sábado, 14 de maio de 2022

Revoltas em que a PB Participou

Revoluções Liberais    

Ideais liberais começaram a se expandir por toda a região no final do século XVIII para o século XIX. As sementes do liberalismo, aqui introduzidas por padres, senhores de engenhos e militares, congregados em sociedades secretas de cunho revolucionário.

A passagem do século XVIII para o XIX foi marcada pelo surgimento de ideias revolucionárias. No mundo surgia o estilo literário conhecido como Realismo/Naturalismo, que procurava descrever as classes inferiores e mostrar os aspectos mais degradantes e cruéis da sociedade.  Na Paraíba a maçonaria foi a mola propulsora para que esta corrente fosse divulgada por toda a região. Entre as principais revoluções que ocorreram e nas quais a Paraíba teve uma função ativa podemos encontrar: a Revolução de 1817 – movimento de caráter republicano e separatista e que foi fortemente influenciado pela Revolução Francesa; a Confederação do Equador de 1824 – revolta provocada diante da atitude autocrática de D. Pedro I. Seus principais líderes objetivavam reunir todas as províncias do Nordeste em uma República denominada de Confederação do Equador. Em 1874 ocorreu outra revolta popular que ficou conhecida como a Revolta dos Quebra-quilos, quando, indignados com a mudança no sistema de pesos e medidas, a população se rebelou, saqueando as feiras e destruindo o sistema métrico do comércio. 

O mundo todo se baseava no ponto de vista científico. Temos como exemplo o padre Manoel Arruda, que começou a pesquisar a fauna e a flora nordestina. Todas estas ideias liberais provocaram um surto revolucionário, no qual podemos citar as revoluções de 1817, 1824 e 1848, todas com tendências republicanas, federalistas e democráticas. Revolução de 1817: Este movimento de caráter republicano e separatista, surgiu na Província de Pernambuco e logo se espalhou pelas províncias de Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Influenciados pela Revolução Francesa e polo exemplo de República norte-americano, os revoltosos queriam emancipar o Brasil. Quando a revolta estourou os revoltosos instalaram um governo provisório republicano. Porém o Governo Geral não perdeu tempo. Quatro meses depois os líderes da revolta foram condenados à morte e a revolução contida. Como líderes da revolução podemos citar Domingos José da Silva (comerciante) e os paraibanos militares Peregrino de Carvalho e Amaro Gomes. 

Revolução de 1817

Este movimento de caráter republicano e separatista, surgiu na Província de Pernambuco e logo se espalhou pelas províncias de Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Influenciados pela Revolução Francesa e polo exemplo de República norte-americano, os revoltosos queriam emancipar o Brasil. Quando a revolta estourou os revoltosos instalaram um governo provisório republicano. 

a Paraíba toma posição em prol da chamada Revolução Pernambucana que rapidamente galvanizava a cidade da Parahyba cujos sinos repicam em sua honra, com imediata adesão das então vilas de Pombal, Itabaiana, Pilar, Souza, Campina Grande (então Vila Nova da Rainha), Mamanguape e Alagoa Nova.

Descendo de Pilar e Itabaiana, as colunas revolucionárias, lideradas pelo comandante João Batista do Rêgo, padre Antônio Pereira de Albuquerque e jovem Manuel Clemente, encontrarão a cidade da Paraíba já conflagrada, sob o comando de, entre outros, o tenente-coronel Estevão Carneiro, capitão José de Melo, tenente-coronel José Peregrino de Carvalho, tenente-coronel Francisco José da Silveira e Coronel Amaro Gomes Coutinho, comandante do Regimento de Milícias de brancos.

Entre todos esses, dois se destacam sobremaneira, sendo ambos enforcados em Recife, durante a selvagem repressão que se seguiu à derrocada do movimento - Peregrino de Carvalho, "jovem agitador de massas", e Amaro Gomes Coutinho que além de comandante da Tropa de Linha, era proprietário no sítio Zumbi (Cidade Baixa).

Porém as forças do Governo, não perdeu tempo. Quatro meses depois os líderes da revolta foram condenados à morte e a revolução contida.

Confederação do Equador

Esta revolta surgiu com a atitude autoritária de D. Pedro I, o qual dissolveu a Assembleia Constituinte. Esta situação agravou-se quando D. Pedro I quis substituir Manoel Pais de Andrade, governador da província, ex-revolucionário, que gozava de grande popularidade entre os pernambucanos, por uma apadrinhado seu (Francisco Reis Barreto). Desta forma, as câmaras municipais de Olinda e Recife se declararam contrárias ao governo de Barreto. Em 2 de julho de 1824, Pais de Andrade se empenhou na revolta, pedindo apoio às outras províncias nordestinas. Seu objetivo era reunir as províncias do Nordeste em uma república, denominada de Confederação do Equador. Foram mandados emissários às províncias da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Porém a repressão sobre esta revolta foi intensa. 

Em 1824, os partidários da Confederação do Equador  encontraram no sargento-mor das ordenanças Félix Antônio, presidente do Governo Temporário de Areia, chefe de qualidades. Foi sob seu comando que os insurretos sustentaram contra os legalistas que desciam do Pilar, e no Riacho das Pedras em Itabaiana, violento combate cujo indeciso resultado não ocultou a extensão - mais de três mil homens participaram da batalha em que os legalista experimentaram noventa baixas e os confederados vinte e três, afora feridos e prisioneiros de ambos os lados.

Felix Antônio, revolucionário até a última hora, estará, aliás entre os companheiros de Frei Caneca que, após longa peregrinação pelos sertões de Pernambuco, Rio grande do Norte e Paraíba, serão presos na Fazenda Juiz, já no Ceará.

D. Pedro I enviou navios de guerra para derrotá-la. Após a derrota das tropas republicanas de Pernambuco, as outras províncias se enfraqueceram e foram derrotadas. Seus líderes foram todos executados, entre eles Frei Caneca, que morreu fuzilado, pois ninguém tinha coragem de enforcá-lo. 

Diante desses fatos, a insatisfação popular na Paraíba contra o governo imperial era bastante clara. a própria abdicação de D. Pedro I, foi muito bem aceita na província.

Revolução Praieira: 

No final da primeira década do Segundo Reinado, a Paraíba participou de um movimento, ao lado de Pernambuco, pela liberdade, Federação, República e direito ao trabalho. O principal jornal liberal em Recife tinha sua localização na Rua da Praia. Por causa disto, os liberais ficaram conhecidos como praieiros.

Esta revolta durou apenas cinco meses e ocorreu na província de Pernambuco entre 1848/49. Ela foi influenciada pelo espírito de 1848 que dominava a Europa. Esta revolta consiste não apenas em um movimento de protesto contra a política Imperial, mas num movimento social que pretendia estabelecer reformas. Dentre outras exigências feitas pelos revoltosos, podemos citar: a divisão dos latifúndios; a liberdade de imprensa; democracia; fim da importação de indústrias têxteis; fim do domínio português sobre o comércio de Recife; fim da oligarquia política, entre outros. 

Os revoltosos eram os liberais adversativos dos conservadores (grandes latifundiários e comerciantes portugueses). Aqui, novas ideias não deixavam de germinar, fosse através de jornalistas como Borges da Fonseca, fosse como através de figuras heterodoxas como Maximiano Machado, o historiador paraibano, que, associa-se à insurreição de que, mesmo como juiz municipal, ao lado dos liberais da Praia, na Areia de 1949.

A revolução iniciou-se com choques entre os liberais e conservadores de Olinda, ao sétimo dia do mês de novembro de 1848. Em 1849 os revoltosos atacaram Recife, mas fracassaram. Depois de ter sido derrotado pelas tropas do Brigadeiro Coelho, em Pernambuco, Borges da Fonseca continuou a lutar na Paraíba.

Entre os principais líderes paraibanos encontrava-se Joaquim dos Santos, em Areia, e o Coronel João Leite, do Piancó. Na eclosão do movimento, o presidente da Paraíba, João Antonio de Vasconcelos teve seu pedido de luta contra os rebeldes, feitos ao delegado Maximiano Lopes Machado, negado. de facções liberais, Maximiano abriu as portas da cidade para os rebeldes praieira. É rápido o combate que aí se trava. Exaustos com a marcha forçada que empreenderam desde o Recife, passando por Itabaiana e Alagoa Grande, já em território paraibano, os praieiros não tiveram como sustentar as posições articuladas pelos partidários do major Quinca Leal. Na debandada que se seguiu à derrota, algumas colunas derivaram até Pocinhos. Líderes foram torturados ou assassinados. Este foi o último movimento revolucionário do Império.

Ronco da Abelha

Ocorrido entre dezembro de 1851 e fevereiro de 1952. Foi um movimento de caráter popular, que irrompeu em diversos pontos da Província da Paraíba. O motivo dessa revolta popular foi o lançamento de dois decretos em junho de 1851. O primeiro, determinavam o obrigatório recenseamento da população. O segundo, obrigava todos os brasileiros a possuírem Registro civil de Nascimento e Óbitos, até então feito pela Igreja e que agora, passaria à responsabilidade de funcionários do Estado.

Espalhou-se maldosamente a ideia de que a medida visara oficializar a perseguição aos homens de cor (mulatos) e brancos pobres. Daí o surto de revolta e indignação da comunidade. Alguns sacerdotes começaram a pregar contra o registro civil, o denominando “papel de satanás”, o que aumentou a tensão. O movimento começou a 16 de fevereiro de 1851.

Contrariados com o que chamavam de “Lei do Cativeiro”, a população sertaneja, partiu para a guerra contra as autoridades e cartórios, pegando os livros de registros, para que os mesmos fossem examinados pelos padres.

O Ronco da Abelha envolveu vilas e cidades de cinco províncias do Nordeste: Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Ceará e Sergipe.

Na Paraíba essa resistência assumiu a forma de tumulto em que roceiros, armados de pedras e bacamartes, invadiram vilas e cidades. Engenhos e vilas foram destruídos e tiveram seus bens levados pelos revoltosos. Proprietários e autoridades locais tiveram que se refugiar para não serem linchados pela multidão.

Na Paraíba o movimento se deu em Ingá, Campina Grande, Fagundes, Areia, Alagoa Nova, Alagoa Grande e Guarabira.

Ingá na paraíba foi o centro da agitação. Nessa vila, mais de 200 homens invadiram a casa do escrivão onde se apoderaram de papéis e livros, imediatamente destruídos.

José Leal afirma que durante o movimento fiéis chegaram a apedrejar alguns padres que, no púlpito, tentaram justificar as razões do malfadado Regulamento.

O presidente Sá e Albuquerque e Albuquerque enviou unidades de primeira linha para Ingá, Areia, Alagoa Grande e Alagoa Nova. O agreste foi o palco de intenso alvoroço. Os revoltosos agrupados em bandos que equivaliam a enxames, intentaram ações rápidas, como se estivessem picando, e corriam denominação de Ronco da Abelha para o movimento parece originar-se daí.

Apesar da ação enérgica do governo, ficava difícil a repressão porque não se identificava os líderes. Muitas pessoas acusadas, porém, não se consegue provas. Por fim, em 29 de janeiro de 1852, o governo imperial edita um novo decreto, revogando os dois anteriores. A realização do censo só irá ocorrer vinte anos depois e o registro civil só é implantado com o avento da República, quando ocorre a separação oficial entre Estado e Igreja.

Quebra-Quilos

Tanto o ronco da Abelha (Ingá, 1852), quanto o Quebra-Quilos, que se irradiará de Fagundes, Campina Grade e Areia, para todo o Nordeste, no período compreendido entre outubro e dezembro de 1874.  Inserem-se nesse quadro o  mais importante que analisá-los em si mesmo, a procura de presumida causa única para sua deflagração, consiste em pesquisar o que se encontra por trás desses movimentos, formalmente associados à nova lei de Registro Civil no caso do Ronco da Abelha e a institucionalização do sistema métrico-decimal, no tocante ao Quebra-Quilos.

