sexta-feira, 9 de agosto de 2024

O comércio

Comércio é a troca de um produto por dinheiro ou por outro produto. Essa atividade relaciona o produtor com o consumidor.
Quando o comércio surgiu, era realizado por meio da troca de produtos. Ou seja, cada produtor vendia seu excedente diretamente a outro produtor. Porém, nem todo mundo ficava satisfeito com a troca, porque muitas vezes ela envolvia produtos diferentes, que exigiam mais trabalho que o outro produto aceito em troca.
Para resolver esse problema foi criado um equivalente geral, o dinheiro. Hoje em dia usam-se moedas, notas, cheques, cartões de plástico e meios eletrônicos para fazer um pagamento de uma troca comercial.

Comércio, consumo e desigualdade social

Com o passar do tempo, a atividade comercial cresceu e, atualmente, movimenta muitos recursos para fazer com que um produto saia, muitas vezes, de um país distante até chegar ao consumidor. Mas o comércio necessita expor o produto para que o comprador possa escolher o que deseja. Os pontos de venda têm esse papel.
Existem diferentes tipos de pontos de venda. Desde o pequeno comércio, caracterizado por pequenas lojas que atendem à população local, passando por grandes lojas que fazem parte de grandes redes comerciais, algumas delas internacionais.
A concentração de comércio e prestação de serviços, geralmente, ocorre no espaço urbano, já que nele estão a grande parte dos consumidores e a infraestrutura necessária para que as mercadorias circulem.
Cada vez mais cresce o comércio eletrônico, ou seja, loja “virtual”, representada em uma página da internet ou em aplicativos instalados em celular com informações sobre o produto, na qual o consumidor pode escolher e pagar por meio eletrônico, para depois recebê-lo em sua casa.
No Brasil e em muitos países do mundo, não são todas as pessoas que têm acesso aos produtos comercializados. As diferenças no poder de consumo revelam as desigualdades sociais. Enquanto algumas pessoas podem pagar por produtos de consumo sofisticados e caros, outras não conseguem nem ter acesso a itens básicos para sua sobrevivência, como alimentos, roupas ou um lugar adequado para viver.

A concentração do comércio mundial

O comércio mundial é muito concentrado. As exportações e as importações dos Estados Unidos, do Canadá, de alguns países da Europa e da China, juntas, representam quase 80% de tudo o que é comercializado no mundo.
Os Estados Unidos, juntamente com o Japão, destacam-se no setor de informática e na indústria automobilística. A Alemanha e a França vendem produtos industrializados. Nos países da América do Sul predominam as exportações de alimentos (Brasil e Argentina) e minerais (Brasil, Chile e Peru).

A industrialização no Brasil

A indústria reúne matéria-prima, máquinas e trabalho humano; ela transforma a matéria-prima em produtos elaborados, que serão consumidos pela sociedade. A atividade industrial ocorre especialmente nos espaços urbanos e está atrelada a outros setores da economia, como a agropecuária e os serviços.

Da proibição às primeiras indústrias 

Em 1785, enquanto a industrialização era acelerada na Inglaterra, a rainha de Portugal, Maria I, proibiu a existência de fábricas e manufaturas no Brasil. No documento em que determinou a proibição, ela alegava que a atividade industrial ocuparia a escassa mão de obra disponível, o que prejudicaria a agricultura e a mineração – atividades rentáveis para a metrópole. Apenas tecidos simples de algodão poderiam ser fabricados na colônia, usados para ensacar produtos agrícolas e para o vestuário de pessoas pobres, escravizadas ou indígenas. A proibição foi anulada em 1808, com a chegada da família real. A medida, porém, não foi suficiente para impulsionar a industrialização. Ao longo do século XIX, foram criadas indústrias dos setores têxtil, alimentício, metalúrgico, químico, de vestuário, móveis e transportes, mas grande parte dos produtos industrializados continuava a ser importada. Em 1889, o país possuía 903 estabelecimentos industriais – número que seria ampliado para 3 120 e 13 336 entre 1907 e 1920. O avanço da indústria nas primeiras décadas do século XX foi impulsionado pela formação de um mercado interno. 

