Os índios da Paraíba
Os fatos levam a crer que houve muito pouca imigração no Brasil dos tempos coloniais e que algumas tribos que sobrevivem atualmente já povoavam o território antes de 1500. Quase todas as tribos foram mencionadas em fontes durante 450 anos, desde que a colonização começou, e muitas delas inevitavelmente adquiriram nomes diferentes.
Sabe-se que
a Paraíba era habitada por três grandes nações indígenas: a Tupi, a Cariri e a
Tapuia.
Os Tupis
Os Tupis se dividiam em Tabajaras e Potiguaras, que eram inimigos. Na época da fundação da Paraíba, os Tabajaras formavam um grupo de aproximadamente 5 mil pessoas. Os Tabajaras ocupavam a margem direita do rio Paraíba até os limites meridionais com a capitania de Itamaracá.
Os tabajaras, haviam chegados à Paraíba na época da conquista, por volta de 1585, constituindo o grupo menos numeroso. Primitivamente localizados às margens do rio São Francisco, na Bahia, onde auxiliaram os portugueses em algumas campanhas, os tabajaras foram vítimas de cilada dos reinóis, em seguida ao que fugindo, alcançaram as nascentes do Rio Paraíba, no atual município de Monteiro. Descendo o Paraíba, esses indígenas chegaram ao litoral, engajando-se em luta contra os colonizadores, em Itamaracá. Seu desempenho, todavia, nunca agradou aos verdadeiros naturais da Paraíba - os Potiguaras - que os consideravam panemas, ou seja fracos. A João Tavares coube transformar a fraqueza dos Tabajaras em força para os portugueses, mediante tratado de paz, por meio do qual os tabajaras, aceitando o domínio português, concordaram no estabelecimento desses e passaram a lutar contra seus irmão Potiguaras.
Por ter sido logo aldeado e por seu razoável poder assimilação, foi quase todo absorvido no grosso da população. dos seus antecedentes às margens do São Francisco e dos bons serviços prestados aos portugueses, já é notório. O seu nome indicava que viviam em tabas ou aldeias. Eram sedentários e de fácil convívio. A aliança que firmaram com os portugueses foi de grande proveito para os índios quando da conquista da Paraíba e fundação de João Pessoa.
Todos os
aldeamentos estabelecidos ao sul de Cabo Branco pertenciam a indígenas dessa
tribo e deram origem a muitas cidades e vilas, como: Aratagui (Alhandra), Jacoca
(Conde), Piragibe (João Pessoa), Tibiri (Santa Rita), Pindaúna (Gramame),
Taquara, Acaú, Pitimbu. Os tabajaras parecem ter deixado o território paraibano
em 1599.
Os potiguaras
ocupavam uma área bem mais extensa. No litoral, os Potiguaras teriam encontrado
os Cariris e os empurrados para o interior, após muitas lutas. Dessa extensa
porção paraibana, eles continuavam pelo Rio Grande do Norte indo até a serra da
Ibiapaba, no Ceará.
Já os índios Potiguaras (comedores de camarão) foram os primeiros a ter contato com os homens do "velho mundo" em nosso território, principalmente os oriundos da França. Possivelmente, desde 1504 corsários franceses começaram a aparecer nas nas costas já cartografadas do Brasil.
Em uma das vertentes mais aceitas sobre o primeiro contato dos portugueses com o território paraibano narra-se que em 1501, o navegador Américo Vespúcio ancorou sua expedição onde, hoje, localiza-se o município de Baía de Traição. Numa carta preservada na Torre do Tombo, em Lisboa, conhecida por LETTERA, Américo Vespúcio detalhou a terra que encontrara ao rei português D. Manoel; "a paisagem é vivente e de boa aparência. Há um monte junto à praia, não muito alto nem íngreme". Referia-se, o navegador, ao Alto do Tambá, na Baía da Traição (chamada pelos potiguaras de Acejutibiró).
Em sua carta, Américo Vespúcio conta, ainda, que ao aportar na região descrita, para explorar sua costa, os portugueses foram vítimas de uma grande traição por parte dos índios potiguaras: atraindo a si três marinheiros, chamando-os para o desembarque, os índios devoraram um deles cruelmente, à vista de todos, dando a entender, por meio de acenos e de uma vozeria infernal, que o mesmo aconteceria com os outros dois. Esse fato serve como justificativa para os portugueses descartarem o nome Baía de Acejutibiró, batizando-a de Baía da Traição, pois essa denominação recorda, sem dúvida alguma, a cena de antropofagia da qual concluíram os portugueses ser o dia-a-dia dos povos indígenas.
