domingo, 18 de agosto de 2024

O agronegócio e as commodities agrícolas

O agronegócio corresponde ao conjunto de atividades voltadas para a produção agropecuária e envolve desde a produção até a comercialização de máquinas agrícolas, insumos e produtos, extrapolando o setor primário da economia.
No Brasil, o agronegócio tem forte relação com a produção das commodities agrícolas, mercadorias que possuem grande importância no mercado internacional, sendo, inclusive, comercializadas na bolsa de valores, como soja, café, algodão e milho.
A soja é um dos principais produtos brasileiros de exportação e está presente em todas as regiões do país, com predominância no Mato Grosso, no Rio Grande do Sul, no Paraná, em Goiás e no Mato Grosso do Sul.
A produção de milho possui grande relevância na produção nacional de grãos. O destino da produção é, sobretudo, o mercado interno, tanto para alimentação humana como animal. Por ser cultivado em alternância com a soja, o estado do Mato Grosso também lidera a produção nacional de milho em grãos, seguido por Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul. 
A cana-de-açúcar, cultivada no país desde o período colonial, tem grande expressão no estado de São Paulo, que responde a mais de 50% do total produzido no país. Destacam-se ainda os estados das regiões Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Importante item de exportação do país desde o fim do século XIX, o café é produzido principalmente no Espírito Santo, em Minas Gerais, na Bahia, em São Paulo e no Paraná.

Soja 

Entre as culturas temporárias, a soja destaca-se no Brasil contemporâneo, sendo cultivada em grandes propriedades. Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Usada como matéria-prima para os mais diferentes setores da indústria, como cosméticos, farmacêutica, adubos, plásticos, fábricas de óleo, de bebidas, de alimentos e de farelo. Parte importante dos complexos agroindustriais integra-se à cadeia produtiva da soja, o principal produto agrícola exportado pelo Brasil. Essa cultura vem atraindo grandes investimentos industriais no setor de processamento do produto. Recentemente, empresários chineses passaram a investir na produção e processamento de soja no Brasil para abastecer seu país de origem, o maior consumidor de soja do mundo.
Cultivada tradicionalmente nos estados do sul do país desde a década de 1970, a soja avançou sobre o Cerrado do Brasil central, transformando a paisagem dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Ela também está presente no oeste da Bahia e no Mapito, nome dado à região que compreende parte do Maranhão, do Piauí e do Tocantins.

Cana-de-açúcar 

A cana-de-açúcar é uma cultura temporária. Ela está muito bem adaptada às condições climáticas em diferentes estados brasileiros, já que é plantada desde o período colonial. A cana-de-açúcar fornece matéria-prima para as usinas processadoras que produzem açúcar e álcool. Com a mecanização da colheita da cana, muitos trabalhadores que trabalhavam no corte perderam o emprego. Porém, há um movimento para capacitar essa mão de obra para trabalhar com as novas tecnologias, como operador e eletricista de máquinas colheitadeiras. 

Laranja 

Como uma árvore de laranja produz por muitos anos, ela é considerada uma cultura permanente. Mas uma plantação exige cuidados para evitar sua contaminação por bactérias que causam doenças e danificam a árvore, que pode ter de ser eliminada. Parte das laranjas é destinada à produção de sucos industrializados, integrando uma cadeia agro industrial.

Café 

O café também é uma cultura permanente – um pé de café pode produzir por cerca de 25 anos. O café chegou ao Brasil trazido da Guiana Francesa em meados do século XVIII. A planta adaptou-se bem às condições climáticas do país, espalhando-se pelo litoral, até consolidar-se na Baixada Fluminense e no Vale do Paraíba, onde esteve ligada ao desenvolvimento dessas áreas. O café foi o principal produto de exportação do país durante o século XIX e início do século XX. Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial. O café solúvel é um exemplo da industrialização do café antes de chegar ao consumidor.

Produção agrícola no Brasil

No cultivo agrícola do Brasil, há dois tipos de cultura.
Temporária: para uma nova produção, as espécies precisam ser replantadas, como a mandioca, o feijão, o arroz e o milho.
Permanente: a mesma planta gera colheitas mais de uma vez ao longo de seu ciclo de vida, como o café e a maioria das frutas. Na produção brasileira, destacam-se os cultivos de soja, milho, cana-de-açúcar, café, algodão e laranja, que abastecem o mercado interno e são importantes produtos de exportação. O arroz, a mandioca, o feijão e a banana são produzidos principalmente para atender ao consumo nacional.