 A atividade cafeeira e a industrialização

pós o declínio da mineração, o café se tornou um dos mais importantes produtos de exportação do Brasil, ultrapassando o açúcar. O crescente consumo da bebida na Europa e nos Estados Unidos estimulou a produção do grão no país. O cultivo em larga escala de café teve início no Rio de Janeiro, nas primeiras décadas do século XIX. A atividade se expandiu pela região do Vale do Paraíba, em São Paulo, chegando ao norte do Paraná em meados do século XX. O café foi cultivado também no Espírito Santo e na porção leste de Minas Gerais.
O fim do tráfico de africanos escravizados (1850) e a abolição da escravatura (1888) foram fatores que motivaram a transição do trabalho escravo para o trabalho assalariado. Essa mudança foi fundamental para aumentar a circulação de dinheiro e criar um mercado de consumo mais amplo para os produtos industrializados. 
Parte dos imigrantes europeus que chegavam ao Brasil para trabalhar nas lavouras de café também possuía experiência na indústria. Assim, além de compor o contingente de mão de obra da atividade agricultora, muitos desses trabalhadores foram incorporados como operários nas indústrias, que começavam a crescer no país.
Gradativamente, a atividade cafeeira estimulou o crescimento de atividades complementares para a exportação desse produto, como a implantação de ferrovias, de serviços bancários, a geração e o abastecimento de energia elétrica para a iluminação pública e a movimentação de máquinas de beneficiamento dos grãos. Desenvolveu-se, então, uma rede de cidades e de relações econômicas que constituíram um ambiente propício ao crescimento da produção industrial.

O contexto internacional 

Em 1929, uma crise na bolsa de valores de Nova York deu início a um período de recessão econômica internacional, reduzindo as exportações do café brasileiro. Os cafeicultores, então, passaram a investir em outros cultivos e na indústria. O envolvimento de países europeus e dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) também impactou a economia brasileira, reduzindo a oferta de produtos industrializados no mercado. Assim, o setor industrial nacional buscou suprir as demandas do mercado interno, processo chamado de substituição de importações.

O papel do Estado 

Durante os governos de Getúlio Vargas (1930-1945 e 1951-1954), foram criadas indústrias de base com o objetivo de fornecer matérias-primas para outras indústrias e diversificar a produção. São exemplos a Companhia Vale do Rio Doce, com foco na mineração de ferro, e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), produtora de aço. 
Na presidência de Juscelino Kubitschek (1956-1961), o governo federal aumentou os impostos para importação de bens de consumo e incentivou a produção industrial no território nacional. Foi a partir desse período que importantes indústrias automobilísticas estrangeiras passaram a produzir na região do ABCD paulista (municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano e Diadema). Bolsa de valores: instituição onde são negociados títulos e ações. As ações correspondem a uma parcela de uma empresa cuja propriedade é compartilhada por um conjunto de pessoas. Os títulos são documentos que representam o empréstimo de um bem ou valor e podem ser emitidos por governos ou empresas privadas para arrecadar investimentos financeiros. 
As empresas foram obrigadas a produzir com uma quantidade mínima de peças brasileiras. Isso estimulou a indústria nacional de autopeças e integrou as empresas nacionais e multinacionais no setor automobilístico. Entre as décadas de 1960 e 1980, o Estado também estimulou a industrialização, investindo na geração de energia elétrica e na ampliação da rede rodoviária no país.

Características da industrialização brasileira 

Por ter se consolidado ao longo do século XX, a industrialização do território brasileiro foi classificada como uma industrialização tardia, em comparação aos países industrializados antigos, como Inglaterra, França, Alemanha, Estados Unidos e Japão. O número de indústrias aumentou de 43 250 em 1939 para 209 617 em 1980. Em 2019, havia 306 mil estabelecimentos industriais no país. Apesar do crescimento, a indústria brasileira é dependente de tecnologia e maquinário importado até os dias atuais, principalmente nos setores produtivos que envolvem alta tecnologia. 
O processo de industrialização foi impulsionado pela instalação de fábricas de empresas estrangeiras no Brasil. Isso ocorreu principalmente após a Segunda Guerra Mundial, quando os avanços tecnológicos nas comunicações e nos transportes, somados às oportunidades de comercialização local e aos custos de produção mais baixos, incentivaram empresas a transferir etapas produtivas para outros países. Devido à atuação em diversos países, essas empresas são chamadas multinacionais.