As circunstancias de haverem surgidos nessas feiras, como polos de aglutinação política, social e cultural da sociedade da época, evidenciam que os revoltosos reagiam contra dois dos mais odiosos instrumentos da ordem estabelecida. “A centralização asfixiante” do Império e sua “incapacidade de promover reformas. O empobrecimento do Nordeste, a braço de uma crise, que se estendia da Bahia ao Maranhão e a que o algodão não se fazia infenso. Combalido estado das finanças públicas e poderosa carga fiscal que daí derivava. A mentalidade tacanha de presidente de província como Abiahy na Paraíba e Lucena em Pernambuco, que enxergavam na força o único remédio para insatisfações sociais da época donde “pior e mais violenta do que a atuação dos Quebra-Quilos foi a repressão das forças comandadas pelo capitão longuinho, hoje tristemente famoso pelos “coletas de couro”, tortura que se aplicou aos que lhe foram denunciados ou apontados como Quebra-Quilos, porque “as próprias forças de repressão do governo fizeram Paraíba concorrência aqueles a quem perseguiam, saqueando fazendas e engenhos. Esse oficial caracterizou-se pela utilização, contra os suspeitos, de colete de couro, instrumento de tortura que, molhado e costurado no tórax da vítima, comprimia-o, matando-o por asfixia. Posto diante desses fatos, o governo reagiu com brutalidade. Até canhões foram deslocados para o teatro dos acontecimentos.

E, enfim, o sentido irreversível das transformações em marcha que, racionalmente estruturadas pela burguesia urbana da época – e é daí que advirão o Sistema Métrico Decimal e o Código Civil, o registro civil e o de animais. Recenseamento, numeração de placas das casas e o novo recrutamento – motivarão o protesto inconsciente dos Quebra-Quilos que se encontravam à margem delas e tinham e tinham contra elas reagir porque “O Leviatã”, com suas taxas, seu impostos, sua contabilidade, sua máquina fiscal e sua organização era, na mentalidade primária de homens rudes e à margem da civilização, um mal desnecessário.

Dentro desse quadro, a ferocidade da repressão aos Quebra-Quilos, é bem típica da mentalidade tacanha de certos setores da classe dominante que, ainda hoje, consideram problemas sociais como casos de polícia.

A questão faz-se um pouco mais ampla, pois os Quebra-Quilos surgiram na parte mais sacrificada de região que constituía a periferia econômica e social do Império. Nessa os pobres eram os mais penalizados, o que explica a reação desses, por intermédio do que Armando Souto Maior considerou como lutas sociais no outono do Império.

Contra o que voltavam os Quebra-Quilos?

Institivamente, contra o avanço do capitalismo, a serviço do qual se estruturava o Sistema Métrico Decimal. Centralização do Império e incapacidade de promover reformas. Carga fiscal que sobrevinham no rastro da exaustão das finanças públicas. E, enfim, contra a maçonaria que, através de gabinetes como o do Visconde do Rio Branco, no poder de 1871 a 1875, simbolizava estrutura politico social responsável por tudo que inquietava os humildes – escravidão, recenseamento, impostos e recrutamento. 

O Levante de Princesa Isabel

Frente de oposição ao presidente João Pessoa, na cidade de Princesa Isabel, Paraíba. Teve como líder José Pereira, que possuía amizades influentes no Estado.

O fato de maior destaque foi a luta armada que ali aconteceu em 1930, quando o chefe político Cel. José Pereira Lima declarou o seu território independente do Estado, contra o Então Presidente João Pessoa. As razões desse episódio foram de ordem meramente política. João Pessoa retirara da chapa o nome do candidato João Suassuna, ex-presidente e amigo pessoal do Cel. José Pereira.

A reação não se fez esperar: José Pereira rompeu e proclamou Princesa Isabel República Livre. Armou-se então contra o governo do Estado.

O chefe rebelde tinha, ao todo, mil e novecentos homens, inclusive desertores da polícia militar. A munição – dizem – vinha do Sul, mandada pelo próprio Presidente Washington Luís. O dinheiro para financiar era remetido pelos irmãos Pessoa de Queiroz, de Recife, inimigos do Presidente João Pessoa. O levante de Princesa não passou de um confronto sem vencedores ou vencidos. O coronel não conseguiu derrotar as milícias estaduais que nem sequer chegaram próximas ao município rebelde.

Revolução de 30

Representou o acontecimento mais importante em toda a história da Paraíba. A liderança da Paraíba foi para frente a partir do memento em que João Pessoa recusou aceitar a candidatura de Júlio Prestes à presidência da república.

Tudo piorou com o Levante de Princesa, que contou com o apoio de todos os coronéis do açúcar e do algodão, entre outros fatores que contribuíram para o agravamento da situação.

Logo após esse acontecimento, veio a morte trágica do presidente da Paraíba, João Pessoa. Pelas mãos de João Dantas que responsabilizava o governador por policiais terem invadido seu apartamento em busca de material bélico para ajudar os revoltosos de Princesa Isabel, além disso, havia usurpado de seu apartamento algumas cartas comprometedoras. Dessa forma Dantas resolveu se vingar matando João Pessoa no dia 26 de julho de 1930, à vista das pessoas que se encontravam na Confeitaria Glória no Recife. A Revolução de 30 vinculou-se de tal maneira à ação político-administrativa do presidente João Pessoa que terminou como personagem central cuja morte estimulou sua deflagração. A revolução se espalhou por diversos lugares (Nordeste do Maranhão à Bahia).



A População Indígena na Paraíba


Os índios da Paraíba

Os fatos levam a crer que houve muito pouca imigração no Brasil dos tempos coloniais e que algumas tribos que sobrevivem atualmente já povoavam o território antes de 1500. Quase todas as tribos foram mencionadas em fontes durante 450 anos, desde que a colonização começou, e muitas delas inevitavelmente adquiriram nomes diferentes.

Sabe-se que a Paraíba era habitada por três grandes nações indígenas: a Tupi, a Cariri e a Tapuia.

Os Tupis

Os Tupis se dividiam em Tabajaras e Potiguaras, que eram inimigos. Na época da fundação da Paraíba, os Tabajaras formavam um grupo de aproximadamente 5 mil pessoas. Os Tabajaras ocupavam a margem direita do rio Paraíba até os limites meridionais com a capitania de Itamaracá.

Os tabajaras, haviam chegados à Paraíba na época da conquista, por volta  de 1585, constituindo o grupo menos numeroso. Primitivamente localizados às margens do rio São Francisco, na Bahia, onde auxiliaram os portugueses em algumas campanhas, os tabajaras foram vítimas de cilada dos reinóis, em seguida ao que fugindo, alcançaram as nascentes do Rio Paraíba, no atual município de Monteiro. Descendo o Paraíba, esses indígenas chegaram ao litoral, engajando-se em luta contra os colonizadores, em Itamaracá. Seu desempenho, todavia, nunca agradou aos verdadeiros naturais da Paraíba - os Potiguaras - que os consideravam panemas, ou seja fracos. A João Tavares coube transformar a fraqueza dos Tabajaras em força para os portugueses, mediante tratado de paz, por meio do qual os tabajaras, aceitando o domínio português, concordaram no estabelecimento desses e passaram a lutar contra seus irmão Potiguaras.

Por ter sido logo aldeado e por seu razoável poder assimilação, foi quase todo absorvido no grosso da população. dos seus antecedentes às margens do São Francisco e dos bons serviços prestados aos portugueses, já é notório. O seu nome indicava que viviam em tabas ou aldeias. Eram sedentários e de fácil convívio. A aliança que firmaram com os portugueses foi de grande proveito para os índios quando da conquista da Paraíba e fundação de João Pessoa.

Todos os aldeamentos estabelecidos ao sul de Cabo Branco pertenciam a indígenas dessa tribo e deram origem a muitas cidades e vilas, como: Aratagui (Alhandra), Jacoca (Conde), Piragibe (João Pessoa), Tibiri (Santa Rita), Pindaúna (Gramame), Taquara, Acaú, Pitimbu. Os tabajaras parecem ter deixado o território paraibano em 1599.

Os potiguaras ocupavam uma área bem mais extensa. No litoral, os Potiguaras teriam encontrado os Cariris e os empurrados para o interior, após muitas lutas. Dessa extensa porção paraibana, eles continuavam pelo Rio Grande do Norte indo até a serra da Ibiapaba, no Ceará.

Já os índios Potiguaras (comedores de camarão) foram os primeiros a ter contato com os homens do "velho mundo" em nosso território, principalmente os oriundos da França. Possivelmente, desde 1504 corsários franceses começaram a aparecer nas nas costas já cartografadas do Brasil.

Em uma das vertentes mais aceitas sobre o primeiro contato dos portugueses com o território paraibano narra-se que em 1501, o navegador Américo Vespúcio ancorou sua expedição onde, hoje, localiza-se o município de Baía de Traição. Numa carta preservada na Torre do Tombo, em Lisboa, conhecida por LETTERA, Américo Vespúcio detalhou a terra que encontrara ao rei português D. Manoel; "a paisagem é vivente e de boa aparência. Há um monte junto à praia, não muito alto nem íngreme". Referia-se, o navegador, ao Alto do Tambá, na Baía da Traição (chamada pelos potiguaras de Acejutibiró).

Em sua carta, Américo Vespúcio conta, ainda, que ao aportar na região descrita, para explorar sua costa, os portugueses foram vítimas de uma grande traição por parte dos índios potiguaras: atraindo a si três marinheiros, chamando-os para o desembarque, os índios devoraram um deles cruelmente, à vista de todos, dando a entender, por meio de acenos e de uma vozeria infernal, que o mesmo aconteceria com os outros dois. Esse fato serve como justificativa para os portugueses descartarem o nome Baía de Acejutibiró, batizando-a de Baía da Traição, pois essa denominação recorda, sem dúvida alguma, a cena de antropofagia da qual concluíram os portugueses ser o dia-a-dia dos povos indígenas.

Os Potiguaras eram uma das tribos mais populosas da nação Tupi e desempenharam importante papel na guerra holandesa com cujos povos se aliaram. Anos antes eles foram também aliados dos franceses, que mantinha feitorias no estuário do Paraíba e na e na Baía da Traição (Acejutibiró) e de onde faziam incursões até a serra da Copaoba (Serra da Raiz) para extração do pau-brasil. Esses índios resistiram feroz e bravamente, desde o início da conquista portuguesa.

Sofrendo com o aumento da concorrência francesa no comércio de pau-brasil na Europa e a possível invasão desta outra monarquia em sua colônia, os portugueses passaram a enviar expedições para evitar o contrabando da madeira, porém, quando chegavam em território paraibano eram surpreendidas e derrotadas pelos franceses, apoiados pelos índios Potiguaras.

Antes da invasão holandesa, nas margens do Mamanguape (Vila de Monte-mor ou da Preguiça), do Camaratuba e em Baía da Traição, diversos aldeamentos Potiguaras foram estabelecidos. 

No início da colonização, alguns grupos indígenas se empenharam na defesa do Nordeste oriental contra estrangeiros, destacando-se o índio Piragibe, na conquista da Paraíba, e Filipe Camarão (índio Poti), na luta contra os holandeses, herói na Batalha de Guararapes.

Os Potiguaras, bastante dizimados e miscigenados, se constituem do principal grupo indígena que permanece na fachada litorânea do Estado, fruto da Bravura e resistência na luta pela posse da terra. Seu território está situado nas terras que dividem as bacias hidrográficas dos rios Mamanguape e Camaratuba. Ocupa uma área de 33.757 hectares, distribuídos em três subáreas nos municípios de Baía da Traição, Rio Tinto e Marcação.

No litoral sul da Paraíba está identificada o povo Tabajara com algumas centenas de indígenas, distribuídos em quatro aldeias localizadas nas terras das antigas sesmarias de Jacoca e Aratagui, hoje municípios do Conde, Alhandra e Pitimbu.

Os cariris

Até o final do domínio holandês, (1654) os cariris eram muito pouco conhecidos e, consequentemente, sua língua, seus usos e costumes, vindo a provar que, até o final do século XVII, a exploração do território paraibano não ultrapassava vinte léguas, em direção ao interior.

Em sua obra sobre a Paraíba, Elias Herckman (1639), governador durante o período holandês, fala a respeito dos cariris, afirmando tratar-se de uma raça numerosa dividida nas seguintes nações; Cariris, Caririvasis, Caririjous e Tarairius.