Importação de alimentos 

O Brasil importa trigo, aveia, malte, arroz, cebola, maçã, centeio, cevada e carnes, como o bacalhau. O trigo é um dos principais produtos, pois esse cereal não se desenvolve bem em locais de alta temperatura e umidade, comuns no clima Tropical. Os principais estados produtores de trigo estão na região Sul, onde predomina o clima Subtropical. A região se destaca ainda no cultivo de maçã, pêssego e uva. 

Fruticultura irrigada 

A implantação de técnicas de irrigação propiciou, em décadas recentes, o desenvolvimento da fruticultura no vale do rio São Francisco, região de divisa entre Bahia e Pernambuco. Municípios como Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) têm atingido elevada produtividade, principalmente de uva, melão, coco, goiaba e manga, com parte da produção destinada à exportação.

Acesso aos alimentos 

Embora o Brasil se destaque na produção de alimentos e nas exportações agropecuárias, há brasileiros que vivem em situação de insegurança alimentar, fazendo refeições sem regularidade, com baixo valor nutricional e pouca disponibilidade de alimentos em seus domicílios. Essa condição afeta tanto moradores das áreas urbanas quanto das áreas rurais. Entre as causas da insegurança alimentar, estão:
• desigualdade no acesso à terra, que está concentrada nas mãos de poucos produtores; 
• dificuldades de acesso a políticas públicas que visem ampliar a produção das terras; 
• baixo poder de consumo, uma vez que os preços dos alimentos são bastante elevados. Por essas razões, o fortalecimento da agricultura familiar é um dos mecanismos de combate à fome.

Práticas agrícolas sustentáveis 

Nas práticas agrícolas, é comum o desgaste e a perda de fertilidade do solo pelo uso intensivo combinado à prática da monocultura, ou seja, o cultivo de uma única espécie em determinada área. Com o desgaste do solo, cresce a necessidade do uso de fertilizantes. Entretanto, apesar de propiciarem o aumento da produção em larga escala, essas substâncias podem ser prejudiciais à saúde e ao ambiente se utilizadas em níveis elevados. A agricultura é, também, a atividade que mais consome água no Brasil: 68,4% do consumo nacional total, em 2017, segundo a Agência Nacional das Águas (ANA). Como alternativa, há cada vez mais produtores priorizando práticas agrícolas sustentáveis. Os sistemas agroecológicos, por exemplo, fazem uso de diferentes técnicas para mitigar o empobrecimento do solo, utilizar água de modo racional e evitar a proliferação de insetos e doenças. Algumas dessas técnicas são: 
• priorizar a produção e o consumo local, com o intuito de diminuir a interferência no ambiente; 
• buscar a independência de insumos externos; 
• resgatar conhecimentos tradicionais; 
• diversificar a produção, fazendo uso do sistema de rotação de culturas, inclusive com criação de animais; 
• fertilização biológica.

Recursos minerais fósseis

Petróleo, gás natural e carvão mineral são as mais importantes fontes de energia do mundo e, por isso, são recursos minerais muito cobiçados. Por se originarem de material orgânico, depositado entre camadas de rochas e decomposto ao longo de milhares de anos, são também chamados de combustíveis fósseis (quando utilizados para a geração de energia) e podem apresentar as formas sólida (caso do carvão mineral), líquida (caso do petróleo cru) ou gasosa (caso do gás natural).
Os recursos minerais energéticos brasileiros Recursos minerais fósseis Navio-plataforma de extração, armazenamento e transferência de petróleo na bacia de Santos, próximo à costa do Rio de Janeiro (RJ), 2019. Por se formarem em áreas em que houve deposição de sedimentos, os recursos minerais energéticos de origem fóssil ocorrem em áreas de bacias sedimentares. A exploração petrolífera brasileira teve início em 1939 com a descoberta de petróleo na Bahia. Desde a criação da Petrobrás, em 1953, a produção nacional tem crescido, fruto de investimentos e iniciativas governamentais em pesquisa científica e tecnológica, além de estudos exploratórios para descobrir novas reservas. O Brasil é, na atualidade, um dos países que detêm uma importante capacidade de pesquisa, extração, refinamento, processamento e distribuição de petróleo e gás natural. Em 2020, o país possuía a 16 maior reserva de petróleo do mundo e a 10 colocação na produção de petróleo cru. De gás natural, o Brasil possui a 33 maior reserva e a 30 maior produção do mundo.
As reservas petrolíferas e de gás natural brasileiras concentram-se sobretudo na plataforma continental, no oceano Atlântico. Em 2006, foi descoberta a camada pré-sal, uma área com grandes reservas de petróleo e gás natural que se estende do litoral do Espírito Santo até a costa do Paraná.