Fases da industrialização no Brasil

A atividade industrial no Brasil começou no século XIX. Inicialmente desenvolveram-se indústrias de tecelagem que faziam sacos para embalar matérias-primas que eram exportadas. Depois, ainda no século XIX, empresários brasileiros e imigrantes italianos começaram a instalar indústrias, empregando o conhecimento que traziam consigo.
Foi somente a partir do século XIX, com a expansão da economia cafeeira na Região Sudeste, que teve início a primeira fase industrial do país. Fatores determinantes para isso foram a capitalização dos empreendedores nacionais (com dinheiro proveniente das vendas de café), a institucionalização do trabalho assalariado, a mão de obra imigrante, o aumento do mercado consumidor urbano, entre outros. Por muito tempo, os bens de consumo duráveis e os bens de produção, como máquinas e equipamentos pesados, eram importados.
Foi, porém, a partir da década de 1940, com a construção da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ), que a industrialização do país ganhou impulso. Durante o governo de Getúlio Vargas (1930-1945 e 1951-1954), ocorreu uma mudança significativa na estrutura industrial brasileira. A atividade industrial intensificou-se com a implantação de indústrias de base (siderurgia, metalurgia, mecânica, indústria de cimento etc.). Isso reduziu as importações e estimulou a produção nacional de bens de consumo duráveis. Nessa segunda fase da industrialização brasileira, a indústria tornou-se um importante setor da economia, superando o setor agrícola.
No governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) iniciou-se a terceira fase da industrialização brasileira, com o uso de capital externo e o desenvolvimento da indústria de bens de consumo duráveis. Com a entrada de capital estrangeiro, empresas multinacionais ingressaram no país. Nessa fase, foram feitos muitos investimentos e empréstimos a instituições financeiras para manter o ritmo de crescimento econômico nacional, o que gerou grande endividamento.
Na década de 1950 muitas montadoras de carros se instalaram no Brasil. Com elas, surgiu um polo muito importante de produção industrial no país: o ABCD, abrangendo os municípios paulistas de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema. 
O ABCD, além de abrigar montadoras de carros, se tornou sede de muitas outras indústrias de peças utilizadas na montagem de automóveis.
Outro polo industrial importante desenvolveu-se em Minas Gerais, na região que ficou conhecida como Quadrilátero Ferrífero. Empresas estatais e privadas exploram jazidas de minério de ferro.
No Rio Grande do Sul também se encontra um importante polo industrial. Nos municípios de Caxias do Sul e São Leopoldo instalaram-se indústrias metalúrgicas que depois passaram a fabricar máquinas.
A partir da década de 1990, houve um novo processo de distribuição espacial das indústrias pelo Brasil. Os estados do Paraná, de Goiás, do Rio Grande do Sul, de Pernambuco e da Bahia receberam fábricas de transnacionais montadoras de carros e passaram a se destacar na produção automobilística. Já o Ceará passou a abrigar um importante polo de produção de calçados que, além de atender ao mercado interno, exporta para o mundo.
Na década de 1990, o país expandiu as atividades comerciais. Essa fase ficou marcada pela entrada de vários produtos estrangeiros (computadores, automóveis, eletrodomésticos, entre outros). Empresas estatais foram privatizadas, ou seja, deixaram de ser propriedades do governo e passaram a ser empresas privadas. A partir dessa década, o país ingressou na quarta fase industrial, marcada pela globalização e abertura econômica, pelo desenvolvimento de tecnologias de telecomunicações, informática, robótica, engenharia genética e transporte.
O setor industrial brasileiro está concentrado nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro e também em áreas da Região Sul e do litoral nordestino. Embora a indústria esteja concentrada em algumas áreas, nas últimas décadas muitas fábricas se deslocaram para o interior do país, em busca de mão de obra mais barata e de incentivos fiscais de governos estaduais ou prefeituras. Essa mudança na distribuição espacial das indústrias marca nova fase de desconcentração industrial. A desconcentração da produção tem modificado expressivamente os fluxos migratórios, por causa da demanda de trabalhadores. A concentração industrial no Centro-Sul é um importante elemento para avaliar as desigualdades socioeconômicas entre as regiões brasileiras. A descentralização industrial, ainda que insuficiente, foi importante para o desenvolvimento técnico e produtivo de outros municípios e estados do país.