Os cariris na Paraíba ocupavam a superfície elevada e serras do Planalto da Borborema (Região dos Cariris Velhos), a região do Cariri Cearense (vales e encostas da Chapada do Araripe), os vales do Acaraú, do Jaguaribe, do Açu, do Apodi e do Baixo São Francisco.

Os cariris dividiam-se em várias tribos das quais serão apenas as que existiam em território paraibano e proximidades. Esses grupos, na Paraíba, eram os seguintes; Sucurus, Icó, Ariús, Pegas, Paiacus, Caicó e janduis, Panatis, Canindés, Bultrins e Carnoiós.

Segundo os relatos dos primeiros historiadores, somente os Cariris e Tapuias deslocavam-se em seus territórios, sobretudo durante a estação seca. De acordo com os relatos de Elias Herckmann(1639), governador da capitania da Paraíba, durante a ocupação holandesa, os Cariris desciam do planalto todos os anos, durante a estação dos cajus, isto é, de novembro a janeiro, e vinham até o litoral. ou então, durante as grandes secas, quando havia fome. Mas os deslocamentos habituais eram feitos, sobretudo, em direção às serras úmidas da Borborema e para os férteis vales da chapada do Araripe e da serra da Ibiapaba.

Os Gês ou Tapuias

Os Gês ou Tapuias ocupavam, na época do descobrimento, uma extensa área entre os 2° e 30° de latitude Sul e os 38° e 56° de longitude Oeste. Algumas famílias viviam mesmo no litoral. Eles se moviam de Oeste para Leste, vindos das proximidades do rio São Francisco. Os Gês são os Tapuias tradicionais e viviam no litoral de onde foram expulsos pelos tupis.

Fonte: PARAÍBA: Desenvolvimento econômico e a questão ambiental – Antonio Sergio Tavares de Melo; Janete Lins Rodriguez; Grafset.

Rodrigo Mateus; Thiago Lima; Igor Vasconcelos - Paraíba Terra Minha; Imprell Editora.


As Ordens Religiosas da Capitania da PB e Seus Mosteiros

Os Jesuítas

Foram os jesuítas os primeiros missionários que chegaram à capitania da Paraíba, acompanhando todas as suas lutas de colonização. Vieram desde as primeiras expedições de conquista.
Chegaram primeiro dois padres, Simão Travassos e Jerônimo Machado; depois vieram outros, entre os quais, Francisco Fernandes, Manuel Correia e Baltasar Lopes. O visitador da Companhia, Cristóvão de Gouvêa, mandou que o padre Jerônimo Machado relatasse todas as lutas da Paraíba, escrevendo-as no “Sumário das Armadas”.
Sabe-se que em 1591 já havia residência dos padres jesuítas nesta Capitania, em são Gonçalo Era o local de moradia deles.
Ao mando de Frutuoso Barbosa, os jesuítas se puseram a construir um colégio na Filipéia. Porém, devido a desavenças com os franciscanos, que não usavam métodos de educação tão rígidos como os jesuítas, a ideia foi interrompida.
Aproveitando esses desentendimentos, o rei que andava descontente com os jesuítas pelo fato de estes não permitirem a escravização dos índios, culpou os jesuítas pela rivalidade com os franciscanos e expulsou-os da capitania. Cento e quinze anos depois, os jesuítas voltaram a Paraíba fundando um colégio onde ensinavam latim, filosofia e letras. Passando algum tempo, fundaram um Seminário junto à igreja de Nossa Senhora da Conceição. Atualmente essa área corresponde ao jardim do Palácio do Governo.
Em 1728, os jesuítas foram novamente expulsos. Em 1773, o Ouvidor-Geral passou a residir no seminário onde moravam os jesuítas, com a permissão do Papa Clemente XIV.

Os Franciscanos


Atendendo a Frutuoso Barbosa, chegaram os padres franciscanos, com o objetivo de catequizar os índios.
O Frei Antônio do Campo Maior chegou com o objetivo de fundar o primeiro convento da capitania. Seu trabalho se concentrou em várias aldeias, o que o tornou importante.
No governo de Feliciano Coelho, começaram alguns desentendimentos, pois os franciscanos, assim como os jesuítas, não escravizavam os índios. Ocorreu que depois de certos desentendimentos entre os franciscanos, Feliciano e o governador geral; Feliciano acabou se acomodando junto aos frades.
A igreja e o convento dos franciscanos foram construídos em um sítio muito grande, onde atualmente se encontra a praça São Francisco.

Os Beneditinos


O superior dos beneditinos tinha interesse em fundar um convento na Capitania da Paraíba.
O governador da capitania recebeu o abade e conversou com o mesmo sobre a tal fundação. Resolveu doar um sítio, que seria a ordem do superior geral dos beneditinos.
A condição imposta pelo governador era que o convento fosse construído em até dois anos. O mosteiro não foi construído em dois anos, mesmo assim, Feliciano manteve a doação do sítio.
A igreja de São Bento se encontra atualmente na Rua Nova, onde ainda há um cata-vento em lâmina, construído em 1753.

Os missionários carmelitas

Os carmelitas vieram à Paraíba a pedido do cardeal D. Henrique. Quando chegaram à Paraíba o Brasil estava sob domínio espanhol. Os carmelitas chegaram fundaram um convento e iniciaram trabalhos missionários.
O convento de Nossa Senhora do Carmo deve ter sido construído na Paraíba em 1591, com a sua igreja. Ele foi todo edificado em pedra. Era um edifício simples de um só andar.
A história dos carmelitas aqui na Paraíba é incompleta, uma vez que vários documentos históricos foram perdidos nas invasões holandesas.
Em 1763, Frei Manuel de santa Teresa restaurou o convento, mas logo este foi demolido para servir de residência ao primeiro bispo da Paraíba, D. Adauto de Miranda Henriques.
O prestígio da Igreja e o Tribunal do Santo Ofício
A Igreja naquela época dispunha de enorme prestígio. Habitualmente a obtenção de sesmarias era acompanhada do levantamento de capelas, pelos sesmeiros, como símbolo da posse da terra. No interior das casas grandes e fazendas não faltava o oratório, para o terço em família, sendo que também se rezava as refeições. Nas vilas e cidades, as missas faziam-se obrigatórias e o sino das igrejas regulava a vida das habitantes. As eleições eram paroquiais e, cedo, as famílias da classe dominante adquiriram o costume de converter um dos filhos em padre.
Ressalte-se que o clero regular, de franciscanos, jesuítas, beneditinos e carmelitas, dispunha de propriedades, engenhos e escravos, na sede da capitania e fora dela, com o que participava da ocupação da terra.
Com o clero secular chegou à Paraíba, em 1595, a terrível Inquisição cujo Tribunal do Santo Ofício perseguia os acusados de práticas diferentes das permitidas pela Igreja católica e, principalmente, os judeus. Instalada pelo visitador Heitor Furtado de Mendonça, a primeira visitação do Santo Ofício fez-se tão rigorosa que alcançou o vigário da freguesia de N. S. das Neves. Acusado de ascendência árabe e práticas judaizantes, o padre João Vaz de Salem, homem rico e influente, teve seus bens confiscados. Vários desses reverteriam à ordem beneditina.

Análise Social; Igrejas

Duarte Coelho Pereira fundou uma nova Lusitânia, composta apenas por nobres. Alguns nobres de Pernambuco se refugiaram para a Paraíba, antes que ocorresse alguma invasão holandesa. Ao chegarem, fizeram seus engenhos, onde viviam com muito luxo, desfrutando de tudo. Ocorre que nem toda a população vivia tão bem como a nobreza, uma vez que haviam mulheres e moças analfabetas, que só faziam os afazeres domésticos Havia também outras classes sociais, compostas por comerciantes e aventureiros, que enriqueciam rapidamente, faziam parte da burguesia, querendo chegar a fazer parte da nobreza. Os integrantes da máquina administrativa constituíam outra classe. Eles eram considerados os homens bons, viviam uniformizados. O fator mais importante para a sociedade foi a Igreja, devido à sua maneira de catequizar o povo.

As principais igrejas da época colonial foram as seguintes:

- A Matriz de Nossa Senhora das Neves;
- A Igreja da Misericórdia;
- A Igreja das Mercês;
- A igreja de N. S. do Rosário dos Pretos;
- A Capela de N. S. da Mãe dos Homens;
- A Igreja do Bom Jesus do Martírio

Povoados, Vilas, Cidades e seus Padroeiros

Quase todas as povoações, vilas e cidades nasceram ao redor de uma capela que o fervor religioso erigia em homenagem a uma das muitas entidades celestiais cujo santo ou santa de sua invocação passava a padroeiro do lugar com a criação da vila. As santas eram as na escolha dos oragos que predominavam o nome de nossa senhora na variedade de sua nomenclatura hagiológica, e inúmeras freguesias consagraram Nossa Senhora da Conceição como padroeira que foram Areia, Campina Grande, Jacoca, Gurinhém, Ingá, Itabaiana, Araruna, Cabeceiras, Taperoá e Misericórdia e apenas cinco freguesias invocaram nomes de santos que foram Santo Antônio para Painço, São Sebastião para Piauí, São José para São José dos Piranhas, São Miguel para Baia da Tradição e São Paulo para Mamanguape, e as festas de padroeiras davam vida ao lugar pois as musicas, foguetórios, novenas e procissão de encerramento.

A República na Paraíba

A Paraíba e a República Velha (1889-1930)

Na paraíba, a proclamação da República foi recebida com indiferença pela população, como, aliás, ocorreu na maior parte das províncias do país. A exemplo destas na Paraíba não existia um partido republicano, nem mesmo qualquer movimento organizado com esse objetivo. Alguns paraibanos como Aristides Lobo e Maciel Pinheiro militavam em fileiras republicanas, porém, em províncias onde a campanha republicana era forte. Na então província da Parahyba apenas algumas vozes isoladas defenderam publicamente os ideais republicanos, e somente através da imprensa.

O ideal republicano teve como porta-vozes na Paraíba os jornais Gazeta da Paraíba, na capital, e Gazeta do Sertão, em Campina Grande. O Jornal da Parahyba, órgão oficial do Partido Conservador, liderava uma acirrada campanha antirrepublicana.  Todavia, no dia 16 de novembro quando chegou à Paraíba a notícia da mudança do regime, grupos políticos locais radicalmente aderiram à república, um dos jornais antirrepublicanos neste dia já se intitulava de “órgão republicano”

Com o advento da República, a província tornou-se Estado, sendo nomeado presidente provisório o juiz Venâncio Neiva, que convocou como seu secretário Epitácio Pessoa, futuro presidente do Brasil. Durante muitos anos Epitácio Pessoa liderou a política paraibana.

A posse de Venâncio Neiva representa o início das etapas do oligarquismo paraibano, podemos afirmar que a República Velha paraibana teve três oligarquias, respectivamente: Venancista, liderada por Venâncio Neiva, Alvarista, liderada por Álvaro Machado e Epitacista, liderada por Epitácio Pessoa.

Venancismo

O primeiro presidente da Paraíba republicana foi Venâncio Neiva, típico oligarca, nomeou funcionários, interveio nos municípios e elegeu deputados estaduais e federais de sua predileção, entretanto, ficou no poder de 1889 até 1891, dentre suas medidas Venâncio convocou uma assembleia para elaborar  a Constituição Estadual. Com base na constituição Federal, a carta Magna da Paraíba estabelecia eleições diretas para governador, estruturava o Poder Judiciário com um Superior Tribunal de Justiça, júri criminal, criou o cargo de Prefeito dos municípios e estabelecia em quatro anos a duração de cada legislatura.

A assembleia constituinte elegeu Venâncio Neiva para administrar a Paraíba no quatriênio de 1891/1894, seu partido intitulava-se autonomista, chegou a tentar algumas eleições, mas sem bons resultados foi dissolvido em 1901. Com a renúncia do Marechal Deodoro da Fonseca, Venâncio Neiva foi substituído por Álvaro Machado.

Alvarismo

Álvaro Machado assumiu a administração da Paraíba no dia 18 de fevereiro de 1892, nesse momento iniciava-se a oligarquia alvarista que contou com cinco administradores, sendo esses respectivamente: Álvaro Machado (1892-1896), Antônio Alfredo de Gama e Melo (1986-1900), José Peregrino de Araújo (1900-1904), Álvaro Lopes Machado (1904-1908) e João Lopes Machado (1908-1912).