A produção de petróleo e gás natural no Brasil 

A produção de petróleo e gás natural no Brasil possui pelo menos três grandes períodos bem definidos: de 1953 a 1973, em que havia a predominância da exploração em terra e com destaque para a produção no Nordeste, principalmente no Recôncavo Baiano, Sergipe e Alagoas; de 1973 a 2006, com o início e a dominância da produção marítima, com destaque para a produção na bacia petrolífera de Campos, no Rio de Janeiro; e desde 2006 até a atualidade, com a descoberta do pré-sal e o desenvolvimento tecnológico voltado para a exploração em grandes profundidades, em que se destacam a produção nas bacias petrolíferas de Santos (SP) e de Campos (RJ).
Atualmente, em razão da localização da maior parte das reservas, a produção de petróleo e gás natural brasileiros ocorre sobretudo no mar, em profundidade. Isso exige altos investimentos e tecnologias específicas, que ocorreram no Brasil, em grande medida, com a ação governamental de pesquisa e conhecimento do território (com o aprofundamento de estudos sísmicos das camadas de rochas no mar). Os investimentos, principalmente após a década de 1970, também buscavam reforçar a autonomia tecnológica da Petrobras, com o desenvolvimento de plataformas de perfuração e a exploração de sistemas de produção marítimos. 
Desde a descoberta do pré-sal, em 2006, a produção vem crescendo em ritmo acelerado no país. A produção é predominantemente petrolífera e ocorre de forma concentrada principalmente nos estados de Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.

A infraestrutura brasileira para produção de petróleo 

A produção de petróleo e gás natural exige um grande aparato tecnológico e de infraestruturas. Independentemente de a extração desses recursos ocorrer no mar ou na terra, são necessárias diversas etapas para que essas matérias-primas possam ser utilizadas de fato. Após a extração, o petróleo e o gás natural são transportados por oleodutos (no caso do petróleo), por gasodutos (no caso do gás natural) ou por navios petroleiros, sendo deslocados até terminais, tanques de armazenamento, refinarias e unidades de processamento.
A rede brasileira de oleodutos e gasodutos é, portanto, de grande importância para a interligação entre extração, refino e distribuição, além de garantir o abastecimento com matéria-prima de centrais de produção de energia elétrica. Além do abastecimento nacional, há também relações com outros países da América do Sul, como é o caso da Bolívia. Os dois países compartilham uma via de transporte que percorre 3 150 quilômetros e é responsável por grande parte do abastecimento de gás natural do Brasil.

As reservas e a produção de carvão mineral no Brasil 

O carvão mineral é um dos mais importantes recursos minerais energéticos. No entanto, no Brasil as reservas apresentam baixa quantidade e qualidade, concentrando-se na região Sul, sobretudo nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Na cidade de Tubarão, em Santa Catarina, o carvão mineral é processado e vendido para utilização em indústrias siderúrgicas. Nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, é utilizado para fins energéticos,

Impactos ambientais do uso de recursos fósseis 

O uso de recursos minerais fósseis tem efeitos ambientais desde a fase de busca por reservas até o consumo. A maior parte do petróleo brasileiro é explorada no fundo oceânico e, para descobrir novos poços, uma das técnicas usadas consiste na emissão de ondas no fundo marinho. Essa técnica gera a fuga e até mesmo a morte de espécies marinhas, afetando também a pesca. 
O derramamento de petróleo é outro risco constante na atividade extrativa. Ele pode ocorrer durante a exploração e o transporte do material, causando danos graves aos ecossistemas. Em 2019, um extenso trecho do litoral brasileiro foi poluído por petróleo derramado por um navio de origem grega. O óleo chegou a diversas praias, desde o Maranhão até o Rio de Janeiro. 
O consumo de combustíveis produzidos a partir do petróleo, como gasolina e diesel, também causa a emissão de gases poluentes na atmosfera. A mistura de biocombustíveis, como o etanol, é uma das medidas adotadas, no Brasil, para reduzir essa emissão.