Cadeia industrial

Entre o agricultor que produz o algodão e a calça jeans pronta, há muita gente trabalhando. O algodão que foi colhido e ensacado é transportado para a indústria têxtil, onde será transformado em fios e tecido, que será tingido. As fábricas de roupas compram o tecido das tecelagens ou de empresas especializadas no corte e na preparação de moldes que serão utilizados na confecção da calça. Cada acabamento inserido na mercadoria envolve o trabalho de muitas outras pessoas e empresas.

A cadeia produtiva de uma calça jeans conta ainda com o estilista, profissional que desenha os modelos. As agências de publicidade também integram o processo, criando a propaganda e desfiles para atrair o consumidor. Todas essas etapas e esses trabalhadores integram uma cadeia produtiva.

As transnacionais e a cadeia produtiva

As grandes indústrias controlam a cadeia produtiva, principalmente, as empresas transnacionais. As transnacionais são empresas que instalam suas fábricas e seus escritórios em vários países do mundo. O comando é feito da sua matriz, no país-sede. Essas empresas buscam diminuir o custo da produção aproveitando vantagens como isenção de impostos e mão de obra mais barata para se instalarem em diferentes países.
Assim, as fábricas de peças ou de partes das mercadorias podem estar instaladas em muitos países. Essa organização da produção distribuída por vários países do mundo é chamada globalização da produção. Um avião pode servir de exemplo da globalização.
Os grandes grupos empresariais que atuam no setor industrial
têm demonstrado muita capacidade de introduzir novos produtos e novos processos produtivos. Esses processos são cada vez mais baseados na ciência e na tecnologia (C&T). A biotecnologia, a engenharia genética (figura 18), a informática,
os novos materiais e as diversas formas de organização da produção são exemplos de inovações recentes que têm alterado bastante a produção industrial.

A organização do trabalho industrial

Até meados do século XVIII, a produção de mercadorias era artesanal ou manufaturada, realizada, muitas vezes, na casa dos próprios artesãos. A indústria têxtil foi a primeira a surgir na Inglaterra. As fábricas receberam teares e máquinas a vapor que empregavam carvão mineral e geravam a energia necessária para mover as fiandeiras e os teares mecânicos. Veja a seção Olhar interdisciplinar.
No final do século XIX, outras mudanças que ocorreram devido ao desenvolvimento tecnológico alteraram o modo de produção industrial. A criação do motor de explosão e a descoberta da eletricidade ampliaram a capacidade das máquinas.
A partir de então, a indústria passou a empregar as novas fontes de energia, como o petróleo e as quedas-d’água usadas para gerar eletricidade.

A organização do trabalho na fábrica

No início da industrialização, crianças também trabalhavam nas fábricas. Os operários tinham de cumprir muitas horas de trabalho e recebiam salários baixos.
Eles tiveram de adaptar-se à passagem de uma vida no campo para uma vida urbana.
Se no campo o trabalho era realizado a céu aberto, nas fábricas ele ocorria em um local fechado, o que permitia controlar as atividades dos trabalhadores. No campo eles produziam o próprio alimento, enquanto nas cidades dependiam de seu trabalho para ter dinheiro e poder comprar comida.
Aos poucos foram criadas formas de organização do trabalho fabril. Vamos conhecer algumas delas: o taylorismo, o fordismo, o just-in-time e as ilhas de produção.

