sábado, 4 de janeiro de 2025

A classe trabalhadora e os sindicatos

As greves dos metalúrgicos de 1979-80 demonstraram, em pleno regime militar, que as organizações sindicais tinham conquistado uma força política no cenário nacional. Greves bem organizadas poderiam “parar” o país, obrigar os empresários a negociar com os trabalhadores e pressionar o governo a estabelecer uma mediação entre patrões e empregados. Sindicatos de diversas categorias, inclusive do setor de serviços, como professores e bancários, se fortaleceram a partir da década de 1990, tornando-se uma voz importante na luta por direitos trabalhistas. Os atos públicos, as passeatas e, principalmente, as greves foram instrumentos de pressão para exigir reajustes salariais e respeito aos direitos constitucionais.

O setor empresarial reagiu às pressões dos sindicatos fortalecendo as instituições que os representam, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a federação dos bancos (Febraban) e a associação dos fabricantes de automóveis (Anfavea). Nas eleições presidenciais de 1989, por exemplo, os sindicatos de trabalhadores e as federações empresariais apoiaram diferentes candidatos e participaram ativamente das campanhas.

Na década de 1990, com o avanço da automação das fábricas, houve a redução do número de empregos e o aumento das disputas por vagas de trabalho. Ao mesmo tempo, com a diminuição dos empregos formais, ou seja, que possuem um contrato de trabalho regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), menos trabalhadores passaram a ter acesso a importantes direitos trabalhistas, como 13 o salário, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e férias remuneradas. Com a estabilidade econômica e as políticas sociais implementadas entre 2000 e 2010, houve a ampliação de empregos e de trabalhadores contratados formalmente.

Contudo, uma reforma das leis trabalhistas, aprovada em 2016, reduziu significativamente esses direitos que protegiam os trabalhadores. Apesar da precarização, novas formas de reivindicação de direitos têm surgido, como os protestos dos entregadores de aplicativos. Em 1 o de julho de 2020, uma greve mobilizou milhares de entregadores em vários estados do país a fim de exigir o aumento do valor das corridas, seguro contra roubo e acidente e assistência à saúde.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

O neoliberalismo

Entre o final da década de 1960 e o início da década de 1970, uma nova filosofia econômica começou a ganhar força em oposição à política de bem-estar social, que predominou na Europa após a Segunda Guerra. Essa filosofia procura revisar as ideias liberais e defende menor participação do Estado na economia, a liberdade de ação das grandes empresas e a especulação financeira. Como essa filosofia econômica promoveu uma espécie de resgate do liberalismo clássico, ela passou a ser conhecida como neoliberalismo. Uma das primeiras e mais conhecidas experiências neoliberais do século XX foi implementada nos anos 1970 no Chile, durante a ditadura do general Augusto Pinochet. Em seu governo, o Chile implementou políticas de privatização de serviços públicos, como educação, saúde e previdência, e de empresas estatais. O neoliberalismo chileno opnha-se à política de bem-estar social praticada na Europa, onde o Estado possuía uma forte presença na economia e na oferta de serviços voltados à população.

Os políticos neoliberais

Como vimos nas páginas iniciais desta trilha, durante a Guerra Fria, diante do medo do avanço do socialismo e em meio à crise social, os países considerados mais desenvolvidos do bloco capitalista viram-se obrigados a garantir condições que promovessem o bem-estar social, a recuperação econômica e a prosperidade. Mas, com o declínio do socialismo e o fim da polarização política, os líderes ocidentais declararam a vitória do capitalismo e implementaram reformas neoliberais. Nos anos 1980, Ronald Reagan (1911-2004), nos Estados Unidos, e Margaret Thatcher (1925- -2013), no Reino Unido, despontavam como políticos de uma nova era, promovendo um avanço mundial da economia neoliberal. Os programas de privatizações de serviços públicos e indústrias básicas (como as que fornecem água, gás e eletricidade) implementados pelos governos de Reagan e Thatcher foram seguidos por diversos países e representaram um significativo avanço do neoliberalismo durante o período.