A administração de Álvaro Machado voltou-se para a organização administrativa do Estado, ao assumir a presidência da Paraíba iniciou o desmantelamento do venancismo e organizou uma Constituição alvarista de 1892, na qual o cargo de prefeito municipal passou a ser eleito pela indicação da Presidência do Estado e com mandato indefinido, restaurou o crédito e colocou em dia o salário dos servidores públicos. Consolidou o Coronelismo, apresentando sua força ao unificar a oligarquia paraibana em 1903, atraindo os venancistas para seu partido.

Epitacismo

A oligarquia epitacista iniciou-se com a chamada “política de derrubadas”, demitindo dos cargos públicos funcionários indicados pela oligarquia anterior. O oligarquismo levou vantagem e seguiu com Camilo de Holanda (1916-1920), Sólon de Lucena (1920-1924), João Suassuna (1924-1928) e João Pessoa (1928-1930).

Em 1924, quando Suassuna assumiu o governo do Estado. Com pouca disposição para a coisa pública, passando mais tempo fora do palácio que neste, Suassuna representou o coronelismo sertanejo no poder. Em seu governo, os chefes políticos tiveram as mãos inteiramente livres, com que na prática, organizou-se estrutura paralela de poder, superposta ao estado.

Mesmo assim, Suassuna começou a articular a própria sucessão. Da indicação de seu chefe de polícia Júlio Lyra e coronéis José Pereira e José Queiroga, a chamada chapa dos três Jotas para as presidências, primeira e segunda vice-presidência do estado, transparecia a intenção de montar esquema próprio, sertanista. Epitácio Pessoa seria figura simbólica e não foi consultado. O patriarca da oligarquia, então, decidiu intervir. Com a escolha do sobrinho tornava-se claro que a situação havia chegado a ponto extremo. A indicação de João Pessoa para presidência do Estado, unilateralmente formulada por Epitácio Pessoa, verificou-se diante de uma nova crise da oligarquia epitacista.

O governo de João Pessoa (1928-1930)

João Pessoa foi lançado na vida política por seu tio Epitácio pessoa que lhe confiou a função de representa-lo junto aos poderes da República, intermediando verbas e discutindo providências da alçada das autoridades paraibanas. Sempre por dento de tudo o que se passava no estado e consciente da problemática paraibana. Iniciou seus discursos e declarou que desejava assegurar garantias a todos e que levaria a polícia a vasculhar propriedades a procura de armas que abasteciam o cangaço.

A participação política de projeção nacional viria ocorrer a partir da década de 1930, representando o marco na história política paraibana. O Estado se destacou no cenário político quando João Pessoa recusou-se a aceitar a candidatura de Júlio Prestes à Presidência da República. João Pessoa começou a governar o Estado da Paraíba a partir de 1928. Membro da Aliança Liberal opunham-se fortemente à política praticada pelos coronéis do interior, que recebiam por sua vez, o apoio dos paulistas – os quais os favoreciam com suprimentos de armas.

No exercício do governo, João Pessoa apresentou-se contrário as oligarquias, revelando-se rápido e inflexível. Drásticas transferências alcançaram as mesas de rendas para retirá-las do controle dos potentados locais.

João pessoa inaugurara métodos pré-revolucionários em plena vigência democrática. Destroçara o mandonismo anacrônico e preservara a polícia, a justiça, o fisco e o magistério da ingerência partidária. Reprimira ainda o cangaço, o jogo e toda malversação, além de ter realizado uma obra notável para os meios de que dispunha.

João Pessoa teve uma morte trágica pelas mãos de João Dantas que responsabilizava o governador por policiais terem invadidos o seu apartamento em busca de material bélico para ajudar os revoltosos de Princesa Isabel, além disso, havia sido usurpado de seu apartamento cartas comprometedoras. Dessa forma Dantas resolveu se vingar matando João Pessoa no dia 26 de julho de 1930, à vista das pessoas que se encontravam na Confeitaria da Glória no Recife.

A Revolução de 1930   vinculou- se de tal maneira à ação político-administrativa do presidente João Pessoa que este terminou como personagem central cuja morte estimulou sua deflagração. João Pessoa era candidato à vice-presidência da República na chapa de Getúlio Vargas e seu assassinato, em 1930, antecipou o movimento que colocaria por fim o primeiro período republicano no Brasil.

Os dois últimos governadores da Paraíba antes de 1930, João Suassuna e João Pessoa, foram assassinados por motivos políticos. O assassinato de João Pessoa foi o estopim da Revolução de 1930.

Paraíba e a era Vargas (1930-1945)

O advento da Revolução de 30 significou a transferência do poder na Paraíba para José Américo de Almeida que, durante o subsequente mês de outubro exerceu o cargo de interventor do estado e Chefe do governo provisório do Norte. A primeira função assegurava aos revolucionários o comando político e administrativa do estado membro.

O pedaço do Nordeste humilde adquiriu, nessa conjuntura, posição relevante. Desarticulado da insurreição encabeçada no centro e no sul do país por seus aliados, precipitou-se numa ação independente, embora simultânea, desfechada pelo capitão Juarez Távora. Constituiu-se então sede do governo revolucionário do Norte, que teve como chefe José Américo de Almeida. Investido no posto, teve ele de ir, de Estado em Estado, empossar os primeiros interventores, em substituição às autoridades depostas. Exercia, cumulativamente, o governo da Paraíba, quando foi chamado a ocupar o Ministério da Viação e Obras Públicas. Finda a luta, Getúlio Vargas assumira a chefia do executivo, restabelecendo-se, assim, a unidade da administração federal.

Antenor Navarro, que sucedeu a José Américo, era por índole um renovador caldeado na campanha de defesa da autonomia do Estado. Filiou-se, de entrada, ao tenentismo, que excluía, radicalmente, os velhos quadros de participação na nova ordem instituída, e pouco fez, por ter sido vítima de um desastre de aviação. Sendo substituído por Gratuliano de Brito, que assinalou pela moderação, nos moldes de Sólon de Lucena. 

O governo de Argemiro de Figueiredo (1935-1940), teve sua administração marcada pela introdução da cultura do agave; aumento ponderável das safras de algodão; dando início a diversos projetos, entre eles, o plano de urbanização de João Pessoa e o abastecimento de água de Campina Grande.

Em 1937, José Américo lançou-se candidato à presidência, mas com o golpe do Estado Novo de Vargas, as eleições foram canceladas. No dia 29 de junho de 1940, Argemiro foi demitido da interventoria e retirou-se para Campina Grande onde assumia, de forma provisória, o governo da Paraíba Antonio Galdino Guedes.

A Paraíba e a redemocratização do país

José Américo de Almeida foi um dos defensores da bandeira de redemocratização do Brasil, dessa forma, convocava a realização de eleições. Chegou o momento que os generais Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra obrigaram Vargas a se afastar do poder.

A redemocratização do país, em 1947, conduziu ao governo o jurista Osvaldo Trigueiro, eleito pela oposição.

A administração de Osvaldo Trigueiro (1947-1951) estava vinculada a perspectiva de redemocratização do país, desta forma, foi criada uma nova Constituição estadual, além de fundar as faculdades de Direito e de ciências econômicas. Ao término de seu mandato realizar-se-ia uma eleição para o governo de estado que contou com a luta firmada entre José Américo de Almeida e Argemiro de Figueiredo.

Em 1951, José Américo de Almeida venceu com facilidade as eleições. Dessa forma, em sua administração investiu na reestruturação dos servidores públicos além de criar as faculdades de Filosofia e odontologia, apoiava a instalação da faculdade de medicina, inclusive foi sob sua administração que foi instalada solenemente a Universidade Federal da Paraíba.

O governo seguinte exercido por Flávio Ribeiro Coutinho (1956-1961), voltou-se para a manutenção da ordem pública, dessa forma buscava não atrasar o salário do funcionalismo público. Com a Morte do Governador em 1958, o governo passava para as mãos de seu vice Pedro Gondim que em 1960 passou o cargo para José Fernandes de Lima para se candidatar nas eleições de 1961. Seu governo (1961-1966) foi marcado por uma série de movimentos de cunho social, dentre eles podemos citar a movimentação estudantil representada pela: UEEP – União Estadual dos Estudantes da Paraíba, AESP – Associação dos Estudantes Secundários da Paraíba, UBES – União Brasileira dos Estudantes secundaristas, o movimento estudantil encontrava uma forte inspiração na Revolução Cubana de Fidel Castro. Além da Proliferação das Ligas Camponesas. A liga de Sapé, sob a liderança de Assis Lemos foi considerada a liga mais importante do Nordeste e até atingiu proporções internacionais.

A Paraíba e o Regime Militar (1964-1985)

O golpe de 1964 retirou João Goulart do poder, dessa forma, a união dos oficiais das três Forças Armadas seguindo uma perspectiva norte-americana de militarização passaram a assumir o poder. Na época do golpe, a Paraíba era governada por Pedro Gondim que ao término de seu mandato convocou eleições para governador e se deparou com a vitória de João Agripino (1966-1971) que foi o último eleito através do voto direto durante a ditadura. Os demais foram eleitos através de eleições indiretas, com exceção de Wilson Braga eleito em 1982, por eleição direta, já no período de abertura política do regime militar. Nos anos que se seguiram, durante a gestão de João Agripino, deu-se grande impulso à educação e construiu-se estradas, como a BR-230 e o chamado Anel do Brejo. O governador também se preocupou em promover a eletrificação do interior da Paraíba.

A administração de Ernani Sátyro (1971-1975) representou a continuação da obra de seu antecessor, dando uma atenção especial para o interior paraibano junto a obras contra a seca, promoveu a construção do Centro Administrativo e o prédio da Assembleia Legislativa.

No governo seguinte de Ivan Bichara (1975-1979) contratou uma equipe para estudar a economia paraibana, assim criou o PLANAG que tinha como objetivos básicos: integrar a Paraíba ao processo de desenvolvimento nacional e regional, acelerar o crescimento da economia do estado, interiorizar o desenvolvimento, levando melhorias para a população paraibana. Ao término do governo de Ivan Bichara, encontramos uma política de sucessão governamental que contou com a realização de eleições indiretas para o governo do Estado, dentre esses governadores podemos citar: Dorgival Terceiro Neto (1979), Tarcísio Buriti (1979-1982) Clóvis Bezerra 1982-1983).

Redemocratização

O primeiro governador do Estado eleito desde então foi Wilson Leite Braga (1983-1986), seguido por Tarcísio Burity (1987-1991), Ronaldo Cunha Lima, o único governador eleito pelo PMDB em todo o Nordeste nas eleições de 1990, assumiu em 1991. Cunha Lima permaneceu no cargo até abril de 1994, sendo substituído por Cícero Lucena Filho. Em 15 de novembro de 1994 foi eleito governador Antônio Mariz (PMDB), que assumiu o cargo em janeiro de 1995. Morto em setembro desse mesmo ano assumiu o vice-governador José Targino Maranhão (PMDB).

 Fonte: (HISTÓRIA DA PARAÍBA - Lutas e Resistência - José Octávio)

 Rodrigo Mateus; Thiago Lima; Igor Vasconcelos - Paraíba Terra Minha; Imprell Editora.



Paraíba: De 1808 até a República

A chegada de D. João VI (1808) criou esperanças e foi celebrada com festas. Já em 12 de janeiro, quando a nau de João de Castro, da armada que conduzia a família real arribara na enseada de Lucena, a população manifestara a confiança nutrida na mudança da corte. Depois foi-se acentuando a linha de separação entre o norte atrasado e o Sul florescendo ao contato da realeza.

Com a chegada da família real portuguesa no Brasil, entrava em decomposição o sistema colonial no Brasil em virtude das transformações exercidas na colônia tanto na administração, como nas novas ideias implantadas, assim como na abertura dos portos ao comércio das nações estrangeiras, a elevação da colônia à categoria de reino com a criação da impressão régia, e a revogação das leis que proibiam as atividades industriais no Brasil.