O taylorismo e o fordismo

A organização do trabalho fabril também passou por importantes transformações. No início do século XX, o engenheiro industrial estadunidense Frederick Winslow Taylor (1856-1915) desenvolveu um sistema que ficou conhecido como taylorismo, que dividiu as tarefas no interior da fábrica para aumentar a eficiência.
O taylorismo procurou fazer uma análise científica do trabalho na fábrica retirando o improviso da produção de modo a controlar todas as etapas do processo produtivo.
Henry Ford (1863-1947), outro engenheiro industrial dos Estados Unidos, mudou a organização do trabalho em sua fábrica de carros. Em vez de os trabalhadores se deslocarem pela fábrica para realizar suas tarefas, eles ocupavam uma posição fixa na linha de montagem e trabalhavam sem sair do lugar. As peças passavam em uma esteira rolante e cada trabalhador realizava sua tarefa repetidas vezes: um só encaixava o motor, outro apenas parafusava o motor na carroceria, outro encaixava os bancos, e assim por diante. Essa forma de produzir, que foi chamada de fordismo, diminuiu o tempo de montagem dos automóveis e aumentou a quantidade de produção.
Ford também via o trabalhador de sua fábrica como um consumidor dos produtos que ajudava a produzir na fábrica. Desse modo, garantia-se o mercado consumidor para os produtos.
Com o fordismo, o trabalho se tornou repetitivo e monótono e os operários perderam o controle sobre o processo de produção, o ritmo e os resultados da sua atividade. 

O just-in-time

Na década de 1980, uma forma de administração da produção denominada just-in-time (“bem a tempo”) tornou-se muito popular. Seu criador foi Taiichi Ohno (1912-1990), engenheiro japonês que implantou o sistema em uma fábrica de automóveis em meados da década de 1960.
Com o sistema just-in-time, a fábrica produz apenas o necessário, quando é preciso, o que evita desperdícios. É um método que trabalha praticamente sob encomenda, sem manter grandes estoques, a partir do pedido do cliente. Essa prática é diferente do fordismo, em que primeiro se produzia – e muito – para depois tentar vender o produto.
Além disso, o sistema just-in-time possibilita que os produtos sejam fabricados atendendo às exigências do consumidor. No caso de um ônibus, por exemplo, o cliente pode escolher o tamanho do veículo, os equipamentos opcionais, como ar-condicionado, rádio e acesso à internet, e até a potência do motor. É como se cada um dos ônibus que saem da fábrica tivesse sido produzido sob medida, ao gosto do comprador.

As ilhas de produção

Com o just-in-time, surgiram as chamadas ilhas de produção, onde o trabalho é desenvolvido em equipe. Cada ilha realiza praticamente todas as etapas da fabricação de um produto. Nesse sistema, o trabalhador deve conhecer suas funções e as dos demais colegas da equipe, isto é, todos devem saber realizar todas as tarefas.
O trabalho feito em uma organização de ilhas facilita a comunicação, a integração e a troca de experiências entre as equipes. As ilhas também evitam que as tarefas se tornem monótonas, pois os trabalhadores desempenham diferentes funções. Além disso, permitem aumentar a produtividade industrial e diminuir o número de mercadorias com defeito de fabricação.

As inovações e os trabalhadores

As inovações tecnológicas não param de se expandir no setor industrial, pois a maioria das grandes empresas cria programas para ampliar a capacidade de produção. Desse modo, surgem novas profissões técnicas e de nível superior, enquanto outras desaparecem.
Uma das inovações mais importantes na produção industrial foi a introdução de robôs nas linhas de montagem. Inicialmente, eles foram utilizados apenas para operar em locais que colocavam a vida dos trabalhadores em risco, como ambientes radioativos ou de temperaturas muito elevadas. Aos poucos, porém, acabaram sendo utilizados para desenvolver funções rotineiras nas linhas de montagem. Essa inovação contribuiu para perda de emprego de muitos trabalhadores, que foram substituídos pelos robôs.
A modernização das indústrias gera desemprego, pois consegue aumentar a produção sem ampliar o número de empregados. Atividades que antes exigiam quatro trabalhadores passaram a exigir apenas uma máquina e um operário.
O desemprego causado pelas novas tecnologias – como a robótica e a informática – recebe o nome de desemprego estrutural. Veja o caso dos bancos: antes era preciso ir a uma agência para fazer qualquer tipo de movimentação – sacar dinheiro, pegar talão de cheques. Hoje em dia, um caixa eletrônico possibilita fazer essas atividades sem a presença de um trabalhador.
O mesmo ocorreu na atividade industrial. As etapas de pintura, por exemplo, eram realizadas por trabalhadores. Atualmente, uma placa é imersa na tinta por um robô, sem precisar de contato com trabalhadores. Tanto os países ricos quanto os pobres são afetados pelo desemprego estrutural, um dos mais graves problemas de nossos dias.
Essas mudanças ocorridas na indústria e nos processos de produção alteraram a luta dos sindicatos de trabalhadores em todo o mundo. Antes, buscava-se, principalmente, o aumento dos salários. Atualmente, a grande reivindicação dos trabalhadores passou a ser emprego. Os sindicatos propõem, entre outras medidas, a redução da jornada de trabalho sem a diminuição do salário e a criação de mais empregos.