Ronald Reagan

Nos Estados Unidos, as crises internas e internacionais dos anos 1970 abriram espaço para o avanço das políticas neoliberais. Ronald Reagan foi eleito presidente em 1981 com o slogan “Vamos tornar a América grande novamente”. Reagan tinha forte adesão entre os eleitores brancos e conservadores. Diversos historiadores estadunidenses apontam para a centralidade das relações raciais nesse contexto. A expressão “reação branca” foi usada para caracterizar a resposta negativa de pessoas brancas ao progresso de outros grupos étnicos, que conquistavam direitos, oportunidades e uma crescente paridade cultural desde as lutas pelos direitos civis nos anos 1960. Reagan construiu uma estratégia de governo que desestruturava as políticas direcionadas a esses grupos e fomentava as rivalidades e os preconceitos étnico-raciais nos Estados Unidos.

Margaret Thatcher

Thatcher se tornou primeira-ministra do Reino Unido em 1979, com as promessas de restaurar a competitividade econômica inglesa, restringir o poder dos sindicatos, reduzir os impostos e promover privatizações. Ela se manteve no cargo até 1990. Foi a primeira mulher a ocupar essa posição na história inglesa e ficou conhecida como a “dama de ferro” por causa de suas decisões inflexíveis e ações contundentes.

O avanço das políticas neoliberais na América Latina O Consenso de Washington foi um conjunto de medidas neoliberais formuladas por economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial e do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, reunidos em Washington, D.C., nos Estados Unidos, em 1989. O objetivo era estimular o desenvolvimento econômico dos países subdesenvolvidos, que possuíam um padrão de vida baixo ou médio e baixo crescimento da economia. Na década de 1980, a América Latina atravessou um período de profunda crise econômica, caracterizada pela diminuição da renda, pelo aumento do desemprego e pela hiperinflação em diversos países, além do crescimento descontrolado da dívida externa. Em 1982, o México declarou moratória devido a sua incapacidade de arcar com sua dívida externa.

O temor de que outros países latino-americanos seguissem o caminho do México fez com que investidores do mundo todo parassem de investir na região. Esse cenário aprofundou a crise e teve como resultado o aumento da pobreza e da fome na América Latina. Assim, o Consenso de Washington defendeu a implementação de medidas neoliberais como a solução para os problemas econômicos e sociais latino-americanos. Entre elas, estavam a redução dos gastos com políticas sociais, a privatização de empresas estatais e de serviços públicos e a maior abertura da economia. No entanto, a implementação do Consenso de Washington em países como Argentina, México e Brasil teve resultados contraditórios.

De uma perspectiva mais ampla, trouxe certa estabilidade para a economia, mas o crescimento ficou abaixo do esperado. No Brasil, o aumento na entrada de empresas e produtos estrangeiros fez com que empresas nacionais falissem por não conseguirem concorrer com os produtos importados. Assim, ao longo dos anos 1990, a indústria brasileira diminuiu consideravelmente. A redução do investimento em políticas públicas e sociais voltadas à população mais pobre teve um enorme impacto na América Latina. A pobreza aumentou consideravelmente em toda a região, além da diminuição do acesso a direitos básicos, como educação e saúde pública.

Estado de bem-estar social

O pensamento liberal tornou-se a ideologia da burguesia em ascensão na Europa ocidental e caracterizou-se pela contestação dos privilégios da nobreza. Ao longo do século XIX e no início do século XX, o liberalismo econômico, que defendia a propriedade privada e a mínima intervenção do governo na economia, tornou-se predominante ao redor do mundo. No entanto, nas primeiras décadas do século XX, o mundo capitalista vivenciou um período de instabilidade, marcado por um enorme aumento da desigualdade, sucessivas crises econômicas, sendo a principal delas a crise da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, e o surgimento de um modelo econômico e social alternativo ao capitalismo com a Revolução Russa de 1917. O ponto culminante dessa crise foram as duas grandes Guerras Mundiais