Sendo o Areópagos fundado pelo naturalista paraibano Manoel de Arruda da Câmara no ano de 1799 em Itambé com a finalidade de estudar as ideologias da revolução francesa contra o absolutismo monárquico de Portugal e preparou adeptos para o sistema republicano essencialmente democrático com noção da dignidade do homem sem diferenciação de raça.

A ascensão do liberalismo trata-se de processo não apenas político, pelo ideal de independência e funcionamento das novas instituições de poder que animam, mas social, pelas três tendências associadas a camadas distintas da população. Assim, enquanto grupo já relativamente urbanizado de padres e militares, com apoio de alguns senhores de engenho, assumem posições radicais pela Independência e a República, outras facções pretendem transformações mais modestas e cingidas à esfera política, enquanto um terceiro grupo de proprietários reacionários, e altos funcionários ligados à Coroa pretendem perpetuar nossa sujeição a Portugal.

Se, no conjunto, é a ala moderada, signatária da fórmula Independência com Monarquia, que irá prevalecer, dentro da orientação de José Bonifácio. É todavia, a facção radical de padres revolucionários, maçons e republicanos federalistas que escreverá algumas das mais belas páginas da História. Os ideais de liberalismo radical continuaram animando a evolução da Paraíba onde, não por acaso, estourou a revolução de 1817.

O ano de 1817 torna-se, dentro desse processo, um ano chave. É nele que, secundando os acontecimentos de março em recife, a Paraíba toma posição em prol da chamada Revolução Pernambucana que rapidamente galvanizava a cidade da Parahyba cujos sinos repicam em sua honra, com imediata adesão das então vilas de Pombal, Itabaiana, Pilar, Souza, Campina Grande (então Vila Nova da Rainha), Mamanguape e Alagoa Nova.

Os revolucionários paraibanos que se denominaram como patriotas imediatamente enviaram ao Rio Grande do Norte uma expedição militar sob o comando de José Peregrino de Carvalho, com a missão de propagar a causa da república, que já estava proclamada em terras potiguar pelo patriota André de Albuquerque Maranhão senhor de Cunhaú com pouca aceitação pelo povo, e por conta disto José Peregrino permaneceu alguns dias no Rio Grande do Norte para ajudar a André de Albuquerque Maranhão na sua sustentação à frente do governo, porém no final do mês de Abril José Peregrino foi chamado de volta a Paraíba, e a república potiguar acabou se desmoronando em virtude do assassinato do patriota André de Albuquerque Maranhão dentro do palácio do governo.

No retorno de José Peregrino de Carvalho a Paraíba ele encontrou a república bastante enfraquecida em seus movimentos em face do bloqueio praticado em todas as partes pelas forças legais que acarretavam um desânimo nas hostes republicanas da Paraíba, e por conta disto João Alves Sanches Massa e Matias da Gama Cabral marcharam contra as forças rebeldes do Coronel Amaro Gomes Coutinho para um confronto que se realizou no dia 5 de Maio em Tibiri que levou as forças republicanas a baixar as armas com a capitulação de Amaro Gomes Coutinho no dia 6 no improvisado quartel armado no Convento de São Bento quando jurou obediência e vassalagem ao Rei Dom VI, e que com isto a Paraíba foi restaurada, e para compor o governo em caráter provisório foi chamado os legalistas Gregário José da Silva Coutinho, o Capitão João Soares Neiva e o Vereador Manoel José Ribeiro de Almeida que ficaram em plena liberdade para atuarem conforme os termos da capitulação e por conta disto no período do dia 6 a 13 de Maio ninguém foi punido ou molestado.

A exceção de José Carneiro da Cunha que era o líder da revolução e que era o líder da revolução e que escapou de ser preso por estar escondido no seu engenho Tibiri nas proximidades de Santa Rita, pois quando procurado por agentes da legalidade se encontrava metido num buraco que fora cavado na choupana de uma escrava de estimação onde permaneceu até que cessou as buscas e seguiu para a cidade do Recife onde se escondeu na casa de um amigo e embarcou para a Inglaterra junto com José da Cruz Gouveia que chegou da Paraíba por outros caminhos.

Com o restabelecimento do legalismo, foi instalado na cidade do Recife uma comissão militar que ficou encarregada de apurar a responsabilidade dos implicados na revolução de 1817, comissão esta que praticou as mais variadas injustiças ao exercer todo tipo de vingança em nome do poder legal, pois as vítimas foram sumariamente condenadas e a primeira a ser executada foi o Tenente Antônio Henrique que comandava a fortaleza de cinco pontas no Recife, e que ao caminhar para o patíbulo onde foi degredado seguiu resoluto e soltou alguns impropérios contra ao absolutismo monárquico até ser empurrado pelo carrasco e a seguir no dia 10 de Maio foram enforcados os Capitães Domingos Teotônio Jorge e José de Barros Lima o Leão Dourado que do alto da forca vociferaram contra a vingança legal e no dia 21 de Maio foram enforcados os patriotas paraibanos José Peregrino de Carvalho, Amaro Gomes Coutinho e Francisco José da Silveira e no dia 6 de Setembro subiram ao patíbulo os seus companheiros de infortúnio os Padres Antônio Pereira de Albuquerque e Inácio de Albuquerque Maranhão.

Esse impulso da emancipação repercutiu profundamente no território paraibano. O número de vítimas marcou o ardor e a expansão do movimento. Mas a luta paralisara as forças produtoras e a represália sangrenta sacudiu, a sanha das comissões militares e de alçada, as bases da sociedade em formação.

Conflagrou-se depois o interior num movimento autônomo, que se concertou com a Confederação do Equador de 1824. Só em Itabaiana houve mais de 100 mortos. A abdicação de D. Pedro I determinou novas agitações. Na noite de 24 de maio, as tropas de linha e o corpo de artilharia amotinaram-se contra o comandante e os oficiais. Era a reação nacionalista com que o governo contemporizou, aceitando como um fato consumado a destituição dos militares “suspeitos de desafetos à causa da liberdade do Brasil. A exaltação política contagiou, no ano seguinte, o interior, convulsionando, principalmente, o sertão do rio do Peixe. A intentona de Pinto Madeira refletiu na zona contigua do Ceará.

A Revolução Praieira (1848) foi mais um fator de desarranjo das finanças públicas e da economia do povo. Encerrou-se com esse movimento o ciclo das combatividades mais sadias. Mas ainda ocorreram os levantes populares do Ronco da Abelha (1852) e do Quebra-Quilos (1874), o primeiro contra a lei do registro de nascimento e óbito, e o segundo contra o sistema métrico decimal. Em 1855 ainda não havia um cemitério na capital e veio o cólera na sua primeira irrupção, com uma ceifa fatal.

Inquietações do Segundo Reinado

Não é verdade haja a Paraíba, como de resto o Brasil, ingressado, após 1849, como tanto insistem os historiadores oficiais, numa era de paz. Se é bem certo que, a nível de cúpula, mantém-se relativo equilíbrio com o revezamento dos partidos liberal e conservador, dentro das formulações do parlamentarismo manipulado pelo Imperador Pedro II, as bases da sociedade continuam inquietas.

É essa a época da Revolta Dos Mickers (1874/1875), no Rio Grande do Sul, dos quilombos do Rio de Janeiro em 1871 e 1978, das insurreições dos anos 1870, de crescimento dos suicídios dos escravos a partir de 1860, da invasão de Mossoró em 1879 e da ampliação do raio de ação das quadrilhas de salteadores nordestino, no plano nacional. do Ronco da Abelha e do Quebra-Quilos, bem como das primeiras manifestações organizadas do cangaço, no plano paraibano.

Para se entender esses movimentos, é preciso levar-se em conta a conjuntura nordestina, depauperada com a transferência do eixo da economia nacional para o centro-sul. O tempo em que a Paraíba possuía o melhor pau-brasil, coletados nas matas do litoral e pejava de açúcar, repartindo com Pernambuco e Bahia a hegemonia econômica da Nação, havia ficado definitivamente para trás. Enquanto a monocultura exaurira os melhores solos, a rotina das técnicas agrícolas e a mesmice dos equipamentos herdadas da colônia conjugavam-se para reduzir a província a uma situação de completa pobreza.

A visita de D. Pedro II, em dezembro de 1859, motivou certa vibração que soou mais como apelo para dias melhores do que como homenagem. Não adveio, porém, nenhum proveito dessa presença real. A seca de 1877 representou a maior calamidade. A Abolição, em cujo advento glorioso madrugou uma parte do Estado, contribuiu para agravar a crise agrícola.                                                                                                                 