O surgimento das cidades brasileiras

As cidades brasileiras surgiram de diversas maneiras. Algumas, como Ouro Preto (MG) e a Cidade de Goiás, conhecida como Goiás Velho (GO), surgiram do desenvolvimento de atividades econômicas como a extração de ouro. Elas funcionavam como pontos de abastecimento e apoio para comerciantes e exploradores de pedras preciosas e ouro, que se abasteciam antes de se dirigirem às minas.

Outras, como Salvador (BA) e Recife (PE), cresceram a partir da construção de fortes para proteção contra inimigos. Veja a foto ao lado. Não por acaso estas cidades estão junto ao litoral, que era por onde poderiam surgir inimigos na época.

Algumas cidades do Brasil foram planejadas, isto é, foram desenhadas antes de serem criadas, como ocorreu em Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR) e Goiânia (GO), entre outras. As cidades planejadas cresceram mais que o previsto e hoje apresentam dificuldades semelhantes às das demais, como no deslocamento interno.

As inúmeras situações de ocupação ilegal de terrenos ou mesmo a presença de atividades comerciais em áreas  residenciais confirmam que as normas de controle de ocupação urbana não foram seguidas.

Organização da produção agrícola

No espaço rural ocorre a produção não só de alimentos, mas também de outros itens necessários à vida em sociedade, como matérias-primas (para tecidos e papel, por exemplo) e fontes de energia (como a cana-de-açúcar usada na produção de etanol). O preparo da terra para o cultivo modifica o espaço rural, que está organizado, basicamente, em duas formas: a agricultura familiar e a agropecuária industrializada.

A agricultura familiar

A maior parte da produção de alimentos no mundo vem da agricultura familiar, incluindo no Brasil. A produção é destinada, principalmente, ao abastecimento do mercado interno. São pequenos proprietários que podem empregar máquinas e insumos agrícolas e, em algumas etapas do processo produtivo, como o preparo do terreno e a colheita, contratam mão de obra temporária.
Em unidades produtivas no espaço rural classificadas como minifúndios é realizada a agricultura familiar, que é caracterizada pela produção para o consumo da própria família. Quando ocorre uma produção excedente, ela é comercializada.

A agropecuária industrializada

Com o avanço da tecnologia, espigas de milho imunes a ataques de algumas pragas, vacas capazes de multiplicar a produção de leite e porcos com mais carne e menos gordura tornaram-se possíveis.
Esses são alguns produtos da biotecnologia, desenvolvidos por grandes grupos empresariais que investem na produção agropecuária. Nesse sistema, chamado de sistema agropecuário industrializado, passou-se a programar o destino da produção a partir do momento em que as inovações tecnológicas, como sementes e matrizes para criação de animais, saem dos laboratórios.
Tamanho e peso-padrão tornaram-se palavras-chave para os produtores de frangos, ovos e frutas, por exemplo. A produção agropecuária ficou semelhante a uma fábrica. Através do melhoramento genético as frutas passaram a atender a algumas exigências do consumidor, como uva e melancia sem sementes.
O uso de novas tecnologias tem permitido a expansão dessa atividade para áreas que não eram usadas na agricultura. O espaço rural chegou ao deserto, onde a produção agrícola é alcançada com o uso equilibrado da água, emprego de estufas, irrigação subterrânea e modernos filtros.
Nas estufas a temperatura é controlada automaticamente, garantindo um ambiente adequado para a produção de tomates, pepinos e pimentões.
Os filtros são utilizados para reter fertilizantes químicos contidos em excesso na água, que é drenada dos canais de irrigação das lavouras de legumes e verduras.
As máquinas agrícolas são usadas em diversas etapas da produção. Elas podem preparar o solo para o cultivo, semeá-lo e colher a safra, dependendo da espécie cultivada e do terreno. Por isso, esse sistema agrícola também é chamado de agricultura mecanizada.

