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A Descolonização da Ásia

No curso da Segunda Guerra Mundial intensificam-se os movimentos pela libertação e autonomia nacional em quase todos os países do continente asiático. Assumem a forma de guerras de libertação, em geral estimuladas ou dirigidas pelos comunistas, de resistência pacífica ao domínio colonial ou de gestões diplomáticas para a conquista da autonomia.

A independência da Índia

Entre os vários movimentos de libertação dos países asiáticos, merece destaque, por sua singularidade, a luta dos indianos para se libertarem do domínio inglês. A Índia era um país bastante misturado, havia evidentes diferenças sociais, falavam-se mais de 15 línguas, com 845 dialetos e muitas religiões, sendo o Hinduísmo e o Islamismo as religiões que predominavam, e para retardar a libertação, a Inglaterra estimulava a rivalidade que havia entre Hindu e Muçulmanos.
Desde o fim da Primeira Guerra Mundial, os nacionalistas indianos liderados por Mohandas K. Ghandi, exigiam a independência com igualdade de direitos para todas as etnias, classes e religiões. Ghandi ou “Mahatma” (Grande Alma) propunha aos indianos que enfrentassem os ingleses através da resistência pacífica, da não-violência. Coerente com suas idéias, o líder indiano comandava marchas pacíficas, fazia greves de fome e pregava a desobediência civil, como o não pagamento dos impostos e o não-consumo de produtos ingleses.
De sua parte, a Inglaterra quase sempre reprimia com violência as manifestações pacificas dos seguidores de Ghandi e estimulava as rivalidades entre hindus e muçulmanos, que constituíam uma grande parte da população nativa. Apesar disso, o movimento de libertação da Índia continuou crescendo até, em 1947, a Inglaterra reconheceu a independência mediante a divisão do território hindu em dois Estados; a República da Índia, para os hindus, e a República do Paquistão, para os muçulmanos.
A emancipação política da Índia estimulou vários outros países asiáticos a conquistar sua independência.

Independência da Indonésia

No séc. 17, na Indonésia, suas principais ilhas Java e Sumatra passaram a fazer parte do domínio colonial dos Países Baixos, mas os japoneses acabaram ocupando a região e prometeram autonomia para o país. Em 1945, com a derrota do Japão na 2º Guerra Mundial, foi declarada a independência da Republica Indonésia, mas a Holanda não reconheceu e iniciou-se um período de lutas entre o exercito holandês e os guerrilheiros nacionalistas. No entanto, em 1949, depois da mediação da ONU e dos EUA, que estavam interessados em estabelecer sua influência na região, que Holanda reconheceu a independência da Indonésia.

Independência da Indochina e a Guerra do Vietnã

As regiões do Vietnã, Laos e Camboja, faziam parte da antiga Indochina. A região do Camboja em 1863, tornou-se protetorado Francês. Em 1940 o Japão dominou toda a Indochina, e então no Vietnã formou-se um movimento nacionalista para lutar contra os invasores, denominado Vietminh (Liga Revolucionária para a independência do Vietnã), liderado por Ho chi minh, que em 1931, fundou o Partido Comunista Indochinês.
No decorrer da Guerra do Vietnã, o território do Camboja sofreu infiltração dos vietcongues que estavam à procura dos inimigos, e Camboja até então neutro, mobilizou-se; Junto a uma sucessão de golpes de estado, verificou-se uma guerra sangrenta que dizimou sua população pelo genocídio, doenças e fome. Com a derrota do Japão na Guerra, Ho Chi minh proclamou a independência da República Democrática do Vietnã embora a França não tenha reconhecido. Em 1954 foi convocada a Conferência de Genebra para restabelecimento da paz, que serviu também para dividir o Vietnã em dois estados: Vietnã do Sul (pró-capitalista), com capital em Saigon, liderado por Bao Dai e o Vietnã do Norte (socialista), com capital em Hanói, governado por Ho Chi Minh e reconhecer a independência de Laos, Camboja e Vietnã.
Nos anos seguintes, ao mesmo tempo em que a Guerra Fria se acentuava, a rivalidade entre os dois Vietnãs cresceu e as eleições com vistas à reunificação do país não se realizaram. Opondo-se à divisão do Vietnã e ao ditador que os governava, os sul-vietnamitas fundaram, em 1960, a Frente Nacional de Libertação. Essa organização era formada por grupos de guerrilheiros socialistas conhecidos como vietcongues. A frente recebeu o imediato apoio do Vietnã do Norte.
Decididos a conter a expansão do socialismo na região, os Estados Unidos começaram a enviar ajuda militar ao governo do Sul e com isso precipitaram o início de uma nova guerra. Durante os doze anos em que estiveram envolvidos nesse conflito, os Estados Unidos despejaram sobre o Vietnã milhões de toneladas de napalm e chegaram a manter na região 550 mil soldados.
Apesar de seu poderoso arsenal bélico, os norte-americanos foram derrotados pelas forças norte-vietnamitas e vietcongues, retirando-se da região em 1973. A guerra, no entanto, prosseguiu até 1975, ano em que o governo de Saigon se rendeu aos seus adversários. No ano seguinte, os vencedores promoveram a unificação do país, transformando o Vietnã num Estado socialista.

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