Impactos da mineração

Com exceção da exploração de petróleo e gás, a maior parte das atividades mineradoras no Brasil é realizada em minas, a céu aberto. Esse tipo de exploração altera o relevo local, causa a remoção da vegetação e da fauna e é capaz de provocar a contaminação da atmosfera com gases e poeira, além da poluição e o assoreamento dos rios. O assoreamento ocorre quando sedimentos se acumulam no leito do rio e reduzem a velocidade de seu escoamento ou causam obstrução das águas. 
Após o fim da exploração, as empresas mineradoras são responsáveis pela recuperação ambiental das áreas degradadas. Se considerarmos o histórico da mineração no Brasil, essa exigência é recente, presente na Constituição Federal de 1988. 
Na mineração de rochas, como mármore, granito e brita, o material extraído é o próprio produto comercializado, o que torna a recuperação relativamente mais simples. Na exploração de minérios, o mineral ou metal de interesse comercial é separado de outros materiais presentes no subsolo, dando origem aos rejeitos. Essa sobra pode ser reaproveitada para outros usos ou deve ser depositada com segurança pelas empresas mineradoras. 
Dois grandes desastres ocorreram no Brasil em 2015 e 2019, como resultado do rompimento de barragens que estocavam rejeitos da mineração nos municípios de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais. O material espalhado soterrou casas, pessoas, animais, destruiu vias de transporte e poluiu os rios Doce e Paraopeba, impedindo a pesca e a captação de água para consumo.

Recursos minerais brasileiros

Os minerais são substâncias químicas encontradas na natureza e compõem as rochas. Por possuírem determinadas propriedades como resistência, brilho ou capacidade de serem moldados, são usados pelos seres humanos para diversos fins e têm grande importância econômica para os países, incluindo o Brasil. Quando possuem valor econômico, os minerais são chamados minérios.
A exploração de recursos minerais no Brasil No Brasil, a mineração é realizada de diversas formas. Nos garimpos, é feita com uma quantidade pequena de equipamentos, mão de obra pouco especializada e infraestrutura escassa. Na mineração industrial, há intensa mecanização nas diversas etapas da atividade: extração, transporte e processamento do material. Os minerais podem ser metálicos ou não metálicos. Do valor comercializado no Brasil, os minerais metálicos respondem por 80%, os não metálicos por 20%.

Os minerais metálicos 

O ferro se destaca como principal minério explorado em termos de valores gerados, com a produção concentrada no Pará, na Serra dos Carajás e em Minas Gerais, na área conhecida como Quadrilátero Ferrífero. O ferro é muito utilizado para a fabricação do aço, importante material para a construção civil, a indústria de transportes, a produção de aparelhos elétricos e eletrônicos, entre outros. 
Outro importante minério explorado é o ouro, muito utilizado na fabricação de moedas, mas também em joias, em objetos de decoração e na indústria eletrônica. Os principais estados produtores são Minas Gerais, Mato Grosso, Pará e Bahia. 
O cobre, por sua capacidade de transmissão de energia, é muito utilizado como material de fiações e de circuitos eletrônicos de computadores, celulares e televisões, mas também em tubulações de água e de gás, utensílios domésticos, navios, etc. No Brasil, a maior parte da produção ocorre no Pará, na Serra dos Carajás, mas também em Goiás e na Bahia. 
O potássio é de grande importância para a agricultura, sendo matéria-prima para a produção de fertilizantes. Em 2021, foram descobertas reservas de potássio na bacia Amazônica, o que pode elevar a capacidade de produção nacional e reduzir as necessidades de importação.

Os minerais não metálicos 

Em 2019, havia 18 040 unidades produtoras de minerais no Brasil, sendo que a maior parte era dedicada à exploração de matérias brutas com minerais não metálicos. Destacam-se os que são utilizados na construção civil, como areia, brita, cascalho, argila, rochas ornamentais, calcário e saibro. O sal marinho é um recurso mineral não metálico explorado no litoral brasileiro. O Rio Grande do Norte é responsável por mais de 90% da produção nacional desse recurso. 

As exportações e as importações de minérios brasileiros 

A exploração de recursos minerais tem grande importância na economia brasileira. Os minérios metálicos, como ferro, ouro e cobre, estão entre os principais produtos exportados. Entre os minerais não metálicos, as pedras naturais e os revestimentos ornamentais são destaques. A China é o principal mercado de exportações, principalmente de ferro, cobre, nióbio e manganês. Para o Canadá, destinam-se, principalmente, ouro e bauxita (minério para a fabricação de alumínio). Entre as importações, o potássio foi o principal minério importado em 2019, seguido pelo carvão mineral, o cobre e o enxofre. O Canadá e a Rússia foram os principais países de origem, ao passo que o carvão mineral foi importado principalmente dos Estados Unidos e da Colômbia.