Impactos da agricultura industrializada

Em muitos lugares do mundo, é forte a presença da agricultura industrializada, o que na prática resulta em mais produção por área cultivada. Mas o custo desse sistema é elevado, devido ao investimento em biotecnologia, máquinas agrícolas e agrotóxicos.
Os agrotóxicos são aplicados para proteger os cultivos de organismos prejudiciais ao desenvolvimento das plantas. Eles funcionam também como um veneno que mata outras espécies que possam concorrer com as plantas. Parte dos produtos químicos utilizados na agricultura moderna penetra nos solos e pode contaminar a água depositada no subsolo.
A agricultura mecanizada também gera impactos sociais e ambientais. No primeiro caso, ocorre o aumento do desemprego no campo, já que as máquinas substituem muitos trabalhadores rurais, além do uso intensivo de agrotóxicos, que causam doenças em trabalhadores e, se usados sem cuidados, nos consumidores dos produtos.
Os problemas ambientais são muitos, como a perda da biodiversidade pelo desmatamento. Também ocorre a compactação do solo, resultado da presença constante de pesadas máquinas. A erosão também está associada ao uso intensivo do solo, em especial em áreas sujeitas a fortes chuvas, como ocorre em grande parte do Brasil. O transporte de solo pela água, além de retirar seus nutrientes, dificulta o uso de máquinas agrícolas.

Agricultura orgânica, urbana e agroflorestal 

No Brasil existe um movimento que cresce nos últimos anos envolvendo a produção agrícola. Trata-se dos agricultores orgânicos, que buscam se opor ao uso de agrotóxicos e à compra de sementes de empresas multinacionais. Eles usam sementes crioulas, que são resultado da seleção de anos de práticas agrícolas de pequenos agricultores. 
Parte desses agricultores cultiva as sementes ou as compra de outros agricultores que as reproduzem sem uso de intermediários ou de insumos químicos. Em geral, eles estão organizados em movimentos sociais, como o Movimento dos Pequenos Agricultores, que busca reunir agricultores empenhados em manter as práticas tradicionais no campo de modo a resgatar a identidade cultural de seus integrantes. 
Já a agricultura urbana também pode ser entendida como um movimento alternativo de produção agrícola. Ela consiste em cultivar em áreas propícias à agricultura em cidades, como terrenos sem uso, e áreas livres em habitações e condomínios, por meio de hortas comunitárias. O objetivo é oferecer comida saudável à população local. Ela diminui os custos de transporte dos alimentos, que são cultivados em pequena escala sem uso de agrotóxicos e com sementes crioulas.
O sistema agroflorestal (SAF) ou agrofloresta é formado pela introdução de espécies para fins agrícolas em áreas naturais ou em áreas degradadas. Neste último caso, o replantio de árvores é feito associado à plantação de café e banana, por exemplo. Os sistemas agroflorestais diminuem a perda de solo por erosão, evitam a compactação do solo (que costuma ocorrer pelo trânsito de máquinas pesadas) e ainda mantêm a biodiversidade, já que, diferente da monocultura, produzem várias plantas ao mesmo tempo. Outra vantagem é a possibilidade de controle de pragas de modo natural. Um inseto ou lagarta que surge na plantação pode ser fonte de alimento de pássaros, atraídos pela cobertura vegetal. Por fim, a maior presença de árvores garante maior acúmulo de água das chuvas (que penetra mais lentamente no solo) e temperaturas mais amenas. 

Sistemas agrícolas

Há cerca de 10 mil anos que a espécie humana pratica a agricultura. Por isso desde essa época pode-se falar em espaço rural. As terras agrícolas ocupam cerca de 12% da superfície terrestre. Existe uma grande diversidade de produtos cultivados. Eles foram adaptados às condições climáticas e do solo pelos povos originários, que selecionaram as sementes que melhor se adaptaram a essas condições. Portanto, por meio da transformação da paisagem, os povos originários domesticaram animais e introduziram cultivos que ainda hoje são a base da nossa cadeia alimentar.

Nos sistemas agrícolas, a terra, o trabalho, os recursos energéticos e os recursos financeiros estão integrados. Esse conjunto de elementos permite a produção de alimentos.