Os
Potiguaras eram uma das tribos mais populosas da nação Tupi e desempenharam
importante papel na guerra holandesa com cujos povos se aliaram. Anos antes
eles foram também aliados dos franceses, que mantinha feitorias no estuário do
Paraíba e na e na Baía da Traição (Acejutibiró) e de onde faziam incursões até
a serra da Copaoba (Serra da Raiz) para extração do pau-brasil. Esses índios
resistiram feroz e bravamente, desde o início da conquista portuguesa.
Sofrendo com o aumento da concorrência francesa no comércio de pau-brasil na Europa e a possível invasão desta outra monarquia em sua colônia, os portugueses passaram a enviar expedições para evitar o contrabando da madeira, porém, quando chegavam em território paraibano eram surpreendidas e derrotadas pelos franceses, apoiados pelos índios Potiguaras.
Antes da
invasão holandesa, nas margens do Mamanguape (Vila de Monte-mor ou da Preguiça),
do Camaratuba e em Baía da Traição, diversos aldeamentos Potiguaras foram
estabelecidos.
No início da colonização, alguns grupos indígenas se empenharam na defesa do Nordeste oriental contra estrangeiros, destacando-se o índio Piragibe, na conquista da Paraíba, e Filipe Camarão (índio Poti), na luta contra os holandeses, herói na Batalha de Guararapes.
Os Potiguaras, bastante dizimados e miscigenados, se constituem do principal grupo indígena que permanece na fachada litorânea do Estado, fruto da Bravura e resistência na luta pela posse da terra. Seu território está situado nas terras que dividem as bacias hidrográficas dos rios Mamanguape e Camaratuba. Ocupa uma área de 33.757 hectares, distribuídos em três subáreas nos municípios de Baía da Traição, Rio Tinto e Marcação.
No litoral sul da Paraíba está identificada o povo Tabajara com algumas centenas de indígenas, distribuídos em quatro aldeias localizadas nas terras das antigas sesmarias de Jacoca e Aratagui, hoje municípios do Conde, Alhandra e Pitimbu.
Os cariris
Até o final
do domínio holandês, (1654) os cariris eram muito pouco conhecidos e,
consequentemente, sua língua, seus usos e costumes, vindo a provar que, até o
final do século XVII, a exploração do território paraibano não ultrapassava
vinte léguas, em direção ao interior.
Em sua obra
sobre a Paraíba, Elias Herckman (1639), governador durante o período holandês,
fala a respeito dos cariris, afirmando tratar-se de uma raça numerosa dividida
nas seguintes nações; Cariris, Caririvasis, Caririjous e Tarairius.
Os cariris
na Paraíba ocupavam a superfície elevada e serras do Planalto da Borborema (Região
dos Cariris Velhos), a região do Cariri Cearense (vales e encostas da Chapada
do Araripe), os vales do Acaraú, do Jaguaribe, do Açu, do Apodi e do Baixo São
Francisco.
Os cariris
dividiam-se em várias tribos das quais serão apenas as que existiam em
território paraibano e proximidades. Esses grupos, na Paraíba, eram os
seguintes; Sucurus, Icó, Ariús, Pegas, Paiacus, Caicó e janduis, Panatis,
Canindés, Bultrins e Carnoiós.
Segundo os relatos dos primeiros historiadores, somente os Cariris e Tapuias deslocavam-se em seus territórios, sobretudo durante a estação seca. De acordo com os relatos de Elias Herckmann(1639), governador da capitania da Paraíba, durante a ocupação holandesa, os Cariris desciam do planalto todos os anos, durante a estação dos cajus, isto é, de novembro a janeiro, e vinham até o litoral. ou então, durante as grandes secas, quando havia fome. Mas os deslocamentos habituais eram feitos, sobretudo, em direção às serras úmidas da Borborema e para os férteis vales da chapada do Araripe e da serra da Ibiapaba.
Os Gês ou Tapuias
Os Gês ou Tapuias ocupavam, na época do descobrimento, uma extensa área entre os 2° e 30° de latitude Sul e os 38° e 56° de longitude Oeste. Algumas famílias viviam mesmo no litoral. Eles se moviam de Oeste para Leste, vindos das proximidades do rio São Francisco. Os Gês são os Tapuias tradicionais e viviam no litoral de onde foram expulsos pelos tupis.
Fonte: PARAÍBA: Desenvolvimento econômico e a questão ambiental – Antonio Sergio Tavares de Melo; Janete Lins Rodriguez; Grafset.
Rodrigo Mateus; Thiago Lima; Igor Vasconcelos - Paraíba Terra Minha; Imprell Editora.
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