No pós-Segunda Guerra, com a Europa devastada, o liberalismo passou a ser amplamente contestado. Porém, o socialismo soviético ainda era visto como uma ameaça pelos países capitalistas, sobretudo pelos Estados Unidos. Assim, durante a reconstrução da Europa ocidental nas décadas de 1940 e 1950, desenvolveu-se a concepção de que o Estado tinha o dever de intervir na economia e na distribuição das riquezas nacionais, afastando-se das premissas liberais. Diversos países, sobretudo europeus, criaram empresas estatais e programas sociais, dando origem ao Estado de bem-estar social, ou Welfare state.
O consumismo do pós-guerra e o Welfare state Assim como havia ocorrido após a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos passaram por um período de crescimento econômico e otimismo depois de 1945. O Plano Marshall abriu os mercados europeus para os produtos estadunidenses e, internamente, a população começou a ter acesso a bens de consumo. Havia um sentimento de otimismo, principalmente para a classe média branca, que passou a adquirir automóveis, eletrodomésticos e televisores. 
No contexto da Guerra Fria, o consumo tornou-se um símbolo de liberdade, democracia e igualdade. Os Estados Unidos impunham, para si e para o mundo, a ideia de que a escassez de opções de consumo na União Soviética era sinal de atraso econômico. A influência dos Estados Unidos se expandiu sobre o mundo ocidental com os produtos industrializados, mas também por influência do cinema, da televisão, do rádio e da moda, que difundiam o estilo de vida estadunidense (American way of life). 
Os países da Europa ocidental, para se contrapor às políticas de proteção social que existiam nos países socialistas, criaram políticas públicas de bem-estar para sua população. O conjunto dessas medidas ficou conhecido como Estado de bem-estar social (Welfare state). 
O Estado de bem-estar social se caracteriza pela intervenção do Estado na economia, fornecendo benefícios e auxílios para promover segurança social à população. Os governos começaram a fornecer gratuitamente e de forma universal saúde, educação e previdência social.

As transnacionais e o fim do Estado de bem-estar social

Como vimos, há uma profunda conexão entre o fortalecimento das transnacionais e as transformações tecnológicas dos meios de comunicação e transporte. Por exemplo, a compra e a venda de ações foram facilitadas pelas redes de computadores e satélites, favorecendo a especulação financeira promovida pelas grandes empresas. Novas tecnologias microeletrônicas, que desencadearam uma revolução na comunicação, tornaram o papel-moeda ultrapassado. Assim, o modo de conduzir os negócios em escala global foi rapidamente se transformando, especialmente durante os anos 1990, após o fim do socialismo na Europa. As transnacionais adquiriram grande influência sobre a economia mundial, interferindo nos governos e nas relações internacionais. A produção em países ricos que adotavam políticas de bem-estar social tornou-se desvantajosa devido ao alto custo da mão de obra e dos impostos. Um dos resultados desse amplo processo de mudanças nas relações político-econômicas mundiais foi o desmonte do Estado de bem-estar social. Além disso, houve o aumento das desigualdades e uma transformação profunda dos valores sociais, cada vez mais orientados pelos ideais da eficiência e da competitividade.

As calças jeans

Até os anos 1960, a maior parte das roupas usadas na União Soviética era fabricada pelo Estado. Geralmente, os homens vestiam camisas e ternos largos e as mulheres, vestidos simples. Mas, com a abertura gradual, a moda ocidental passou a influenciar o consumo e o vestuário soviético. Na década de 1980, as roupas se diversificaram e peças de marcas estadunidenses começaram a ser contrabandeadas e comercializadas a preços elevadíssimos. Era o caso das calças jeans. Mas por que elas eram tão desejadas? As calças jeans que conhecemos hoje, fabricadas com bolsos e rebites resistentes (aquelas peças de metal nas costuras), foram patenteadas nos Estados Unidos em 1873.

Até os anos 1950, elas eram usadas predominantemente por trabalhadores das áreas rurais do país. Por serem resistentes, duráveis e confortáveis, essas peças eram consideradas adequadas para a realização de trabalhos pesados. Contudo, em 1960, as calças jeans deixaram de ser usadas exclusivamente por trabalhadores rurais. Grandes astros de Hollywood, como Marlon Brando e Elvis Presley, as utilizavam como símbolo de rebeldia. Rapidamente, elas passaram a integrar o guarda-roupa dos jovens ligados aos movimentos de contracultura, popularizando-se ao longo dos anos. Em 2012, os pesquisadores Daniel Miller e Sophie Woodward publicaram um livro sobre as calças jeans.

De acordo com eles, atualmente, sua produção, sua comercialização e seu consumo abrangem o mundo todo. Para Miller, o verdadeiro poder de um objeto pode ser percebido quando o utilizamos sem pensar sobre ele. Ou seja, quando não percebemos o modo como ele restringe ou viabiliza nossas ações e nossa compreensão sobre nós mesmos e o mundo.

