para o comércio mundial. Além disso, com a participação do Leste europeu, ampliou-se o intercâmbio sociocultural em toda a Europa.

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