Antecedentes da conquista da Paraíba

A História da Paraíba tem sido contada a partir de sua fundação em 1585, mas na verdade vem desde 1501 quando da primeira expedição para reconhecimento de suas costas, que ancorou na baia de Acejutibiró. E que tinha nela embarcado como piloto ou cosmógrafo o famoso Américo Vespúcio que estando em Sevilha atendeu ao pedido do rei de Portugal Dom Manoel para descobrir novas terras, e conforme o seu relato ao rei de Portugal, a frota esteve surta no ancoradouro de desembarque durante sete dias, e que o primeiro dia se prendeu em tomar posse da terra e de fazer provisão para o navio, e que no segundo dia avistaram em cima de uma cume um grupo de pessoas que estavam nuas e eram do mesmo porte e cor das pessoas que tinha visto quando da viagem que fizera ao norte da equinocial embarcado sob a chefia de Hojeda as costa da Venezuela, e que os observavam sem ousar em descer, apesar do esforço para que fizessem contato apesar de não inspirarem confiança lhes foi deixado alguns presentes os quais foram por eles recolhidos, e na manhã do dia seguinte foi observado que eles faziam sinal de fumaça, o que levou acreditar que eles estariam chamando. E por conta disto alguns marinheiros pediram ao capitão para fosse concedido uma licença para irem até a eles. Para verificar que tipo de gente eram eles e se possuíam alguma riqueza, e após muita insistência o capitão permitiu que eu fosse a terra e para isto mandou aprontar alguns presentes e deu ordem para que não demorassem mais do que cinco dias para regressarem. E no decorrer dos dias eles sempre apareciam na praia sem querer falar com os tripulantes do navio, porém no sétimo dia eles apareceram junto com um grupo de mulheres em um clima de amizade, e por conta disto o capitão deu ordem para que alguns homens desembarcassem e eles se aproximassem .
No entanto quando os homens se aproximaram ao encontro, uma das mulheres desceu do monte até a praia à frente das outras que a seguia, e logo o rodearam foi quando uma das mulheres com um grande pedaço de pau na mão ao chegar perto de um dos marinheiro desferiu uma pancada em sua cabeça que o fez cair morte por terra, enquanto as outras mulheres o arrastaram para o cume do monte e os homens se precipitavam para a praia armados com seus arcos e passaram a atirar suas setas contra a tripulação do barco que na confusão reinante acabou por disparar alguns tiros de bombarda contra os atacantes que frente aos estrondos acabaram fugindo para o monte Onde as mulheres já estavam despedaçando o marinheiro para ser asado em uma grande fogueira, enquanto os homens faziam sinal dando a entender que tinham matado e devorado os outros marinheiros. Imediatamente alguns homens da tripulação queriam saltar em terra e vingar a morte tão cruel e aquele ato bestial e desumano, porém o capitão não lhes deu consentimento e ordenou que o navio partisse para correr a costa.
O primitivo nome da baia da Tradição era Acejutibiró, originário de Acajutebiró que quer dizer caju azedo ou cajual da sodomia, e segundo alguns pesquisadores a mudança de nome se deve a matança efetuada pelos índios, e no mais antigo mapa do Brasil confeccionado a pedido de Alberto Cantino agente do Duque de Ferrara na corte de Lisboa em 1502 por um cartógrafo português a Paraíba figura no mapa como um monte intitulado San Vicenso, e a Tristão da Cunha e atribuido a descoberta do rio Paraíba por volta do ano de 1506, quando tomou o nome de São Domingo e que muitos anos depois tomou o nome indígena de Paraíba. E ao encerrar-se o ciclo dos descobrimentos com o memorável feito de Fernão de Magalhães, era chegado o tempo de povoar o novo mundo que Pedro Álvares Cabra l descobrira para Portugal, onde até então os navios perlongavam as costas assinalando a posse e dilatando as fronteiras dentro do Tratado de Tordesilhas, mas a tarefa de transplantar para as selvas os fundamentos de uma civilização nascente excedia ao poderio de qualquer nação da Europa, deste modo a colonização do Brasil estava a exigir o supremo sacrifício de uma nação já saturada de tantas conquistas e por isto mesmo exausta, apesar do imperialismo que ditava ao mundo, pois quanto mais Portugal dilatava o seu império no oriente, mais se via empobrecido, pois as riquezas que desse tão vasto domínio promanava por mais paradoxal que pareça, se esvaia em guerras e o Brasil com a única riqueza que tinha para oferecer, que era a madeira de tintura, por si só, não bastava para a construção de um império, pois outras vantagens que permitissem implantar o homem na terra com um mínimo de bem estar, não havia no imenso território brasileiro onde a demanda dos ermos bravios era um desafio ao progresso e aliado a isto estava a inaptidão de Portugal para o comércio, pois esta falta de vocação manifestada pelos portugueses para a atividade mercantil decorria da expulsão dos judeus pelo Rei Dom Manoel em 1496, onde o interesse econômico de Portugal estava na Ásia, e por conta disto o Brasil ficou restrito ao estabelecimento de algumas feitorias de caráter puramente defensiva.
Pois desde o Tratado de Tordesilhas em 1494 celebrado entre Portugal e Espanha com isto a França mostrou-se inconformada por não ser admitida na partilha das terras que viessem a ser descobertas no aquém mar. Em represália passou a estimular o corso e a pirataria sob a proteção da bandeira francesa no deliberado intuito de apoderar-se de um pedaço do novo mundo com o beneplácito de Francisco I rei da França, de início foi a França Antártica no Rio de Janeiro com Villegaignon, seguindo-se depois o trafego com gentio por todo nordeste e pôr fim a ocupação do Maranhão no reinado de Luiz XIII. E o medo de perder a colônia, foi que levou Portugal a volver as vistas para o Brasil em busca de uma solução definitiva para o problema da colonização e para isto no ano de 1534 foi posto em pratica o plano donatorial sob a forma de um regime neofeudal, único capaz de salvar a colônia se não fossem os contratempos que levaram a ruína os pequenos monarcas que se aventuraram a transplantar para a terra indomável os promissores núcleos de civilização nas doze capitanias hereditárias em que se dividiu o Brasil e delas somente a de Pernambuco vingou em virtude ao descortino do seu donatário Duarte Coelho que possuía um espirito enérgico e um caráter nobre, posto a prova em tantos serviços prestados ao reino, e que ao chegar em Igaraçu em 1535 encontrou os franceses ali estalados e da guerra que abriu contra eles resultou a morte do governador alienígenas com o qual estavam aliados os nativos da terra, e com a vitória alcançada sobre os franceses e o desbaratamento dos indígenas, Duarte Coelho construiu a vila de Igaraçu no sitio dos Marcos e logo a seguir fundou a vila de Olinda para onde transferiu a sede do governo e todo território da capitania Duarte Coelho queria que fosse chamado de Nova Lusitânia, todavia o mesmo ficou conhecido por Pernambuco do tupi Paranã-buca que quer dizer mar furado; Pêro de Gois acabou abandonando a capitania de São Tomé com tudo que havia investido, depois de haver perdido um olho em combate com os índios; Vasco Fernandes Coutinho donatário do Espirito Santo além de excomungado pelo Bispo Pedro Fernandes Coutinho acabou seus dias muitos pobre; o donatário da capitania de Porto Seguro Pêro de Campo Tourinho fidalgo minhoto terminou o seu infortúnio reduzido à condição de réu do santo oficio ao ser recambiado preso para Lisboa; Jorge Figueiredo Corrêa donatário dos Ilhéus vendo a sua capitania assolada pelos Aimorés e seus canaviais destruídos e os engenhos incendiados e seus colonos mortos imediatamente desistiu do seu domínio feudal; Francisco Pereira Coutinho donatário da Bahia bravo soldado das companhas da Ásia neto do Conde de Marialva depois de perder todo o cabedal que trouxera da Índia culminou o seu martírio em Itaparica devorado pelos Tupinambás num repasto de antropófagos; outro que acabou devorado pelos Caetés depois de um naufrágio juntamente com o Bispo Pedro Fernandes Sardinha; foi Antônio Cardoso de Barros donatário da capitania do Piauí e Ceará da qual não chegara a tomar posse; João de Barros e Aires da Cunha e Fernão Alvares de Andrade arruinaram-se na tentativa de conquistar o Rio Grande do Norte, Para e Maranhão, sendo que Aires da Cunha perdeu a vida num naufrágio nas costas do Maranhão; e a capitania de Itamaracá que tinha trinta léguas de frente que ia da foz do rio Santa Cruz à baia da Tradição, que era uma terra que completava a capitania doada a Pêro Lopes de Souza dono por igual ou de maior número de léguas em Santana e Santa Amaro.
No ano de 1532 Pero Lopes de Souza se confrontou e venceu em Itamaracá numa violeta batalha os franceses do Senhor de La Motte e permaneceu na feitoria existente na ilha por um certo tempo e ao partir para o reino deixou como administrador da feitoria Francisco Braga que era grande conhecedor das terras e amigo dos Potiguares e ao chegar ao reino Pêro Lopes de Souza recebeu em doação a capitania de Itamaracá, e no momento em que se aparelhava para retornar ao Brasil, foi mandado à índia como capitão mor de uma armada e ao regressar dessa missão em 1539 sucumbiu com a nau capitaneia perto de Madagascar, Francisco Braga que exercia o posto de preposto na administração do feudo sem poder fazer nada em virtude de não dispor de grandes recursos, e com a morte do donatário da capitania o ritmo do progresso em Itamaracá que já era lento ficou cada dia pior, e devido aos incidentes com a vizinha Igaraçu onde as desavenças entre os mandões das capitanias faziam com que os moradores perseguidos em uma possessão procurasse abrigo na outra, Com isto fez com que Duarte Coelho homem feudal cioso de sua autoridade se queixasse com o rei, de que os criminosos de sua capitania encontravam homizio nas outras capitanias, e por conta disto mandou dar uma cutilada no rosto de Francisco Braga para que ficasse marcado para sempre. Amargurado por não poder tomar qualquer tipo de vingança para tamanha ofensa, Francisco Braga optou em abandonar a capitania levando consigo tudo quanto nela possuía junto com alguns companheiros quando rumou para à Índia de Castela, com isto Dona Isabel de Gamboa viúva do donatário Pêro Lopes de Souza para não perder a capitania, confiou o governo dela ao seu preposto João Gonçalves, velho companheiro de Pêro Lopes de Souza e que participou do ataque aos franceses em 1532 que investido das novas funções embarcou para o Brasil devidamente provisionado e que devido as furiosas tempestades que enfrentou teve o seu navio arrastado para à ilha de São Domingos nas Antilhas de onde João Gonçalves pode retomar o caminho marítimo para Itamaracá onde encontrou a capitania em lastimável estado de abandono, porém devido as suas qualidades pessoais, sobretudo pela confiança que os índios depositava sobre a sua pessoa ele conseguiu construir na ilha a vila de Conceição e dar início a construção de alguns engenhos nas margens do rio Tracunhaém com grande facilidade em virtude da violenta seca que abateu nos sertões de Copaoba em 1545. E que forçou aos índios a procurarem alimentos na capitania e por conta disto João Gonçalves foi beneficiado pela mão de obra indígena para execução de seus planos. Porém esta fase dourada da capitania de Itamaracá teve pouca duração, pois passado a seca em 1548 João Gonçalves morreu e os índios por sua vez se revoltaram contra o vexames do cativeiro que tanto os inquietavam e por isto puseram um cerco a vila de Igaraçu, o que obrigou aos colonos de Itamaracá a se recolherem à ilha para se colocarem a salvo do perigo, com isto Duarte Coelho ao se ver assediado pelos Caetés que assolavam e incendiavam os engenhos e as casas dos colonos, partiu para o ataque e os primeiros tiros efetuados pelos de Duarte Coelho bastou para quebrar o ímpeto dos atacantes que em fuga desesperada acabaram levantando o cerco que mantinham e rumaram para as suas aldeias nos sertões da Paraíba, com isto a paz voltou a reinar ente os portugueses e os Potiguares da Paraíba, tanto que Frutuoso Barbosa rico mercador pernambucano ia carregar de pau-brasil os seus navios, bem acima da barra do rio Paraíba no lugar que ficou denominado como Porto da Casaria e depois chamado de Porto do Capim em cujas imediações foi criada a cidade de Nossa Senhora das Neves perto da várzea do Miriri onde estava a posse de Jorge Camelo que era denominada como Água do Camelo, e no exercício dessa atividade era o mercador ajudado pelos índios que cortavam e transportavam a madeira para o local de embarque.
Em 1549 o plano donatorial acentuava a sua falência que se iniciava desde a criação do governo geral do Brasil, com Tomé de Souza cuja jurisdição se exercia sobre todas as capitanias, que implicava no termino do feudo donatorial e que de imediato terminou com privilegio hereditário quando algumas capitanias foram passadas para a coroa sob o argumento de que não progredira na tentativa de ocupação por seus donatários, apesar de debilitada por falta de material humano para povoar o solo a capitania de Itamaracá permaneceu estagnada na ilha, escapando de ser revertida para a coroa que se mostrava inerte e incapaz para atender uma ação mais decisiva pela posse da terra, o que retardou por muitos anos a conquista da Paraíba, e no momento em que o gérmen da discórdia inoculada pelos franceses entrou em furiosa ação ao estigmarem os índios contra os portugueses em uma guerra sanguinolenta, após serem expulsos do Rio de Janeiro por Mem de Sá em 1565 e que após passarem por Cabo Frio e daí para o Rio Real e chegaram as costas entre a Paraíba e o Rio Grande do Norte onde se estabeleceram quando se introduziram no meio dos nativos cuja língua dominavam demonstrando apenas querer as suas amizades em proveito das novas relações de comércio.
Os franceses com seus temperamentos mais alegre e seus métodos de ação bem divergentes do empregado pelos colonizadores portugueses que tomavam as suas terras e os escravizavam. Logo captaram a confiança e a simpatia dos indígenas e firmaram uma aliança com os Potiguares para exercerem o comércio clandestino de pau brasil, pois a Paraíba era o lugar onde abundava a melhor madeira de tintura, com isto a cada ano ancorava na foz do rio Paraíba e na baia da Tradição uma média de vinte a trinta navios franceses que traziam ferramentas e outras oferendas para serem trocadas com os índios por pau brasil, algodão, óleos vegetais e bichos da terra, com isto os mercadores de Dieppe e da Normandia exerciam livremente o tráfico do pau brasil nas selvas de Copaoba, enquanto isto os soberanos franceses não se preocupavam em elaborar um plano para ocupação definitiva em que se consolidassem na Paraíba pois apenas cuidavam de obstar o avanço dos portugueses contentando-se com o tráfico do pau brasil do saque dos navios portugueses. E no decorrer do tempo apesar da dominação portuguesa o povoamento do norte do país não havia dado um passo avante, pois os colonos que vinham para o Brasil, bem poucos traziam as suas famílias e a solução estava no cruzamento racial de que proveu o mameluco, gente que queria ser povo, e a história registra as primeiras manifestações do espirito nacionalista e a lenta avançada estava agora em risco de retroceder com as constantes ameaças de assalto por parte dos potiguaras. A Paraíba, terra quase desconhecida que pertencia à capitania de Itamaracá que definhava na ilha como um caso ostensivo de malogro, com isto a guerra entre potiguaras e portugueses não demoraria a estourar, devido ao fato que um rico mercador de Pernambuco Diogo Dias que tinha obtido uma data de terra às margens do rio Tracunhaém para montar um engenho, e nesta época aconteceu de um mameluco aventureiro que saindo de Olinda passou por Tracunhaém e penetrou os sertões da Paraíba rumo à serra da Copoaba onde os potiguaras tinham as suas aldeias e aproveitando de sua metade de índio, acabou sendo admitido e passou a viver entre os potiguaras e aceito na taba do cacique Inigaçu e com isto acabou conquistando a filha do cacique como esposa, até que um dia aproveitando que o cacique fora a caça, ele acabou fugindo com a companheira para Olinda. Inigaçu ao tomar conhecimento do fato ocorrido de imediato despachou dois de seus filhos para Olinda para que falasse com Antônio de Salema que era o governador geral do Brasil e que estava em correição na capitania de Pernambuco, Antônio de Salema ao tomar conhecimento dos fatos de imediato mandou notificar o ao pai do mameluco para que entregasse a índia, o que foi prontamente atendido, com o caso resolvido.
Os filhos do cacique Inigaçu retornaram com uma provisão para que não fossem molestados pelo caminho, assim se passou até junto ao engenho de Diogo Dias em Tracunhaém onde pediram para que fossem dado pousada para eles, no entretanto ao dar pouso aos filhos de Inigaçu ele acabou por esconder a moça dos irmãos. Apesar dos mesmos apresentarem a provisão de Antônio de Salema que recomendava ao acatamento dos mesmos, com a moça raptada por Diogo Dias os seus irmãos prosseguiram viagem para a sua aldeia onde relataram o fato ao seu pai, que de imediato enviou um emissário até ao senhor de engenho Diogo Dias o qual retornou sem a moça, porém cheio de dissimulações e totalmente enganado por Diogo Dias e por seu amigo o Capitão mor de Itamaracá a quem o emissário havia recorrido.
Nesta época chegou à baia da Tradição alguns franceses em suas naus, e diante dos acontecimentos passaram a estingar os índios de Copoaba pela necessidade de ser executada uma desforra contra os portugueses. Iniguaçu que já se mostrava resignado com o ultraje recebido, porém ao ser açulado pelos franceses que o incitava à luta, reuniu milhares de índios e decidido a quebrar a paz reinante se deslocou de Copoaba para Tracunhaém onde chegou pela madrugada e puseram cerco ao engenho de Diogo Dias e ao amanhecer quando os trabalhos no engenho começaram, Inagaçu junto a uma coluna arremeteu em escaramuças contra o engenho enquanto o grosso da indiada se conservava oculto nos matos e ao ser dado o alarme e posta em funcionamento a defesa da fazenda, a coluna atacante foi aos poucos recuando como se bastasse em retirada, com isto Diogo Dias saiu com sua gente no propósito de perseguir os atacantes em retiradas. No entanto quando se encontrava em campo aberto, acabou sendo atacado por todos os lados pelos índios. E que devido a fúria dos atacantes que acabaram aturdindo à Diogo Dias que pode se recolher em um lugar seguro, com isto se deu uma matança total da gente de Diogo Dias.
Numa grande carnificina, onde morreram mais de seiscentas pessoas e entre elas constava o senhor de engenho Diogo Dias e sua família da qual só se salvou os seus filhos Boaventura Dias que se encontrava em Olinda e o menor Pedro Dias que estudava em Portugal. E no ano seguinte Boaventura Dias associou-se com Miguel de Barros para construir o engenho, quando levou um grande número de pessoa de Pernambuco, acontece que o gentio com a vitória conquistada se mostravam muito soberano, e por esta razão empreenderam um novo ataque quando atiçados pelos franceses, do qual os sitiantes resistiram bravamente ao se refugiarem numa casa forte, todavia devido ao forte ataque no final da batalha acabaram cedendo e Miguel de Barros junto a sua família veio encontrar a morte no campo de batalha, e Boaventura Dias que se encontrava ausente no momento em que os índios efetuaram o cerco, conseguiu se salvar e por conta do acontecimento em 1577 numa petição feito ao Capitão mor de Itamaracá ele pediu licença para vender as suas terras a João Cavalcanti de Araripe. Tão logo ecoou em Portugal o massacre efetuado pelo cacique Inigaçu em Tracunhaém, de imediato o Rei Dom Sebastiao determinou que fosse fundada as custa do governo de Portugal a capitania da Paraíba, que assim se desmembrava da capitania de Itamaracá e neste sentido o Governador Geral do Brasil l Luís de Brito recebeu ordem para mandar ocupar as margens do rio Paraíba e plantasse ali os fundamentos de uma cidade para poder atender as necessidades que impunha-se em vencer os obstáculos que impediam a marcha da conquista para o norte e eliminar pelas armas o estabelecimentos do comércio fraudulentos praticado pelos franceses que alimentavam o foco de perturbação que aniquilava Itamaracá e punha em sobressalto os moradores de Pernambuco.
Nesta época todas as capitanias não povoadas por seus donatários, foram revertidas para a coroa, a época era de rasgar as cartas e forais pois o regime donatorial já estava gorado desde a instalação do governo geral.