Rotação de culturas e pousio

Em algumas regiões da América do Sul, do sudeste asiático e da África, por exemplo, várias comunidades tradicionais praticam a rotação de culturas. Nesse sistema, o agricultor usa as terras para cultivar produtos de maneira revezada.
Nos últimos anos, foram desenvolvidos sistemas de rotação de culturas que procuram integrar produtos de modo a usar permanentemente o solo. Contudo, o cultivo deve ser feito em conjunto com uma planta que exija menos nutrientes para que se consiga, ao mesmo tempo, fazer a reposição necessária para aquela terra.
O pousio consiste em deixar o solo sem cultivo por um período, possibilitando que recupere seus nutrientes. Depois de alguns anos de descanso, a área recuperada pelos processos naturais é retomada pelos agricultores para um novo período agrícola.

Agricultura itinerante

A agricultura itinerante é um sistema tradicional, de baixo nível tecnológico, que não exige grande investimento. Nesse sistema, usa-se a técnica da coivara, que é a queimada de uma área de mata para limpar o terreno para o cultivo. Essa técnica diminui a fertilidade do solo e o pequeno agricultor desloca-se para uma nova terra e abandona a anterior. No Brasil, é praticada por povos e comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos, há muito tempo. A produção é destinada para a subsistência e a possível comercialização de excedentes.
A queimada também é praticada por grandes pecuaristas e produtores de soja, mas não está relacionada à agricultura itinerante. Na região Norte do país, extensas áreas da Floresta Amazônica são queimadas ilegalmente com o objetivo de expandir as áreas de produção. A queimada, em ambos os casos, gera problemas ecológicos e ambientais, como a destruição da vegetação nativa, o risco de o fogo sair do controle e avançar pela floresta.

Agricultura em terraços

Na cordilheira dos Andes, na América do Sul, o profundo conhecimento do relevo, do solo e do clima pelos povos originários permitiu que se criasse um sistema de agricultura em terraços (ou em degraus, como também é conhecido), no qual a água das chuvas é retida nas encostas, evitando a erosão. Esse sistema também é encontrado na Ásia. Nos Andes os principais produtos cultivados são a batata e o milho; na Ásia, o arroz.
A agricultura em terraços é decisiva para a sobrevivência das comunidades que descenderam dos povos originários e que atuam como pequenos agricultores andinos. O terreno da região é muito inclinado, e os terraços evitam que os processos erosivos sejam tão intensos e acabam retendo os nutrientes que são transportados pela água, o que resulta em um acúmulo de solo mais rico que o presente nas encostas.

Agricultura irrigada

Os chineses recorreram a métodos próprios para garantir a produção de arroz às margens do rio Yang-tse, também conhecido como rio Azul, região caracterizada por temperaturas elevadas e grande volume de chuvas, desenvolvendo o sistema de agricultura irrigada.
Muitos trabalhadores realizam as tarefas de semear o arroz em canteiros preparados, transplantar as sementes para os arrozais, arrancar as ervas daninhas e, sobretudo, controlar a inundação dos campos para o cultivo das plantas, que precisam manter suas folhas acima das águas.
O sistema de agricultura irrigada também é realizado em outros lugares. Nele há enorme concentração de mão de obra por quilômetro quadrado e pouca terra disponível. Contudo, tal sistema é de alta produtividade e dispensa a necessidade de uso de fertilizantes, pois são naturalmente trazidos pela água com abundância de matéria orgânica. O sistema não somente
acelera o crescimento do arroz como tem garantido, há séculos, duas ou três colheitas por ano em um único terreno.

Agricultura mediterrânea

A agricultura mediterrânea é um sistema agrícola que pode ser encontrado nas áreas ao redor do mar Mediterrâneo. Essas áreas apresentam inverno chuvoso, com temperaturas amenas, e verão quente e seco.
Devido ao longo período com poucas chuvas, a agricultura mediterrânea desenvolveu-se com técnicas de aproveitamento da umidade do solo e pouco uso de irrigação.
O principal produto cultivado é o trigo. Além dele, as oliveiras podem ser encontradas em toda a região mediterrânea, em especial nas áreas mais secas.


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