Extrativismo no Brasil

O extrativismo compreende um conjunto variado de atividades de coleta, extração e caça que garantem a subsistência da população e o que garantem a subsistência da população e o fornecimento de matérias-primas para o artesanato e para as indústrias. Por essa razão, sua exploração deve ser feita de modo a garantir o uso sustentável dos recursos naturais, evitando danos aos ecossistemas, às paisagens e às sociedades locais. Uma característica marcante dessas atividades é a importância econômica e social para as comunidades das áreas onde são realizadas.
De modo geral, a prática do extrativismo exige conhecimento sobre o território. As atividades extrativas A extração de pau-brasil foi uma das primeiras atividades realizadas no Brasil pelos colonizadores portugueses nos primeiros séculos de dominação. Posteriormente, desenvolveram-se outras atividades, como a agricultura, a pecuária e a produção de açúcar. No entanto, as atividades extrativas seguem sendo realizadas no Brasil, tanto de maneira tradicional – envolvendo conhecimentos ancestrais em comunidades localizadas por todo o país – quanto em escala industrial – provocando intensas transformações nas paisagens e contando com o uso de equipamentos modernos.
As atividades extrativas A extração de pau-brasil foi uma das primeiras atividades realizadas no Brasil pelos colonizadores portugueses nos primeiros séculos de dominação. Posteriormente, desenvolveram-se outras atividades, como a agricultura, a pecuária e a produção de açúcar. No entanto, as atividades extrativas seguem sendo realizadas no Brasil, tanto de maneira tradicional – envolvendo conhecimentos ancestrais em comunidades localizadas por todo o país – quanto em escala industrial – provocando intensas transformações nas paisagens e contando com o uso de equipamentos modernos.

Extrativismo mineral 

O extrativismo mineral (mineração) corresponde à extração de materiais do subsolo. Pode ser subterrâneo ou a céu aberto e, neste último caso, o relevo é profundamente alterado. Ele também exige a realocação de materiais de rejeito, ou seja, todo material que não foi aproveitado economicamente e precisa ser depositado de maneira segura para não causar poluição do ar, dos rios, do solo e da água subterrânea. Também há risco de contaminação por substâncias empregadas no processo extrativo, como o mercúrio, metal muito usado na mineração de ouro. Considerando que os recursos minerais não são renováveis, ou seja, não são repostos pela natureza em velocidade compatível com o ritmo de consumo humano, é preciso valorizá-los e reciclá-los, sempre que  possível.

Extrativismo animal 

O extrativismo animal compreende as atividades de caça e pesca. No Brasil, com a finalidade de proteger a fauna, a prática da caça é proibida desde 1967, sendo permitida somente às comunidades indígenas. A pesca no Brasil é beneficiada pela extensão do litoral e das redes hidrográficas, sendo realizada de diversas formas. Veja algumas delas a seguir. 
Artesanal: praticada por pescador desembarcado ou em embarcações de pequeno porte. 
Industrial: praticada com finalidade comercial por pescadores autônomos ou empresas, em embarcações de portes variados. 
Científica: com a finalidade de pesquisa. 
Amadora: para fins de lazer. 
Subsistência: para consumo próprio ou escambo, sem fins lucrativos. 
A proibição da pesca ocorre nos períodos de defeso, meses em que os peixes se reproduzem. Quando a atividade pesqueira não considera o ritmo de reprodução das espécies, há risco de desequilíbrio das cadeias alimentares aquáticas e até mesmo de extinção de espécies.


sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Distribuição populacional no Brasil