ORIGENS DA PARAÍBA

Etimologicamente falando o nome PARAÍBA é originado de tupi: PARA(rio) IBA(mau), cuja significação foi atribuída pelo historiador holandês Elias Herckman como: rio mau, o cronista Loureto Couto o denominou de rio caudaloso e Coriolano de Medeiros de BRAÇO QUE VEM DO MAR.
O rio Paraíba denominado de São Domingos por André Gonçalves, era há muito tempo conhecido dos franceses que por ele faziam os carregamentos de madeira da terra. Já se encontrava nessa época na Paraíba uma porção de mamelucos, que cortava em várias direções e quase sempre iam implantando o terror sobretudo entre os negros nativos que encontravam. Através do rio Paraíba armaram-se batalhas, trafegaram naus francesas e portuguesas carregando toros de pau brasil cuja madeira era de primeira qualidade e muito abundante na Paraíba. O território era dos mais povoados no tempo do descobrimento do Brasil. Duas nações tupis, os Tabajaras e os Potiguares, ocupavam as margens do Rio Paraíba até 20 léguas do litoral. Havia os Cariris, povo tapuia dominando o Planalto da Borborema e todo interior.
Devido às condições favoráveis do meio, livre dos danos das secas, os tupis, compostos apenas de duas nações, equivaliam numericamente, aos cariris, divididos em muitas tribos. Estava a Paraíba entregue aos índios e aos franceses que invadiam, explorando toda a região e fazendo importante comércio de pau-brasil. Não somente a exploravam, mas, ainda saqueavam os proprietários. Cada ano ancoravam vinte a trinta navios na foz do Rio Paraíba na Baia de Acejutibiró (Traição), hoje Baia da Traição, os índios ajudavam os franceses a tirar o pau-brasil, em troca de ferramentas, presentes e enfeites, de que muito gostavam. Os piratas enchiam as naus de madeira cor de brasa, algodão, óleos vegetais e animais nativos e vendiam no comércio europeu.
O contrabando de pau-brasil tornou-se palco de luta, guerra e morte. Setenta e quatro anos depois do descobrimento do Brasil, era tão forte o núcleo francês-potiguara que em 1574, levaram a efeito uma macabra incursão ao Engenho Tracunhaém no território de Pernambuco, com tal surpresas perversidade que tudo reduziam a cinzas, atearam fogo nos canaviais, mataram os animais de serviço e exterminaram mais de 500 pessoas moradores do engenho, inclusive o proprietário Diogo Dias, foi sacrificado com toda a família.
A Paraíba não foi logo constituída em capitania. O seu território em 1534 pertencia à capitania de Itamaracá. Ia da foz do Rio Santa Cruz, hoje Igaraçu, até a Baía da Traição. Cobria assim, todo o território do atual Estado da Paraíba. Essa capitania foi doada a Pero Lopes de Sousa, com sua morte os franceses e potiguares tinham multiplicado sua ação de domínio, inclusive com audacioso avanço ao Engenho Tracunhaém, o rei de Portugal D. Sebastião assombrado com os acontecimentos e para assegurar a tranquilidade dos habitantes de Itamaracá e Olinda, resolveu criar a Capitania Real da Paraíba, em 1574, compreendendo parte das terras da capitania de Itamaracá. Chamou-se capitania da Coroa porque foi conquistada com dinheiro e soldados do Estado independente e administrada por Governadores nomeados pelo Rei.
A conquista da Paraíba vinha constituindo um problema sério para os portugueses, as primeiras tentativas foram frustradas e a terra continuou entregue ao próprio destino. O rei de Portugal sabedor da grande mortandade efetuada pelos mamelucos e índios, resolve tomar as devidas providencias receosos de que os franceses não viessem tomar conta da Paraíba e ordena ao governador geral do Brasil Luís de Brito e Almeida efetuar a conquista e povoamento.
Em 1574 realizou-se a primeira tentativa de conquista. O governador Luís de Brito ordena a Fernão da Silva, ouvidor Geral e Provedor-Mor da Fazenda ara que viesse ocupar a Paraíba. Organiza a expedição com elementos de que pode dispor, e toma posse da terra, mas não pode manter a conquista, pois indígenas e franceses se levantaram em tão grande número que ele teve de fugir sacrificando parte de sua expedição. 1575 segunda tentativa quando o governador Luís de Brito em face ao fracasso de Fernão da Silva, para a conquista da Paraíba, resolve ele mesmo faze-la. Devidamente aparelhado, dispondo de uma frota considerável e de tropas numerosas e bem organizadas, embarcou para Paraíba, porem fortes temporais dispersaram a frota, que regressou a Bahia sem ter atingido o ponto desejado. 1579 terceira tentativa João Tavares, Juiz de Órgãos e Escrivão da Câmara de Olinda lançou os fundamentos de uma povoação a margem do rio Paraíba, construiu um fortim de madeira na ilha da Camboa hoje chamada Restinga. Por falta de auxílio dos portugueses não pode continuar sua ação de conquista regressando a Pernambuco.
Em 1580 chega a Pernambuco Frutuoso Barbosa, rico proprietário e comerciante de pau-brasil, conseguira do governo a nomeação de Capitão-mor da Paraíba por espaço de dez anos, obrigando-se a realizar sua conquista. Organiza uma poderosa expedição e se dispões a combater os selvagens, porém um temporal destroçou a armada e retrocederam-na a Lisboa de onde depois de recomposta retornou a Pernambuco. Nesse mesmo ano, não esmorecendo com aquele infortúnio que lhe roubara a esposa, e cheio de coragem e talvez guiado pelo interesse Frutuoso volta a sua empresa, reforça suas tropas e segue por mar enquanto o Capitão Simão Rodrigues Cardoso vinha por terra com a legião de voluntários. Na foz do Paraíba, aprisionou Frutuoso cinco naus francesas carregadas de pau-brasil. Mas enquanto esperava ali pelas forças da terra, uma cilada do gentio vem atacar sua gente perdendo quarenta homens de sua força inclusive seu filho, fato que o deixou profundamente aflito e impressionado.
Frutuoso, depois de transferir a colônia da Camboa para Cabedelo, procurou fortificar-se ao norte, mas insuflado pelo inimigo se viu obrigado a retirar-se para Pernambuco e pedir socorro a Manuel Teles Barreto governador geral do Brasil. Coincidiu a sua chegada a Bahia com o aparecimento de uma poderosa esquadra comandada por Diogo Flores Valdez (General Espanhol) a busca de provisões, o governador consegue a ajuda do general auxiliado por Martim Leitão, Martins de Carvalho e Dom Felipe Moura, chegando em Pernambuco reuniram-se em Conselho e combinaram o plano de conquista. A Paraíba é cercada por terra e por mar. Na Barra do Rio Paraíba, Valdez aprisionou naus francesas ateando fogo as mercadorias, enquanto o restante da força por terra combatia os índios. Tratou Diogo Flores de escolher o local para construção de forte, ponto de apoio pra novas conquistas. Defronte a Cabedelo foi erguido o forte com o nome de São Felipe ou São Tiago (Forte Velho).
Logo depois Flores retirava-se com suas tropas nomeando diretor do Forte Francisco Castrejon e Frutuoso incumbido de governar a capitania. As desinteligências entre os dirigentes do forte impediram o progresso da recente colônia, que já não podia oferecer aos inimigos a necessária resistência. Passou o forte, a ser alvo de insistentes agressões dos selvagens açulados pelos franceses. Castrejon não resistindo as hostilidades dos selvagens e franceses abandona o forte vai para Pernambuco onde é preso e remetido para Espanha. Enquanto ele partia os índios tratavam-se de organizar resistência e uniram a tribos tabajaras e potiguares, porém um imprevisto deu-se o rompimento do chefe Tabajara com o chefe Potiguar, perseguido pelo inimigo Piragibe pede socorro a Pernambuco, e foi nesse momento de desarmonia que Martim Leitão, habilmente soube aproveitar-se mandando propor a paz a Piragibe, o emissário foi o Capitão João Tavares, o acordo foi celebrado numa colina, as margens do Rio Sanhauá, começaram a expulsar o invasor.
Era 05 de agosto de 1585 dia consagrado a Nossa Senhora das Neves, realizava-se nesta data a conquista definitiva da Paraíba. Estava o convênio celebrado feita assim a Aliança forte contra Potiguar e Tapuia, inimigos poderosos do litoral, contrários e hostis a conquista da civilização. Efetuada a conquista da Paraíba, Martim Leitão, tomou providencias para que desde logo se fundasse a colônia que mais tarde deveria se tornar uma cidade próspera.
A fundação recuou do litoral e situou-se numa colina, a margem do Sanhauá, afluente do Paraíba, a quarenta e cinco metros de altitude, no sentido leste-oeste. Foi vista por Frei Vicente Salvador como “uma planície de mais de meio légua, muito chão e toda cercada de água”. Estabelecidas as pazes entre portugueses e o cacique dos Tabajaras Piragibe, a 05 de agosto de 1585, João Tavares escolheu o local para a construção de um forte sob a direção do oficial alemão Cristóvão Lins como meio de defesa da cidade. No alto da colina foi construída a capela de Nossa Senhora das Neves que seria a padroeira da cidade e lhe daria o primeiro nome.
A data exata da origem é 04 de novembro de 1585, o mestre construtor das obras foi Manuel Fernandes designado para dirigir as novas edificações em projeto. A cidade recebeu o nome de Filipéia de Nossa Senhora das Neves em homenagem a Filipe II rei de Espanha e Portugal. Sob o domínio holandês denominou-se Frederica, em homenagem ao príncipe de Orange. Restabelecida a soberania portuguesa foi chamada Paraíba, finalmente em 1930 recebe o nome de João Pessoa por Decreto assinado por Dr. Álvaro de Carvalho pai do ilustre governador barbaramente assassinado no Recife. Vale ressaltar com profundo reconhecimento três figuras importantes que se sobressaíram na história da conquista e civilização da Paraíba. Merece comentários especiais o nome de Martim Leitão, combatente indomável dos franceses e potiguares, verdadeiro conquistador e fundador da Paraíba. Destacando-se também seu auxiliar João Tavares, primeiro capitão-mor, incansável administrador, fundou engenhos, desenvolveu a agricultura, instituiu prêmios de vinte mil reis a quem empreendesse construções, fundou a Santa Casa de Misericórdia, contribuiu bastante para o desenvolvimento da cidade. Em 1586 inicia-se a obra de catequese e civilização confiado aos jesuítas que vieram na expedição de Martim Leitão, eles construíram a capela de São Gonçalo e a aldeia Braço de Peixe.
A freguesia de Nossa Senhora das Neves foi criada nesse ano e o seu primeiro vigário foi o Pe. João Sarlém dos Santos. Outras ordens religiosas tais como carmelitas, beneditinos e franciscanos vieram a Paraíba com o objetivo de fundarem conventos. O primeiro convento foi o de Santo Antônio fundado pelo Pe. Custódio Melchior da Santa Catarina, o Convento do Carmo fundado por Francisco S. Boaventura, o mosteiro de São Bento por Frei Damião da Fonseca e o convento de São Francisco por Frei Antônio do Campo Maior.
O estilo é barroco romano, atualmente pertence ao Estado onde funciona o Museu de Arte Sacra, com um acervo de mais de dez mil peças. Esta ordem cronológica nos dá uma informação precisa dos primeiros governantes da Paraíba, que de uma ou de outra maneira, contribuíram para o progresso e desenvolvimento da nossa Paraíba 1585 a comitiva do interior da Paraíba não excedeu a serra de Copaoba, limite das excursões chefiadas por Martim Leitão e João Tavares, no combate contra franceses e potiguares. Após a expulsão dos holandeses da Paraíba é que, na realidade, começaram explorações do interior. A conquista do sertão foi bastante lenta, pois os governadores das capitanias se ocupavam com a colonização do litoral e por muitos anos as Entradas tiveram a serra de Capaoba como limite. Os holandeses também fizeram explorações pelo interior, indo Elias Herckman até a serra (hoje cidade de Areia). Entretanto nada lograram dessa entrada. A primeira entrada paraibana visando escravizar índios e explorar minas, foi a de Pedro Coelho de Sousa, cunhado de Frutuoso Barbosa, obtendo permissão do governo geral partiu com 65 soldados, entre os quais Martins Soares Moreno, o célebre herói de Iracema, o ponto de reunião dos exploradores foi o rio Jaguaribe, essa bandeira chegou até serra de Ibiapina, era intenção de Pedro Coelho ir até o Maranhão, porém seus soldados protestaram contra seu desejo. Impossibilitado de levar avante sua conquista por falta de recursos financeiros, regressa a Paraíba.
Outras Entradas se efetuaram após essa, como as de Feliciano Coelho, Duarte Gomes da Silveira e do Alcaide Manuel Rodrigues. Os bandeirantes paulistas que vinham do sul do país, penetraram até o Piauí. Afirma-se que os mesmos demoraram no interior da Paraíba, tendo Domingos Jorge Velho, fundado Piancó e estabelecido muitos currais de gado. Não há dúvida que foi a família Oliveira Ledo, da casa da Torre da Bahia quem levou a efeito a conquista do interior paraibano, partindo das margens do rio São Francisco atingiu o sertão da Paraíba chegando a Boqueirão, onde estabeleceu o primeiro núcleo colonial do Cariri. Era chefe da expedição Antônio de Oliveira Ledo, que foi substituído pelo seu sobrinho Teodósio de Oliveira Ledo mais célebre e ousado conquistador do sertão paraibano.
Do Boqueirão estendeu-se a conquista por todo alto sertão da Paraíba, tendo Teodósio recebido o título de capitão-mor de Piranhas e Piancó. A ele deve-se a fundação de Campina Grande que teve como origem o aldeamento dos ariús que tinha por principal chefe um indígena chamado Cavalcanti, que prestou relevantes serviços aos conquistadores. O rigor com que os bandeirantes tratavam os índios determinou a grande reação destes, havendo muitas lutas que receberam o nome de “Guerra dos Cariris”. Esta tribo aliou-se aos Açus do Rio Grande do Norte, aos Sucurus, Panatis, Coremas, os Pegas, Icós do Ceará, empenhando-se numa luta de morte contra o conquistador Oliveira Ledo.
A Paraíba auxiliou as capitanias atacadas, a guerra foi feroz, mas os indígenas foram vencidos. Em consequência dessa guerra Teodósio Oliveira Ledo leva a conquista além da Borborema, chegando até Pombal onde constituiu uma povoação. Os indígenas procuram-se se restabelecer no alto sertão, iniciou-se uma luta sem trégua, o governo geral mandou a Paraíba o Coronel Manoel Araújo, fazendeiro nas margens do São Francisco com auxílio dos colonos dirigidos por Teodósio, a guerra durou alguns anos, depois foi assinada a paz entre os Coremas e Manoel de Araújo, é considerado o verdadeiro colonizador de Piancó.