Acidente nuclear de Chernobyl

Durante a Segunda Guerra Mundial, as bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão, mostraram ao mundo o poder de destruição da energia nuclear. Apesar disso, essa tecnologia passou a ser utilizada para a produção de energia elétrica em diversos países, como Estados Unidos, França, Canadá, Espanha, URSS, Brasil, entre outros exemplos. Em meio às crises econômica e política, a URSS foi palco de um dos maiores desastres nucleares da história. Em 1986, houve a explosão de um reator da usina termonuclear de Chernobyl, na Ucrânia soviética. Com o acidente, milhares de pessoas e um número não estimado de animais e plantas foram expostos à radiação. Muitas pessoas morreram rapidamente ou desenvolveram sequelas graves, pois o contato com a radiação causa danos irreversíveis às células, como câncer e doenças cardiovasculares.

Além disso, a nuvem radioativa percorreu o céu da Europa, levando pânico e preocupação a vários países. Para você ter uma ideia, nos dias seguintes à explosão, partículas radiativas foram detectadas na Suécia, aproximadamente a 1 100 quilômetros de Chernobyl. A URSS menosprezou a gravidade da situação, mas teve de assumir a responsabilidade pelo acidente e iniciou um plano de evacuação da região, que até hoje se encontra desabitada por causa dos riscos radioativos. O acidente de Chernobyl chocou o mundo e provocou debates sobre o desarmamento nuclear.

No contexto das reformas, Gorbachev negociou com os Estados Unidos tratados de redução da produção de armas nucleares e de retirada de mísseis do território europeu. Assim, iniciaram-se os acordos pela paz. Além disso, o líder soviético também propôs o fim da KGB (o serviço secreto soviético), da Comecom (organização econômica de assistência mútua entre os países do Leste Europeu) e do Pacto de Varsóvia (aliança militar socialista). Na prática, Gorbachev dava sinais de que a URSS deixaria de intervir nos países que estavam sob sua influência.

Criação da OLP

Em 1964, os palestinos fundaram a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), tendo Yasser Arafat (1929-2004) como um de seus principais líderes. O líder palestino Arafat e o primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin (1922- -1995), assinaram um primeiro acordo de paz em setembro de 1993. Nesse acordo, a OLP reconhecia o Estado de Israel, e o governo israelense aceitava a formação de um Estado palestino. Após esse acordo, formou-se o primeiro governo palestino autônomo (a Autoridade Nacional Palestina), com sede na cidade de Ramallah, que fica próximo a Jerusalém. Entretanto, o assassinato de Yitzhak Rabin, em 1995, por um judeu fundamentalista, fez a negociação retroceder.

Em 2004, Arafat morreu e a Autoridade Nacional Palestina passou a ser presidida por Mahmoud Abbas, que retomou o diálogo com os israelenses. Entretanto, as negociações entre israelenses e palestinos não avançaram rumo a soluções pacíficas e duradouras. Um dos pontos principais das desavenças é a situação de Jerusalém, cidade considerada sagrada por judeus, muçulmanos e cristãos. Enquanto os palestinos pretendem transformar a parte oriental de Jerusalém na capital de seu futuro Estado, os israelenses não querem abrir mão do controle sobre toda a cidade e, também, pretendem tornar Jerusalém a capital de Israel. Para isso, os israelenses contam com o apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Negacionismo: História e Ciência

No século XXI, as redes sociais permitiram que movimentos políticos de extrema direita manifestassem suas ideias retrógradas em grande escala. Grupos se formaram nas redes sociais com o objetivo de desqualificar o saber científico, manipular informações, recorrer a falsos especialistas para produzir desinformações e divulgar fake news. Eles negam eventos científicos e históricos que foram pesquisados, estudados e comprovados, preferindo opiniões pessoais, muitas delas estapafúrdias. Um exemplo é a crença de que o planeta Terra é plano. A opinião pessoal se sobrepõe ao conhecimento científico, apesar das provas em contrário.

Esse também é o caso daqueles que negam a eficácia das vacinas desenvolvidas contra a covid-19, preferindo não se vacinar e expondo-se ao risco de morte. Outro exemplo de negacionismo é desacreditar o fenômeno do aquecimento global. O negacionismo também atua de maneira perversa na história. Há os que negam o assassinato de 6 milhões de judeus pelos nazistas, embora as provas do genocídio sejam inúmeras, variadas e evidentes. A negação do Holocausto é um exemplo, mas há vários outros, como o de que o ser humano não pisou na Lua ou de que não houve ditadura militar no Brasil. Esses movimentos negam e recusam os fatos, as evidências, as pesquisas e as comprovações dos campos da Ciência e da História. O negacionista prefere a crença, a opinião pessoal e a produção da ignorância.

Geografia da Paraíba

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