A população brasileira não está distribuída igualitariamente pelo território do país. As áreas mais povoadas são aquelas com maior concentração de atividades econômicas.
O Brasil possui um extenso território. Por essa razão, embora seja um país populoso, por possuir muitos habitantes, não é um país muito povoado. O povoamento se refere à distribuição da população pelo território, e a principal medida para identificar a intensidade do povoamento de um país ou região é a densidade demográfica ou população relativa. Seu valor é obtido pela divisão do número total de habitantes pela área do local, sendo geralmente expresso em habitantes por quilômetro quadrado (hab./km2 ). Em 2022, a densidade demográfica do Brasil era de 25,1 hab./km2 , segundo dados do IBGE. Contudo, o valor da densidade demográfica não reflete a distribuição exata da população no território, já que há estados e regiões com maior e menor densidade de ocupação.
No Brasil, os séculos de colonização consolidaram um padrão de ocupação do território voltado para o litoral. Apesar de as comunidades indígenas habitarem e conhecerem o interior do território que viria a ser o Brasil, até o século XX essa extensa área não apresentava uma população tão numerosa quanto a faixa litorânea. Muitos núcleos de ocupação colonial no litoral deram origem a cidades que hoje concentram grande parcela da população brasileira.

Interiorização da ocupação

Em oposição à faixa litorânea do Brasil, o interior do país apresenta densidade demográfica mais baixa. Em razão disso, foram criados, pelo governo federal, projetos de interiorização da ocupação. Em meados do século XX, a ideia de que o interior constituía um “vazio demográfico” se associava à intenção de promover o desenvolvimento econômico, proteger as fronteiras nacionais e integrar o território brasileiro com a instalação de vias de transporte.
A Marcha para o Oeste foi um projeto lançado no governo de Getúlio Vargas na década de 1940. Como parte do projeto, foi organizada a Expedição Roncador-Xingu para reconhecer e mapear a região situada entre os rios Araguaia e Xingu, criar estradas e pistas de pouso para aviões e identificar áreas habitadas por povos indígenas. Os irmãos Cláudio, Orlando e Leonardo Villas Bôas foram chefes das expedições para essa região. Depois de adquirir conhecimento local e experiência no contato com povos indígenas, eles propuseram ao governo federal, junto a outros estudiosos e lideranças, a criação do Parque Indígena do Xingu, que ocorreu em 1961.
A transferência da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília foi mais uma iniciativa governamental para a ocupação do interior do Brasil. Desde o período imperial, havia políticos defensores da mudança da capital para o interior, onde estivesse protegida de ataques estrangeiros. Essa mudança foi realizada no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961). Desde sua construção, iniciada em 1956, Brasília atraiu milhares de migrantes que se dedicaram a sua construção e, posteriormente, funcionários dos órgãos de governo que seriam transferidos do Rio de Janeiro para a nova capital. Entre 1960 e 2000, o Distrito Federal passou de 14 0165 para 2 051 146 habitantes.

Os projetos de colonização da Amazônia

Brasília tornou-se o centro político do país e um ponto estratégico para a integração nacional. Ainda no governo de Juscelino Kubitschek, foram construídas as rodovias Belém-Brasília (BR-010) e Brasília-Acre (BR-029) que ligavam a cidade ao norte e ao oeste do país, respectivamente. Durante a ditadura civil-militar (1964-1985), a integração e o desenvolvimento regional motivaram a elaboração de planos governamentais. O presidente Emílio Garrastazu Médici (1905-1985), por exemplo, lançou o Programa de Integração Nacional (PIN), que previa a construção de rodovias e núcleos de ocupação agrícola na Amazônia. Segundo ele, resolviam-se, assim, dois problemas nacionais: “o do homem sem terras no Nordeste e o da terra sem homens na Amazônia”. Assim, foram construídas extensas rodovias federais, muitas delas na região Norte, como a Transamazônica (BR-230) e a Cuiabá-Santarém (BR-163). Segundo os programas de desenvolvimento desse período, seriam implantados núcleos de colonização agrícola ao longo dessas rodovias. 
Porém, até hoje, muitos trechos dessas rodovias não têm pavimentação, e o tráfego de veículos, especialmente caminhões, é dificultado em períodos chuvosos. Em 1970, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foi criado para regulamentar o estabelecimento de migrantes, principalmente do Nordeste, em núcleos de colonização. O objetivo do programa era atrair migrantes para a Amazônia, considerada desabitada e isolada economicamente. Muitos desses migrantes eram pessoas pobres e com dificuldade de acesso à terra, resultante de uma estrutura fundiária concentradora, ou seja, a posse da maioria das terras nas mãos de poucos proprietários. O projeto chegou a atrair milhares de migrantes para a região Norte e deu origem a municípios como Medicilândia e Pacajá, no Pará. Entretanto, não obteve o êxito esperado em decorrência da falta de infraestrutura de atendimento à população e da insuficiência de apoio para o desenvolvimento da produção agrícola.

Produção de energia no Brasil

Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...