Américo Vespúcio

Atribui-se a Américo Vespúcio a descoberta da Paraíba em 1501. Por essa época o famoso navegante havia se desligado dos serviços da Espanha, passando a servir a Portugal, tempo em que iniciou uma série de escalas no novo domínio dos portugueses.
Américo Vespúcio depois de “completar a exploração das Antilhas e foz do Amazonas ou do Orinoco”, velejou com sua esquadra pela costa brasileira, ancorando naquele ano de 1501, em frente à Baía de Acejutibiró, depois chamada de baía da Traição, epíteto dado pelo próprio Vespúcio quando viu de bordo da nau capitânia o trucidamento de alguns dos seus marujos mandados a terra com o intuito de dialogar com os índios, que à distancia pareciam pacíficos. Conta Américo Vespúcio em uma das suas cartas que um dos marujos em terra atraído por belas mulheres índias, uma das quais munida de grosso pau atingiu traiçoeiramente a cabeça do marinheiro e que só então apareceram os selvícolas para concluir a matança.
Esta versão não é aceita por Horácio de Almeida. No entanto, o antropólogo holandês Franz Moonen assinala, a propósito, que não se sabe a origem do nome Baía da Traição, no litoral do Estado da Paraíba. Segundo alguns, foi porque os índios Potiguara, em 1501 teriam matado ali três marinheiros da esquadra de Américo Vespúcio, um dos quais devoraram traiçoeiramente à vista de todo mundo. Muito embora comprovado historicamente através da LETTERA - carta em que o navegador Américo Vespúcio conta a Dom Manuel, Rei de Portugal, tudo o que ali presenciou. Essa versão tem sido objeto de controvérsia entre nossos pesquisadores.
Segundo outros, porque os índios mataram traiçoeiramente alguns náufragos espanhóis e portugueses.

Os heróis da conquista

Martim leitão: “Fundador da cidade da Paraíba, na antiga colônia denominada de Filipéia de Nossa Senhora das Neves, por alvará de 29 de dezembro de 1585. Como ouvidor geral, partir de Olinda para isso, à frente de grande número de índios, padres da Companhia de Jesus, família e praças. Chegou à Paraíba, a 29 de agosto daquele ano, escolheu uma colina, a 18 quilômetro da foz do rio Paraíba, para a fundação definitiva da cidade, a que deu, então, o nome de Filipéia, em honra a D. Felipe II”.
João Tavares: “Foi o primeiro governador da Paraíba, havendo tomado posse em 1585. Homem do povo, de grande valor na história da Paraíba, intrépido e valoroso soldado, cujo nobre ideal, ao último quartel do século do descobrimento do Brasil, era conversão dos aborígenes à civilização”.
Frutuoso Barbosa: “Nomeado capitão-mor da Paraíba, a 25 de janeiro de 1579, só tomou posse em 1582. Mercador lusitano muito e rico, inebriado pela opulência, ávido de grandezas e fortuna como João Tavares e Feliciano Coelho, concorreu, poderosamente para a conquista do Paraíba, feito este que só se realizou a 5 de agosto de 1585. Chegou a enfrentar Pernambuco em 1579, com a concessão que tivera, por um decênio, da Capitania da Paraíba, com obrigação de a conquistar aos gentios. Demorou-se na barra uns dez dias, acossado por um forte temporal, que o obrigou a arribar às índias, com avultados prejuízos. Voltou, depois, a Portugal, de onde, novamente partiu em 1582, autorizado por D. Filipe a prosseguir na conquista. Auxiliado pelo governo de Olinda. Chegou, onde ali encontrou, assenhorando-se, então do Posto. Animados pela facilidade da vitória, os homens de Frutuoso baixaram à terra sem as devidas precauções táticas, sendo, então, atacados pelos indígenas que deixaram mortos no campo quarenta e três homens, inclusive o filho do próprio Frutuoso Barbosa. Acabrunhado com esse adverso feito de armas, retirou-se Frutuoso Barbosa barra afora, logo depois”.
Duarte Gomes da Silveira: “Senhor de engenho e rico lavrador da Paraíba. Construiu dois engenhos: o de Nossa Senhora da Ajuda (Velho) e Santo Antônio (Novo), à margem esquerda do rio Paraíba. Generoso e patriota, oferecia a cada construtor da cidade da Paraíba, do seu próprio bolso, dez ou vinte mil réis: dez, para o construtor de cada prédio térreo; e vinte, para o construtor de sobrado. Por muitos anos, assim procedeu, apenas, visando ao desenvolvimento da cidade.
Elias Herckman informa que a igreja da Misericórdia tem servido de Matriz e que Duarte Gomes da Silveira a construiu às suas custas, assim como tem promovido a edificação da cidade, auxiliando com dinheiro a muitos moradores que desejavam construir casas, sem dispor de dinheiro para as despesas.
História - Derivada : Waldemar Duarte; 1991.
Capítulos de História da paraíba - coord. José Octávio de Arruda Melo; Grafset; 1987.
Anotações para a História da Paraíba - Reinaldo de Oliveira sobrinho; Ideia; 2006.

Geografia da Paraíba

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